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CRITICA SOCIOLOGICA Marisa Corréa Silva Ques Para tentar uma definigdo (e definigdes e generalizagbes sio sempre discutiveisferiaasodiolagia © Sob o nome genérico de critica sociolégica assificagio desses autores 6, por vezes, polémica: existem autores Jo de “pés-formalismo”, ou que colocam Lukécs na eritica marxista; ciolégica que utilizam autores estudados neste capftul (oti) ar gues Posies) a corrente que se intitula “critica sociolégica” ou “sociocritica” partilha esse to de vista. Portanto, é preciso atengio as definig6es que cada autor utiliza. Os autores aqui contemplados foram escolhidos por terem algo em comumé{pensar a literatira)) inspiracio’ ja € criada dentro de um contexto; numa a dentro de um determinado ¢ numa determinada época, onde se pensa de uma certa maneira; portanto, cla carrega em si as "Nao se pode, porém, confundir uma critica que leve em conta apenas a hist6ria de vida do autor a biogréfica) com a critica sociol6gica critica biografica ‘eventos na vida de um autor, mesmo que esses eventos sejam de carater social, ¢ 2 Por exemplo, uma critica biogréfica saberia que Graciliano —ood)eorra trrerdnra ‘ Ramos foi preso durante o Estado Novo de Vargas: essa critica daria importincia total ao fato de a obra Memérias do cércere seja 0 depoimento pessoal de Ramos sobre esse periodo terri Conclusio: como Graciliano é um grande escritor e escrevia sobre 0 que tinha vivido, 0 romance poderia ser muito bom. A critica sociolégica, de posse dos mesmos dados, leria Memérias do edrcere no. como acontecimento na vida de um Gnico homem, mas como o relato simbélico de como muitos hom ¢ mulheres sofreram durante 6 Estado Novo) Mesmo quem nio foi preso ou perseguido sentia q liberdade individual diminuira; era como se todo o pais estivesse sofrendo, em maior ou meni grau, uma prisio. Nao € tio importante saber que 0 romance seja autobiogréfico, mas sim verific através da leitura, que esse romance fiz uma ponte estética entre realidade social, coletiva, representacio artistica. O valor do romance nio viria simplesmente do fato de Graciliano ser “b escritor” (mesmo étimos escritores podem escrever um livro ruim), mas do fato de Memérias circere conseguir mostrar, em sua estrutura, os mecanismos da repressio_¢ da demago; funcionando no pais{ © val6r vern da Obra em si,€ nao do nome dé quém a escreveu) Barberis (1996) diz que‘o papel da eritica sociolégica é, justamente, fazer com que cada lei comece a observar 0 mundo que nos cerca e perceba, a0s poucos, que 0s nossos habitos, crengas valores no surgiram “naturalmente”, nem sio eternos, A partir dai, comecamos a entender qi muito daquilo que nés julgamos “verdade absoluta” nao é bem assim; que a Sociedade que nos Cer {jf foi diferente do que € hoje, ¢ que pode ¢ deve mudar ainda mais; que muitas das coisas q Julgnmos impréprias nfo sio erradas, mas apenas condenadas pelo estado atual dos valores sociai ‘Ao percebermos o quanto a nossa prépria consciéncia do mundo é manipulada por idéias que sio “verdades”, mas apenas convengies arbitrérias, nds nos tornamos mais fortes ¢ aptos a agi positivamente no mundo em que vivemos, Claro que isso exige certa pratica, pois alguns te podem estar justamente tentando reforcar os valores e idéias “consagrados” do seu tempo, exaltand 0 proprios preconceitos e, se o leitor for ingénuo, pode acabar apenas aceitando 0 ponto de vista di texto, sem pensar sobre ele ou discuti-lo. ‘COMO sURGIU Dois dos primeiros autores a fazer um tipo de critica que tentava mostrar as relagées entre a literatura a sociedade foram os franceses Mme. De Stael (1766-1817) ¢ Hyppolite Taine (1828-1893). A primeira, fem 1800, com o livro Da literatura considerada em: suas relagdes com as instinigGes socais, se posiciona como uma critica que pensa a literatura dentro do contexto social. Em De la littérature e De l’Allemagne, estuda as caracterfsticas dos diferentes expoentes da literatura nos paises considerados “mais desenvolvidos” da Europa do final do século XVII: Inglaterra, Franga, Alemanha, Ela fala sobre as conseqiiéncias da Revolugéo Francesa (1789) no pensamento europeu, com o surgimento dos ideais de liberdade, ¢ de como nessas sociedades pés-revolucionérias surge um novo tipo de literatura, com caracteristicas proprias. Taine jé tem uma postura mais influenciada pelo Determinismo, ou seja, a crenga de que o destino de cada ser humano era determinado pelo meio social no qual ele nasce e € criado, ¢ por sua raga. Ele achava que a obra de um autor era principalmente um reflexo da vida e do “momento”, isto é, das condigdes sociais da época do autor. No Brasil, Silvio Romero vai fazer esse tipo de critica, no século XIX. No séculoXX, varios estudiosos importantes vio contribuir para a critica sociolgica(@ eoneeito dé ‘uma critica literdria baseada nas relacdes entre obra de arte e sociedade jf estardi mais sofisticado do que na €pora de Taine, © muitos dos estudiosos vio divergir entre si, alguns tendendo mais a sociologia e outros privilegiando © fator estético-literdrio, Dentre cles, destacamos Gyérgy Lukécs, Mikhail Bakhtin ¢ Antonio Candido, Nas paginas seguintes estio alguns dos pontos mais importantes do pensamento de cada um deles. LukAcs Lukics (1963) fazia uma(Gritiea ifluenelada pelo MaASMO, isto ¢, j4 tinha(Gmha Wisao ldo miundS como luta de classes © fazia um paralelo entre o desenvolvimento de certas formas literdrias 0 142 —_— —od7) Critrca socroLécrca iGesenvolvimento dé capitalismo. Para o autor, a literatura nio reflete a realidade social apenas na jescricio dos ambientes, objetos, roupas, gestos etc. (ou seja, num fluxo de detalhes realista), mas imbém — e principalmente — na sua esséncia, na maneira com que a fibula se desenrola, na culagio dos mecanismos que estruturam um texto.) Seo) passa) a lrefletir| @/ todo! Social "a aneira como a propria sociedade esti montada e organizada. A degradagio dos valores humanistas causada pelo capitalismo esté, segundo ele, revelada na literatura, Por isso, hi estudiosos que solocam Lukécs numa subdivisio intitulada “critica marxista”. Em seut livfo deljuventude) (publicado em 1920),(‘Teorid’ do romatice, LGKAes)(1963) comeca lisando a postura do homem em sociedades distintas. Segundo ele, a sociedade grega/era'do'tipo fechada’, pois dava uma explicacio harmoniosa do mundo, A doenga e © sofrimento podiam tirar a ida, mas néo podiam tirar 0 sentido da vida, Ao passar para o Ocidente, essa idéia sofreu a fluéncia judaico-crista ¢ tornou-se a cultura mediéval, angustiada ¢ cheia de dtividas quanto a0 ido da vida. A religiio era, para o homem medieval, um refiigio necessério contra o medo que 0 imia})a0 contrario do homem grego clissico, que nao precisava de uma religiio oficial, pois se nntia seguro no mundo. Partindo dessa diferenciagio, Lukics (1963) analisa as{difereneas entre Os generos €pico) lirico|€ dmatico} ¢, principalmente, a diferenca entre @/€popela (Classica) ¢ o romance (género moderno), jostrando que as formas de cada um correspondiam & mentalidade da sociedade que originou cada m deles. A epopéia corresponde a uma visio do mundo como um todo harménico; o sofrimento parte natural ¢ ldgica desse todo, a distncia entre o humano ¢ o sagrado era reduzida, cada dividuo era uma parte cumprindo seu papel nesse todo, mais importante do que as unidades que 0 impunham. Jé 0 heréi do romance € um heréi isolado, apartado do resto do mundo, Seu destino dividual, fruto de acasos, esforcos e erros, € 0 que importa e comove 0 leitor. Nesse universo, o jo nio é vistvel nem decifravel, e fica dificil entender se h4 um papel a ser cumprido ou se tudo na fida no passa de mero acaso, sem nenhum sentido ou raz. Tal distingZo pode ser exemplificada em Edipo Rei: por mais terrivel que seja o destino de Edipo, leitor ou espectador € conduzido a sentir que esse destino j& estava marcado, que precisava ontecer, porque havia sido determinado por forgas muito superiores 4s humanas, pelo Fado a0 wal os proprios deuses do Olimpo se submetem — € que, portanto, estaria fora das mios de inalquer humano impedir a hist6ria. Isso fica bem claro pelos esforcos de Laio, abandonando o enino as feras, ¢ do proprio Edipo, fugindo da casa de seus pais adotivos. Esses esforgos retendiam impedir o cumprimento da profecia, mas apenas serviram para precipité-lo. Por outro lado, em Dom Casmurro, apesar da queixa final de Bentinho de que 0 destino quisera 1¢ sua amada ¢ seu melhor amigo o traissem, o leitor sente que essa queixa € mais retérica do que esentacio de uma conformidade com Fado. O texto, por diferentes meios, indica a0 leitor que amargura ¢ a solidio final do Casmurro sio'frutos de um desastre (a possivel traigio de Capitu) e s defeitos do proprio Bentinho, que reagiu muito mal ao fim do seu casamento. IKACS E GOLDMANN: O HEROI PROBLEMATICO Na epopéia, o mundo interior da personagem ¢ 0 mundo exterior a cla cram harménicos, rentes; no romance, mundo interior ¢ mundo exterior apresentam um para o outro um feariter estranho e hostil’ (LUKACS, 1963, p. 83). O herdi do romance seria, portanto, um individuo problematic” (LUKACS, 1963, p. 87), ou seja, um individuo que esté em luta contra mundo que cle nao conhece completamente, nem € capaz de dominar. © processo interno romance seria um caminhar do individuo problematic para o autoconhecimento. Se esse \dividuo alcancaré a felicidade ou ser4 aniquilado, nao € tio importante. O que fica do romance a caminhada do protagonista pelo mundo, e o mundo fazendo com que o protagonista aprenda ais ¢ mais no sobre o mundo, mas sobre si mesmo. Lukics diz que “o romance € 2 epopéia de mundo sem deuses” (LUKACS, 1963, p. 100), isto é, é a literatura possfvel numa sociedade ¢ nfo tem mais certeza de que forcas superiores e sibias guiam constantemente os passos dos res humanos. 143 oT) corre LITERARIA O trabalho de Lukacs influenciou outros pensadores importantes, comolLueien Goldman Guic, na Sociologia do romance (1967), estudou a histéria do romance enquanto género literério, farendo uma relagio entre a parte formal de um romance e a estrutura do meio social no qual esse romance foi produzido. Segundo Goldmann, o pensamento coletivo € a criacio artistica tem uma homologia de estrutura, uma semelhanga na forma, ¢ nio uma identidade de contetido.(No prologo do sew. livro, Goldmann comenta muito bem a teoria de Lukécs:(@ romanee seria uma busca degradada de valores auténticos, feita pelo heréi problemdtico num mundo degradado ou inautntico, ow scja, num mundo onde esses valores nao sfio mais possiveis. Esses valores auténticos, para Goldmann (1967), nfo sio os valores que o leitor considera verdadeiros, mas sim os valores que, mesmo nia aparecendo de forma explicita no texto, organizam o universo criado no romance. Para exemplificar, utilizaremos o Bentinho de Dom Casmurro.(© menino Bent tema vide pautada por alguns valores: o amor por Capitu, a conveniéncia de ser 0 tinico herdeiro de uma bela fortuna, a necessidade de nio contrariar frontalmente as exigencias de quem detém o poder (no caso, sua mie). Bento leva anos para construir uma vida organizada de acordo com esses valores, mas, apés desfrutar certa felicidade durante alguns anos, descobre — ou pensa que descobriu ~ que o amor nio existia, seria apenas uma ilusio. Por causa disso, torna-se amargo, rancoroso e desagradavel, isolando-se dos amigos ¢ vendo sua vida se esvaziar e tornar-sc uma aparéncia sem sentido. (© mnais interessante ma construgdo desse texto ndo € permitir ao leitor descobrir se Capitu trait) 6l!/H6 6 Matido; afinal, Bentinho cra extremamente ciumento, e a maledicéncia de José Dias ja havia insinuado, quando Bento ¢ Capitu eram jovenzinhos, que o interesse da menina seria casar-se com um herdeiro rico. Segundo essa visio /forna:se imiplicita a eonclusao de que 6 amor verdadeira € impossivel num mundo capitalista, onde a posse dos bens materiais determina o valor de cada individuo. Mesmo que Capitu fosse inocente, a sociedade em que ela vivia a faria parecer culpada na primeira oportunidade, e o proprio amor que Bentinho dizia sentir por Capitu revelaria sua outra face: um sentimento egofsta de posse, que nio perdoa a ofensa feita a0 orgulho do dono, e que chega a ponto de desejar apaixonadamente a morte de uma crianca inocente, Ezequiel, porque Bentinho julga que ele nao seja seu filho, mas sim de Capitu com Escobar. Que amor era esse? Ao contririo da busca nobre, feita §s claras, pelo her6i da tragédia grega, Bentinho pensa que buscow a felicidade a vida inteira, mas na verdade buscou a afirmacgio do seu poder de homem rico — € isso 0 conduziu A infelicidade e a solidio mais extrema. LUKACS: A passagem do género épico para o género romance é, também, a passagem do mundo grego, do equilfbrio entre Homem ¢ Mundo, ordenado pelo Destino, para o desequilibrio entre Homem e Mundo, criando 0 Individuo, solitério e cheio de conilitos. LUKACS / GOLDMANN: (© heréi do romance € um heréi problemitico, procurando valores auténticos num mundo degradado. Quadro 1. © her6i segundo Lukacs e Goldman, BAKHTIN: DIALOGISMO E POLIFONIA, Mikhail Bakhtin (1895-1975) teve uma contribuicio importantissima para a critica literdria {DOW de seus conceitos sio a base para o trabalho de muitos outros criticos/ dialogisino 1a camavalizagao. ‘Também aparece adiante 0 conceito de aonétops. Utilizaremos inicial maitiscula em “Dislogo” e “Dialogar” quando nos referitmos ao sentido criado por Bakhtin, ¢ inicial mindscula quando utilizarmos o sentido tradicional das mesmas palavras. © dialogismo parte do princfpio lingiifstico segundo 0 qual todo ato de linguagem sempre leva m conta a presenca, ainda que invisivel, de alguém para quem se fala ou escreve. Ora, se tudo o que se diz ou escreve € criado tendo em vista, ainda que subconscientemente, um interlocutor, entio todo ato de linguagem participa, mesmo que num grau pequeno, da iintengaol de! convencer, dé persuadir o ouvinte/leitor; e também prevé, ou imagina prever, a(s) possivellis) reacdo(6es) desse ‘ouvinte/leitor. Isso constituiria um diilogo, pois 0 ato de linguagem jé traria embutido em si proprio 144 ania cadeia de respostas, criticas e comentirios do interlocutor, e jf tentaria responder a essa fa antes de ela ser enunciada. Bakhtin (1984) diz que, se esquecermos essa relagéo dialdgica, 0 ficado do ato de linguagem desaparcce, pois todo significado depende de uma relacio entre emite ¢ quem recebe. Assim, nao sio apenas as personagens de um livro que interagem logam) entre si, mas, quando uma pessoa Ié um livro, esta interagindo (dialogando) com esse . O autor, ao escrever, imaginaria as possiveis criticas do leitor, ¢ ja escreveria tentando rebater s criticas. Para veicular suas idéias e opinides, a personagem possui uma voz. E essa voz nao é apenas ligada ressio das idéias e valores daquele individuo; ela expressa valores ¢ idéias necessariamente dos a uma instituicao social. (Tal) afitmaeso endontta justificativa no Conceito lingiistico de saPSO) Que) SeRUNdS Benveniste (REIS; LOPES, 1994, p. 110), € o “enunciado considerado em mngio das suas condigdes de producdo”, ou s¢ja, aquilo que o falante enuncia fard sentido apenas se nsiderarmos todo 0 contexto no qual esse falante se encontra. Assim, a voz, tal como a entende Bakhtin (1984), expressa visdes de mundo que terio sido rcosamente tiradas do contexto sécio-histérico no qual ela se inscreve. Tais visdes nio sio ividuais; 0 individuo toma conhecimento delas, aceita-as ou nio, através do contato com as tituices, como a familia, a escola, etc.(IS60 implied HO FatO de! 6 Didlogo nad acontecer apenas nivel pessoal, entre leitor ¢ obra; ele também acontece num plano mais amplo, onde o leitor como representante de certas instituigSes, com suas maneiras especificas de ver 0 mundo, e loga com a mundivisio (ou as mundivisdes) representada(s) na obra Bakhtin (1984), ao estudar autores russos como Tolstoi ¢ Dostoievsky, concluiu que certos fOreS|(ele usa Tolstoi como exemplo) sioffHONOlégi«e (ou “Newtonianos”) (6WSejayeonstroEm ances Nos quais todas as personagens e acontecimentos reforgam o ponto de vista do narrador, modo que todas as contradicdes, brigas, opinides diferentes, etc., parecem apenas estégios rentes de uma evolucaof@o ponte dé vista do narrador. Convém reiterar que um narrador pode personagem ativa no livro (narrador homodiegético ou autodiegético, antigamente chamado “em ira pessoa”); ou pode ser uma voz “sem corpo” (narrador heterodiegético, antigamente ado “em terceira pessoa”), mas existe sempres@lquelO HaHador nao Colficide com © autor do , portanto nao se deve confundir autor com narrador. Logo, um autor monolégico seria um criador de romances, os quais, do ponto de vista Igico, apresentam ao leitor um bloco macigo de idéias, sem brechas que permitam tionamento, ou seja, nfo levam o leitor a duvidar das idéias que orientam as opinides do adorn em petal! Veiculadas como “verdade?. Um exemplo simples: assista a um filme fiticamente correto como “Danga com lobos”, de Kevin Costner. Nele, os homens brancos si maus, corruptos, sédicos etc,; os tinicos que se salvam séo os que aprendem os valores da xa dos indios americanos. Os fndios sio bons, nobres, generosos, honestos, sem nenhum tipo feito moral. Ou seja: tudo na cultura do branco é mau, porque destréi a natureza ea alma; ca ra do indio € perfeita. A personagem principal é uma das poucas que abandonam os valores do ‘0, adotando os valores do indio. Como a narrativa cinematogrdfica procura acompanhar a Soria desse protagonista, a voz do filme esta sempre reiterando ao espectador a “verdade” que fa transmitir. Tomando a seqiiéncia em que o protagonista encontra o lobo, observemos que, into o homem olha o animal do ponto de vista do branco, a fera parece ameacadora ¢ inimiga; ez de maté-la imediatamente, o homem prefere observé-la, vé-la interagit com o ambiente; a daf, seu olhar se aproxima do olhar do indio, respeitando a natureza. Imediatamente, o lobo se a décil e companheiro. Tal solucio, embora pouco veross{mil, encontra acolhida do espectador ie reitera, de forma exagerada, a idéia de que a cultura do nativo americano permite uma harmoniosa com a natureza. tanto, o filme nao deixa espaco ao espectador para duvidar da sua “verdade”, Se o lobo, 0, atacasse © homem, € este se visse na obrigacio de mati-lo para salvar a prépria vida, haveria nflito entre a visio do branco ¢ a visio do indio, pelo menos dentro da forma maniquefsta que o filme trata a ambas: se os brancos fossem mostrados justificando as préprias ages, no prazer em fazer o mal, mas de forma légica ¢ coerente, o espectador poderia continuar 145

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