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RESUMO DIREITO CONSTITUCIONAL

Da Administração Pública. Dos servidores civis e militares.


Acumulação remunerada, garantias. Responsabilidade das
pessoas jurídicas públicas. Da defesa do Estado e das
instituições democráticas. O Estado de Defesa e o Estado de
Sítio. Das Forças Armadas. Da Segurança Pública.

Niliane Meira Lima

Fonte: Direito Constitucional (Alexandre de Moraes) e Manual de Direito Administrativo (José


dos Santos Carvalho Filho)
(Ficou um pouco longo porque foram quase copiados vários dispositivos constitucionais
imprescindíveis (principalmente arts. 37 e 39), a fim de que não fossem feitas remissões a todo
tempo.)

Da Administração Pública.

Na Constituição Federal de 1988 a Administração Pública


apresenta-se como:
- estrutura organizacional do Estado; e
- função do Estado.

- A CF/88 foi a primeira Carta Constitucional brasileira a


regulamentar a administração pública em título específico. Ali estão
direcionados preceitos a todos os entes federados.

- Princípios:

São princípios direcionados à administração Pública:

- no art. 37 da CF/88: legalidade, moralidade, impessoalidade,


publicidade e eficiência.
- no art. 70 da CF/88: legalidade, legitimidade, economicidade.
- Pinto Ferreira Acrescenta: proporcionalidade, indisponibilidade do
interesse público, especialidade administrativa e igualdade dos
administrados.

Princípios constitucionais específicos da Administração Pública (art.


37, caput)

1.legalidade: ao administrador público somente é permitido fazer o que


a lei autoriza. Coaduna-se com a função de execução da Administração
pública, vez que não possui finalidade própria, mas sim sua finalidade
é a imposta pela lei.
2.Impessoalidade: o conteúdo do princípio da impessoalidade, que se
relaciona com o da legalidade e o da igualdade, identifica-o com o
próprio princípio da finalidade administrativa. Determina que o
administrador público aja com vistas ao atingimento da finalidade
preceituada em lei, sem que a faça de forma pessoal, ou seja, com
pretensão de satisfação diversa. O vício de que decorreu seu
descumprimento é o desvio de finalidade (por desvio de poder), que
ocasiona a nulidade do ato administrativo.
3.Moralidade: foi sistematizado por Hariou, que indica que toda a
atividade administrativa deve estar pautada em uma moralidade
jurídica. Assim, ela não deve seguir apenas a dicção legal, mas também
princípios de ética e justiça. Maria Silvia di Pietro afirma que na
aferição do cumprimento de tal princípio mister se faz a análise da
observância do princípio da razoabilidade, principalmente no que
concerne aos benefícios e aos sacrifícios impostos ao administrado. O
princípio da moralidade também serve de vetor par ao controle da
Administração Pública. Dessa forma, a legalidade e legitimidade do ato
administrativo não quer dizer apenas sua conformação com a lei, mas
também com a moralidade e o interesse público. O ato que desrespeita o
princípio da moralidade configura ato de improbidade administrativa e
sujeita o agente às penas mencionadas no § 4º do art. 37, mediante
ação de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92),
independentemente da configuração de ilícito penal.
4.Publicidade: de regra, sua observância dá-se pela constância dos atos
administrativos no DO ou em edital fixado em lugar previamente
indicado pela Administração, a fim de ser atingido o conhecimento do
público alvo.
5.Eficiência: Introduzido pela EC 19/98. Nos aspectos da gestão
financeira, orçamentária e patrimonial da Administração Pública
federal, a observância do princípio da eficiência já se encontrava
determinada no art. 74, inciso II, da CF/881, sendo que sua inserção na
1
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de : (...) II - comprovar a
legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração
literalidade do art. 37 veio extirpar controvérsias acerca de sua
aplicação na gestão funcional da máquina administrativa em todas as
esferas da administração. Em suma, o princípio da eficiência determina
o exercício da atividade administrativa em seu grau ótimo, de modo a
permitir-se o efetivo atingimento do bem comum e interesse da
coletividade mediante a observância dos demais princípios da
administração pública. Há entendimento no sentido de que a afronta
grosseira ao princípio da eficiência configura afronta, também, ao
princípio da moralidade administrativa, tendo em vista, para tanto, a
displicência no uso da máquina administrativa. São características do
princípio da eficiência:
- direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade
do bem comum;
- imparcialidde;
neutralidade (isenção, justiça na valoração de interesses);
- transparência (objetividade);
participação e aproximação dos serviços públicos da população;
- eficácia material (atingimento de seu objetivo - bem comum) e
formal (resposta à indagações do administrado);
- desburocratização; e
- busca de qualidade.

Ao lado da instituição do princípio da eficiência, a


Constituição Federal estabelece de forma expressa alguns mecanismos de
garantia de sua observância, quais sejam:
- art. 37, § 4º: participação do usuário;
- art. 39, § 2º: escolas de governo;
- art. 41, § 4º: avaliação especial como condição de estabilidade;
- perda do cargo em razão de reprovação em avaliação periódica de
desempenho.

Ressalte-se, ainda, que o estabelecimento do princípio da


eficiência como princípio constitucional direcionado à administração
pública objetivou consideravelmente o exercício do controle das
condutas positivas ou omissivas da mesma, em razão de que ficou mais
claro que não basta o serviço ser prestado, mas que o seja de forma
eficiente.

- Conceito:

A conceituação da administração pública deve ser feita sob dois


enfoques:
- conceito objetivo: é a atividade concreta e imediata que o Estado
desenvolve para a consecução dos interesses coletivos;
federal, bem como na aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado.
- subjetivo: é o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a
lei atribui o exercício da função administrativa do Estado.

- Estrutura:

A estrutura da Administração Federal é esculpida no Decreto-lei nº


200, sendo a administração dividida em direta (Presidência e
Ministérios) e indireta (autarquias, sociedades de economia mista,
empresas públicas e fundações públicas) sendo que o Pleno do Supremo
Tribunal Federal já assentou que os princípios norteadores de tal
estruturação devem ser aplicados obrigatoriamente à administração dos
Estados, Distrito Federal e Municípios (ADIn nº248-I/RJ, Rel. Min.
Celso de Mello).

- Os preceitos contidos nos 21 incisos do art. 37 são direcionados à


administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
São eles:
- I: os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei. Aos brasileiros natos e aos
portugueses equiparados somente não são acessíveis os cargos
previstos no art. 12, § 3º, e os seis assentos no Conselho da
República (art. 89, VII, CF). O acesso de estrangeiro a cargos
empregos e funções públicas depende de lei, pois insere-se em
disposição de eficácia limitada;
- II: a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de libre nomeação e exoneração. O descumprimento
deste preceito acarreta nulidade do ato e punição da autoridade
responsável, nos termos da lei, por expressa determinação do § 2º do
art. 37;
- III: o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,
prorrogável uma vez, por igual período. O descumprimento deste
preceito acarreta nulidade do ato e punição da autoridade
responsável, nos termos da lei, por expressa determinação do § 2º do
art. 37;
- IV: durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação,
aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos
será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir
cargo ou emprego, na carreira;
- V: as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento. Há quem entenda
(ex. Alexandre de Moraes, que ainda existem funções de confiança que
não são de direção, chefia e assessoramento, e essas podem ser
ocupadas a pessoas que não pertençam aos quadros da administração;
- VI: é garantido ao servidor público civil o direito à livre
associação sindical;
- VII: o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica. Em face de tratar-se de norma de
eficácia limitada, o STJ, já por várias vezes, considerou legítimo o
ato da administração que promove o desconto dos dias trabalhados
pelos servidores públicos grevistas (Alexandre Moraes, p. 318);
- VIII: a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão;
- IX: a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público; (Lei nº 8.745/93)
- X: a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o
§ 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices (princípio da periodicidade). Observe-se que somente lei
ordinária poderá fixar o teto de remuneração bruta do funcionalismo
público, sendo incabível a edição de Decreto do executivo, ou mesmo
Resoluções do Legislativo ou Judiciário, sob pena de
inconstitucionalidade formal (Alexandre de Moraes);
- XI: a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e
empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo
e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas
as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal (regulamentação parcial dada pelas Leis nº
8.448/92 e 8.852/94). O § 9º do art. 37 estabelece que o disposto
neste inciso também se aplica às empresas públicas e às sociedades
de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. O STF -
Pleno, por maioria, já decidiu acerca da eficácia limitada de tal
dispositivo, prevalecendo até a edição da lei definidora do subsídio
do Ministro do STF o teto de cada Poder;
- XII: os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo
(Lei nº 8.852/94);
- XIII: é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeitos de remuneração pessoal do serviço
público;
- XIV: os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não
serão computados nem acumulados, para fins de concessão de
acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento; é
a vedação do efeito cascata, isto é, que uma mesma vantagem seja
repetitivamente computada, alcançando a proibição os proventos da
aposentadoria;
- XV: o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos
públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e
XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º (limitação do subsídio como
parcela única), 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I (princípio da
capacidade contributiva e critério da tributação, generalidade e
universalidade do IR);
- XVIII: a administração fazendária e seus servidores fiscais terão,
dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre
os demais setores administrativos, na forma da lei;
- XIX: somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de atuação;
- XX: depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso XIX, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada;
- XXI: ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações
(Lei nº 8.666/93 e MP 2026/00 - pregão);
- XVI: é vedada a acumulação remuneração remunerada de cargos
públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários,
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (que trata da
remuneração e do subsídio): a) de dois cargos de professor; b) de um
cargo de professor com outro, técnico ou científico; c) de dois
cargos privativos de médico.;
- XVII: a proibição de acumular cargos estende-se a empregos e funções
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público..

(a questão da acumulabilidade será tratada adiante)

Os parágrafos 1º e 3º a 8º do art. 37 da CF/88 trazem disposições


isoladas. Devem ser lidos e se referem ao seguinte:
-§ 1º: proibição de constar na propaganda pública de nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos, devendo a mesma Ter caráter educativo,
informativo e/ou de orientação social;
-§ 3º: a previsão de disciplinamento na lei das formas de participação
do usuário na administração pública direta e indireta;
-§ 4º: atos de improbidade administrativa, que importarão em suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível. A lei material que estabelece
a forma e a gradação das sanções aos atos de improbidade é a Lei nº
8.429/92, e a lei processual respectiva é a lei da Ação Civil Pública;
-§ 5º: o estabelecimento, por lei, do prazo de prescrição para
ilícitos praticados por agente público que causem prejuízo ao erário,
ressalvada a ação de ressarcimento;
-§ 6º: a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público e
privadas prestadoras de serviço público, matéria que será adiante
tratada.
-§ 7º: requisitos e restrições a ocupante de cargo ou emprego público
que possibilite o acesso a informações privilegiadas, a serem
estabelecidos em lei.
-§ 8º: a ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira
mediante contrato.

Servidor Público

- Art. 38. Servidor público CIVIL, da administração direta, autárquica


e fundacional e mandato eletivo. O preceito contido no artigo em
comento não é direcionado ao servidor militar. Tem ele disposição
específica no art. 14 da CF, adiante tratado.
São as regras do servidor civil no caso de ocupação de mandado
eletivo:
- tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
ficará o servidor afastado de seu cargo, emprego ou função;
- investido no mandato de PREFEITO: fica afastado do cargo, emprego ou
função, sendo facultada a opção por sua remuneração;
- investido no mandato de VEREADOR:
a) com compatibilidade de horários: percebe as vantagens de seu
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
eletivo;
b) sem compatibilidade de horários: faculta-se a opção pela
remuneração.
- quando o caso determina o afastamento para o exercício do mandato
eletivo, o tempo de serviço público é contado para todos os efeitos
legais, salvo para promoção por merecimento.
- quando afastado, para fins previdenciários os valores são
determinados como se em exercício estivesse.

Dos servidores civis e militares.

A disciplina constitucional direcionada aos servidores públicos


encontra-se dividida em relação aos servidores civis e militares.
Anteriormente à EC 18/1998, além das regras gerais do art. 37, as
diretivas aos servidores encontravam-se:
- aos servidores civis: no art. 38 e a Seção II - Dos Servidores
Públicos Civis (arts. 39, 40 e 41);
- aos servidores militares: Seção III - Dos Servidores Públicos
Militares (art. 42).

Com a EC 18/98, a Seção II passou a ser denominada DOS


SERVIDORES PÚBLICOS e a Seção III DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS, sendo que a disciplina dos
servidores militares federais passou a ser esmiuçada no art. 142, com
a inserção de diversos preceitos pela referida emenda.

A supressão da expressão "CIVIS" da intitulação da Seção II não


nos faz concluir pela total generalização de seus preceitos, agora,
aos servidores civis e militares. Porém, José dos Santos Carvalho
Filho esclarece que "as regras aplicáveis aos servidores públicos
civis se encontram entre os arts. 39 a 41 da CF".

--------Civis

- art. 39.
As disposições do art. 39 ora são genéricas, de modo que não se
poderia dizer não aplicáveis aos servidores militares - como a regra
de o membro de Poder, como o Ministro de Estado, ser remunerado em
parcela única: o subsídio (§ 4º), ora específicas ao servidor civil (§
3º): aplicação aos mesmos de preceitos do art. 7º da CF. Vamos às
disposições do artigo 39:
- Caput: instituição, pelos entes da Federação, de conselho de
política de administração e remuneração de pessoal (ler
dispositivo). Alexandre de Moraes aponta residir na obrigatoriedade
da instituição de tal conselho a extinção do regime jurídico único.
- § 1º: a fixação de padrões de vencimentos e demais componentes do
sistema remuneratórios deve observar: natureza, o grau de
responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada
carreira; os requisitos para investidura; e as peculiaridades dos
cargos.
- § 2º: os entes da Federação devem manter escolas de governo para
formação e aperfeiçoamento dos servidores. A participação nos cursos
passa a ser requisito para promoção na carreira. Faculta-se a
celebração de convênio entre os entes.
- § 3º. Específico aos servidores civis. Dispõe que a eles, ocupantes
de cargos públicos, aplicam-se as seguintes disposições do art. 7º:
salário mínimo; garantia de salário mínimo aos que percebem
remuneração variável; décimo terceiro salário com base na
remuneração integral ou valor da aposentadoria; remuneração do
trabalho noturno superior à do diurno; salário-família pago em razão
do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
duração do trabalho não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais; repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos; remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
em 50% à do normal; férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a
mais; licença à gestante, sem prejuízo do cargo ou função, com
duração de cento e vinte dias; licença-paternidade, nos termos da
lei; proteção do mercado da mulher, mediante incentivos específicos,
nos termos da lei; e proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil. Em relação à redação anterior, a EC
19/98 retirou a remissão ao inciso VI (irredutibilidade de
vencimentos, que restou incólume em face do inciso XV do art. 37) e
ao inciso XXIII (adicional para atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei (cogita-se de inconstitucionalidade, em
face de tratar-se de cláusula pétrea - garantia social do servidor -
ou que tenha sido a mesma substituída pelo preceito do art. 39, §
1º, III, da CF).
- § 4º. O SUBSÍDIO como parcela única. É ele a única remuneração do
membro de Poder, do detentor de mandato eletivo, do Ministro de
Estado e Secretários Estaduais e Municipais, vedado o acréscimo de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido sempre o
disposto no art. 37, X e XI. (a adoção de subsídio é obrigatória
para o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros
de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais e facultativo para
os servidores públicos organizados em carreira, conforme § 8º.
- § 5º. Possibilidade de lei da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios estabelecer relação entre a maior e a menor remuneração,
obedecido o art. 37, XI.
- § 6º. Obrigatoriedade dos Poderes do Estado publicarem anualmente os
valores dos subsídios e da remuneração dos cargos e empregos
públicos.
- § 7º. Previsão de disciplinamento, através de lei de cada ente, da
aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com
despesas correntes de cada órgão, autarquia ou fundação, em
programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, mordernização, reaparelhamento e racionalização do
serviço, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
produtividade.
- § 8º. Possibilidade de estabelecimento da remuneração dos servidores
organizados em carreira na forma do art. 4º (relação entre maior e
menor remuneração).

Aposentadoria do Civil (será tratada, de forma mais detalhada, no


ponto 5, no quesito de direito administrativo)

O art. 40 traça as regras gerais da aposentadoria do servidor civil


titular de cargo efetivo, estabelecendo que o regime previdenciário
dos entes da Federação e adm. Descentralizada é o sistema de caráter
contributivo, tendo sido assegurado pelo § 4º da EC 20/98 a contagem
do tempo de serviço anterior à regulamentação infraconstitucional das
novas regras de aposentadoria como tempo de contribuição. Estabelece
que devem ser estar presentes critérios de preservação do equilíbrio
financeiro e atuarial.

- § 1º: O servidor aposenta-se:


- invalidez permanente: proventos proporcionais ao tempo de
contribuição, salvo se em decorrência de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
especificadas em lei.
- Compulsória: 70 anos, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição;
- Voluntária: tem que Ter no mínimo 10 anos de efetivo exercício no
serviço público e 5 anos no cargo efetivo:
a) 60a de idade e 35a de contribuição, se homem, e 55a de idade e
30 de contribuição, se mulher;
b) 65a de idade, se homem, e 60a de idade, se mulher, com
proventos proporcionais.
- § 2º e 3º: os proventos de aposentadoria/pensões não podem exceder a
remuneração do servidor no cargo efetivo. São calculados, para a
concessão, com base na referida remuneração e, na forma da lei,
correspondem à totalidade da remuneração.
- § 4º: proibição de critérios diferenciados para concessão de
benefício, ressalvados as atividades exercidas exclusivamente em
condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física,
previstas em lei complementar;
- professor: os requisitos de idade e contribuição da aposentadoria
voluntária (item a acima), são reduzidos em 5 anos se comprovado
exclusivo exercício de magistério, por tempo efetivo, na educação
infantil e ensino fundamental e médio.
- § 6º: vedação de acumulação de benefícios nos termos do art. 40,
salvo os casos de acumulabilidade remunerada.
- § 7º: pensão por morte do servidor, a ser concedida na forma da lei
e com valor igual ao provento do servidor ou ao que ele teria
direito na data do falecimento;
- § 8º: vinculação do benefício ao teto do subsídio (art. 37, XI) e
previsão de revisão em mesma proporção e na mesma data de
modificação da remuneração dos servidores em atividade; extensão de
todos os benefícios e vantagens concedidas aos servidores em
atividade, inclusive decorrente de reclassificação ou transformação;
- § 9: o tempo de contribuição prestado no serviço público de qualquer
dos entes da Federação é contado para fins de aposentadoria e o
tempo de serviço respectivo para fins de disponibilidade;
- § 10: impossibilidade de contagem de tempo de serviço fictício;
- § 11: submissão ao valor do teto do subsídio (art. 37, XI):
a) da soma total de proventos de inatividade (inclusive quando
decorrentes de acumulação de cargos e empregos públicos e
benefício do regime geral de previdência social - art. 202, CF);
b) do montante decorrente da acumulação permitida de proventos
com remuneração de cargo acumulável, de cargo em comissão e de
mandato eletivo).
- § 12: subsidiariedade das disposições do regime geral de previdência
social ao regime de previdência dos servidores públicos;
- § 13: aplicação do regime geral de previdência social ao servidor
ocupante exclusivamente de cargo em comissão, cargo temporário ou
emprego público;
- § 14: possibilidade de os entes Federados fixarem para os valores
dos benefícios concedidos nos termos do art. 40 o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201, MAS desde que instituam regime de
previdência complementar, que se fará mediante lei complementar (§
15) e observado o disposto no art. 202;
- § 15: o servidor que já tiver ingressado no serviço público na data
da instituição do regime de previdência complementar somente terá o
mesmo aplicado a seu caso se expressamente optar.

A EC 20/98 estabeleceu regras de transição de aposentadoria para os


servidores que ingressaram regularmente no serviço público até a data
de sua publicação, mediante o preenchimento cumulativo de requisitos
objetivos nela estabelecidos (abstivemo-nos de transcrever as regras,
que são claras e quase totalmente matemáticas), bem como dispôs, em
seu art. 3º, que o servidor que na data de sua publicação contasse com
tempo suficiente para aposentação tem seu direito adquirido e faz jus
à isenção da contribuição previdenciária caso tenha optado por
permanecer na ativa até o atingimento das condições impostas pela nova
regra constitucional por ela inaugurada. Também garantiu a permanência
da ordem constitucional por ela alterada aos servidores civis e
militares, inativos e pensionistas, aos anistiados e aos ex-
combatentes, mas sempre observado o inciso XI do art. 37.

Estabilidade (art. 41)

A estabilidade adquire-se após 3 anos de efetivo exercício, e é


relativa aos servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
razão de concurso público. A EC 19/98 assegurou, porém, o direito
adquirido à exigência de 2 anos para tanto aos servidores em estágio
probatório à época de sua promulgação.
Sendo estável, o servidor somente perde o cargo:
1. Art. 41:
- sentença judicial com trânsito em julgado;
- processo administrativo onde lhe seja assegurada ampla defesa;
- avaliação periódica de desempenho, com ampla defesa, conforme
dispuser lei complementar.
2. Art. 169: por ato administrativo motivado do respectivo Poder que
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade atingidos por
medida de redução de pessoal com vistas ao enquadramento das despesas
aos ditames de lei complementar (169, caput), caso para tanto não
tenham sido suficientes a redução de pelo menos 20% das despesas com
cargos em comissão e funções em confiança e exoneração de servidores
não estáveis, tudo na forma de legislação federal a ser editada (169,
§ 7º). Tal forma de exoneração gera direito à indenização de um mês de
remuneração por ano de serviço e acarreta a extinção do cargo
respectivo, vedada a criação de cargo, emprego ou função com
atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de 4 anos.

Ocorrendo a demissão do servidor estável, sendo ela invalidada por


sentença judicial:
- ocorrerá a reintegração;
- o servidor ocupante da vaga, se estável, será reconduzido ao cargo
de origem sem direito a indenização; aproveitado em outro cargo; ou
posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
serviço.

Ocorrendo extinção de cargo ou declarada a desnecessidade, o servidor


estável fica em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo
de serviço, até seu adequado aproveitamento.

É condição para aquisição da estabilidade a avaliação especial de


desempenho por comissão instituída para esse fim.

Acumulação remunerada do civil

Como visto acima, estabelecem os incisos XVI e XVII do art. 37:


XVI:
XVI: é vedada a acumulação remuneração remunerada de cargos públicos,
exceto quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI (que trata da remuneração e do
subsídio):
a) de dois cargos de professor;
b) de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;
c) de dois cargos privativos de médico.
XVII: a proibição de acumular cargos estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público.

Os incisos XVI e XVII, por último citados, referem-se à


inacumulabilidade em atividade (atividade e atividade) em ambos os
cargos (empregos, funções), onde somente são excepcionalizadas as
hipóteses das alíneas do inciso XVI.

Já o § 10 do art. 37 trata da inacumulabilidade de provento de


aposentadoria decorrente do art. 40 (regime de previdência do servidor
ocupante de cargo efetivo da União, Estado, DF ou Município) ou dos
arts. 42 (servidores militares dos estados, DF e dos Territórios) e
142 (membros das Forças Armadas) com cargo, emprego ou função pública
(inatividade e atividade). Essa acumulação, de regra, também é vedada
(a contar da EC 19/98). As exceções são:
- os casos de cargos acumuláveis, na forma da Constituição (ou seja,
os casos em que se admite acumulabilidade em atividade conjunta -
atividade e atividade);
- os cargos eletivos; e
- os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração.

O aludido parágrafo 10 foi acrescentado pela EC 20/98, que


expressamente ressalvou o caso de direito adquirido nos seguintes
termos:

"EC 20/98, Art. 11. A vedação prevista no art. 37, § 10, da


Constituição Federal, não se aplica aos membros de poder e aos
inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta
Emenda, tenham ingressado novamente no serviço público por
concurso público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais
formas previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a
percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência
a que se refere o art. 40 da Constituição, aplicando-se-lhes, em
qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo
artigo."

A acumulação de proventos de aposentadoria (inatividade e


inatividade) é vedada, salvo nos casos de acumulabilidade em
atividade. (art. 40, §6º, acima citado).

------Militar:

A Constituição Federal, com o advento da EC 18/98, estabeleceu a


separação constitucional do tratamento conferido aos militares
estaduais e aos federais, que já possuíam estatuto jurídico diverso (a
exemplo, o ingresso nas Forças Armadas dá-se pela via compulsória do
recrutamento oficial ou pelo concurso de ingresso nos cursos de
formação de oficiais, enquanto que o ingresso dos servidores militares
das polícias militares apenas por concurso).

- Militares dos Estados (art. 42).


A CF estabelece que os servidores militares dos Estados, do DF e dos
Territórios são os membros das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares (instituições organizadas com base na hierarquia e
disciplina)
No geral, seu estatuto jurídico é disposto em leg.
infraconstitucional, mas por expressão constitucional do art. 42 a
eles são aplicados:
- art. 14, § 8º: o militar alistável é elegível, atendidas as
condições de que: se contar com menos de dez anos de serviço, deve
afastar-se da atividade; se contar com mais de dez anos de serviço,
é agregado pela autoridade superior e, uma vez eleito, passará
automaticamente, quando de sua diplomação, para a inatividade (ver a
questão da elegibilidade e da filiação partidária na parte do
militar federal).
- art. 40, § 9º: o tempo de contribuição federal, estadual ou
municipal é contado reciprocamente para efeito de aposentadoria, e o
tempo de serviço para fins de disponibilidade.
- Art. 142, §§ 2º e 3º: não caberá habeas corpus em relação a punições
disciplinares; e os incisos de I a X do parágrafo 3º, adiante
tratados. No que respeita ao inciso X, lei estadual específica é que
regulamentará a matéria lá mencionada.
- Art. 40, §§ 7º (concessão de pensão por morte de valor igual aos
proventos do servidor ou aos que faria jus no momento do evento
morte) e 8º (isonomia ao servidor da ativa, em relação à questão e
remuneração e vantagens, observado sempre o 37, inciso XI).

A remuneração dos militares dos Estados policiais é fixada na forma


do § 4º do art. 39, ou seja, como parcela única (!!!), conforme art.
144, § 9º.

- Militares das Forças Armadas (arts. 142 e 143)


São-lhes aplicáveis as seguintes disposições (§ 3º do art. 142):
- patentes, com prerrogativas, direitos e deveres inerentes,
concedidas pelo Presidente da República, asseguradas aos oficiais da
ativa, reserva ou reforma, sendo privativos dos mesmos os títulos e
postos e, juntamente com os demais militares, o uso dos uniformes
das Forças Armadas;
- o militar em atividade que tomar posse (aqui também se aplica aos
militares dos estados):
a) em cargo ou emprego público civil permanente: é transferido
para reserva, nos termos da lei;
b) cargo, emprego ou função pública civil temporária (não
eletiva, pois nesse caso o disciplinamento é o do art. 14), fica
agregado ao quadro e enquanto assim permanecer somente pode ser
promovido por antigüidade. O tempo de serviço, enquanto assim
perdurar, conta-se apenas para promoção por antigüidade e para
transferência para reserva. Após 2 anos nessa situação
(contínuos ou não) é transferido para reserva.
- proibição de sindicalização e greve;
- proibição de filiação a partidos políticos enquanto em serviço
ativo. Para que exerça sua capacidade eleitoral passiva, considera-
se suprida a necessidade da prévia filiação pelo registro da
candidatura apresentada pelo partido e autorizada pelo candidato (o
TSE já decide nesse sentido). Daí, do registro da candidatura até a
diplomação ou o candidato afasta-se (- de dez anos) ou fica agregado
(+ de dez anos). Aplica-se aqui, também, o art. 14, assim como para
os militares dos estados, cf. acima mencionado.
- O oficial somente perde o posto e a patente se julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível por tribunal militar permanente,
em tempo de paz, ou tribunal especial, em tempo de guerra;
- Condenado na justiça comum ou militar, com transito em julgado, a
pena privativa de liberdade superior a 2 anos, é submetido ao
julgamento supracitado;
- Benefícios do art. 7º (décimo terceiro; salário-família; férias
anuais; licença à gestante; licença-paternidade; assistência
gratuita ao filho e dependente do nascimento aos 6 anos, em creches
e pré-escolas) e 37 (teto do subsídio; vedação de vinculação ou
equiparação de espécies remuneratórias; vedação ao efeito cascata e
acréscimos pecuniários; irredutibilidade de subsídio e vencimentos.
- Aplicação aos militares e pensionistas do art.40, §§ 7º (concessão
de pensão por morte de valor igual aos proventos do servidor ou aos
que faria jus no momento do evento morte) e 8º (isonomia ao servidor
da ativa, em relação à questão e remuneração e vantagens, observado
sempre o 37, inciso XI).

A responsabilidade das pessoas jurídicas


públicas.

“conseqüência lógica inevitável da noção de Estado de Direito” - Celso


Antônio Bandeira de Mello.

Conforme preceituado no art. 37, § 6º, da Constituição


Federal, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos (concessionárias,
permissionárias) responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável no caso de dolo ou culpa.

Dessa forma, desde a Constituição de 1946, estabeleceu-se o


princípio da responsabilidade objetiva do Estado, baseada na teoria do
risco administrativo.
- É o objetiva, a responsabilidade, em face de que para sua
configuração primária é necessário apenas que haja um dano e um nexo
de causalidade entre a conduta da pessoa jurídica de direito público
ou a de direito privado prestadora de serviço público (que deve ser
OFICIAL, ou seja, relacionada com o serviço), independentemente da
análise da intenção da pessoa jurídica (independentemente de Ter
agido com dolo ou culpa - ESSA REGRA, conforme decisão do STF, pode
admitir exceção. Ver abaixo);
- Estar baseada na teoria do risco administrativo significa que, ao
contrário do que se daria caso fosse a adoção da teoria do risco
integral, a responsabilidade objetiva do estado, uma vez configurada
primariamente por sua objetividade, ADMITE abrandamento ou exclusão
(situações liberatórias), o que se dá pela ocorrência de caso
fortuito, força maior ou ocorrência de culpa atribuível à própria
vítima (exclusivamente ou não).

Deve ser analisada com cuidado a hipótese de responsabilidade


por OMISSÃO da administração (ou pessoa jurídica prestadora) na
prestação do serviço público. No julgamento do RE 179.147-1/SP, Rel. o
Ministro Carllos Veloso (2ª T, DJU 27.02.98), ficou esclarecido que aí
a responsabilidade civil do Estado é subjetiva, sendo necessária a
ocorrência de CULPA (negligência, imprudência ou imperícia) na conduta
da pessoa jurídica. Foi assentado, porém, que tal culpa não é a
civilista (correlação objetiva e direta com o dano), mas sim a CULPA
PUBLICISTA (ou seja, potencialmente a todos direcionada, sem
necessidade de individualização), baseada na "faute de service" dos
franceses.

Defesa do Estado e das Instituições Democráticas.

A Constituição Federal possui regras que dizem respeito à


segurança da ordem. São as regras do sistema constitucional das
crises, que é informado pelos princípios da necessidade e da
temporariedade. Tutela a ordem constitucional em situações de crises e
tem por finalidade a MANTENÇA ou o RESTABELECIMENTO da normalidade
constitucional.

Durante a aplicação de tais regras pode ocorrer:


- suspensão de garantias constitucionais em lugar específico e por
tempo determinado;
- possibilidade de ampliação do poder repressivo do Estado.

O não cumprimento das regras ocasiona a responsabilização civil,


penal e política dos agentes.

Essas situações de crises são o ESTADO DE DEFESA e o ESTADO DE


SÍTIO.
-----------Estado de Defesa: é a modalidade de decretação de situação
de anormalidade mais branda. Assemelha-se com as medida de emergência
da Carta anterior.

Objetivo: preservar ou prontamente restabelecer em locais


restritos e determinados a ordem pública ou a paz social ameaçadas por
grave e iminente INSTABILIDADE institucional ou atingidas por
CALAMIDADES de grandes proporções na natureza.

Decretação: ouvidos, o Conselho da República e da Defesa


Nacional (mas sem caráter vinculativo) é feita pelo Presidente da
República sem autorização do Congresso Nacional. O decreto
presidencial deve determinar o prazo de duração; as áreas atingidas e
indicar as medidas coercitivas. Uma vez decretado ou prorrogado, ao
Congresso Nacional, dentro de 24 hs, deve ser submetido o ato e a
justificação, que decidirá por maioria ABSOLUTA (a aprovação ou
suspensão dá-se por decreto legislativo - art. 49). Se estiver em
recesso, haverá convocação extraordinária, no prazo de 5 dias. A
apreciação do decreto pelo Congresso deve se dar em 10 dias contados
de seu recebimento e ele deve continuar funcionando enquanto durar o
Estado de Defesa;

Prazo: máximo de 30 dias, prorrogados por mais uma vez por igual
período, caso persistam as razões de decretação;

Medidas coercitivas que podem ser adotadas:


- restrições dos direitos de: reunião (art. 5º, XVI) e sigilo de
correspondências e de comunicações telegráficas e telefônicas (art.
5º, XII)
- na hipótese de calamidade pública (e não na de instabilidade
institucional), pode ser determinada a ocupação e uso temporário de
bens e serviços públicos, respondendo a União pelos danos.

No Estado de Defesa, ainda, no caso de crime contra o Estado,


pode haver prisão sem flagrante, decretada pelo próprio executor da
medida, que deve comunicar imediatamente ao juiz competente, que
examinará sua legalidade. A comunicação deve ser acompanhada de
declaração da autoridade executora do estado físico e mental do detido
no momento da autuação. A prisão não pode ser superior a 10 dias,
salvo autorização do Judiciário. É vedada a incomunicabilidade do
preso.

--------Estado de Sítio: é medida mais grave. Pode ser decretado em


duas hipóteses:
a) comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos
que comprovem a ineficácia da medida tomada no estado de
defesa (art. 137, I);
b) declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada
estrangeira (art. 137, II).

Decretação: após ouvidos, obrigatoriamente, o Conselho da República e


o Conselho de Defesa (sem caráter vinculativo), o Presidente SOLICITA
autorização ao Congresso Nacional para decretação, mediante relato dos
motivos determinantes do pedido. O CN deve decidir por maioria
absoluta. Se for requerida autorização para decretação durante o
recesso parlamentar, o Congresso Nacional será convocado
extraordinariamente para se reunir em 5 dias, permanecendo em
funcionamento até o término das medidas. Uma vez autorizado, o
Presidente PODERÁ decretar o estado de sítio. O decreto presidencial
deve indicar o tempo de duração; as normas necessárias à sua execução
e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. Uma vez
publicado o decreto, o Presidente designará o executor das medidas
específicas e as áreas abrangidas.

Prazo: no caso do art. 137, I (alínea a, acima), é de no máximo 30


dias, prorrogável por no máximo 30 dias, de cada vez (admite mais de
uma prorrogação). Já no caso do inciso II do art. 137 (alínea b,
acima), perdura enquanto durar a guerra ou a agressão armada
estrangeira.

Medidas coercitivas (restrições de direitos) que podem ser adotadas:


- no caso do art. 137, inciso I: obrigação de permanência em
localidade determinada; detenção em edifício não destinado a
acusados ou condenados por crimes comuns; restrições relativas à
inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e
televisão, na forma da lei (aqui não se inclui a difusão de
pronunciamentos de parlamentares em suas Casas ; suspensão da
liberdade de reunião; busca e apreensão em domicílio; intervenção
nas empresas de serviços públicos; e requisição de bens. (incisos I
a VII, art. 139).
- no caso do art. 137, inciso II (guerra ou agressão armada): em tese,
podem ser atingidas todas as garantias constitucionais, desde que
presentes três requisitos constitucionais: 1. Necessidade de
efetivação da medida; 2. Tenham sido objeto de deliberação do CN
quando da autorização para decretação da medida; 3. Expressa
previsão no decreto presidencial.

- Regras comuns do Estado de Defesa e do Estado de Sítio:


- Fiscalização: a Mesa do CN, ouvidos os líderes partidários,
designará sempre uma comissão composta de 5 de seus membros para
acompanhar e fiscalizar a execução da medidas do estado de defesa e
do estado de sítio;
- Responsabilidade: cessando o estado de defesa ou o estado de sítio,
cessam também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilização dos
executores ou agentes por ilícitos;
- Cessação: após a cessação do estado de defesa ou do estado de sítio,
as medidas aplicadas em sua vigência são relatadas pelo Presidente
da República em forma de MENSAGEM ao CN, com especificação e
justificação das providências adotadas, relação nominal dos
atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Das Forças Armadas.

As Forças Armadas são três instituições nacionais permanentes e


regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob
autoridade suprema do Presidente da República, que têm por objetivo:
- defesa da Pátria;
- garantia dos poderes constitucionais;
- garantia da lei e da ordem, quando de iniciativa de qualquer dos
poderes constitucionais.

São elas: a Marinha, o Exército e a Aeronáutica.

Anteriormente cada Força estava vinculada a um ministério


respectivo (Ministérios Militares), sendo que com a EC 23/99 veio
anunciar a unificação no Ministério da Defesa do Estado, onde é
ministro brasileiro nato, sendo que manteve o status de ministro aos
Comandantes da Marinha (como se vê das prerrogativas de foro), do
Exército e da Aeronáutica, os quais são pelo Presidente da República
nomeados.

É de iniciativa do Presidente da República as leis que disponham


sobre a fixação ou modificação dos efetivos das Forças Armadas e seus
militares, regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
aposentadoria.

A organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas têm suas


normas gerais ditadas em Lei Complementar, que é a de nº97/99.
O serviço militar nas Forças Armadas é obrigatório nos termos da
lei (art. 143), salvo aos eclesiásticos e as mulheres, que dele
estarão isentos em tempo de paz, sendo sujeitos, porém, a outros
encargos que a lei lhes atribuir.

Uma vez alistado, o cidadão pode alegar imperativo de


consciência decorrente de crença religiosa ou convicção filosófica ou
política como escusa para o cumprimento das atividades de caráter
essencialmente militar, competindo então às Força Armadas atribuírem a
ele serviço alternativo, na forma da lei.

Da Segurança Pública

A Segurança Pública é um dever do Estado, um direito e uma


responsabilidade de todos. Tem por finalidade a preservação da ordem
pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através de ações
preventivas (polícia administrativa) e repressivas (polícia
judiciária), e é exercida pelos seguinte órgãos:

1. polícia federal: instituída por lei como órgão permanente,


organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. Destina-
se: a apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em
lei; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
fazendária; exercer funções de polícia marítma, aeroportuária e de
fronteiras; exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União.
2. polícia rodoviária federal: é órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma
da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais;
3. polícia ferroviária federal: órgão permanente, organizado e mantido
pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais;
4. polícias civis: devem ser dirigidas por delegados de polícia de
carreira; são incumbidas, ressalvada a competência da União, das
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto das infrações militares;
5. polícias militares: sua atribuição é de polícia ostensiva, para
preservação da ordem pública;
6. corpos de bombeiros militares: além das atribuições definidas em
lei, são incumbidos da execução de atividades de defesa civil..

Os municípios podem, ainda, instituir Guarda Municipal, mas


somente com o objetivo de conferir proteção a seus bens, serviços e
instalações, na forma da lei.

A multiplicidade de órgãos da Segurança Pública trazidos pela


ordem constitucional de 1988 teve por finalidade atender a reclamos
sociais e diminuir a ação das Forças Armadas na defesa interna.

A CF/88 diz que a polícia militar e os corpos de bombeiros são


forças auxiliares e reserva do Exército e subordinam-se, junto com a
civil, ao governo dos Estados e do DF.

Lei disciplina organização e funcionamento dos órgãos


responsáveis pela segurança pública, com vistas à eficiência.

A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos


componentes da Segurança Pública deve ser fixada na forma do art. 39,
§ 4º, ou seja, como parcela única (!!!)

Muita Sorte !!!

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