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AIA – 01/2010

Pós-Avaliação em AIA – Apanhado das propostas

MCAP – 2009/2010

AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL

PÓS-AVALIAÇÃO EM AIA – COMO MELHORAR

- APANHADO DAS PROPOSTAS

22 de Janeiro de 2010
Rita Rodrigues

1. Pós-Avaliação em AIA

O processo de Pós-Avaliação em AIA encontra-se definido pelo DL n.º 69/2000


de 3 de Maio, Secção V, Artigos 27 a 31 e 37 a 41.

Consoante a fase do projecto em que incide o EIA; podemos falar de

- Pós-avaliação de verificação da conformidade - quando a AIA se realiza


durante a fase de estudo prévio ou anteprojecto, está prevista a pós avaliação
da conformidade do projecto com a DIA.

- Pós-avaliação geral – aplicável quando a AIA se realiza durante a fase a de


construção, exploração ou desactivação do projectos; inclui:

. monitorização – da responsabilidade do proponente, tem como objectivo


entender como se estão a alterar as características ambientais por acção da
implementação do projecto, assim como verificar a eficácia das medidas
minimizadoras propostas e a necessidade de alteração das mesmas;

. auditoria – da responsabilidade da autoridade de AIA (que designa os


auditores) consiste na verificação objectiva e independente da observância do
projecto às previsões e padrões e procedimentos de qualidade.

2. Entidades Envolvidas

As principais entidades envolvidas na pós-avaliação são as entidades


responsáveis – CCDR, IA, etc. – e a equipa técnica responsável. Esta pode ser

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formada pela entidade responsável ou ser contratada – ex. das empresas de


consultoria ambiental.

Tal como ao longo de todo o processo de AIA, também na pós-avaliação está


prevista a Consulta Pública – processo que visa a recolha de opiniões e
sugestões por parte dos interessados e / ou envolvidos no projecto em questão.

Alarga-se assim o leque de possíveis intervenientes no processo: todos os


cidadãos, organizações e entidades interessadas podem participar em todo a AIA
através da apresentação por escrito de informação objectiva respeitante a
impactes causados pelo projecto. Esta participação pública é gerida pelo Instituto
do Ambiente (IA), que deverá promover e assegurar o apoio técnico necessário.

Ou seja, como agentes participantes no processo de pós-avaliação temos

Entidades oficiais:

Proponente

CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional) – nos casos em


que é entidade de AIA é responsável pelo acompanhamento e verificação do
cumprimento do DIA e das medidas de minimização.

Equipa técnica - no caso de recair na fase de execução a pós avaliação deverá


ser feita por uma equipa multidisciplinar de técnicos independentes nomeados
pela autoridade de AIA. Quando incide na fase de execução, deverá ser realizada
pela Comissão de Avaliação.

Empresas de consultoria ambiental (e outras contratadas)

Entidades públicas:

Organizações Não Governamentais (ONGS), por exemplo, pela influência e


proximidade do público e pela multiplicidade de áreas em que se inserem, podem
ajudar

Particulares - nomeadamente quando em representação de uma comunidade –


ex. comissões de moradores.

Comunicação social – pode desempenhar um importante papel nomeadamente no


fornecimento de informação à população e formação da opinião pública.

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3. Aspectos positivos e negativos

São óbvios os ganhos e mais-valias para todos a retirar de uma correcta pós-
avaliação em AIA.

No entanto, embora com um enquadramento legal bem definido, no que respeita


aos objectivos e sanções associadas aos não cumprimentos, há uma clara falha
na definição de metodologias a aplicar, assim como da certificação dos técnicos
envolvidos. O aspecto da participação pública também não funciona como seria
desejável, e são inúmeras as sugestões de utilização de mão-de-obra exterior ao
processo que poderia ser utilizada.

4. Propostas de melhoria

De tudo o que foi proposto, do ponto de vista das várias partes envolvidas,
nota-se uma clara incidência em 3 aspectos fundamentais: metodologia, meios e
divulgação. Acrescem algumas propostas de âmbito geral,

Propostas de âmbito Geral

 Obrigatoriedade da PDA, com a consequente garantia da qualidade do EIA e


envolvimento das entidades interessadas – as medidas de minimização do DIA
inadequadamente parametradas, levando ao aumento do custo da obra por
necessidades de alterações na fase de pós-avaliação (g).

 Consulta dos PROT prevista como parte integrante de uma metodologia de


trabalho, permitindo assim uma visão geral das estratégias regionais de
desenvolvimento do território, e o correcto enquadramento do projecto e das
alternativas (g).

 Atribuição legal de um papel de parceiro activo às ONGAs. As ONGAs


deveriam ter um papel de Actor de referência, de contrabalanço e de fiscalização
do grau de cumprimento (f, k).

 Maior abertura e clareza de todo o processo (j)

 Análise da eficácia da AIA permitindo a acumulação de experiência, essencial


para futuras intervenções (e).

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Metodologias

 Definição de uma metodologia de análise para a pós-avaliação - a


continuidade dos métodos utilizados nas várias fases da AIA será uma garantia
da uniformização da recolha e tratamento dos dados ao longo de todo o
processo (i). Do ponto de vista da compreensão, a uniformidade da nomenclatura
utilizada (j) assume particular importância. Esta uniformização de todo o processo
de pós-avaliação deve ter em conta os diferentes pontos de vista de todos os
intervenientes, para que a metodologia resultante não seja omissa em algumas
áreas (b). A obrigatoriedade de calendarização das actividades previstas
também poderá ser uma mais-valia importante nesta matéria (d).

 Definição de uma metodologia validada de protecção dos valores patrimoniais


e histórico-culturais, que sirva de modelo em sede de pós-avaliação (k), assim
como de outras áreas específicas.

 Desenvolver metodologias de monitorização mais eficazes, para uma melhor


pós-avaliação (b). Esta metodologia deve, no entanto, ter uma definição de
objectivos adaptável de acordo com as alterações do meio e os dados
recolhidos (i). Deverá ser aplicável a todas as fases do projecto, abrangendo o
licenciamento, construção, funcionamento, exploração e desactivação (e). Será
benéfica a monitorização paralela de todos aspectos importantes do ponto de
vista ecológico, mesmo que não se preveja a serem afectados pelo projecto (i).

Metodologias

 Criar um sistema de acreditação das equipas envolvidas (b), para garantir a


sua eficácia. È igualmente importante que sempre que possível haja continuidade
na equipa utilizada durante todas as fases do projecto (i), e que haja uma
adequada gestão da mesma – capaz de fazer o cruzamento adequado entre
toda a informação recolhida (i).

 Inclusão da comunidade local no processo de minimização de impactes (c)


(b). Nomeadamente no processo de monitorização, envolvendo associações
locais, etc., para recolha de dados e informações pertinentes. (i); contemplando
actividades que forneçam informação sobre variáveis ambientais e o efeito do
projecto sobre essas variáveis (e).

 Envolvimento de instituições de ensino superior, na definição dos métodos de


recolha de amostras e no seu tratamento estatístico – diminuição dos custos e
optimização dos processos de recolha e tratamento de dados. (i)

 Recrutar as ONG para efeitos de fiscalização e monitorização, como parceiros


fundamentais na protecção do património (k). A intervenção das ONGs na
monitorização é particularmente importante, permitindo aproveitar a sua

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proximidade ao público; na avaliação dos Programas de Monitorização; na


definição dos parâmetros a avaliar (f). Será também positivo permitir que as ONG
possam ser responsáveis por procedimentos normalizados de acompanhamento
dos projectos (k).

Divulgação

 Obrigatoriedade de utilização de uma linguagem acessível e perceptível ao


público em geral (e), de forma a facilitar a compreensão e, assim, o acesso à
informação (a).

 Melhorar a informação disponível, nomeadamente nos descritores património,


valores culturais e históricos, aprofundando o nível de informação traduzido em
sede de AIA (k);
 Formação de Profissionais de Comunicação Social na área do Ambiente: criar
oportunidades para a formação de jornalistas nas áreas do ambiente e
desenvolvimento sustentável de modo a contrariar a desmobilização da cobertura
mediática em assuntos mais complexos e consequente despromoção pública, e a
insistência nas vertentes mais sensacionalistas dos problemas, contribuindo para
uma informação mais isenta e acessível (h)

 Divulgação online do processo – Base de dados online gerida pelas


ONG/ONGA, ou inclusão nas bases de dados da APA (a, f, k, d). É
igualmente importante a disponibilização em locais públicos de horários alargados
e fácil consulta, tal como as Bibliotecas Municipais (a).

 Disponibilização de técnicos para sessões públicas de esclarecimento. Para


ajudar aos interessados a entender as matérias em discussão. (a)

a) Almeida, Fernanda: Actor chave - Comissão de Moradores afectada c


b) Cardoso, Marta: Actor chave – empresa de consultoria ambiental k
c) Gaião, Sofia: Actor chave – ONGA e
d) Nunes, Tânia: Actor chave – Técnico/especialista g
e) Ramalho, Jorge: Actor chave h
f) Rodrigues, Carlos Mesquita: Actor chave – ONGA f
g) Rodrigues, Júlio: Actor chave – Proponente a
h) Rodrigues, Luís: Actor chave - Comunicação Social j
i) Rodrigues, Rita: Actor chave - Equipa de Monitorização b
j) Saldanha, Jorge: Actor chave – CCDR d
k) Tavares, Bruno Ribeiro: Actor chave - ONG de Defesa do Património
Histórico e Cultural i

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