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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC Nº 05555/07

VERIFICAÇÃO DE CUMPRIMENTO DO
ITEM III, DO ACÓRDÃO APL-TC-
424/2007, REFERENTE AO PROCESSO TC
Nº 2429/2006 - PRESTAÇÃO DE CONTAS
ANUAIS DO PREFEITO MUNICIPAL DE
SALGADO DE SÃO FÉLIX, EXERCÍCIO DE
2005. ARQUIVAMENTO DOS AUTOS.

RESOLUÇÃO RPL-TC-00015/2.010

RELATÓRIO:

O Processo TC Nº 05555/07 foi formalizado com o objetivo de apurar


matéria concernente a saldo não comprovado, no valor de R$ 113.922,33, na
conta 2.563-X (Banco do Brasil) e identificação do gestor responsável, em
cumprimento a decisão contida no item III do Acórdão APL-TC-424/2007,
referente ao Processo TC Nº 2429/2006, alusivo à Prestação de Contas do
Prefeito Municipal de Salgado de São Félix, sr. Apolinário dos Anjos Neto,
exercício de 2005 (fls.03/04).

Após exame da documentação extraída dos autos da Prestação de Contas


Anuais referida, a Auditoria entendeu ter havido equívoco na contabilização do
mencionado valor, pois, ao invés de o débito referente a Mandado Judicial
decorrente da Justiça do Trabalho, ter sido contabilizado como bloqueio na
conta do FPM, foi registrado no BME/SAGRES e PCA do exercício anterior (2004)
como disponibilidades em uma conta 2.563-X inexistente, tratando-se tal
número, na verdade, da agência do Banco do Brasil. Sugeriu, por fim, que fosse
solicitada informação junto à Justiça do Trabalho sobre valores bloqueados,
com discriminação dos pagamentos e respectivos beneficiários (fls. 188).

Atendendo solicitação deste Tribunal, a Vara do Trabalho de Itabaiana,


informou, através do Ofício nº 011/2.008 (fls. 190), ter sido pago em 2.004 o
montante de R$ 110.535,48 de precatórios, não fazendo, entretanto, menção
a bloqueio em conta corrente por determinação do TRT (fls. 193). Sugeriu
ainda o órgão de instrução a notificação do Prefeito antecessor, sr. Nilton
Marques Beserra.

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O Relator à época determinou, no entanto, a notificação do gestor do exercício


de 2.005, sr. Apolinário dos Anjos Neto, o qual deixou decorrer o prazo
regimental sem prestar qualquer esclarecimento (fls. 194/197).

Chamado a se pronunciar, o Ministério Público Especial opinou, em preliminar,


como sugerido pela Auditoria, pela notificação do antecessor, sr. Nilton Marques
Beserra, e, na sua ausência, pela assinação de prazo conjuntamente a ele e ao
sr. Apolinário dos Anjos Neto, para proceder ao envio de documentação
comprobatório do saldo alegado, sob pena de incursão em multa pessoal,
imputação de débito e outras cominações legais (fls. 199/200).

Notificados na forma regimental, apenas o sr. Apolinário dos Anjos Neto


apresentou defesa (fls. 207/209), a qual foi analisada pela Auditoria, que
concluiu (fls. 218/219):
• inexistir a conta 2.563-X, como já declarado pelo Banco do Brasil,
sendo este o número da agência;
• ser o saldo constante em 2.005 (R$ 113.922,33) uma repetição
do informado em 2.004, advindo já de 2.003, tendo
integrado as disponibilidades de forma independente dos saldos
das contas bancárias e do caixa;
• dever o gestor do exercício de 2.004, sr. Nilton Marques Beserra,
ser responsabilizado pelo retorno do valor de R$ 113.922,33, e o
gestor do exercício de 2.005 pela não adoção de providências
administrativas e jurídicas necessárias.

O Ministério Público emitiu, então, parecer conclusivo, da lavra da Procuradora


Sheyla Barreto Braga de Queiroz, opinando pelo arquivamento do presente
processo sem resolução do mérito, por entender que (fls. 223/224):
• no lapso temporal de janeiro a junho de 2.004, conforme amostragem
colhida (fls. 225/236), foram postados dados referentes à execução
financeira no recém-criado Sistema de Acompanhamento de Gestão –
SAGRES, em valores discrepantes a título de Bloqueio Judicial, quando,
na realidade, deveria ser informado Precatórios;
• foi instaurada confusão quanto ao número da conta corrente, ao ter sido
efetuado o registro com o número da agência bancária do Banco do
Brasil;
• o fato de em dezembro de 2.004 terem sido arrolados como Bloqueio
Judicial os R$ 113.922,33 não quer significar que esses tenham ficado na
conta bancária do Município ou existir uma situação de saldo não
comprovado, não devendo, portanto, o gestor à época, sr. Nilton
Marques Beserra ser responsabilizado pela quantia, haja vista que não
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se movimentam dinheiros bloqueados pela Justiça ou constituídos como


Precatórios;
• a lista de Precatórios pagos em 2.004, enviada pela Vara do Trabalho de
Itabaiana não contém elementos suficientes para esclarecer se
equivalem ao saldo existente na conta corrente em questão;
• a própria análise dos dados postados no SAGRES à época, comparados
mês a mês, revela incongruências internas, indicando pouca
familiaridade de quem operava o sistema, algo natural se sopesado o
tempo de sua implantação.

O presente processo foi relatado na sessão plenária de 19/08/2009, sendo


aprovada preliminar no sentido de que os autos retornassem à DIAGM V para
reexame de saldo registrado na conta corrente dada como fictícia (nº 2.563-
X/Banco do Brasil), especificamente no que concerne à responsabilidade do ato
de gestão e à repercussão financeira para o Município, tendo em vista que a
irregularidade advém do exercício de 2003.

Em resposta, o órgão técnico deste Tribunal entendeu recair sobre o sr. Nilton
Marques Beserra (gestor durante os exercícios de 2003 e 2004) a
responsabilidade pelo valor não comprovado de R$ 113.922,33, tendo em
vista que tal valor fez parte das disponibilidades financeiras/Ativo Financeiro nas
Demonstrações Patrimoniais/Financeiras desde o final de 2003, no montante de
R$ 55.539,63, chegando ao final de 2004 a R$ 113.922,331(fls. 247/249).

Retornando os autos ao Ministério Público Especial, a Procuradora Sheyla


Barreto Braga de Queiroz ratificou seu pronunciamento anterior, pelo
arquivamento dos autos sem resolução do mérito (fls. 249-v).

VOTO DO RELATOR:

Voto, diante de todo o exposto, acompanhando o entendimento do Ministério


Público Especial, pelo arquivamento dos autos deste processo, sem resolução
do mérito.

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO:

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC Nº 05555/07, e

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Ver Quadro às fls. 247

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CONSIDERANDO o Voto do Relator, os pronunciamentos da Auditoria, os


Pareceres do Ministério Público Especial e o mais que dos autos consta,

RESOLVEM os membros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA


PARAÍBA, à unanimidade de votos, em sessão plenária realizada nesta data,
determinar o arquivamento dos autos do presente processo, sem resolução do
mérito.

Publique-se e cumpra-se.
TCE-Plenário Min. João Agripino, 14 de abril de 2.010.

Cons. Antônio Nominando Diniz Filho Cons. Arnóbio Alves Viana


Presidente Relator

Cons. Flávio Sátiro Fernandes Cons.Fábio Túlio F. Nogueira

Cons. Fernando R. Catão Cons. Umberto Silveira Porto

Cons. Subst. Antônio Cláudio S. Santos

Dr. Jur. Marcílio Toscano Franca Filho


Procurador Geral do Ministério Público Especial

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