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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO


Jor

FACULDADE DE JORNALISMO
9 dicas inspiradas pelo Caso Nardoni
Ana Stela de Souza Pinto
Disponível em
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2010-03-
21_2010-03-27.html#2010_03-24_09_23_26-11540919-
0, acessado em 27/03/2010
Boa hora para dividir com todos os leitores
as dicas do nosso professor de direito,
GUSTAVO ROMANO [quem quiser saber
mais sobre direito, principalmente no que
tange ao jornalismo, deve acompanhar o
blog dele, aqui]:
Cuidados a tomar em casos midiáticos
Casos como o da Isabella Nardoni, que
movimentam a opinião pública e a mídia,
mas nos quais não há provas nem
confissão, exigem cuidados por parte dos
jornalistas:
1 - Atribuir todas as informações às fontes. Se um dia descobrirem que eles eram
inocentes, o que não foi atribuído às fontes pode ser usado contra a Folha e os
jornalistas responsáveis.
2 - Outros veículos de mídia não são fontes. O fato de algum outro jornal ter publicado
algo como certo não significa que ele é verdadeiro. Cheque com uma fonte ou, no
limite, atribua ao veículo concorrente.
3 - Tome cuidado com suas próprias emoções, Estamos todos emocionalmente
envolvidos, mas ninguém sabe o que de fato aconteceu (talvez nem os réus). Tenha
certeza que você está reportando fatos e não suas emoções.
4 - Cuidado com o que as pessoas envolvidas no processo falam. É natural que
Ministério Público e advogados queiram usar a mídia para influenciar a sociedade,
jurados etc. TUDO tem de ter outro lado. Ou outroS ladoS.
5 - O fato de eles serem condenados no fim do processo não quer dizer que eles são
culpados: ainda caberá recurso. O mesmo se eles forem absolvidos. O processo só
termina com o trânsito em julgado (quando não há mais possibilidade de recurso)
6 - Há muito jurista dando entrevista para aparecer. E há muito jurista despreparado
por aí. Cuidado para não ser levado por informação errada ou fazer propaganda de
advogado.
7 - Não se esqueçam de que todos somos inocentes até que haja prova irrefutável em
contrário. Cabe ao Ministério Público provar a culpa, e não à defesa provar a inocência.
8 - Você não gostaria que sua família fosse exposta se você cometesse um crime. O
mesmo vale para a família de qualquer acusado. Pondere se há um interesse
jornalístico ou se há apenas uma curiosidade mórbida a respeito dos membros da
família e amigos.
9 - Não se esqueçam de que, se eles forem inocentes eles terão de reconstruir suas
vidas do zero. Cuidado para não criarem uma situação na qual essa reconstrução seja
impossível. E mais: se eles forem inocentados, suas vidas ainda estarão em perigo.
Basta um louco resolver fazer justiça com as próprias mãos. Cuidado para não jogar
gasolina na fogueira.
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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