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Introdução
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Acidente Vascular Cerebral
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Este estudo envolveu mais de 70 centros de saúde e cerca de 9 mil pessoas.
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Idade
Os efeitos cumulativos do envelhecimento, associados ao carácter progressivo e
aumento do número de factores de risco com a idade acrescem substancialmente
o risco de enfarte e hemorragia cerebral. Estima-se que em cada 10 anos depois
dos 55 anos, o risco de AVC duplique.
Sexo
Em geral os homens apresentam maior incidência de AVC do que as mulheres,
para a mesma idade. Entre os 35 e os 44 anos as mulheres têm maior incidência
de AVC, provavelmente relacionada com a gravidez e o uso de contraceptivos
orais.
Raça.
Existe uma maior incidência de AVC na raça negra3 e nos hispano-americanos4.
São difíceis de diferenciar factores como a maior prevalência de hipertensão,
obesidade, diabetes e diferenças no acesso aos cuidados, medicação e educação
para a saúde.
Hipertensão
A hipertensão é um dos principais factores de risco de AVC, especialmente em
associação com a aterosclerose. O aperfeiçoamento do diagnóstico e do
tratamento da hipertensão veio reduzir a incidência e a mortalidade por AVC,
nas últimas décadas.
Origem geográfica.
A população portuguesa em geral apresenta uma maior incidência de AVC do
que algumas populações europeias.1,6 É possível que a diferença de incidência de
AVC entre populações não seja totalmente explicada pela prevalência de factores
de risco vascular importantes como a hipertensão, diabetes, dislipidemia,
tabagismo, fibrilhação auricular e acidente isquémico transitório.
Baixo peso ao nascer.
O risco de AVC antes dos 50 anos de idade é duas vezes superior nas pessoas
com peso à nascença inferior a 2500 g.
Factores genéticos
A existência de história familiar nos pais e irmãos está associada a um maior risco
de AVC. Isto pode acontecer pela transmissão mendeliana (único gene) de
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doenças hereditárias raras ou pela transmissão de factores poligénicos como a
facilidade de desenvolver determinados factores de risco vascular (e.g.
hipertensão, diabetes, dislipidemia) ou a susceptibilidade aos seus efeitos.
Doenças monogénicas associadas a AVC afectam sobretudo pessoas mais novas,
são raras, associam-se a um risco muito elevado de AVC e têm diagnóstico
molecular.
É uma sociopatia, ou seja, são doenças desencadeadas pelos comportamentos e
pelos estilos de vida. Queremos com isto dizer que a prevenção desta doença
passa por bons comportamentos tais como uma alimentação equilibrada aliada à
abstinência do tabaco e ao controlo do álcool ingerido. Se conseguirmos ou
adoptarmos estilos de vida saudáveis temos uma menor probabilidade de sofrer
esta doença. Ela está mais ligada aos homens porque, à partida, são, eles, os
maiores consumidores de álcool e tabaco, em simultâneo. No entanto, a nossa
conclusão é que, provavelmente, daqui a uns anos esta situação se repita nas das
mulheres porque, curiosamente, cada vez mais, elas fumam e bebem e ainda por
cima, ao mesmo tempo tomam comprimidos anticonceptivos. O que pode, na
nossa opinião, alterar a sociedade de certa forma.
Posto isto, os AVC’s podem provocar a morte (o que, em Portugal, ocorre com
grande incidência); a paralisia; afectar o raciocínio; a fala; a dependência das
pessoas; as emoções e proibi-las, então, de ter uma vida social e profissional
normal. Originando, em muitos casos, a perda de trabalho que pode provocar,
para o indivíduo afectado, a sua morte social, uma vez que no seu pensamento
ocorre-lhes a ideia de que não são úteis e já não fazem parte do contexto social.
Como refere Bourdieu2para os indivíduos que estão privados da vida social, o
tempo livre é, para eles, um tempo morto. Assim, o processo da reabilitação do
AVC pode ser mais ou menos longo, dependendo das características da própria
doença, da região que foi afectada e do apoio que o doente tiver quer seja a
nível da família, quer seja a nível da reabilitação física ou psicológica. O primeiro
nível de reabilitação deve começar logo no hospital. Depois reabilitação faz-se
através da fisioterapia cujo objectivo é voltar a ensinar, ao paciente com AVC, as
capacidades motoras como andar, sentar, estar de pé, deitar e também o
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Prefácio de Pierre Bourdieu, em 1981, numa obra de Lazzarsfeld, sobre um estudo da morte social em
relação ao desemprego.
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processo de mudar várias vezes o tipo de movimento. A terapia ocupacional é
muito importante porque tem como objectivo ajudar o paciente a ficar semi ou
completamente independente. Mas, a reabilitação é possível e com mais êxito
graças à enorme capacidade que o cérebro tem de aprender e mudar. Hoje em
dia, sabe-se que as células de outras partes do cérebro, que não foram afectadas
pela doença, podem assumir determinadas funções realizadas pelas partes do
cérebro afectadas. Este fenómeno chama-se Neuroplasticidade. Pois o doente que
sofreu um AVC não pode ficar preso numa cama ou numa cadeira, mas deve ser
estimulado para a reintegração na vida familiar, social e profissional, mesmo que
esteja limitado. Estas “tribos” (como designa Maffesoli), enquanto possuidores de
uma ética grupal devem estar atentas e possibilitar a reabilitação destes doentes.
Ainda que para isso seja preciso adaptarem alguns comportamentos e disposições
estruturais que, de certa forma, possibilitem o tratamento e a integração. Pode,
em muitos casos, ser necessário adaptar a casa de banho, comprar camisas de
molas em vez de botões, bem como sapatilhas de velcro para estimular o doente
a concretizar, pouco a pouco, pequenas tarefas.
Um dos aspectos fundamentais é informar o doente das suas incapacidades,
deficiências e ajudá-lo a adaptar-se, favorecendo a sua recuperação funcional,
motora e neuropsicológica a fim de promover a sua auto-estima e integração.
Surge aqui o conceito de Deficiência.
Deficiência
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elas é muito difícil conseguirem trabalho devido às ideias pré-concebidas que
existem, de que eles não são produtivos e, até mesmo, incapazes. Porém, nota-se
um bloqueio maior aos deficientes mentais, tal como nas mulheres. Grande
contributo para que se desencadeie esta situação de difícil acesso aos deficientes
para com o mundo de trabalho deve-se pela insuficiência dos meios de
reabilitação e pelas dificuldades criadas pelas próprias infra-estruturas
arquitectónicas, tal como, o facto de nos prédios não haver rampas para cadeiras
de rodas, ou rampas muito acentuadas. Só a partir de 1981, graças ao Ano
Internacional do Deficiente da ONU (Organização das Nações Unidas), é que se
procura encarar de frente a deficiência tal como todos os problemas que ela
acarreta e vai surgir um interesse em lutar pelos direitos destas pessoas,
baseando-se na Declaração dos Direitos do Homem. Onde no artigo 1º refere
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados
de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade”, no artigo 5º “ninguém será submetido a tortura nem a penas ou
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes” e no artigo 7º “todos são iguais
perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm
direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”.3 Assim, são
definidas estratégias para integrar estes indivíduos portadores de deficiência na
vida social, cultural e profissional, porque, até então, a deficiência era alvo de
crítica e submissa de escuridão, uma vez que eram escondidos e postos à parte da
sociedade. Pois não eram considerados normais, pelo contrário, eram aberrações
da natureza. Grande exemplo disso é o que nos revela o filme O Homem
Elefante. Eram ainda considerados crianças e uma das características que o prova
é a forma como os tratamos – utilizando o diminutivo no nome, por exemplo,
chamar a um homem deficiente com 50 anos de Joãozinho. Para integrar estas
pessoas, são criados programas de formação e apoio ao emprego, a integração
nos meios escolares (mesmo que ainda hoje sejam muito limitados e deficientes),
comunicação e igualdade de oportunidades, cujos objectivos principais visavam
melhorar as condições de acesso ao mercado de trabalho, garantir maior
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Declaração Universal dos Direitos do Homem
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competitividade e a adaptação das infra-estruturas organizacionais de formação
profissional. Todas estas medidas contaram com o apoio de vários fundos
europeus. É notória a preocupação crescente face à deficiência por parte de
políticos, organizações e mesmo a nível da solidariedade social dos indivíduos,
que se traduzem no aumento dos direitos sociais, na formação e no emprego.
Mas, apesar destas iniciativas todas e de boas intenções nem tudo foi cumprido
com muito rigor porque houve, de facto, um investimento elevado a nível
económico, mas um fraco investimento a nível das relações sociais, a falta de
informação estatística sobre os impactos que estas medidas podiam ou não
causar na melhoria das condições e da qualidade de vida destes sujeitos, houve
pouco intercâmbio do conhecimento sobre a matéria e da utilização de boas
práticas desenvolvidas no espaço europeu com base em medidas e programas
comunitários. No entanto, convém sempre lembrar que uma das formas para
que, o processo de inclusão social de pessoas com deficiência no mercado de
trabalho aconteça é por meio da educação e reabilitação. “A integração é um
processo dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional,
legitimando a sua interacção nos grupos sociais. A integração implica
reciprocidade. E, sob o enfoque escolar é um processo gradual e dinâmico que
pode tomar distintas formas, de acordo com as necessidades e habilidades do
aluno.”4 É neste sentido que a reabilitação é muito importante para que o
indivíduo possa sentir-se útil à sociedade.
Reabilitação
Para que o indivíduo integrar a sociedade, tem que passar por uma reabilitação.
Em ralação à doença estudada, o AVC, os primeiros três a seis meses são os mais
importantes no processo de readaptação. Uma vez que a maioria dos
movimentos voluntários recuperam-se nos primeiros seis meses. E a linguagem, o
equilíbrio e capacidades funcionais podem continuar a melhorar até aos dois
anos. As consequências desta doença não envolvem apenas o indivíduo afectado
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Política nacional de Educação Especial; 1994, MEC. P. 18
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mas também a sua família e os que mantém um contacto próximo com ele. Daí a
importância do programa de reabilitação. Este é, principalmente, importante
para o doente mas também e, na medida do possível, para as pessoas que o
rodeiam. Assim, este será concretizado gradualmente, tendo como primordial o
renascer das actividades físicas. Estas serão de certa forma condicionadas pelo
grau que o indivíduo foi afectado, podendo, mesmo, ser necessário adaptar os
pratos ou os copos a fim de o estimular a comer e beber sozinho (com pratos
seguros por um suporte para facilitar o acesso à comida, ou o copo possuir uma
tampa). Depois seguem-se os níveis de auto estima para que o doente se sinta
capaz de se pentear, escovar os dentes, lavar o rosto e, finalmente, lavar-se. E
para motivar o doente no tratamento e na interacção social a enfrentar o novo
modo de vida, incentivá-lo a fazer compras servir-se dos transportes públicos, a
gerir dinheiro, entre outros. Não devemos deixar nem fazê-los sentirem-se
“coitadinhos” para evitar a morte social. Claro que todos estes avanços surgem
da luta e do empenho do doente. A força dele é a principal causa do êxito dos
programas de reabilitação. O doente deve ser acompanhado por profissionais de
saúde e saúde psicológica que o permitam encarar e aceitar da melhor forma a
sua condição, a fim de nele serem estimuladas práticas físicas e sociais como
contributo, também, para a sua integração na sociedade e vida profissional. Em,
Portugal ainda é muito difícil integrar profissionalmente uma pessoa deficiente
porque o medo do fracasso e da incapacidade está sempre presente nas
entidades empregadoras. Desconhecendo que há muitas pessoas com deficiência
que conseguem ter uma vida independente e normal e que o governo até
oferece benefícios à entidade empregadora por dar oportunidades a estas
pessoas. Nota-se aqui a falta de uma intervenção importante sobre esta matéria.
É igualmente importante não deixar que estas pessoas se sintam “coitadinhas”
para não se acomodarem e estimularem elas próprias o gosto pela vida.
Em suma é neste sentido que a reabilitação, que não é só a nível físico e de
capacidades motoras, que ela é importante, mas a nível das emoções, dos
sentidos e do retorno tanto quanto possível à vida normal.
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Conclusão
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Bibliografia
- MAREK, Phipps Sands, Enfermagem Médico-Cirúrgica, Volume III, Lusociência,
2003.
- DOHME, Merck Sharp &, Manual Merck – Saúde para a Família, Editora
Oceano.
- Saúde e Bem-estar, Saúde em revista, edição 2008.
- http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/idososalem60/Arq_09_Cap_03.pdf
http://acervodigital.esen.pt/conteudos/DeclaracaoUniversalDosDireitosDoHome
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- O Tempo das Tribos – o declínio do individualismo nas sociedades de massa,
Forense-Universitária, 1987
- http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0383.pdf
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