Alberto Goldman - Governador SEÇÃO I

Volume 120 • Número 102 • São Paulo, terça-feira, 1º de junho de 2010 www.imprensaoficial.com.br

Pesquisa da USP indica que qualidade

da audição interfere no aprendizado
Trabalho faz parte de tese de doutorado defendida MARCOS PAULO DA SILVA

este ano por fonoaudióloga na Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto

A
qualidade da audição pode inter-
JOÃO NEVES

ferir diretamente no rendimento

escolar, constata pesquisadora da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
Avaliação auditiva realizada em 25 crian-
ças (entre 8 e 14 anos) que apresentavam
dificuldades na aprendizagem de leitura e
escrita mostrou que elas apresentam ondas
– registros da atividade do sistema nervoso
auditivo – menores e mais lentas do que o
esperado.
De acordo com a autora da pesquisa,
a fonoaudióloga Ana Claudia de Figueiredo
Frizzo, em comparação com os resultados
considerados normais, as ondas das crian-
ças com dificuldade de aprendizado são
de menor amplitude e demoram mais para
aparecer depois de emitido o som. Essa alte-
ração, afirma Ana Claudia, pode não reper-
cutir na acuidade, ou seja, na quantidade
auditiva, mas sim na qualidade daquilo que
se escuta.
Essa pode ser mais uma explicação para
as dificuldades de aprendizado, que levam
as crianças a não acompanhar as atividades
escolares. “Para aprender a ler e escrever, a
criança deve associar o desenho das letras
aos sons, por isso precisa de boa percepção
auditiva”, explica a especialista.
Para a orientadora da pesquisa, profes-
sora Carolina Araujo Rodrigues Funayama,
do Departamento de Neurociências e
Ciências do Comportamento da FMRP-USP,
esses resultados mostram que existe uma
falha no sistema nervoso auditivo, no pro-
cessamento daquilo que se escuta.
Testes – São vários os fatores relacio-
nados às dificuldades de aprendizagem,
entre os quais os biológicos, como a expo-
Fonoaudióloga Ana Cláudia Frizzo, da FMRP
sição do feto ao álcool e a outras drogas;
as infecções; a deficiência mental de cau-
sas genéticas; os distúrbios específicos de
linguagem; e as psicopatologias orgânicas,
como o autismo. Há também os fatores de
ordem psicológica, que podem ter origem
na família ou na escola. “Na pesquisa foram
As ondas auditivas de crianças com dificuldade de aprendizado são de menor amplitude
excluídos esses fatores, incluindo-se apenas
crianças sem causa definida”, informa a pro-
fessora Carolina. O diagnóstico dos transtornos de A pesquisadora sugere que sejam rea-
Por meio de testes eletrofisiológicos, aprendizagem foi interdisciplinar e neces- lizados outros estudos com crianças com
foi avaliado o potencial auditivo de média sitou de avaliação e de parecer de médico transtornos de aprendizagem escolar, em
latência, ou seja, a transmissão dos sinais neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo. âmbito nacional, para possibilitar compara-
até as áreas de recepção do córtex cerebral, Fizeram parte da pesquisa crianças aten- ções com os dados de seu trabalho. Os resul-
onde são processadas a linguagem, a per- didas no Ambulatório de Distúrbios do tados da pesquisa Avaliação eletrofisiológica
cepção, a emoção, a cognição e a memória. Comportamento e Atenção do Hospital das da audição em crianças com transtornos de
Nesses testes, apresentou-se um som para Clínicas da Faculdade de Medicina. “Foram aprendizagem escolar são do doutorado de
a criança, ao mesmo tempo em que foram três anos de estudos, e os resultados abrem Ana Claudia, defendido na FMRP-USP, em
colocados eletrodos sobre a superfície da perspectivas para novas investigações em 2010.
pele, na orelha e na cabeça, com o objetivo fonoaudiologia, na área de percepção audi-
de medir a atividade cerebral resultante da tiva em crianças com inabilidades escolares”, Da Agência Imprensa Oficial e da Assessoria
estimulação sonora. diz Ana Cláudia. de Imprensa da USP de Ribeirão Preto

Saúde convoca mamães em fase de amamentação para doar leite

Com a chegada do frio e a proximidade
do inverno, os estoques de leite materno das
maternidades do Estado de São Paulo já come-
çaram a cair. Por isso, a Secretaria de Estado da
Saúde convoca mulheres em fase de amamen-
tação para evitar que a situação se agrave ainda
mais. Nesta época do ano, os estoques de leite
materno diminuem 30%. No banco de leite
do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de
Barros, na capital paulista, houve redução de
25% no estoque entre março e abril.
Em média, são coletados nos bancos
paulistas cerca de 1,5 mil litros de leite por
mês, quantidade insuficiente para atender
à demanda. O ideal seria quase o dobro.
São Paulo é o Estado com maior número
de Bancos de Leite Humano, com quase 50
centros especializados. Consulte a relação
completa dos locais no site http://www.fio-
cruz.br/redeblh.
A doação é recomendada à mulher não
portadora de doenças crônicas, que não usa
medicamentos, não fumante e que não ingere
bebida alcoólica. Ao procurar um dos bancos
de leite, realiza-se cadastro e agendamento de
visita à casa da doadora para recolhimento do
leite. A mãe doadora deve retirar o leite exce-
dente uma vez ao dia e armazená-lo segundo
orientações da equipe do banco de leite.
Agendamento – “Além de auxiliar
as crianças que precisam, a doação bene-
ficia também a mãe doadora, que perde
peso mais rapidamente, reduz o risco de
câncer de mama e ovários e de osteopo-
rose”, informa Maria José Guardia Mattar,
coordenadora do banco de leite humano
do Hospital Maternidade Estadual Leonor
Mendes de Barros.
Todo leite humano doado passa por
processo de pasteurização, é submetido a
controle de qualidade e distribuído ao bebê
prematuro e a outras crianças clinicamen-
te impossibilitadas de receber leite do seio
materno. Para doar, vá a um Banco de Leite
Humano ou contate o Centro de Referência
de São Paulo pelo telefone (11) 2692-4068.
No interior, obtenha informações pelo tele-
fone (16) 3610-2649.
Da Agência Imprensa Oficial e da Assessoria de
Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde