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SEDUFSM
S I N D I C AT O Especial
ANDES
NACIONAL
9912248799/2009-DR/RS
Sedufsm
CORREIOS
Publicação mensal da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES - Março de 2010
ARQUIVO PESSOAL
CONGELAMENTO DO SALÁRIO DO FUNCIONALISMO
PÚBLICO FEDERAL POR 10 ANOS Professores do Centro de Ciências Rurais
PLP: 549/2009 consolidaram relações com países africanos,
Autor: Senador Romero Jucá – PMDB/RO entre os quais, Moçambique (foto).
O mês de abril será de mobilização dos servidores públicos federais. Essa Economista vê Brasil
mobilização se dará especialmente junto ao Congresso Nacional, onde projetos
de interesse do governo tramitam em passo acelerado e podem trazer sérios fragilizado pela crise mundial
prejuízos às categorias do funcionalismo. Um dos mais graves é o PLP 549/09, Com a palavra, págs. 08 e 09
que limita os gastos com os servidores federais por 10 anos. Mas, além deste,
existem pelo menos mais dois projetos preocupantes: o PLP 248/98, que trata da Conheça mais a Orquestra
avaliação de desempenho do servidor e a Emenda (EC 41), que retira direitos Sinfônica de Santa Maria
sociais da Constituição. Leia mais nas págs. 02, 06 e 07 Extra-classe, pág. 11
RADAR
PON TO &
Com a sua fundação em 1960, a de. Mas afinal o que vem a ser qualidade
UFSM se fez pioneira na interiorização de ensino?
do ensino superior federal no país, o que De um modo geral, o conceito de
significou propiciar aos jovens da nossa qualidade e a disseminação de seu uso
região o acesso facilitado à universi- baseado nos resultados indicam que a
dade pública e gratuita. Quase 50 anos sua mensuração se dá à medida que uma
depois, com sua adesão ao REUNI, a instituição é criada, implantada e se
nossa Universidade mantém esse espíri- desenvolve. Disso se depreende, gene-
to republicano e democrático, partici- ricamente, sem muito aprofundamento,
pando do esforço do MEC em dispor que, em uma instituição de ensino, a
condições de ingresso a uma parcela infraestrutura deve ser adequada para
mais expressiva da população brasi- atender às demandas de modo satisfa-
leira. Perdura no momento atual a tório, os professores e técnicos adminis-
mesma preocupação em trazer qualida- trativos em educação devem cumprir
de à formação dos estudantes universi- satisfatoriamente os seus papéis, e os
tários. Naquele início, ainda na década estudantes devem estudar com diligên-
de 60, era quase impensável ter uma cia – é a medida de sucesso garantido.
Instituição Federal de Ensino fora das Como um processo que abrange ação
capitais, para onde os egressos do e avaliação, há necessidade de indica-
ensino médio precisavam se deslocar dores que a instituição deve adotar para
para adquirir conhecimento. A razão quantificar o seu desempenho. No que
para que houvesse esta centralização se refere às IFES, os indicadores de
era justamente a crença de que só os qualidade comportam dados da
grandes centros urbanos detinham as Avaliação institucional, dos relatórios
condições para que se oferecesse da Capes, das avaliações do Inep, como
“qualidade”. No entanto, estamos hoje Enade, SINAES, etc. Como o REUNI é
comemorando meio século em que a ainda um programa que está sendo
UFSM se afirma como uma das implantado, embora já se percebam
melhores IFES do país, em vários quesi- resultados positivos, estes dados
tos que vão de qualificação docente, melhorar a infraestrutura disponibi- (em 2010 são 118 bolsas de mestrado poderão, em um futuro breve, indicar o
assistência estudantil à expansão física. lizada (até 2009 foram R$ 31 milhões e doutorado) com impacto claro nos acerto das medidas tomadas hoje.
E não se trata de um fenômeno que se em obras contratadas e R$ 10,3 cursos de graduação. A UFSM se soma às demais IFES no
verifica apenas aqui, em Santa Maria, milhões empenhados em equipamen- Nos últimos anos, havia uma oferta esforço de fazer frente às necessidades
pois a totalidade das Universidades tos). Dezenas de obras novas e refor- em torno de 2.800 vagas para ingresso geradas por um expressivo contingente
Federais aderiu ao programa. Além mas estão sendo realizadas represen- na UFSM, disputadas por, em média, de jovens ainda sem acesso ao ensino
disso, todas as Unidades de Ensino da tando um investimento que há 20.000 candidatos. Colocava-se, universitário, a característica perversa-
UFSM se engajaram na elaboração do décadas não se via. Com isso se pode portanto, o desafio de implantar uma mente seletiva do alunado matriculado
nosso projeto. dizer que se efetiva a oferta de ensino nova política de expansão conciliando no ensino superior, o crescimento
Com o REUNI podemos dizer que e pesquisa com desempenho cada vez o aumento de vagas com a qualidade desproporcionado do sistema privado e
inauguramos um período de investi- mais reconhecido nacional e de ensino. Diante das dificuldades, a necessidade de contar com mais
mento no sentido de elevar a UFSM a internacionalmente. durante décadas observou-se quadros com formação científica,
um novo patamar de desenvolvimento, O REUNI propiciou uma estagnação, que não tecnológica e cultural para o desenvol-
cujos indicadores sinalizam para uma que se criassem novas “O programa fazia frente à demanda vimento do país.
melhoria na qualidade. Houve um oportunidades aos REUNI pode crescente por mais O programa REUNI pode se consti-
crescimento do número de cursos e de candidatos a um vagas e opções de tuir em um vigoroso alicerce dos cursos
vagas de graduação, respectivamente, curso superior, com ser um vigoroso formação. E isso não já existentes, pois traz o aumento de
de 67 em 2008 para 100 em 2010 e de novas licenciaturas e alicerce dos corresponde à função salas de aula e laboratórios, de equipa-
2.826 em 2008 para 4.847 em 2010, o cursos noturnos, per- social da Instituição, mentos e, com a chegada de novos do-
que significa a inclusão social de jovens mitindo uma maior cursos já no sentido de dar aten- centes, propicia-se uma oxigenação na
que só puderam acessar um ensino abrangência de público existentes” ção aos jovens egressos UFSM. Serão 326 novos professores,
público de qualidade, em razão das interessado, com um do ensino médio. Ter na sua grande maioria com o título de
oportunidades criadas. O programa perfil social de ingressantes aderido ao REUNI signifi- doutor. Certamente que o programa
também possibilitou o ingresso de que necessitam da oferta de cou a possibilidade de mudar REUNI, garantidos os instrumentos que
novos docentes, o que significa uma horários diferentes daquela de cursos uma realidade que não apresentava encerra, tem amplas condições para
renovação no quadro de professores diurnos. Além de preservar a soluções no curto prazo. Agora, os contribuir para o permanente desenvol-
(326 até 2012); novos equipamentos e qualidade está contribuindo para críticos do programa colocam em vimento da universidade brasileira,
prédios ampliaram a capacidade da melhoria dos cursos de pós-graduação questionamento a atenção à qualida- meta compartilhada por todos nós.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MARÇO/2010 05
CON T RAPON TO
OPI N I ÃO
COM A PALAV RA
Fotos: FRITZ NUNES
Osvaldo Coggiola
Crise
econômica
‘não é uma
Numa entrevista publicada no Jornal
marolinha'
da SEDUFSM de novembro de 2008, o PERGU N TAS &RESPOSTAS
professor de História Contemporânea
da Universidade Estadual de São Paulo P- Professor Coggiola, o sr. tem sociais, a falência de muitos desses lorização da sua moeda, que está sendo
(USP), Osvaldo Coggiola, previu que a falado que a crise econômica deu capitais, com um processo de pressionada por ser valorizada pelos
crise econômica em andamento causa- uma trégua, mas não acabou. Existe concentração de capital, do uso de Estados Unidos e Europa. O que aquele
ria “demolição dos mercados emergen- um prazo para ela voltar. Qual a sua recursos públicos para salvar o país tem feito para superar essa
tes”. Passados 15 meses, em janeiro de avaliação? capital, à custa dos trabalhadores, que situação é tentando desenvolver o
R- A palavra não seria bem trégua. As são os principais contribuintes das mercado interno. O problema é que o
2010, o docente da USP, que apesar de
crises não estabelecem tréguas. Toda finanças públicas e que servem para mercado interno da China não se
ter nascido na Argentina e hoje morar no
a crise, toda a depressão, passa por salvar o capitalismo. Mas, os desenvolve porque com a queda dos
Brasil, teve sua formação superior em
momentos de maior agravamento ou remédios até agora têm sido mercados externos, houve aumento no
História e Economia na França, de menor agravamento. Agora, o que paliativos, conjunturais, e não desemprego e toda uma série de
continua defendendo o mesmo ponto de tem sido feito é a injeção de fundos conseguem responder, pois a crise elementos da crise mundial que
vista. Segundo ele, a crise tem um ritmo públicos para a salvação dos capitais está longe de acabar. prejudicaram essa possibilidade. Ou
próprio e não afeta a todas as economias falidos. Isso foi conseguido ao custo seja, a crise se desenvolve seguindo
de uma mesma forma. A prova, segundo de um brutal endividamento dos P- Em novembro de 2008, no auge ritmos diferenciados por regiões do
ele, é que, agora, quase um ano e meio grandes estados capitalistas e da da crise, em entrevista ao Jornal da mundo. Mas, o que se vê é uma
depois, que a Grécia, um país europeu, desvalorização do dólar a partir de SEDUFSM, o sr. chegou a dizer que acumulação crescente de problemas.
passou a ser afetado drasticamente, e uma emissão monetária sem os mercados emergentes estavam Os dados da conjuntura muitas vezes
levando o governo daquele país a adotar precedentes. Então, nós estamos sendo “demolidos”. Isso aconteceu são extrapolados de forma unilateral.
medidas que sacrificam a maioria da passando de uma fase da crise que foi ou ainda vai acontecer? Já se chegou a anunciar que a crise
sociedade. Para Coggiola, no Brasil, caracterizado pelo afundamento do R- Isso já está se verificando. O havia acabado. Contudo, a crise
onde já se fala que economia já está crédito privado para uma fase que, em Brasil, que era considerado líder dos continua aí. E o que se chama de queda
recuperada, os resquícios da crise não pouco tempo, será caracterizada pelo BRICs (sigla que representa os países dos mercados emergentes é um
são pequenos. Além de ter sido ampliado afundamento do crédito público. Isso de rápido desenvolvimento: Brasil, processo que já está em curso no Brasil
o desemprego, problematizando ainda será uma fase ainda mais aguda. Não Rússia, Índia e China), passou a ter e na Rússia, e com ritmos menores,
mais a questão social para um país já se pode dar datas exatas, mas isso já um déficit comercial e um déficit em chegará ainda a China e Índia, que são
carente de vagas de trabalho, o cenário está acontecendo. Um exemplo, é a conta corrente maior em duas os outros dois considerados grandes
conjuntural ainda é complexo. Não bolha dita islâmica, ou seja, o décadas. Então, nós temos uma mercados emergentes. No Brasil, por
apenas o historiador da USP, mas afundamento de Dubai (Emirados situação em que isso já está exemplo, o financiamento de R$ 120
alguns especialistas em Economia já Árabes) é uma expressão disto. A acontecendo. Claro, temos também milhões do PAC para obras público-
começam a enfatizar o crescimento do crise atual não é igual às precedentes, as altas taxas de crescimento da China privadas justamente para salvar as
défciit comercial brasileiro e o déficit em mas, reconhece os mesmos funda- e da Índia. Mas, não se deve empresas brasileiras. Isso significa que
mentos de todas as crises capitalistas. confundir taxa de crescimento do PIB aqui temos o mesmo cenário que
contas correntes. “A crise no Brasil não
Ou seja, é uma crise de super (Produto Interno Bruto) com Europa e Estados Unidos, injetando
se manifestou na forma financeira, mas,
produção, de desvalorização dos desenvolvimento das forças produti- dinheiro público para salvar empresas.
com certeza, não se resume a uma
capitais, que se expressa na forma de vas sociais. Até porque muitas vezes
marolinha”, destaca Osvaldo Coggiola. uma falência generalizada dos essas taxas de crescimento incluem P- Na sua avaliação, como o Brasil se
Acompanhe a seguir a entrevista capitais, que só conseguem sobre- inchaço artificial e financeiro dos saiu diante da crise econômica
concedida em Belém, ainda durante o viver na base de uma destruição capitais existentes. O que parece é internacional?
29º Congresso do ANDES-SN: importante das forças produtivas que a China manteve a superva- R- Na América Latina em geral, houve
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MARÇO 2010 09
EX T RA-CLASSE
Envolvimento
Realidade da terra Os envolvidos no projeto Pró-África são:
Os professores Mohamed Benkhelifa, da Universida- Coordenação- Danilo Rheinheimer dos Santos
de de Mostaganen (Argélia), a professora Eunice Cava- (Brasil); Mohamed Benkhelifa (Argélia) e Eunice
ne, da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), Cavane (Moçambique).
também tiveram a oportunidade de participar, em Júlio Equipe científica (Brasil): Danilo Rheinheimer
de Castilhos, de um seminário chamado “Reforma dos Santos, João Kaminski, Leandro Souza da Silva,
Agrária no Brasil e Questões Agrárias na Argélia e em José Marcos Froehlich, Pedro Selvino Neumann,
Moçambique”. A atividade aconteceu dia 11 de novem- Vivien Diesel, Paulo Roberto Silveira, Edson
bro de 2009, na Escola 25 de Março, no assentamento Campanhola Bortoluzzi, Cláudia Petry, Flávio Sacco
Nova Ramada. Do evento participaram alunos, dos Anjos, Antônio Jorge Amaral Bezerra, Nádia
professores e a diretora da escola do assentamento, Velleda Caldas.
agricultores assentados, alunos da UFSM, diretoria do Equipe científica (Moçambique): Eunice Cavane
DCE/UFSM, representantes de entidades que têm e Lucas Rogério Sete.
vínculo com o assentamento (Incra, Embrapa, Emater, Equipe científica (Argélia): Attou Sahnoun,
UFSM/NESAF-Somar, UFSM/NESAF-Articuladores Bakhti Abdallah, Bendahmane Abbou Bakhr
e MST), professores da UFSM e do Instituto Federal Visita ao assentamento Nova Ramada, em Essedik, Bouderoua Kaddour, Reguieg Yssaad
Farroupilha – campus de Júlio de Castilhos. Júlio de Castilhos Houcine Abdelhakim e Kradia Laïd.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MARÇO 2010 11
EX T RA-CLASSE
Qual a diferença?
A orquestra de câmara é uma orquestra pequena, basicamente formada
por cordas, não tem todos os naipes e pode variar de 8 a 25 músicos. A
orquestra sinfônica envolve todos os naipes. Além das cordas da
orquestra de câmara, tem os naipes de sopros, madeiras, metais e
percussão. Já a filarmônica é como se fosse uma sinfônica, com todos os
naipes, o que as diferencia é a questão dos recursos para manutenção. A
orquestra filarmônica normalmente se baseia em pessoas amigas, que
tem muitos recursos e doam para manter a orquestra e a sinfônica
geralmente é mantida pelo poder público.
ART I GO
Estive vereador em Santa Maria na Brasília e Curitiba. Em Curitiba eu população se mostrou favorável, mim disse claramente: "Pizarro, a pres-
legislatura 1988/1992, quando havia residido alguns anos antes para através dos sindicatos, associações de são empresarial é muito grande e teu
Evandro Behr foi prefeito municipal. fazer minha especialização e presen- bairros e estudantes. projeto vai receber o voto só teu. Acho
Sempre me chamou atenção o grande ciei esta mudança. No entanto, os empre- melhor tu fazer a retirada do projeto de
número de atropelamentos nas paradas Munido da maior boa “Sempre sários e proprietários das pauta e deixar para outra oportuni-
de ônibus quando os mesmos acaba- vontade, elaborei e apre- me chamou empresas de ônibus dade".
vam de estacionar. Falei com técnicos, sentei um minucioso (eram cinco empresas Esse foi um dos capítulos que mais
com policiais, pesquisei, entrei em con- projeto de lei em 1990,
atenção o grande àquela época) move- me entristeceu enquanto estive verea-
tato com prefeituras de outras cidades. que levou o número número de ram tenaz combate dor. Porque eu percebi na prática o que
E todos me diziam que uma das razões 4.100, com a seguinte atropelamentos contra a aprovação do significava sociedade de consumo de
principais era o fato da porta de saída ementa: "Estabelece a nas paradas” projeto, alegando gastos, feroz mundo capitalista. O que menos
para os passageiros ser a da frente, pois porta dianteira do ônibus perda de tempo, etc. Eu interessava e menos se discutia era
os mesmos desembarcavam e tentavam como entrada e a porta tra- presenciei uma comissão poupar vidas nos atropelamentos. Mas,
atravessar a rua pelo lado dianteiro do seira como saída e dá outras provi- desses empresários visitando os fico feliz que agora, 20 anos depois, a
ônibus. dências". O projeto ganhou grande gabinetes dos outros vereadores idéia vai ser executada, mesmo que
Naquela época, apenas duas cidades espaço na mídia local e tive a oportu- pedindo que votassem contra o com um leve atraso de duas décadas.
no Brasil tinham a entrada dos passa- nidade de apresentar mapas, estatís- mesmo quando fosse a plenário.
geiros pela porta da frente do ônibus: ticas, etc., na televisão. A maioria da Um dos vereadores mais chegados a James Pizarro
Professor aposentado da UFSM, associado à
SEDUFSM
DI CA CU LT U RAL
É preciso avisar ao leitor desta breve dica cinematográfica que qualquer filme
FI LM E do diretor norte-americano Quentin Tarantino é uma viagem em busca da
irreverência, da ironia, do cinismo, do sarcasmo, do inovador. E Bastardos
Inglórios une todos esses atributos. Ao subverter e não se importar com a
Bastardos história oficial, Tarantino cria uma divisão de soldados judeus, comandada pelo
tenente Aldo Raine (Brad Pitt), que tem como missão caçar nazistas. O combate
adquire um sentido de confrontos pessoais, em que a principal ameaça passa a