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Precári@s Inflexíveis
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A URGÊNCIA DO MAYDAY!!
O MayDay é uma iniciativa internacional, que vem dando visibilidade e confiança a
precári@s por esse mundo fora. É uma parada, no Dia d@ Trabalhador/a, marcada
pela originalidade e pela urgência de juntar gente para recusar a inevitabilidade de
uma vida de incerteza e sacrifícios. No ano passado, algumas centenas de pessoas
arriscaram começar o MayDay Lisboa. Um balanço positivo está a acumular forças
para uma nova edição este ano. Só esperamos melhorar.
REVOLTA A PRECARIEDADE!
A precariedade é muito antiga. Trabalhadores às ordens de capatazes. Mulheres a fazer filas à
porta da fábrica, à espera de serem chamadas, para (talvez) ganhar uma moeda. Imagens do
século XIX. Empregados e desempregados, pau para toda a obra, quando dá jeito ao patrão.
A precariedade é também muito em cofres-fortes, os seus jogos os precários estão aí e não se
recente. Proposta global para as financeiros, os seus cínicos dis- submetem; trabalhamos em
gerações futuras. Novas formas cursos do “tem de ser e só pode todos os ramos de actividade,
de exploração, de alienação e ser assim”. Eles, ladrões diários não temos vínculos laborais
de controlo. Jovens licenciados das nossas vidas. Com flexíveis estáveis, não somos descartá-
sem perspectivas, proletariza- promessas: os patrões criticam veis, nem queremos ser criados
ção de classes médias antes a “rigidez do mercado de traba- (ou escravos) do capital, sem-
“protegidas” por alguns direi- lho”, aliciando os cá de baixo pre às ordens; não estamos
tos conquistados. Direitos fun- com méritos, sucessos e recom- satisfeitos - estamos com vidas
damentais a serem atacados - pensas em troca de submissões p enhor a d a s, t ra ba lha m os
para muitos, direitos nunca permanentes. Ou seja: querem- demais e ganhamos pouco; pro-
garantidos, miragens. Novas nos flexíveis, moldados e mol- duzimos muitas vezes o que não
vagas de imigrantes sem dáveis às suas necessidades e queremos e da forma que não
papéis, novos filhos do velho às suas acumulações. E se têm queremos.
capitalismo, enquanto o poder de mentir, mentem. É preciso também chamar os
do dinheiro manda levantar Terceiro: não há um pacote de bois pelos nomes: os responsá-
novas pirâmides de caquéticos luta pronto-a-servir contra estes veis pela miséria têm nome -
impérios. novos - e tão velhos - pacotes são grandes patrões que escon-
Que fazer então da precarie- laborais, que assenta na preca- dem o dinheiro debaixo das
dade que nos assalta agora? riedade, no desemprego, na suas almofadas off-shore. É o
Primeiro: não dá para voltar troca desigual e na sobre- Estado que vende os serviços
para trás. O trabalho mudou. Os exploração do trabalho a nível públicos por tuta e meia e é um
proletários, os que vivem da mundial (eles contam sempre dos primeiros agentes da preca-
venda da sua força de trabalho, com uma manada de escravos riedade (não acredito que o
estão aí, a produzir a riqueza, em em terras “estrangeiras”). A não Estado possa “dar o exemplo”,
novas fábricas, a carregar em ser que queiramos sair derrota- mas compreendo que os precá-
novos botões. Muitos mudam de dos durante muito tempo. Não rios o exijam). São os governos,
poisos, ou simplesmente são des- há uma revolução pronta-a- que distribuem favores e acal-
pedidos. Os gestos maquinais e servir para os precários, daque- mam as hostes com a concerta-
os colapsos nervosos de Charlie las que põem o futuro a cantar, ção social. São outras máquinas
Chaplin na fábrica do filme com bandeiras vermelhas na espectaculares a produzir con-
“Tempos modernos” (de 1936) aurora. Mas também não pode senso e acalmar a fúria de quem
continuam, repetem-se, condicio- haver confiança nenhuma nas trabalha, pesando sempre os
nam não apenas os braços, tam- boas intenções, aceitando o que “prós e contras”.
bém cada vez mais as cabeças, o está como está, à espera que o Revoltar a precariedade a favor
corpo inteiro - exploração capitalismo se suavize a pouco e dos explorados passa por um
“integral”, novas alienações e pouco, ou se torne mais ético: outro trabalho, difícil, talvez
novas necessidades. Mas conti- “agora faz lá o jeito ao patrão, delicado, mas possível e
nuamos a precisar de um tecto e talvez amanhã ele te distribua imprescindível - unir os traba-
de comida. um bocadinho da riqueza”. Isso lhadores (nas lutas) para res-
Segundo: eles estão ao ataque. nem utopia é - é apenas aldrabi- ponder à tentativa de nivela-
“Eles” são: patrões e os seus ce. mento por baixo de todos os
governos, ricos piratas e as suas Como dar então a volta à pre- direitos. Exigir mais, para
máquinas de pobreza e máqui- cariedade? todos. Caso contrário haverá
nas de sonhos, os seus espectá- Revoltar a precariedade passa, sempre um desgraçado abaixo
culos produzidos por quem os antes de mais, por afirmar uma que aceita trabalhar em piores
sofre (ou goza), o seu dinheiro condição e uma insatisfação: condições do que tu.
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Mas queremos regressar à salário também numa vida e revolta, inquietos, vivos, deso-
velha exploração de numa produção não submetida bedecendo ao silêncio, produ-
“antigamente” (que ainda coe- (ao capital). Ter direito à segu- zindo a vida, buscando a eman-
xiste hoje, obviamente, com rança social? Claro, para não cipação e não apenas reprodu-
novos tipos de trabalho)? Ao ter de fazer uma poupança num zindo a alienação (para os
trabalho das nove às cinco? banco para a reforma. Mas é lucros deles). Essas necessida-
Não. Regressar, voltar atrás, é o preciso haver também saúde des têm de ser hoje debatidas
oposto de revoltar. pública gratuita, transportes, por todos e podem ser experi-
E será que queremos direito à habitação, à cultura, à mentadas na subversão da prá-
“estabilidade”? Não, se esta- educação, à água, ao ar puro, tica, na expressão da luta que
mos a falar da “estabilidade” direito (de todos) a fazermos se reinventa, ou já neste pri-
deles - estabilidade governati- artes. meiro de Maio, aqui mesmo à
va, paz social, consenso, con- Revoltar a precariedade passa, mão.
formismo. Sim, se estamos a enfim, por uma subversão das Pedro Rodrigues
falar do direito a ter um contra- necessidades. Primeiro esta-
to estável e salários decentes. A mos nós, precários e trabalha-
palavra “estabilidade” tem uma doras de todo o mundo em
forte conotação conservadora.
Prefiro por isso a palavra
“direitos”. Prefiro a palavra
revolta. Prefiro a palavra trans-
formação. Ou queremos defen-
der a estável exploração?
Perante as novas configurações
do trabalho pode-se revoltar a
precariedade exigindo coisas
comuns, partilháveis e simples
como por exemplo trabalhar
menos tempo. Isso permitiria
fazer outras coisas na vida para
além de trabalhar. Ou será que
queremos apenas conservar a
“dignidade” do suplício e liber-
tar o quotidiano fica sempre
para depois?
Trabalhar menos também para
trabalharmos todos - isso dimi-
nuiria o desemprego. Ter um
vínculo laboral, de preferên-
cia um contrato colectivo? Claro
que sim. Mas teremos de não
esquecer os biscateiros e os
tarefeiros precários ou a senho-
ra da limpeza sem papéis. Ter
direito a um salário que não
seja comido pela inflação todos
os dias, que permita mais do
que sobreviver, ter direito à
cultura, ao conhecimento, à
diversão? Claro que sim. Mas é
preciso tempo para usar esse
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Ciclo de debates
OS PRECÁRIOS NÃO SE CALAM!
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Curtas do blog...
Penalizar as e
mpresas o
u legalizar a p
(…) recariedade?
(Tiago Gillot)
Quando o patrã
o fizer as cont
é uma galinha as, a precarieda
dos ovos de ou de continuará
ro. Fingir que a ficar barata.
vista de toda a se vai procurar em Na verdade, a
gente, para de precariedade
po is se aplicar um m ei a dú zia de empres
cariedade e a a ta xa as o que está à
ilegalidade. M de IRC diferent
resses. Parec ais uma vez, es e, é abdicar de
e urgente junt te Governo proc combater a pr
ar energias e lama a corage e-
ção e a clarez re sp os ta m mas é dóci
a necessárias. s a estes presen l com os inte-
É aí que estam tes envenenado
os. s, mantendo a
aten-
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