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Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Faculdade Nacional de Direito (FND)


Aluno: Daniel Soares Peixoto Rodrigues
3º período-noite
Trabalho de Teoria do Processo
O presente estudo, limitado por sua própria proposta lacônica, tem em
vista o exame do artigo 267, IV, do Código de Processo Civil, onde
assinala que o processo deverá ser extinto sem julgamento do mérito
quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual.

A ação seria então uma questão de mérito ou uma questão processual?

Preliminarmente, percebemos que ação é um “direito subjetivo público da


parte interessada de deduzir em Juízo uma pretensão para que o Estado
lhe dê a prestação jurisdicional”. [1]

Enquanto o mérito é uma “questão, ou questões fundamentais, de fato ou


de direito, que constituem o principal objeto da lide”. [2]

A ação somente existirá se houver o preenchimento das três condições


citadas no artigo 267, IV, do Código de Processo Civil, uma vez que o
direito de ação em seu sentido estrito é condicionado.

Moacyr Amaral Santos afirma que as condições da ação “são requisitos


que esta deve preencher para que se profira uma decisão de mérito”. [3]
Enquanto Arruda Alvim diz que “As condições da ação são as categorias
lógico-jurídicas, existentes na doutrina e, muitas vezes, na lei, como em
nosso direito positivo, que, se preenchidas, possibilitam que alguém
chegue à sentença de mérito”. [4]

Uma das condições da ação é a Legitimidade Ad Causam que significa que


a ação só poderá ser proposta por quem for parte legítima, ou seja, titular
de direito próprio, capaz de postular em nome próprio o seu direito, ainda
que representado ou assistido, pois a capacidade de exercício é
condicionada nos termos da lei civil, diferente da capacidade de direito. A
legitimidade ad causam está prevista no artigo 6.º do Código de Processo
Civil, que dispõe que ninguém poderá ir a juízo para defender direito
alheio, salvo quando autorizado por lei, hipótese em que se configura a
legitimação extraordinária. Logo, por via de regra, entende-se que somente
quem alega ser titular de um direito poderá ir a juízo defendê-lo.

Importante também é a análise da possibilidade jurídica do pedido, que


pode ser definida como a ausência de vedação expressa em lei ao pedido
formulado pelo autor em sua inicial, ou seja, o pedido deverá estar em
conformidade com o ordenamento jurídico.

Pontes de Miranda diz que "Quando se diz 'ser possível' não se diz que 'é':
o juiz, na espécie do art. 267, VI, tem de ver se há ou se não há
possibilidade jurídica, e não se o autor tem ou não razão. O que se apura é
se, conforme o pedido, há regra jurídica, mesmo não escrita, que poderia
acatá-lo". [5]

Já o interesse de agir só ocorrerá quando houver a necessidade de ingressar


com uma ação para conseguir o que se deseja e quando houver adequação
da ação.

Com relação ao mérito, de acordo com a teoria eclética da ação, teoria esta
adotada pelo ordenamento processual civil brasileiro, haverá ação sempre
que houver uma resposta de mérito proferida pelo Juiz, ou seja, sempre que
o pedido for julgado, seja procedente ou improcedente, o direito da ação
em sentido estrito será exercido.

Segundo Liebman há “um conceito geral de mérito que se encontra


expresso no art. 287, quando dispõe que 'a sentença que decidir total ou
parcialmente a lide terá força de lei nos limites das questões decididas'.
Lide é o fundo da questão, o que equivale dizer: o mérito da causa”. [6]

“Por conseguinte, à falta de uma condição da ação, o processo será


extinto, prematuramente, sem que o estado dê resposta ao pedido de tutela
jurídica do autor, isto é, sem julgamento do mérito (art.267, VI). Haverá
ausência do direito de ação, ou, na linguagem corrente dos
processualistas, ocorrerá carência de ação.” [7]

O autor, Antônio Carlos de Araújo Cintra, alerta que “é dever do juiz a


verificação da presença das condições da ação o mais cedo possível no
procedimento, e de ofício, para evitar que o processo caminhe inutilmente,
com dispêndio de tempo e recursos, quando já se pode antever a
inadmissibilidade do julgamento do mérito”. [8]

Percebe-se, então, que ao Juiz proferir resposta de indeferimento da


petição inicial, o direito de ação em sentido estrito não será exercido, haja
vista não ser uma sentença de julgamento de mérito.

Uma questão bastante curiosa a respeito do mérito e da ação é que não é


possível haver ação sem processo e é perfeitamente possível haver
processo sem ação.
Observe-se ainda que o preceito constitucional que fundamenta a ação é o
art 5º. XXXV onde afirma que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Não se pode negar que no campo doutrinário existe uma certa confusão
quanto à conceituação, ou identificação, ou delimitação exata das noções
acerca das condições e dos pressupostos processuais. Mas, em sentindo
amplo, pode-se dizer que as condições da ação tomam possível o seu
exercício, e os pressupostos processuais possibilitam o surgimento de uma
relação jurídica válida e seu desenvolvimento imune a vício que possa
nulificá-la no todo, ou em parte. Sem o exercício do direito de ação não há
o processo, e sem este não pode o órgão jurisdicional solucionar a lide.

A Lei 10.352 acrescenta ao art. 515 um parágrafo, o 3o - “Nos casos de


extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de
direito e estiver em condições de imediato julgamento” - que elimina
qualquer dúvida quanto à possibilidade de exame imediato da questão de
direito material nos casos de extinção do processo sem julgamento de
mérito. Desse modo, já não mais haverá necessidade de anular-se a
sentença e fazer retornar o feito ao juízo de origem para exame do mérito.
Este será diretamente apreciado pela turma julgadora da apelação.

Concluindo, as condições da ação são requisitos de ordem processual,


tendo em vista que, caso o processo possua as condições da ação, ele terá
obtido a tutela jurisdicional e, então, haverá o julgamento do mérito da
questão.

Conclusão:

Com base no presente estudo e olhando para o caso da ação de


paternidade, juntamente com a apresentação da prova técnica(teste de
DNA); ora solicitado pela exímia professora de direito processual.
Constata-se que não cabe ao juiz proferir a ilegitimidade ad causam, uma
vez que a parte é capaz de postular em nome próprio o seu direito, ainda
que representado(a) ou assistido((a), pois a capacidade de exercício é
condicionada nos termos da lei civil, diferente da capacidade de direito.
Sendo assim, o que é idôneo ao caso é a concessão de improcedência do
pedido, pois na apresentação da petição inicial, esta coerente e adequada,
até que se prove o contrário o autor é considerado legítimo segundo a
doutrina majoritária. Portanto o juiz confere a improcedência do pedido.
[1] Definição extraída no http: //www.mundolegal.com.br

[2] Definição extraída no http: //www.mundolegal.com.br

[3] Moacyr Amaral Santos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil,


p.165.

[4] Arruda Alvim, Manual de Direito Processual Civil, p.230.

[5] Pontes de Miranda, 'Comentários ao Código de Processo Civil',


Forense, RJ, 4ª ed., 1997, p. 487/488).

[6] Alfredo Buzaid, Do agravo de petição no sistema do Código de


Processo Civil, p. 103.

[7] Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito Processual Civil, Vol.I


p.55.

[8] Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover, Cândido


Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo, p.259.

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