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MOÇÃO B

INVESTIR DIREITO
Moção sectorial sobre estratégia sectorial no domínio do
investimento público

Moção de Estratégia Sectorial ao XVII Congresso da Juventude Popular

Subscritor:

Carlos Manuel Pinto Pereira


Juventude Popular da Maia

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ÍNDICE

1.PREFÁCIO ....................................................................................................................................... 4
2.OS ERROS ACTUAIS ....................................................................................................................... 5
3.OS GRANDES EIXOS DE INVESTIMENTO PÚBLICO .......................................................................... 6
3.1.BREVE NOTA INTRODUTÓRIA ............................................................................................................ 6

3.2.A CURTO PRAZO ............................................................................................................................. 6

3.2.1.Infra-estruturas Públicas de Serviço Social ................................................................................. 6

3.2.2.A Reabilitação Urbana................................................................................................................ 7

3.3.A MÉDIO/LONGO PRAZO .................................................................................................................. 7

3.3.1.Transportes ................................................................................................................................ 7

3.3.2. Energias renováveis .................................................................................................................. 8


4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 9

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1.PREFÁCIO
Em tempo de claro travão no desenvolvimento económico do País, todo o investimento
público exige maior responsabilização política. Não que seja mais importante do que em
tempos de crescimento e desenvolvimento mas sim porque são precisamente nesses
momentos que um dado investimento bem ponderado pode desencalhar uma economia
que se encontra estagnada. Nesse sentido há que ser bastante selectivo.
Não pondo em causa o efeito positivo do investimento público em momentos de
estagnação da economia, creio que os investimentos megalómanos, tão abundantemente
badalados, devem ser cuidadosamente ponderados, pois objectivamente, vão criar
dívidas para o Estado que necessariamente as gerações futuras terão que assumir.
Quando falamos em TGV ou no novo aeroporto de Lisboa, estamos a falar em largos
milhões que as explicações do actual Governo ainda não conseguiram justificar. No
primeiro caso, o facto de Portugal não poder ficar fora da rede Europeia da alta
velocidade constitui a principal arma. A isto se alia o facto de a ligação Porto-Lisboa
representar uma poupança de menos de meia hora comparativamente com o actual
modelo. Relativamente ao aeroporto de Lisboa, as justificações são mais aparentes e
evidentes. No entanto, o dimensionamento da capacidade deste baseia-se em tendências
de crescimento que não se conseguem associar à realidade. Mas será mesmo nisto que
queremos ver o nosso dinheiro investido?
Será que os contribuintes não preferem ver alguns serviços públicos de apoio à sociedade
também melhorados e com isto incrementar a qualidade de vida de todos? Tribunais,
esquadras, hospitais, centros de saúde e escolas não deveriam assumir uma particular
relevância na fatia do investimento público? Já para não falar da imagem decadente do
parque habitacional do centro das nossas cidades a que está associado um grave
problema social e que certamente mereceria maior atenção por parte do Executivo.
Outra questão prende-se com as formas de redução da dependência nacional do
petróleo. Se estão a ser seguidos importantes investimentos na área das energias
renováveis, questiono o tipo de infra-estruturas desenvolvidas e a celeridade com que são
concebidas.

A discordância com a estratégia seguida justifica esta moção sectorial.

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2.OS ERROS ACTUAIS
O TGV e o novo aeroporto de Lisboa constituem as duas pedras basilares no campo do
investimento público do actual Governo. Discordância ou não, o principal erro prende-se
com a repentina necessidade de lançar os concursos públicos para estes projectos
quando estamos a poucos meses de eleições. Não é justificação suficiente o facto de
estes projectos estarem previstos no programa do Governo quando este foi eleito. Isto
pela simples razão de que processos liderados à pressa apenas dão origem a projectos
mal concebidos e que no fim se traduzem em derrapagens incompreensíveis. Veja-se o
exemplo da Casa da Música no Porto. Quem beneficia? Apenas os grandes grupos
privados com figuras políticas em cargos de administração.
Debruçando-se agora no tema em si, discordo completamente da necessidade de uma
rede ferroviária de alta velocidade no nosso País. Objectivamente, não é justificável a
ligação Porto-Lisboa pelo pouco ganho de tempo envolvido. Não é justificável a ligação
Lisboa-Madrid, já que o transporte aéreo low-cost entre as duas capitais poderia ser mais
económico, mais confortável e mais célere.
Não é justificável construir um novo aeroporto em Lisboa sem que este seja executado
modularmente. E também não se compreende a não inclusão de uma estratégia que
dinamize o transporte aéreo low-cost na Capital, o que passa necessariamente pela
construção de um aeroporto secundário nos arredores de Lisboa.
Passando ao campo das energias renováveis, não se compreende o tempo que demora
uma unidade de produção de energia limpa (seja ela hídrica, solar, termal, ou eólica) a ver
o projecto de licenciamento aprovado. Isto apenas afasta os investidores privados e
prolonga a nossa elevada dependência energética. Também não é compreensível a não
aposta na energia gerada pelas marés dada a nossa alta frente marítima.
Não é justificável o estado em que se deixaram degradar pelo País fora diversos edifícios
de função pública e que frequentemente são notícia por essa razão. Ora porque o tecto
da esquadra da polícia ruiu, ora porque o centro de saúde não tem condições de
salubridade ou dimensões comportáveis com a população que abrange ou ainda porque o
tribunal já não se consegue confinar nas quatro paredes que o moldam. Esta falta de
qualidade de serviços públicos, afasta a população destes, repercutindo-se nos
parâmetros desejáveis do que é a qualidade de vida urbana.
Ainda relativamente ao campo da reabilitação urbana dos grandes centros urbanos, não é
compreensível que não seja criada maior dinamização do processo de transformação da
imagem degradante em que estão as urbes. Isto apesar da figura das Sociedades de
Reabilitação Urbana criada em 2004. Na verdade, tem-se vindo a comprovar que este
modelo apenas é adequado quando as habitações se encontram devolutas. Em caso
contrário, a dificuldade em realojar as pessoas, a legitimidade para o fazer (sobretudo
quando se tratam de pessoas idosas) e os custos associados inviabilizam o processo.

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3. OS GRANDES EIXOS DE INVESTIMENTO PÚBLICO
3.1. BREVE NOTA INTRODUTÓRIA
O tema do investimento público exige sempre uma dualidade de escalas. Por um lado,
temos a escala local, geralmente onde os investimentos são menores e também onde
existe uma necessidade mais imediata para a melhoria da qualidade de vida. Por outro
lado, existem os investimentos estruturantes, com realização de médio/longo prazo, que
pela sua natureza exigem um investimento considerável e cuja necessidade em termos
macro pode não ser menor mas que no dia-a-dia acaba por não ser tão sentida.
O investimento público deve representar um equilíbrio nas prioridades destas duas
vertentes. Importam os investimentos de escala nacional ou regional mas não deve ser
deixado para trás a construção ou renovação do parque edificado que garante o
fornecimento de serviços básicos à população.
Neste momento, a situação económica do País exige um cuidado acrescido nos
investimentos a realizar. Sou da opinião de que devemos seguir com alguns dos
investimentos estruturantes mas apoiando também de forma mais visível o investimento
público local.
Também as mais-valias geradas do ponto de vista da empregabilidade devem ter especial
valoração na selecção do investimento público. E num tecido empresarial da construção
dominado pelas pequenas e médias empresas, certamente que estes investimentos locais
terão maior amplitude do que um dado investimento megalómano que irá beneficiar
principalmente um ou dois grandes grupos económicos com elevado poder político.
Por tudo isto, optei por separar estas duas escalas, expondo de seguida o investimento
público que pretendo para o País.

3.2.A ESCALA LOCAL

3.2.1. Infra-estruturas Públicas de Serviço Social


Na linha do que é o programa de renovação do parque escolar, entendo que este se
deveria estender a outros sectores. Neste sentido, também deveria fazer parte da agenda
governativa, um plano global de construção e renovação de esquadras, centros de saúde
e tribunais. São frequentes as denúncias da falta de condições destes edifícios para
permitir o exercício adequado das tarefas que lhe estão associadas pela sociedade. Este
processo iria com certeza despoletar uma reaproximação da justiça ou da saúde para
com a população, gerando uma melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

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3.2.2. A Reabilitação Urbana
Após os poucos avanços da regeneração dos nossos centros urbanos, apresenta-se
oportuno afinar o modelo de reabilitação urbana. Este tem necessariamente que passar
por uma ainda maior agilização das burocracias inerentes ao processo, sem nunca pôr
em causa a legitimidade do mesmo.
Também em situações de ocupação de edifícios, o processo de reabilitação não pode
simplesmente emperrar como acontece actualmente. Aí, é necessária a intervenção
pública, vendo isto como uma responsabilização pela política proteccionista dos
arrendatários (o que levou a rendas miseráveis durante anos a fio) e originou o caos
urbanístico e situação de degradação física e social em que se encontram as cidades hoje
em dia.
A solução para uma maior dinamização da reabilitação urbana não se confina à escala
municipal. Esta só é possível com a contenção das periferias das Áreas Metropolitanas. E
este aspecto exige um consenso a nível regional (o que implicitamente requer uma
camada política inexistente neste momento) que terá que ser montado com base em
compensações pelas limitações construtivas. Na realidade, não pode continuar a ser mais
económico para um dado investidor, construir um edifício novo na periferia de uma Área
Metropolitana do que reabilitar uma mesma área no centro da cidade. Para tal, exige-se,
evidentemente, algum tipo de investimento público nesta matéria de modo a inverter as
tendências do mercado.

3.3. A MÉDIO/LONGO PRAZO

3.3.1.Transportes
Existe neste momento uma clara saturação da linha ferroviária do Norte pela coexistência
de transporte de mercadorias com o transporte de passageiros. Neste aspecto, exige-se a
construção de uma nova linha capaz de responder às necessidades da procura. Ainda no
que concerne o transporte ferroviário, não se deveria permitir a construção de uma
barragem que venha a levar ao encerramento da linha do Douro Internacional,
desculpando o facto por isso mesmo. No mínimo deveria ser mantida a linha para efeitos
turísticos já que nesse contexto esta região do Douro representa seguramente uma das
mais interessantes regiões do País. Isto já para não falar do isolamento acrescido das
populações locais mais interiores.
A nível de transporte aéreo, o novo aeroporto de Lisboa deveria ser construído
modularmente em Alcochete, com base num projecto único, à medida da procura
existente. Complementarmente, e tal como acontece noutros países da União Europeia,
deveria ser construído um aeroporto simples mas funcional a cerca de 100km da Capital
de modo a albergar as companhias “low-cost”. Fátima seria um lugar de excelência. A
justificação para este investimento tem a ver com os preços das taxas aeroportuárias
poder ser bastante inferior num aeroporto secundário e disso depender a exploração de
rotas com destino a Lisboa por parte deste tipo de companhias aéreas. Além disso, a TAP
ainda sobrevive neste momento graças aos voos com destino ao Norte do Brasil onde
detém ainda um monopólio. Neste sentido, a função das companhias “low-cost” com
destino a esse aeroporto secundário seria trazer, de outros pontos da Europa,
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passageiros com destino à América do Sul. Representaria um salto competitivo
considerável para a TAP. Relembro que em Lisboa, neste momento, além de
impedimentos por saturação, as companhias “low-cost” têm dificuldade em competir no
mercado pelas elevadas taxas aeroportuárias.
Obviamente que deveria ser articulada uma ligação ferroviária entre este dois aeroportos
de modo a satisfazer as deslocações dos passageiros.

3.3.2.Energias renováveis
No intuito de uma contínua redução da dependência do petróleo, e pela nossa extensa
frente marítima, deveria ser direccionado investimento público para a construção de
centrais eléctricas com aproveitamento da energia das marés. De facto, se existe energia
renovável que à luz da sensibilidade estética do ser humano não apresenta qualquer
prejuízo são estes equipamentos. Apesar da necessidade de construção de parques
eólicos, estes devem ser adequadamente localizados pois uma quantidade excessiva
descaracteriza o ambiente natural em que se inserem.
Relativamente aos nossos recursos hídricos, apenas estão aproveitados pouco mais de
metade das possibilidades. Neste sentido, deve-se continuar com a política seguida.
É oportuno referir que importa também a agilização dos processos de licenciamento
destes equipamentos já que neste momento chegam a demorar vários anos, o que afasta
possíveis investidores.

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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Investimento público é factor de crescimento económico se for realizado com ponderação.
Paralelamente, deve contribuir efectivamente para a melhoria da qualidade de vida. Estes
são dois pontos que se têm tornado dúbios pela política seguida pelos últimos governos.
Neste sentido e de acordo com essa linha de pensamento, esta moção visa definir o que
entendo serem as prioridades a seguir pelo País no que concerne investimento público
nas diferentes fases temporais que se avizinham.

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