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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
I – RELATÓRIO
1. Introdução
Gilberto Garcia – 0023 Documento assinado eletronicamente nos termos da legislação vigente
PROCESSO Nº: 23001.000023/2013-32
décadas dos anos 60 do mesmo século, por meio de cursos de mestrado e doutorado,
os cursos de especialização e aperfeiçoamento já vinham se insinuando nas
instituições universitárias e, principalmente, nos institutos de pesquisa, criados após a
II Guerra Mundial.
A diversificação horizontal da graduação passou a ser simultaneamente
acompanhada pela diversificação vertical, com o incentivo à pós-graduação, seja
pelas necessidades da burocracia estatal, seja pelas demandas de um mercado
produtivo e de prestação de serviços cada vez mais reconvertido do ponto de vista
tecnológico. Assim, os cursos de pós-graduação foram se convertendo, de
complementação da formação generalista em formação especializada, visando a
formar profissionais altamente qualificados, seja ele pesquisador, seja ele cientista e
até mesmo professor de nível superior.
Na maioria das vezes, esses cursos eram patrocinados pelo Conselho Nacional
de Pesquisas, autarquia criada pela Lei nº 1.310, de 15 de janeiro de 1951,
sancionada pelo presidente Eurico Gaspar Dutra e vinculada à Presidência da
República.
Eram também promovidos pela Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior, criada pelo Decreto nº 29.741, de 11 de julho de 1951.
Ambas as instituições conferiram institucionalidade governamental às incipientes
pesquisas brasileiras. O primeiro – futuro Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) – tinha por finalidade promover e estimular a
investigação científica e tecnológica. A segunda – futura Coordenação para o
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – visava à capacitação e ao
aperfeiçoamento de recursos humanos de nível superior para o País.
A Lei nº 4.533, de 8 de dezembro de 1964, alterou a lei de criação do
Conselho, tornando-o responsável pela formulação da política científico-tecnológica
nacional. Somente em 1974, por meio da Lei nº 6.129, de 6 de novembro, foi que o
CNPq passou a ter a denominação atual, mantendo-se a mesma sigla. Em 1985, com
a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (Decreto nº 91.146, de 15 de março
de 1985), o CNPq passou a vincular-se àquela pasta, então concebida como o think
tank da ciência e da tecnologia no Brasil.
Já a Capes, iniciada como “campanha”, apresentou grande grau de
informalidade nos seus primórdios, e seu pioneiro secretário-geral, Anísio Teixeira,
logo estimulou o Programa Universitário (1953) junto às poucas universidades e
institutos de pesquisa, concitando-os ao intercâmbio e à cooperação com instituições
estrangeiras congêneres e com maior experiência no campo da pesquisa.
As bolsas de aperfeiçoamento já apareceram expressivamente nas concessões
voltadas para a implementação do Programa: 23 das 79 oferecidas em 1953 e 51 das
155 concedidas em 1954.
Em 1961, a Capes vinculou-se à Presidência da República, para retornar, em
1964, à estrutura do então Ministério da Educação e Cultura (MEC).
O ano de 1965 é um marco na história da pós-graduação do País: convocou-
se o Conselho de Ensino Superior para regulamentá-la. Dentre os notáveis
educadores que compunham o mencionado colegiado, destacaram-se Alceu de
Amoroso Lima, Anísio Spinola Teixeira, Antonio Ferreira de Almeida Júnior, Clovis
Salgado, Durmeval Trigueiro e Newton Sucupira. Este último foi o relator do que
pode ser considerada como a verdadeira certidão de nascimento normativa da pós-
graduação nacional: o Parecer CFE nº 977, de 3 de dezembro de 1965, que tratou da
pós-graduação stricto sensu.
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[...]
O V PNPG não apresenta qualquer item relativo pós-graduação lato sensu,
como tampouco o Plano Nacional de Educação proposto para a primeira década do
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século XXI.
oferta inicial de cursos de graduação. Toma-se, por exemplo, instituição de qualquer natureza
que ofereça curso de Mestrado ou Doutorado recomendado pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Outro exemplo pode ser encontrado
em instituição de pesquisa científica ou tecnológica, pública ou privada, de comprovada
qualidade. Por fim, a oferta de cursos de pós-graduação lato sensu deve também alcançar as
instituições relacionadas ao mundo do trabalho, cujo desempenho formativo seja de
reconhecida qualidade e de grande relevância na formação de profissionais dentro de sua
determinada área de conhecimento ou campo do saber. Aliás, quanto a estas, a própria Lei nº
9.394/1996, nos artigos 39 e 40, estabeleceu expressamente o campo de atuação que abrange
também a pós graduação lato sensu.
Dessa forma, as Escolas de Governo, voltadas para a formação dos quadros da
Administração Pública, conforme consta no Parecer CNE/CES nº 245/2016, também devem
merecer destaque. Vale ressaltar que:
Feito esse destaque especial, prossigo com a transcrição do texto do Parecer CNE/CES
nº 245/2016:
[...]
Cabe, também, nestas Diretrizes, um tópico específico sobre a Residência
Médica, cuja tradição amparada em norma legal, até a atualidade, é a da
equivalência ao título de especialista, portanto, à conclusão da pós-graduação lato
sensu nesta modalidade.
Considerando a Medida Provisória nº 621, de 9 de julho de 2013, convertida
na Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, a residência médica, regulada pela Lei nº
6.932, de 7 de julho de 1981, passará por alterações profundas, a começar pela meta
de universalizar as vagas para todos os egressos da graduação em Medicina até 31 de
dezembro de 2018 (art. 5º e 6º), em (i) Programas de Residência em Medicina Geral
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II2 - Da Resolução apresentada pelo Parecer CNE/CES nº 245/2016
16. Esta Coordenação, ao proceder a análise das Diretrizes Nacionais indicadas na
Resolução, deparou-se com vários questionamentos relacionados a possíveis
contradições entre o texto proposto e a legislação educacional em vigor.
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17. Para melhor compreensão, crível se faz salientar alguns tópicos, como no caso
do inciso II do artigo 2º que estabelece:
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26. Mas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não se limitou a fixar as
competências da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ela
também determinou quais seriam as instituições que compõem cada um desses
sistemas, sem obediência a qualquer hierarquia entre eles, mas autônomos desde que
respeitando a norma geral. Assim sendo, a Lei n° 9.394/96, em seus artigos 16, 17,
18 define a composição dos Sistemas de Ensino.
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38. À luz dessa realidade e das sucessivas normas que desde 1998 autorizavam esses
credenciamentos, infringiam a própria LDB (art. 9º, § 1º). O aparato regulatório da
LDB se destina à educação regular, formal, em ambientes devidamente estruturados
e credenciados academicamente como IES. Por outro ângulo, mesmo que essa Lei
tenha previsto situações experimentais em seu art. 819, o que poderia ser aplicado
ao caso, ainda que por analogia, esse tipo de credenciamento não se mostrou
adequado e, por isso, os relatores estão convencidos de que tais deliberações não
encontram respaldo na LDB, além de confrontarem diretamente com o art. 44 da
LDB.
39. Segundo o Parecer CNE/CES nº 18/2010 que apresenta o mesmo debate, “Para
a Administração, trata-se de inconveniência; para a organização não-educacional
(Não-IES) que oferta cursos de especialização, a única diferença entre ser ou não
ser “credenciada especialmente” é o benefício chamado por muitos de “chancela”
oficial do MEC.”
40. Melhor sorte não ampare o §4º do artigo 2º ao se permitir convênio ou termo de
parceria entre IES e não IES, in verbis:
41. No que tange à oferta fora da sede da IES de cursos de Pós-Graduação Lato
Sensu em nível de especialização, o CNE entende que as instituições regularmente
credenciadas possuem liberdade para ofertar os referidos cursos, de maneira
presencial, em qualquer área do saber e em localidade/município diverso daquele
constante na Portaria que a credenciou, conforme disposto no Parecer CNE/CES
nº 263/2006.
42. Observa-se, porém, que somente será regular a oferta pela IES de curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em nível de especialização em município diverso da
abrangência geográfica do ato de credenciamento em vigor se for feita de forma
direta. Ou seja, a IES credenciada deverá se responsabilizar diretamente pela
contratação e definição do perfil do corpo docente, organização didático-
pedagógica do curso ofertado, integralização do mesmo, relação das disciplinas,
carga horária oferecida e demais requisitos que demonstrem a presença de
qualidade inerente à sua atuação em sua sede e pela qual obteve autorização do
MEC para funcionamento.
43. É necessário esclarecer que a legislação educacional vigente já prevê a
possibilidade de oferta de cursos superiores na modalidade de Ensino a Distância -
EaD por meio de parceria de Instituição de Educação Superior- IES credenciadas
com entidades consideradas como não-IES, porém não contempla em sua estrutura
esta informação, caso que se repete nesta nova resolução. Ressalta-se que são
constantes as demandas encaminhadas por autoridades judiciais questionando a
regularidade de convênios e termos de parcerias.
44. O artigo 7º determina:
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45. Neste caso, verifica-se que o índice mínimo de 50% (cinquenta por cento) de
docentes portadores de diploma stricto sensu poderia exceder o número de
profissionais disponíveis no mercado de trabalho. Para que seja definido um índice
mínimo torna-se imperioso a realização de estudos sobre o tema, comprovando a
existência de profissionais titulados com diplomas Stricto Sensu disponíveis para
pertencer aos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu ofertado a nível regional e
nacional por IES e não-IES.
46. No que concerne ao artigo 11, in verbis:
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49. Portanto, estamos diante de uma possível antinomia visto que as regras
apresentadas estão aparentemente em conflito. No mínimo, podemos observar que há
uma aparente falta de clareza na norma sobre qual a conduta a ser seguida no caso.
50. Já o artigo 12 estabelece que estas Diretrizes Nacionais deverão ser aplicadas
ao Sistema de Ensino Militar quando da oferta de cursos de Pós-Graduação, in
verbis:
51. A LDB estabelece, em seu artigo 83 que o ensino militar é regulado por lei
específica, admitida a equivalência de estudos de acordo com as normas fixadas
pelos sistemas de ensino. Infere-se do dispositivo legal que o legislador ordinário
tão-somente permitiu a equivalência do ensino militar com o ensino ministrado pelo
sistemas de ensino, desde que observadas as normas de cada sistema.
52. No caso, a lei apenas autoriza a possibilidade da equivalência de estudos
militares com o estudo civil, e confere a cada sistema de ensino, individualmente, a
competência para estabelecer o procedimento para tanto.
53. Portanto, depreende-se que o ordenamento jurídico reconhece a equivalência do
ensino superior ao nível de educação superior, de acordo com as normas fixadas por
cada sistema de ensino. No caso específico do exército brasileiro, com a Lei nº 9786
de 08/02/1999, foi instituído o Sistema de Ensino Militar, com características
próprias, com a finalidade de qualificar recursos humanos, desempenho e funções e
organizações e como tal elaboração de regulamentação própria de equivalência de
estudos.
III. Conclusão
54. [...] considerando o disposto no Parecer CNE/CES nº 245/2016, esta
Coordenação entende que há possíveis pontos de conflito com o ordenamento
jurídico hoje vigente, razão pela qual sugere o encaminhamento desta Nota ao
Conselho Nacional de Educação a título de consulta, antes de emitir
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3. Considerações do relator
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caput para dizer que a oferta de pós-graduação lato sensu, por IES, está condicionada à oferta
de pelo menos um curso de graduação.
Assim, o Decreto nº 9.235/2017 não exclui nem veda expressamente a possibilidade
de oferta de pós-graduação lato sensu por outras instituições, até porque essas outras
instituições podem ser destinatárias de normas específicas que permitam a elas essa oferta,
que é exatamente o que ocorre com as instituições especializadas e com as instituições do
mundo do trabalho.
Rigorosamente, quando se trata de instituições especializadas (a exemplo dos
institutos de pesquisa) e de instituições ligadas ao mundo do trabalho, não há sequer o que
falar em excepcionalidade, pois a regra extraída dos artigos 39 e 40 da Lei nº 9.394/1996
assegura a elas atuação e oferta regular de cursos de pós-graduação lato sensu.
Isso porque o Decreto nº 9.235/2017 possui natureza de norma regulamentadora, e ao
dispor sobre a regulação e a supervisão da educação superior não pode inviabilizar condição
ou garantia inserta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Primeiro, em razão de sua estatura jurídica inferior. Não pode o decreto restringir ou
ampliar o que está estabelecido na lei.
Segundo, porque não podem existir no marco regulatório garantias incompatíveis, ou
seja, segundo as regras de hermenêutica, na interpretação das normas cabe ao intérprete
estabelecer um ponto de equilíbrio de modo a compatibilizá-las. Isso significa, por exemplo,
que o exercício de uma garantia constitucional não pode inviabilizar ou tornar inócua outra
garantia também assentada na Carta Magna.
Desse modo, a atuação de institutos de pesquisa e de instituições ligadas ao mundo do
trabalho na oferta de pós-graduação lato sensu não pode ser restringida por vedação contida
no Decreto nº 9.235/2017, posto que se trata de atuação assegurada pelo artigo 40 da LDB.
Ao contrário, essa atuação deve ser regulamentada, como está a fazer esse Colegiado, no
exercício de sua competência normativa, por meio do Projeto de Resolução anexo ao Parecer
CNE/CES nº 245/206.
Sobre esse ponto a SERES consignou: Melhor sorte não ampare o §4º do artigo 2º
ao se permitir convênio ou termo de parceria entre IES e não IES.
Sobre esse ponto a SERES consignou: Neste caso, verifica-se que o índice mínimo
de 50% (cinquenta por cento) de docentes portadores de diploma stricto sensu poderia
exceder o número de profissionais disponíveis no mercado de trabalho. Para que seja
definido um índice mínimo torna-se imperioso a realização de estudos sobre o tema,
comprovando a existência de profissionais titulados com diplomas Stricto Sensu disponíveis
para pertencer aos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu ofertado a (sic) nível regional e
nacional por IES e não - IES.
Tópico 5o: Aproveitamento de créditos de cursos stricto sensu para cursos lato
sensu – art. 11 do Projeto de Resolução.
Sobre esse ponto a SERES consignou: Neste caso, ressalta-se que temas
vinculados a cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu são de competência da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da
Educação (MEC), que desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-
graduação em todos os estados da Federação. Neste caso, devem ser observadas as
competências e diretrizes estabelecidas pelo Decreto nº 7692 de 02/03/2012, principalmente
nas questões de avaliação destes cursos.
Sobre esse ponto a SERES consignou: Outro tema que envolve este artigo perpassa
pela obrigatoriedade da inscrição dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu no Cadastro
Nacional de Cursos de Pós Graduação Lato Sensu para que as mesmas sejam consideradas
regulares, in verbis:
[...] Portanto, estamos diante de uma possível antinomia visto que as regras
apresentadas estão aparentemente em conflito. No mínimo, podemos observar que há
uma aparente falta de clareza na norma sobre qual a conduta a ser seguida no caso.
Tópico 7º: Equivalência entre estudos de pós graduação lato sensu e estudos
realizados nas instituições militares de ensino – art. 12 do Projeto de Resolução.
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Art. 1o. Os cursos de pós-graduação lato sensu ministrados nas instituições militares
de ensino e na escola Superior de Guerra – ESG são equivalentes aos cursos de pós
graduação lato sensu definidos na Resolução no. 001/2001, alterada pela Resolução
no. 001/2007, as Câmara de educação Superior do Conselho Nacional de Educação,
[…]
originárias de todos os segmentos sociais do País, uma vez que se trata do esforço de
formular e estabelecer diretrizes nacionais para uma modalidade de formação de
recursos humanos importantes para toda a sociedade brasileira e que, portanto,
devem ter um horizonte mais lato na cobertura de todos os contextos nacionais, seja
na sua relação com a diversidade de interesses contemporâneos, seja na prospectiva
de seus compromissos com o presente mirando o futuro.
Inicialmente, a Comissão havia decidido não abranger a Residência Médica –
que sempre teve uma tradicional e específica relação com a Especialização. Ademais,
desenvolviam-se, simultaneamente, os trabalhos da Comissão encarregada da
elaboração das Diretrizes Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina que, por
força da Medida Provisória nº 621, de 8 de julho de 2013, transformada na Lei nº
12.871, de 22 de outubro de 2013, haveria implicações na Residência Médica e
alteraria vários dispositivos relativos às interfaces entre a pós-graduação lato sensu
e, mais especificamente, entre a Especialização, e as especialidades proporcionadas
pela Residência Médica. Não é, pois, prudente estabelecer, naquele momento, normas
sobre a Especialização e suas implicações com a Residência Médica, já que um novo
marco regulatório para os cursos de graduação em Medicina estava em elaboração.
Depois de ter reconsiderado sua posição inicial, considerando que o parecer
das Diretrizes Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina foi mais celeremente
concluído e aprovado na Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional
de Educação (CNE), tornando possível verificar, naquela norma, quase todas as
características propostas para nova Residência Médica, a Comissão em tela pensou
em incluir neste Parecer, também, a Residência Médica no escopo de suas
determinações. Posteriormente, já no decorrer do ano de 2014, outros fatores vieram
a aconselhar o adiamento e o tratamento singular da área de saúde em geral, e a da
Medicina em especial, devendo a Comissão encarregada da elaboração das Diretrizes
Nacionais dos Cursos de Especialização pensar uma norma específica para a
Residência Médica e congêneres na área de saúde mais tarde.
Mantendo sempre o canal de comunicação com os vários segmentos do
Governo, especialmente com os dos Ministérios da Educação e da Saúde, bem como
com os da sociedade civil, especialmente com os da comunidade educacional
brasileira, o relator foi incorporando as sugestões que aperfeiçoavam a norma,
registrando, em cada nova versão, as contribuições que vinham de todos os lados,
evidentemente consolidando-as e descartando as que eram irreconciliáveis entre si e
com os interesses da maioria da população do País.
Novo apelo chegou à Comissão, no sentido de incorporar aspectos da
especialização na área de saúde, dada a publicação Decreto nº 8.497, de 4 de agosto
de 2015, que “Regulamenta a formação do Cadastro Nacional de Especialistas de que
tratam o § 4º e § 5º do art. 1º da Lei nº 6.932, de 7 de julho de 1981, e o art. 35 da Lei
nº. 12.871, de 22 de outubro de 2013”, revogado pelo Decreto nº 8.516, de 10 de
setembro de 2015, de ementa idêntica. Intenso intercâmbio foi estabelecido, então,
entre o relator desta norma e os “executivos” dos Ministérios da Educação e da
Saúde, no sentido de que estas DCNs cobrissem também os problemas mais
específicos decorrentes da relação entre a pós-graduação lato sensu e as residências
da área de saúde, especialmente as da Medicina. No entanto, dado o exame mais
detalhado que esta relação entre a Especialização e à Área de Saúde exige, a
Comissão deliberou, por unanimidade, retirar da minuta resultante deste Parecer
toda e qualquer regulamentação da matéria, deixando-a para norma específica.
Além das inúmeras reuniões específicas dos membros da Comissão, agentes
públicos e atores sociais, interessados no tema, representando todos os segmentos
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II – VOTO DO RELATOR
A Câmara de Educação Superior aprova, por maioria, o voto do Relator, com 1 (uma)
abstenção.
Sala das Sessões, em 8 de março de 2018.
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CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
PROJETO DE RESOLUÇÃO
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III - Escola de Governo (EG) criada e mantida por instituição pública, na forma do art.
39, § 2º da Constituição Federal de 1988, do art. 4º do Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de
2006, credenciada pelo CNE, por meio de instrução processual do MEC e avaliação do
Instituto Nacional de Pesquisa Anísio Teixeira (Inep), observado o disposto na Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, no art. 30 do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017, e no
Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, no que se refere à oferta de educação a distância,
com atuação voltada precipuamente para a formação continuada de servidores públicos;
IV - Instituições que desenvolvam pesquisa científica ou tecnológica, de reconhecida
qualidade, mediante credenciamento exclusivo pelo CNE por meio de instrução processual do
MEC para oferta de cursos de especialização na(s) grande(s) área(s) de conhecimento das
pesquisas que desenvolve.
V - Instituições relacionadas ao mundo do trabalho de reconhecida qualidade,
mediante credenciamento exclusivo concedido pelo CNE por meio de instrução processual do
MEC para oferta de cursos de especialização na(s) área(s) de sua atuação profissional e nos
termos desta Resolução.
§ 1º Os cursos de especialização somente poderão ser oferecidos na modalidade a
distância por instituições credenciadas para esse fim, conforme o disposto no § 1º do art. 80
da Lei nº 9.394, de 1996, e o Decreto nº 9.057, de 2017.
§ 2º Fica permitido convênio ou termo de parceria congênere entre instituições
credenciadas para a oferta conjunta de curso(s) de especialização no âmbito do sistema federal
e dos demais sistemas de ensino.
Art. 3º O credenciamento de que tratam os incisos III, IV e V do artigo anterior para a
oferta de curso(s) de especialização lato sensu no âmbito do Sistema Federal de Educação
Superior será concedido pelo prazo máximo de 5 (cinco) anos, mediante deliberação do CNE
homologada pelo Ministro de Estado da Educação.
§ 1º A instituição credenciada poderá solicitar recredenciamento antes do vencimento
do prazo referido no caput.
§ 2º Os prazos de validade dos atos de recredenciamento serão fixados nas
deliberações do CNE, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos.
§ 3º O pedido de recredenciamento efetuado no prazo de validade do ato de
credenciamento, autoriza a continuidade das atividades da Instituição até deliberação final do
CNE sobre o pedido.
§ 4º Vencido o prazo do ato de credenciamento sem que a Instituição tenha solicitado
o recredenciamento, a oferta de novos cursos e a abertura de novas turmas devem ser
imediatamente suspensos.
§ 5º A avaliação e a deliberação sobre propostas de credenciamento e
recredenciamento exclusivo de Instituição para a oferta de cursos de especialização lato sensu
serão realizadas pelo CNE.
Art. 4º O credenciamento de que tratam os incisos III, IV e V do artigo 2º para a oferta
de cursos de especialização lato sensu na modalidade a distância observará o disposto na
legislação e normas vigentes, especialmente o Decreto nº 9.057/2017, bem como o prazo
previsto no caput do artigo 3º desta Resolução.
Art. 5º A oferta institucional de cursos de especialização fica sujeita, no seu conjunto,
à regulação, à avaliação e à supervisão dos órgãos competentes.
Art. 6º Os cursos de especialização serão registrados no Censo da Educação Superior e
no Cadastro de Instituições e Cursos do Sistema e-MEC, nos termos da Resolução CNE/CES
nº 2, de 2014, que instituiu o cadastro nacional de oferta de cursos de pós-graduação lato
sensu (especialização) das instituições credenciadas no Sistema Federal de Ensino.
Art. 7º Para cada curso de especialização será previsto Projeto Pedagógico de Curso
(PPC), constituído, dentre outros, pelos seguintes componentes:
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I - matriz curricular, com a carga mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas, contendo
disciplinas ou atividades de aprendizagem com efetiva interação no processo educacional,
com o respectivo plano de curso, que contenha objetivos, programa, metodologias de ensino -
aprendizagem, previsão de trabalhos discentes, avaliação e bibliografia;
II - composição do corpo docente, devidamente qualificado;
III - processos de avaliação da aprendizagem dos estudantes;
Parágrafo único. Quando o curso de especialização tiver como objetivo a formação de
professores, observe-se o disposto na legislação específica.
Art. 8º Os certificados de conclusão de cursos de especialização devem ser
acompanhados dos respectivos históricos escolares, nos quais devem constar, obrigatória e
explicitamente:
I - ato legal de credenciamento da instituição, nos termos do art. 2º desta Resolução;
II - identificação do curso, período de realização, duração total, especificação da carga
horária de cada atividade acadêmica.
III - elenco do corpo docente que efetivamente ministrou o curso, com sua respectiva
titulação.
§ 1º Os certificados de conclusão de curso de especialização devem ser
obrigatoriamente registrados pelas instituições devidamente credenciadas e que efetivamente
ministraram o curso.
§ 2º Os certificados dos cursos ofertados por meio de convênio ou parceria entre
instituições credenciadas, serão registrados por ambas, com referência ao instrumento por elas
celebrado.
§ 3º Os certificados previstos neste artigo, observados os dispositivos desta Resolução,
terão validade nacional.
§ 4º Os certificados obtidos em cursos de especialização não equivalem a certificados
de especialidade.
Art. 9º O corpo docente do curso de especialização será constituído por, no mínimo,
30% (trinta por cento) de portadores de título de pós-graduação stricto sensu, cujos títulos
tenham sido obtidos em programas de pós-graduação stricto sensu devidamente reconhecidos
pelo poder público, ou revalidados, nos termos da legislação pertinente.
Art. 10 As instituições que mantêm cursos regulares em programas de stricto sensu
poderão converter em certificado de especialização os créditos de disciplinas cursadas aos
estudantes que não concluírem dissertação de mestrado ou tese de doutorado, desde que tal
previsão conste do regulamento dos respectivos programas institucionais e que sejam
observadas as exigências desta Resolução para a certificação.
Art. 11 Os estudos realizados no sistema de ensino militar, conforme a Portaria
Interministerial nº 1, de 26 de agosto de 2015, ministrados exclusivamente para integrantes da
respectiva corporação, serão considerados equivalentes a curso de especialização desde que
atendam, no que couber, aos requisitos previstos nos dispositivos desta Resolução.
Art. 12 Os cursos de especialização oferecidos com fundamento na Resolução
CNE/CES nº 1/2007 ou na Resolução CNE/CES nº 7/2011, iniciados ou cujos editais já
tenham sido publicados antes da vigência desta Resolução, poderão funcionar regularmente
até a conclusão das respectivas turmas, nos termos de seu PPC.
Art. 13 Os processos de credenciamento de que tratam os incisos III, IV e V do artigo
2º desta Resolução para a oferta de cursos de especialização lato sensu em tramitação nas
Secretarias do Ministério da Educação e no Conselho Nacional de Educação, ainda não
submetidos à avaliação in loco, observarão o disposto nesta Resolução.
Art. 14 Os atos autorizativos de credenciamento de que tratam os incisos III, IV e V
do artigo 2º desta Resolução para a oferta de cursos de especialização lato sensu com prazo
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PROCESSO Nº: 23001.000023/2013-32
determinado, ainda em vigor, permanecem válidos até o vencimento, podendo ser renovados,
nos termos desta Resolução.
Art. 15 Excluem-se desta Resolução:
I - os programas de residência médica ou congêneres, em qualquer área profissional da
saúde;
II - os cursos de pós-graduação denominados cursos de aperfeiçoamento, extensão e
outros.
Art. 16 Os casos omissos serão examinados pela Câmara de Educação Superior do
Conselho Nacional de Educação.
Art. 17 Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas
a Resolução CNE/CES nº 1, de 8 de junho de 2007, e a Resolução CNE/CES nº 7, de 8 de
setembro de 2011.
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