Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Investigação em Educação:
Etapas fundamentais do
processo, na análise de uma
dissertação de Mestrado
Investigação Educacional
Docente: Professora Alda Pereira
2009/11
Índice
O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO Grupo Verde
Índice
Índice.............................................................................................................2
Introdução........................................................................................................3
O Processo de Investigação....................................................................................3
Considerações Finais..........................................................................................13
Referências Bibliográficas....................................................................................14
Introdução
Este trabalho tem como principais objectivos elaborar um guião relativo às etapas
do processo de investigação e, paralelamente, efectuar a análise crítica da dissertação de
Mestrado “As TIC no Jardim-de-Infância: Contributos do blogue para a emergência da
leitura e da escrita” de Adília Ferreira Lopes.
Deste modo, numa primeira parte deste trabalho procurámos deter-nos no Processo
de Investigação em Educação em termos gerais e abrangentes, dando embora mais realce
ao paradigma qualitativo, não só por ser, actualmente, o que tem maior expressão na
investigação educacional, mas também porque foi o paradigma que norteou o trabalho
subjacente à supracitada dissertação de Mestrado.
Na segunda parte do trabalho, intentámos a construção do guião propriamente dito
e, na terceira parte, detivemo-nos na análise da referida dissertação.
Finalmente, na última parte, foi nossa intenção tecer algumas considerações de
âmbito geral, procurando enquadrá-las nas análises que fomos construindo ao longo do
trabalho.
O Processo de Investigação
Considera-se, actualmente, a existência de três grandes paradigmas na investigação
em educação: i) investigação quantitativa, que se baseia na recolha de dados quantitativos;
ii) investigação qualitativa, baseada na recolha de dados qualitativos e iii) investigação
mista, que tem características de ambas. Relativamente ao primeiro paradigma, salienta-se
o uso de questionários de resposta fechada, que possibilitam quantificações essenciais a
conclusões frequentemente apresentadas sob a forma de relatórios estatísticos. Já o
segundo paradigma baseia-se na descrição das situações observadas, pressupondo que o
registo de conclusões se faça através de um relatório narrativo.
Se originalmente a investigação educacional se fundou no paradigma quantitativo,
em boa parte por influência do positivismo, entende-se hoje que este paradigma é
manifestamente insuficiente, razão pela qual se procuram conciliar métodos quantitativos e
qualitativos, na tentativa de se compreenderem os fenómenos educativos na sua real e
complexa dimensão, ao invés de apenas se tentar explicá-los.
De qualquer modo, a investigação qualitativa é a que maior expressão tem actualmente
na investigação educacional. Esta estuda a realidade sem a fragmentar e sem a
descontextualizar, ao mesmo tempo que se parte, sobretudo, dos próprios dados e não de
teorias para os compreender ou explicar (método indutivo) e se situa mais nas
peculiaridades que na obtenção de leis gerais (Almeida, 1991).
Segundo Bogdan e Biklen (1994) a investigação qualitativa possui cinco características:
O ambiente natural é a fonte directa de dados, apresentando-se o investigador
como o principal instrumento;
É descritiva;
Os investigadores interessam-se mais pelo processo do que pelos resultados;
A análise de dados é feita de forma indutiva;
É dada uma importância fundamental ao modo como os diferentes actores
envolvidos interpretam os significados.
A investigação quantitativa pressupõe que o investigador, antes de iniciar o seu
trabalho, elabore um plano de investigação organizado, onde os objectivos e os
procedimentos de investigação se apresentem de forma clara e pormenorizada.
São várias as competências exigidas ao professor investigador nos diferentes
momentos da investigação. Alarcão (2001:9) considera que o investigador deve revelar, ao
longo das várias etapas do processo de investigação, as seguintes:
Competências do investigador
De Acção Metodológicas De
Atitudinais
comunicação
Espírito aberto e divergente Decisão no Observação Clareza
desenvolvimento, Levantamento de
Compromisso e na execução e na hipóteses
perseverança avaliação dos
projectos
Capacidade de Formulação de questões
Respeito pelas ideias do outro
trabalhar em conjunto de pesquisa
Delimitação e focagem
Autoconfiança
das questões a pesquisar
Capacidade de se sentir Pedir colaboração Análise Diálogo
questionado e dar colaboração (argumentativo
Sentido da realidade Sistematização e interpretativo)
Estabelecimento de
Espírito de aprendizagem
relações temáticas
ao longo da vida
Monitorização
Guião de Investigação
O guião que a seguir se apresenta pretende evidenciar as fases que acabámos de
referir, em interacção com as diversas etapas de consecução de um projecto de
investigação educacional, numa perspectiva ampla e genérica, pelo que a adopção de
qualquer um dos três paradigmas de investigação se afigura perfeitamente conciliável com
o mesmo guião.
literatura);
Escolha/selecção da área de estudo/investigação (linha de
A pergunta
investigação);
de partida
Identificação do assunto/tema a estudar/investigar;
Formulação da pergunta inicial: observar o quê?
Etapa 2
A fase de Enquadramento e justificação da relevância do
ruptura estudo/investigação;
permite
Definição dos objectivos do estudo/investigação (estudos
desmistificar A exploratórios, sociográficos ou descritivos e estudos verificadores
preconceitos exploração de hipóteses casuais);
relativos à
compreensão Exploração/pesquisa (leituras preliminares e entrevistas
prévia da exploratórias);
realidade
Revisão bibliográfica sobre a área de interesse;
Etapa 3
social.
Identificação/definição da problemática a estudar/investigar
(definição do problema e formulação de hipóteses);
A
problemáti Definição das questões que irão nortear a investigação e às
ca quais se pretende dar resposta.
Limitações da investigação.
Definição de termos (palavras-chave da investigação).
O tema a estudar/investigar deve corresponder aos conhecimentos.
Algumas Deve ser realista e apresentar hipóteses gerais, simples, claras, bem
considerações deduzidas, tendo por base leituras efectuadas.
O tema a abordar deve ser do interesse do investigador.
Estabelecimento/definição do tipo de Paradigma de
Etapa 4
Fase de Construção
Fases/Eta
pas de
um
projecto Etapas Observações Análise
de
Investiga
ção
O investigador
Etapa 1 deverá Estudar os contributos das Tecnologias de
escolher uma Informação e Comunicação (TIC).
(A área geral
pergunta
de partida De seguida,
Averiguar de que forma o blogue contribui para a
- encontrar um
emergência da leitura e da escrita em contexto pré-
Problema) tema dentro
escolar (p. 7).
dessa área
Fases/Eta
pas de
um
projecto Etapas Observações Análise
de
Investiga
ção
Avaliação
Revisão bibliográfica
das teorias
e Não é feita referência
trabalhos
empíricos
Comparaç
Etapa 3 ão das
teorias e Não é feita referência
(A
trabalhos
problemát
Fase de empíricos.
ica)
Ruptura
Dedução
das
hipóteses
a partir da
Não é feita referência
avaliação
dos
trabalhos
empíricos.
Considerações Finais
O guião que intentámos construir representa uma abordagem metodológica de
investigação especialmente direccionada para a intenção de compreender, explorar ou
descrever acontecimentos e contextos complexos, como os que encontramos na área da
Educação. O seu objectivo geral é, portanto, explorar, descrever, explicar, avaliar e/ou
transformar uma determinada situação/acontecimento, o que justifica o seu cariz
vincadamente descritivo.
A identificação e delimitação da amostra são momentos decisivos do processo,
uma vez que constituem o âmago da investigação, e, por isso, o processo de amostragem só
deve ser concluído quando se esgota a informação a extrair através do confronto das várias
fontes. É também importante que se utilizem múltiplas fontes de evidência para tornar o
estudo mais fiável, e, simultaneamente, atestar várias perspectivas dos intervenientes no
Referências Bibliográficas
ALARCÃO, I. (2001). “Professor-investigador: Que sentido? Que formação?” In
Cadernos de Formação de Professores, Nº 1, pp. 21-30, 2001. (Texto
resultante de intervenção no Colóquio sobre "Formação Profissional de
Professores no Ensino Superior", organizado pelo INAFOP, Aveiro, 24 de
Novembro de 2000.).
ALMEIDA, L. (1993). Métodos de Observação e Investigação Psicológica. Braga:
Universidade do Minho.
BOGDAN, R,; BIKLEN, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto:
Porto Editora.
CARMO, H. & FERREIRA, M., (2008.) Metodologia da Investigação – Guia de auto-
aprendizagem. 2. ed. Lisboa: Universidade Aberta.