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Jornal do PI Abril de 2008 1€ www.precariosinflexiveis.blogspot.

com
Precári@s Inflexíveis
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A URGÊNCIA DO MAYDAY!!
O MayDay é uma iniciativa internacional, que vem dando visibilidade e confiança a
precári@s por esse mundo fora. É uma parada, no Dia d@ Trabalhador/a, marcada
pela originalidade e pela urgência de juntar gente para recusar a inevitabilidade de
uma vida de incerteza e sacrifícios. No ano passado, algumas centenas de pessoas
arriscaram começar o MayDay Lisboa. Um balanço positivo está a acumular forças
para uma nova edição este ano. Só esperamos melhorar.

Pre-ca-ri-e-da-de. Palavra com- precári@s, juntando gente de pessoas, as assembleias, conver-


prida. E chata, também. Espe- forma aberta, rompendo com o sas e debates – tudo coisas para
cialmente para quem – conhe- cinzentismo da proposta neolibe- um percurso, desta vez mais lon-
cendo-a (à palavra) pior ou ral e da resposta tradicional, res- go, para uma parada mais parti-
melhor – tem que vivê-la. Infeliz- ponde ao que procuramos e abre cipada, mais imaginativa e mais
mente, somos cada vez mais e a possibilidade à participação rica.
Governos e patrões querem que alargada e à expressão das Queremos e acreditamos nesta
ninguém lhe escape, mais tarde várias recusas que incluem este experiência. O MayDay é um
ou mais cedo. É a nova forma de protesto. ponto de encontro – acima de
exploração. E, apesar de não tudo, porque nele se cruzam pes-
parar de crescer, a verdade é soas de diferentes proveniên-
que não lhe correspondem res- cias. Algumas pertencem a novos
postas políticas, intérpretes e grupos de precári@s, outras
organização que acompanhem nem por isso; muitas já experi-
este avanço. Ou seja, o precaria- mentaram outras mobilizações,
do precisa de voz. para outras a participação políti-
Quando, no ano passado, tantas ca só agora começou; muitas são
pessoas se juntaram para come- jovens, mas também há quem já
çar o caminho da primeira para- não seja; a maioria trabalha
da MayDay em Lisboa, tínhamos demais e recebe de menos, mas
isto na cabeça. Era – e ainda é! – também há quem nem trabalho
preciso tornar a precariedade tenha; há também @s que estu-
visível, um tema com a dimensão dam, que, trabalhando ou não,
Num balanço rápido da parada
da sua brutalidade. E continua a pressentem já o modo de vida da
do ano passado, apetece dizer
ser urgente afirmar a recusa e o precariedade. Uma diversidade
que as expectativas foram até
combate ao destino que nos querem (de situações, sonhos e expecta-
superadas: o MayDay marcou o
traçar. tivas) nas vidas que aqui se
1º de Maio, pela novidade certei-
O arranque para esta iniciativa encontram – uma aparente difi-
ra que soube ser; muita gente se
partiu da energia e experiência culdade que queremos transfor-
juntou durante o processo e algu-
acumulada por vários sectores mar em força.
mas centenas estiveram presen-
que vinham trabalhando juntos, tes no dia; os embrionários No dia 1 de Maio lá estaremos. Até
mais ou menos pontualmente, colectivos de precári@s que lá, ainda temos muito para fazer.
por esta ou aquela razão. Movi- estavam a despontar aproveita- Mas sabemos que já não falta tudo.
mentos de estudantes e vários ram bem o momento para se for- @s precári@s ainda vivem amorda-
outr@s activistas de diversas talecer; e a experiência deu-nos çad@s pela chantagem, mas a pre-
áreas de intervenção souberam a nós – Precári@s Inflexíveis – cariedade já é mais do que uma
conversar para tratar de um tema confiança para arrancar. O PI é palavra esquisita. É um tema que já
que precisava de juntar forças e uma dízima do MayDay. vai fazendo parte de agendas
chamar @s que vão andando várias, embora saibamos que em
E o MayDay Lisboa 2008 já anda
mais longe das mobilizações. A grande medida ainda são os pode-
aí! As acções de intervenção no
precariedade toca tudo e tod@s rosos que têm a palavra. Nós quere-
espaço público (e, sempre que
e sentíamos que era possível mos pegar nela para dar a volta às
possível, publicado também), a
recuperar a boa ideia do May- nossas vidas. MayDay!! Porque é
presença na net, as contribuições
Day. Não precisávamos de ser urgente!
várias e participação de várias Tiago Gillot
originais, porque uma parada de
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REVOLTA A PRECARIEDADE!
A precariedade é muito antiga. Trabalhadores às ordens de capatazes. Mulheres a fazer filas à
porta da fábrica, à espera de serem chamadas, para (talvez) ganhar uma moeda. Imagens do
século XIX. Empregados e desempregados, pau para toda a obra, quando dá jeito ao patrão.
A precariedade é também muito em cofres-fortes, os seus jogos os precários estão aí e não se
recente. Proposta global para as financeiros, os seus cínicos dis- submetem; trabalhamos em
gerações futuras. Novas formas cursos do “tem de ser e só pode todos os ramos de actividade,
de exploração, de alienação e ser assim”. Eles, ladrões diários não temos vínculos laborais
de controlo. Jovens licenciados das nossas vidas. Com flexíveis estáveis, não somos descartá-
sem perspectivas, proletariza- promessas: os patrões criticam veis, nem queremos ser criados
ção de classes médias antes a “rigidez do mercado de traba- (ou escravos) do capital, sem-
“protegidas” por alguns direi- lho”, aliciando os cá de baixo pre às ordens; não estamos
tos conquistados. Direitos fun- com méritos, sucessos e recom- satisfeitos - estamos com vidas
damentais a serem atacados - pensas em troca de submissões p enhor a d a s, t ra ba lha m os
para muitos, direitos nunca permanentes. Ou seja: querem- demais e ganhamos pouco; pro-
garantidos, miragens. Novas nos flexíveis, moldados e mol- duzimos muitas vezes o que não
vagas de imigrantes sem dáveis às suas necessidades e queremos e da forma que não
papéis, novos filhos do velho às suas acumulações. E se têm queremos.
capitalismo, enquanto o poder de mentir, mentem. É preciso também chamar os
do dinheiro manda levantar Terceiro: não há um pacote de bois pelos nomes: os responsá-
novas pirâmides de caquéticos luta pronto-a-servir contra estes veis pela miséria têm nome -
impérios. novos - e tão velhos - pacotes são grandes patrões que escon-
Que fazer então da precarie- laborais, que assenta na preca- dem o dinheiro debaixo das
dade que nos assalta agora? riedade, no desemprego, na suas almofadas off-shore. É o
Primeiro: não dá para voltar troca desigual e na sobre- Estado que vende os serviços
para trás. O trabalho mudou. Os exploração do trabalho a nível públicos por tuta e meia e é um
proletários, os que vivem da mundial (eles contam sempre dos primeiros agentes da preca-
venda da sua força de trabalho, com uma manada de escravos riedade (não acredito que o
estão aí, a produzir a riqueza, em em terras “estrangeiras”). A não Estado possa “dar o exemplo”,
novas fábricas, a carregar em ser que queiramos sair derrota- mas compreendo que os precá-
novos botões. Muitos mudam de dos durante muito tempo. Não rios o exijam). São os governos,
poisos, ou simplesmente são des- há uma revolução pronta-a- que distribuem favores e acal-
pedidos. Os gestos maquinais e servir para os precários, daque- mam as hostes com a concerta-
os colapsos nervosos de Charlie las que põem o futuro a cantar, ção social. São outras máquinas
Chaplin na fábrica do filme com bandeiras vermelhas na espectaculares a produzir con-
“Tempos modernos” (de 1936) aurora. Mas também não pode senso e acalmar a fúria de quem
continuam, repetem-se, condicio- haver confiança nenhuma nas trabalha, pesando sempre os
nam não apenas os braços, tam- boas intenções, aceitando o que “prós e contras”.
bém cada vez mais as cabeças, o está como está, à espera que o Revoltar a precariedade a favor
corpo inteiro - exploração capitalismo se suavize a pouco e dos explorados passa por um
“integral”, novas alienações e pouco, ou se torne mais ético: outro trabalho, difícil, talvez
novas necessidades. Mas conti- “agora faz lá o jeito ao patrão, delicado, mas possível e
nuamos a precisar de um tecto e talvez amanhã ele te distribua imprescindível - unir os traba-
de comida. um bocadinho da riqueza”. Isso lhadores (nas lutas) para res-
Segundo: eles estão ao ataque. nem utopia é - é apenas aldrabi- ponder à tentativa de nivela-
“Eles” são: patrões e os seus ce. mento por baixo de todos os
governos, ricos piratas e as suas Como dar então a volta à pre- direitos. Exigir mais, para
máquinas de pobreza e máqui- cariedade? todos. Caso contrário haverá
nas de sonhos, os seus espectá- Revoltar a precariedade passa, sempre um desgraçado abaixo
culos produzidos por quem os antes de mais, por afirmar uma que aceita trabalhar em piores
sofre (ou goza), o seu dinheiro condição e uma insatisfação: condições do que tu.
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Mas queremos regressar à salário também numa vida e revolta, inquietos, vivos, deso-
velha exploração de numa produção não submetida bedecendo ao silêncio, produ-
“antigamente” (que ainda coe- (ao capital). Ter direito à segu- zindo a vida, buscando a eman-
xiste hoje, obviamente, com rança social? Claro, para não cipação e não apenas reprodu-
novos tipos de trabalho)? Ao ter de fazer uma poupança num zindo a alienação (para os
trabalho das nove às cinco? banco para a reforma. Mas é lucros deles). Essas necessida-
Não. Regressar, voltar atrás, é o preciso haver também saúde des têm de ser hoje debatidas
oposto de revoltar. pública gratuita, transportes, por todos e podem ser experi-
E será que queremos direito à habitação, à cultura, à mentadas na subversão da prá-
“estabilidade”? Não, se esta- educação, à água, ao ar puro, tica, na expressão da luta que
mos a falar da “estabilidade” direito (de todos) a fazermos se reinventa, ou já neste pri-
deles - estabilidade governati- artes. meiro de Maio, aqui mesmo à
va, paz social, consenso, con- Revoltar a precariedade passa, mão.
formismo. Sim, se estamos a enfim, por uma subversão das Pedro Rodrigues
falar do direito a ter um contra- necessidades. Primeiro esta-
to estável e salários decentes. A mos nós, precários e trabalha-
palavra “estabilidade” tem uma doras de todo o mundo em
forte conotação conservadora.
Prefiro por isso a palavra
“direitos”. Prefiro a palavra
revolta. Prefiro a palavra trans-
formação. Ou queremos defen-
der a estável exploração?
Perante as novas configurações
do trabalho pode-se revoltar a
precariedade exigindo coisas
comuns, partilháveis e simples
como por exemplo trabalhar
menos tempo. Isso permitiria
fazer outras coisas na vida para
além de trabalhar. Ou será que
queremos apenas conservar a
“dignidade” do suplício e liber-
tar o quotidiano fica sempre
para depois?
Trabalhar menos também para
trabalharmos todos - isso dimi-
nuiria o desemprego. Ter um
vínculo laboral, de preferên-
cia um contrato colectivo? Claro
que sim. Mas teremos de não
esquecer os biscateiros e os
tarefeiros precários ou a senho-
ra da limpeza sem papéis. Ter
direito a um salário que não
seja comido pela inflação todos
os dias, que permita mais do
que sobreviver, ter direito à
cultura, ao conhecimento, à
diversão? Claro que sim. Mas é
preciso tempo para usar esse
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Ciclo de debates
OS PRECÁRIOS NÃO SE CALAM!
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Há uns tempos pensava que a precarieda-


de era uma coisa que pode chegar à saú-
de, mas é uma coisa com a qual temos que
lidar agora, porque as alterações estão a
ser feitas agora. (Diana Povoas)
Se faltam enfermeiros nos hospitais, porque é
que os enfermeiros são contratados a termo?
A função de um enfermeiro é uma função que
Não se pode dizer que o desemprego vai
vai servir para toda a vida, que é a função de
diminuir porque os cursos estão adapta-
“dar” saúde aos doentes. (Adriana Lopera)
dos ao mercado de trabalho. (Pedro
Rodrigues)
Dizer que há 60 000 licen-
ciados no desemprego e, portanto, que as universida-
des estão a formar pessoas para o desemprego é uma
falácia. Quer dizer que o mercado de trabalho não
está a aproveitar esses desempregados. (Rui Tavares)

É grave nós acharmos normal irmos per-


O Estado somo s nós todos e por isso dendo todos os direitos e irmos consideran-
temos que tomar o poder: arranjar do cada vez mais esses direitos um privilé-
soluções, fazer coisa. (Isabel do Carmo) gio que alguns têm. Na minha geração,
acha-se que quem recebe um mês de férias
é um privilegiado. (Mafalda Costa)
A escola podia melhorar na construção
de uma mentalidade mais reivindicativa e em
que as pessoas saíssem mais conscientes dos
seus direitos. (João Dias Miguel)
Há já ateliers a viver à custa de mão
-de-obra muito baixa ou gratuita
A precariedade não é um problema ape- dos jovens estagiários, trabalhando
nas da área da comunicação social: é nalguns casos com 15 estagiários.
hoje uma constante da sociedade portu- (Diogo Corredoura)
guesa. No jornalismo ela é particular-
mente grave porque transforma os profis-
sionais desta área em profissionais muito As empresas têm como objectivo único a
mais dependentes dos gostos, das directi- criação de mais-valia, e portanto, quando
vas, das hierarquias. (Jorge Wemans) é para poupar, poupam nos recursos
humanos, porque é impossível mudar o
Eu acho que faz sentido que em jor- preço dos materiais. (Tiago Mota Saraiva)
nalismo haja um estágio. Mas criou-
se um precedente: as empresas preceberam
que somos capazes e usam esta mão-de-obra
escrava, e até porque esta gente está ansiosa
por trabalhar. (Diana Andringa)
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A PRECARIEDADE LABORAL E O SINDICALISMO


Muito se tem escrito e debatido sobre o trabalho precário nos últimos tempos, dentro e fora das estru-
turas sindicais. Multiplicam-se as iniciativas dos movimentos de precários fora das estruturas sindicais
tradicionais e desenvolvem-se novas formas de intervenção.
Em 2005, quase não se ouvia ram formas de sindicalismo e serviços importantíssimos pres-
falar desta problemática mas já intervenção alternativas ao tradi- tados por este movimento. As
se sofria há muito com os seus cional. Porém, a grande dificul- negociações colectivas para
efeitos negativos – não só no dade de levar à prática o dina- empresas e sectores, marcação
campo profissional – mas tam- mismo que alguns desses sindi- de greves e apoio jurídico, são
bém a nível pessoal, visto que a catos tentam implementar é o um bom exemplo disso.
precariedade laboral traz gra- diminuto envolvimento dos Considero que sindicatos e
víssimos problemas, tais como, a jovens nas estruturas sindicais, movimentos sociais são essen-
instabilidade permanente acres- que muitas vezes são vistas ciais à sociedade. Devem coe-
cida dos baixos salários. como entidades para as quais se xistir na intervenção,
Fruto da iniciativa de e – sempre que possí-
alguns jovens, dentro e vel – colaborar sem
fora das estruturas sin- medos ou preconcei-
dicais, os altos índices tos descabidos de
de precariedade parte a parte. Não
começaram a ser obstante as diferen-
denunciados nos meios ças, ambos devem ter
de comunicação social. uma matriz comum:
Contudo, ainda há mui- democracia e espírito
to a fazer para que o de abertura, envol-
combate ao trabalho vendo o maior núme-
precário, aos baixos ro de pessoas.
salários e ao desres- A organização de
peito pelas pessoas precários dentro do
nos locais de trabalho movimento sindical é
tenha uma abrangência possível. Porém, o
capaz de os erradicar. combate à precarie-
Se é verdade que gran- dade dentro das
de parte das estruturas estruturas sindicais
sindicais só começa- descontam 2 ou 3 euros mensais, implica, também,
ram a olhar mais seriamente esperando-se das mesmas todas uma acção concreta e continua-
para esta problemática após a as respostas, mesmo as impossí- da para que possamos construir
pressão forte das novas gera- veis e que só com um grande um sindicalismo sem “guerras”
ções e ao verem que cresciam envolvimento de todos e todas é partidárias que, em muitos
movimentos de precários inde- possível alcançar. casos, só prejudicam aquelas
pendentes na sociedade portu- que deveriam ser as actividades
guesa, também é verdade que No que diz respeito à precarie- principais dos sindicatos: infor-
se dizem e escrevem muitas coi- dade e rejuvenescimento do mar, esclarecer, apoiar, sindica-
sas erradas acerca do movimen- movimento sindical não há mila- lizar e organizar os trabalhado-
to sindical. gres, como não os há nos outros res e trabalhadoras dentro de
campos do mundo laboral. A cada empresa.
Não é verdade e só pode ser chave do sucesso está em cada
proferido por pessoas que real- um e cada uma de nós. É preciso A mudança para uma sociedade
mente desconhecem a activida- que cada jovem se envolva nas mais justa e solidária depende
de de vários sindicatos, que “os estruturas e exija das mesmas de cada um e cada uma de nós,
precários não se podem sindica- mudanças significativas na forma por isso façamo-la!
lizar”. Há sindicatos que já acha- Rui Beles Vieira
de intervenção. Há matérias e
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“O PRINCÍPIO DO FIM DAS NOSSAS VIDAS CHEGA NO DIA


EM QUE NOS SILENCIAMOS SOBRE O QUE É IMPORTANTE”
Sinto-me repetitiva. A dizer o que já tantas pessoas pensaram e sentiram antes e ainda o
sentem. A precariedade. Aquela que nos é imposta e legitimada como uma inevitabili-
dade, mas que não é mais que uma expressão de forças desta sociedade que, em nome
da acumulação do capital, nos oprime e explora diariamente.
Eu penso que a primeira con- todos os dias. Afinal trata-se da precários, já vivemos com ela
dição para sermos livres e nossa vida! todos os dias. A flexigurança
independentes é ter um traba- Mas os patrões têm o governo atacará quem ainda tem direi-
lho. O acesso à saúde, à educa- do seu lado. As taxas de tos e um contrato digno. A fle-
ção, à habitação e, em geral, a desemprego continuam sem xibilidade de contratar e des-
autonomia dos projectos de ser resolvidas, fornecendo pedir para os patrões e a pas-
vida de cada um depende des- uma massa disponível de tra- sagem da (ir)responsabilidade
se emprego. balhadores que se sujeitarão a da segurança para o Estado.
Não é por estupidez ou imita- qualquer condição de trabalho Não percebem que as grandes
ção que queremos um empre- devido às carências provoca- economias capitalistas dos paí-
go em que não sejamos a mer- das pelo desemprego. E assim ses nórdicos baseiam-se em
cadoria de algum patrão, mas se diz que há menos desem- grandes salários e grandes
sim que tenhamos os direitos pregados. Assim se precariza a impostos, onde a educação e a
que um trabalhador, enquanto segurança social, perdendo-se saúde são gratuitas. Esquecem
ser humano, deve ter. facilmente o subsídio de -se que a economia de Portu-
Queremos um emprego para desemprego (para quem ainda gal baseia-se em salários bai-
toda a vida? Se calhar não. Mas o tem) e atingindo-se assim o xos, em que só os patrões
queremos a liberdade para ter glorioso défice de 3%. Criam- lucram com isso, já que exis-
o emprego que quisermos e se contractos individuais de tem fugas brutais ao fisco, e
um salário digno assegurado, trabalho, fomenta-se o indivi- que temos ataques brutais aos
sem que isso implique uma dualismo, e carecesse de soli- serviços sociais. Com a flexi-
latência de direitos. Eu penso dariedade intergeracional. gurança seremos duplamente
que isto é tão trivial! Direitos e Nascem desigualdades brutais explorados: com salários mais
segurança no que fazemos entre patrões prepotentes no baixos e com os nossos míse-
seu analfabetismo e ros impostos encarregados de
empregados que passam a pagar a dita segurança.
burros que têm que comer Todos os dias somos alvos de
e calar. discriminação e precariedade.
Será então de espantar que Somos mulheres, somos traba-
estejamos revoltados com lhadores, somos estudantes,
o nosso presente que se somos imigrantes, somos defi-
assemelha em tudo ao futu- cientes, somos lésbicas, gays,
ro? Que perspectivas de bissexuais, transsexuais,
vida podemos nós ter? Há somos novos, somos velhos.
quanto tempo não conquis- Somos tant@s e a sociedade
tamos nós um direito? Pelo não está preparada para nós.
contrário, estamos a tentar Mas nós vamos mudá-la. Para
defender os direitos que nós e para tod@s.
ainda nos restam. Estamos vivos e queremos
Querem-nos pôr à força na outra vida e essa é a primeira
trupe dos pioneiros patetas condição para a revolta dos
da Europa. Acenam-nos precários. Anda, vamos sair
com sistemas como a Flexi- para a rua!
gurança. E depois? Nós, Diana Neves
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Curtas do blog...

Penalizar as e
mpresas o
u legalizar a p
(…) recariedade?
(Tiago Gillot)
Quando o patrã
o fizer as cont
é uma galinha as, a precarieda
dos ovos de ou de continuará
ro. Fingir que a ficar barata.
vista de toda a se vai procurar em Na verdade, a
gente, para de precariedade
po is se aplicar um m ei a dú zia de empres
cariedade e a a ta xa as o que está à
ilegalidade. M de IRC diferent
resses. Parec ais uma vez, es e, é abdicar de
e urgente junt te Governo proc combater a pr
ar energias e lama a corage e-
ção e a clarez re sp os ta m mas é dóci
a necessárias. s a estes presen l com os inte-
É aí que estam tes envenenado
os. s, mantendo a
aten-

blogue Ladrões de Bicicletas)


Esperar o pior? (João Rodrigues, estados membros
Silv a é mu ito infe liz: «É a leg islação laboral mais rígida dos
A afirmação de Vieira da o que a própria OCDE já reco-
blic o). Bas eia- se num a estr anha avaliação da OCDE. Not
da OCDE» (Pú pregos é muito
u de reg ulaç ão das rela ções laborais e a criação de em
nheceu que a relação entre o gra s por um aumen-
a do «m erc ado de trab alho » são geralmente acompanhada
liberais na áre de
frágil e que as prescrições neo onível. Na realidade, é a ideia
car ieda de. Na linh a de algu ma da evidência empírica disp a aum en-
to das desigualdades e da pre que a protecção social portugues
ma rqu esa que par ece agr adar ao ministro. Espero mesmo ta 45 000 euros
«flexisegurança» à dina com um a taxa de desemprego que ronda
os 4%, gas
de con tas, a Din am arc a, er de compra).
te. Há muito a fazer aqui. Afinal des em pre go, gas ta 8 000 (valores ajustados ao pod
8% de
por desempregado; Portugal, com deixado por Poul Rasmusse
n, ex-primeiro-
Lembro ainda o aviso sensato tugal decidem de
visita ao nosso país: «Se em Por
ministro da Dinamarca, numa que tudo o resto
tecção laboral, arriscam-se a
um dia para o outro cortar a pro na regra da eco-
empregos precários tornam-se
não se chegue a realizar. E os is uma expressão
ia». Vie ira da Silv a vem ago ra falar de «segurbilidade». Ma
nom licas que, a ava-
políticas públicas. Políticas púb
horrorosa para a discussão das sas.
, podem ser igualmente horroro
liar pela declaração do ministro

A di stância que nos


se pa ra da ‘fl ex ig ura’
(Ri car do Pa es Ma me Di na ma rc a
de, blo gue Lad rõe s de
icle tas )Bic
Estará Vieira da Silva em
condições de garantir qu
dos a promover a segura e os recursos destina-
nça dos trabalhadores qu
vão aumentar o equivale e ficam sem emprego
nte a 1% do PIB portugu
do que se passa na Dinam ês (para se aproximarem
so do poder e a chantage arca)? E como é que se
m permanente dos empre pretende evitar o abu-
calização não ultrapassam gadores sobre o emprega
os 18,5% (na Dinamarca do s nu m pa ís em que os níveis de sindi-
Laborais), onde 82,6% do são de 81,6% - os dado
s contratos de trabalho são s são do Livro Branco da
fixados sem intervenção s Relações
e onde 3/4 das empresas dos representantes dos
não têm qualquer tradição tra ba lhadores
ca, um país onde a inte de organização dos assala
rvenção dos representan riados (contrastando com
tes dos trabalhadores na a Dinamar-
questões laborais, mas vida da empresa - em pa
não só - é uma realidade rtic ula r nas
desde finais do século XIX generalizada, e protegida
)? Iremos assistir à invers por lei,
assistido no sentido da ão da tendência a que
fragilização da negociação temos
modo de fixação das con colectiva, permitindo qu
dições contratuais (salár e este
mesmo papel em Portuga ios, horários, progressões)
l que tem na Dinamarca? ten ha o
11

Curta do Jornal... (Rui Tavares, jornal Público)

Curta no tempo... Parada Mayday Lisboa 2008


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