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REVISTA DA FACUL-

DADE DE DIREITO
DA UNIVERSIDADE
DE LISBOA

VOL. XXVII
1986
COMISSAO DE REDACÇAO

. \·
PRESIDENTE

Prof. DOUTOR JOSÉ DE OLIVEIRA ASCENSÃO


Presidente do Cooselho Científico

VOGAIS

Prof. DOUTOR PEDRO SOARF.S MARTINEZ


Prof. DOUTOR MARTIM DE ALBUQUBR.QUB
Prof. DOUTOR JORGE MIRANDA
Lic. JOSÉ ARTUR DUARTE NOGUBIRA
Llc. FAUSTO DE QUADROS
Lic. ANTóNIO BRAZ 'llBDmIRA
Lic. FERNÃO FBRNANDFS TIIOMAZ
fNDICE

I. Doutrina

José de Oliveira A~o - A teoria finalista ·e o ilkito civil... 9


Martim de Albuquerque - Novos crlditos . ... .. .. ... ... .. •. .. ... . 29
Jorge Mir.ulda - As associafões p(J,licas no direito portuguls.. . S7
Luís Manuel Sousa da Pibrica - Monismo ou dualismo na
tstruturafão do proasso administrativo ... .. .. .. .. .••.. .. •.. .. . .. .... .. . 91
Fernando de Araújo - Pressupostos da previsao económica...... 147

II. Vida. da FaculdaJe


O Pro.f. Martinho Nobre de Melo .................................... 213
O Prõj. Paulo Cunha .... .. ............... ...... . .... .... .... .. .. ......... 215
José de Oliveira Ascensão - Saud4Çio ao Prof. Gomes da Silva 217
Martim de Albuquerque - Palavras tk abertura proferidas nas
•Jornadas em Honra do Prof. joao de Castro Mtntkn .. .. .. •.. ... 221
Jornadas de Direito Constitucional . .. .. .. .. . . .. . . . . .. .. .. ... .. . .. .. 225
Marcelo Rebelo de Sousa - RtlatMio apresml4do no comurso
para o grupo tk Cilncias ]urldico-PoUtiµu ........................... 227

m. Docunitntos
José Dias Marques - lndice dos vocábulos Jo Código Civil
Portuguls .............................................................,....... 327
DIREITO CONSTITUCIONAL I

RELATÓRIO

APRESENTADO PELO

PROFESSOR AUXILIAR DOUTOR MARCELO


NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

NO CONCURSO DOCUMENTAL PARA


O PREENCHIMENTO DE UMA VAGA DO 3.0 GRUPO
(C~NCIAS JURíDICO-POLiTICAS) DA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE
DE LISBOA
RELATÓRIO ELABORADO AO ABRIGO DO N.0 2
DO ARTIGO 44.0 DO DECRETO-LEI N.0 448/79
DE 13 DE NOVEMBRO

PARTE I

INTRODUÇÃO

I.1. Razão de ser do relatório

Destina-se o presente Relatório a dar cumprimento ao


disposto no n. 0 2 do Artigo 44.0 do Decreto-Lei n.0 448/79,
de 13 de Novembro, que estabelece que «Os candidatos admi-
tidos ao concurso para professor associado devem ainda,
naquele prazo, apresentar quinze exemplares, impressos ou
policopiados, de um relatório que inclua o programa, os con-
teúdos e os métodos do ensino teórico e prático das matérias
da disciplina, ou de uma das disciplinas, do grupo a que respeita
o concurso•.
De facto, por edital de 24 de Junho de 1985, cujo extracto
foi publicado na II Série do «Diário da República», n. 0 156,
de 10 de Julho de 1985, foi aberto concurso documental, perante
a Reitoria da Universidade de Lisboa, para provimento de
um lugar de professor associado do 3.0 Grupo (Ciências Jurí-
dico-Políticas) da Faculdade de Direito da mencionada Uni-
versidade. Esse lugar correspondia a uma das quatro vagas de
professor associado do 3.0 Grupo (Ciências Jurídico-Políticas)
230 MARCELO NUNO DUARTE 'REBELO DE SOUSA

da Faculdade de Direito da Uruversidade de Lisboa, nos ter-


mos do despacho de distribuição, feito publicar pela Reitoria
da Uruversidade na II Série do «Diário da República•, n.0 161,
de 16 de Julho de 1985.
Tendo apresentado a documentação exigida para a ins-
trução do requerimento da admissão, nos termos do Artigo 42.0
do Decreto-Lei n. 0 448/79, de 13 de Novembro e do n. 0 II
do Edital que definia as condições relativas à abertura do con-
curso, foi o candidato admitido ao mesmo concurso por des-
pacho de 23 de Julho de 1985, da autoria do Reitor da Uru-
versidade de Lisboa, no exercício delegado da competência
milÚsterial consignada no Artigo 43.º do Decreto-Lei n. 0 448/79.
No prazo de trinta dias subsequentes ao da recepção do
despacho de admissão-verificada em 24 de Julho de 1985-,
devia o candidato admitido apresentar um Relatório, como o
presente, além de dois exemplares da cada um dos trabalhos
mencjonados no seu «curriculum vita~, anteriormente entregue.
E o cumprimento do disposto no n. 0 2 do Artigo 44.0 do
Decreto-Lei n. 0 448/79, dentro do prazo iruciado em 24 de
J ulho de 1985, que constitui a razão de ser da elaboração, repro-
dução em quinze exemplares a apresentação deste Relatório.

1.2. Razão de ser da disciplina escolhida

A disciplina escolhida dentro do 3.0 Grupo (Ciências Jurí-


dico-Políticas) foi a de Direito Constitucional 1.
Importa justificar sumariamente esta escolha, primeiro de
uma perspectiva formal, e depois de uma óptica substancial.
Formalmente, a disciplina é uma das mais incluídas no
mencionado grupo, de acordo com a Portaria n. 0 335/85, de
I I de Junho.
Suscita-se apenas uma questão prévia que cumpre dilucidar
nesta introdução; o quadro de disciplinas do grupo de Ciên-
cias Jurídico-Políticas inserido na Portaria n.0 335/85 refere-se
a Direito Constitucional, sem distinguir as disciplinas de Direito
Constitucional 1 e de Direito Constitucional II; nesta exacta
231

me<lida, pode interrogar-se até que ponto é possível tomar


para objecto do presente Relatório somente a disciplina de
Direito Constitucional 1 e não a matéria de Direito Constitu-
cional como um todo.
Somos do entendimento de que a enumeração da Portaria
n.0 335/85 não significa a inexistência de uma disciplina aut6-
noma de Direito Constitucional 1, nomeadamente para o efeito
deste Relatório, por três razões essenciais:
a) o plano de estudos da licenciatura, na sequência do
Despacho n. 0 148 do Secretário de Estado do Ensino Superior,
de 20 de Novembro de 1982, prevê a inclusão de duas disci-
plinas autónomas, ambas semestrais, uma do 1.0 Ano-Direito
Constitucional 1- e outra do 2.0 Ano - Direito Consti-
tucional II, sendo este plano de estudos aquele que vigora no
tocante à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa;
por força da Portaria n. 0 9n/83, de 3 de Outubro;
b) a autonomia de cada uma das disciplinas na avaliação
dos conhecimentos, foi objectivamente acentuada, no decurso
de 1985, com a deliberação do Conselho Científico no sentido
de, já no ano lectivo de 198 5-86, se processar a avaliação con-
junta das disciplinas de Ciência Política e de Direito Consti-
tucional 1, sem contudo se unificarem os planos de curso e os
respectivos métodos; se esta unificação não é admitida, apesar
da integração na avaliação dos conhecimentos, por maioria
de razão o não será relativamente a disciplinas de anos diferentes
e com avaliação autónoma;
e) em qualquer caso, a finalidade legal deste Relatório
afigura-se-nos ser a de incluir no concurso para professor asso-
ciado uma prova de natureza pedagógica destinada a permitir
a apreciação da actividade docente dos candidatos; interessa
pois não uma área científica objecto de investigação, mas uma
disciplina concreta dentro de um grupo relativamente homo-
géneo, disciplina que se localiza em determinado ano do curso
de licenciatura ou de mestrado e adequa certos conteúdos e os res-
pectivos métodos a essa localização, bem como ao número de uni-
dades lectivas disponíveis para o ensino teórico e o ensino prático.
232 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

Cremos, assim, ser admissível a escolha da disciplina de


Direito Constitucional I para este Relatório. No entanto,
tendo presente a ligação entre as disciplinas de Direito Consti-
tucional I e de Direito Constitucional II, consideramos ser de
completar o Plano de Curso da primeira com a indicação das
linhas fundamentais do Plano de Curso da segwida. Do mesmo
modo, reportamo-nos, sempre que necessário, às matérias de
Direito Constitucional I que supõem conhecimentos prévios
leccionados em Ciência Política.
Mas, a opção pela disciplina de Direito Constitucional I
merece ser justificada substancialmente, para o que avançamos
com os seguintes motivos determinantes:
a) as matérias próprias da Ciência do Direito Consti-
tucional foram aquelas que, quantitativa e qualitativamente,
concitaram a nossa atenção principal ao longo de onze anos
de actividade docente, sobre elas recaíndo como consequên-
cia, o maior número dos trabalhos que fomos elaborando e
publicando;
b) a localização da disciplina de Direito Constitucional I
no 1.0 Ano do plano de estudos da licenciatura confere-lhe
uma importância pedagógica muito particular, que faz evocar
a posição da cadeira anual de Direito Constitucional antes de
1972, a que se seguiram outras soluções, que culminaram na
integração da disciplina anual de Direito Constitucional no
2.0 Ano do plano de estudos de 1977;
e) a divisão do estudo da Ciência do Direito Consti-
tucional por duas disciplinas semestrais, situadas em anos diver-
sos do plano de estudos de 1982 suscitou desde o início a nossa
perplexidade e mesmo crítica, pelo que quisémos testar o
mérito ou o demérito desta inovação, para o efeito tendo
podido reger a disciplina de Direito Constitucional I nos anos
lectivos de 1983-84 e 1984-85 e a disciplina de Direito Consti-
tucional II no ano lectivo de 1984-85.
Esta a justificação substancial da escolha de Direito Consti-
tucional 1 para objecto deste Relatório.
RELA'l'ÔRIO 233

l.3. Razão de ordem

Explicada a razão de ser do Relatório e da disciplina a que


respeita, passamos a explicar o esquema adoptado, que repre-
senta a interpretação que julgamos a mais adequada relativa-
mente ao disposto no acima aludido n.0 2 do Artigo 44.º do
Decreto-Lei n. 0 448/79.
Não pudémos, neste particular, beneficiar da experiência
visto se tratar da primeira vez que é aberto na Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa um concurso documental
para professor associado.
Após a introdução, numa Parte II deste Relatório proce-
demos a um breve relance histórico acerca do ensino da Ciên-
cia do Direito Constitucional na Faculdade de Direito da Uni-
versidade de Lisboa, tanto mais útil quanto nos permitirá com-
parar a solução actual com outras, ensaiadas num passo mais
ou menos recente.
Na Parte III são integrados os programas e os conteúdos
da disciplina, quer quanto ao Plano de Curso leccionado no
ensino teórico, abarcando a Bibliografia básica aconselhada,
quer quanto ao Programa das aulas de subturma, traduzindo
o ensino prático. A servir-lhes de proémio, resenhamos algumas
considerações acerca do modo como encaramos os desígnios
do ensino universitário, a especificidade do ensino da Ciência
Jurídica e as exigências próprias da docência da Ciência do
Direito Constitucional.
Na Parte IV debruçamo-nos sobre os métodos do ensino
teórico e prático da disciplina de Direito Constitucional I,
envolvendo a avaliação dos conhecimentos.
A Parte V contém, por fim, uma apreciação global das
questões suscitadas pela regência da disciplina escolhida, fruto
de reflexões contidas neste relatório, mas sobretudo resultado
da experiência da docência de Direito Constitucional I nos dois
últimos anos lectivos.
MARCEih NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

PARTE II

O ENSINO DA C~NCIA DO DIREITO CONSTITU-


CIONAL NA FACULDADE DE DIREITO DA
UNIVERSIDADE DE LISBOA

II.1. 1.ª fase (1913-1952)


Não tem sido homogéneo o relevo e o posicionamento
do ensino da Ciência do Direito Constitucional na Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa, desde a sua instituição
pelo Artigo 7.0 da Lei de 30 de Junho de 1913, em substituição
da Faculdade de Ciências Econ6micas e Políticas, prevista no
Artigo 4.0 da Constituição Universitária, de 19 de Abril de 1911.
Inicialmente, a disciplina anual de Direito Político inte-
grava-se no 1.0 Ano do plano de estudos da licenciatura, tendo
sido publicadas lições policopiadas dos Professores Martinho
Nobre de Melo e Domingos Fezas Vital, adiante integradas
na Bibliografia básica. Não chegou, infelizmente, até n6s qual-
quer texto escrito global correspondente ao ensino de outros
prestigiados constitucionalistas vindos da Faculdade de Direito
de Coimbra para a Escola de Lisboa: os Professores Alberto
Rocha Saraiva (1916) e João Magalhães Collaço (1921-22).
A mesma cadeira anual de Direito Político foi substituída
na reforma de 1928, pela de Direito Constitucional no 1.0 Ano
(Decreto-Lei n. 0 16 044 de 13 de Outubro de 1928). A matéria
leccionada durante cerca de 30 anos abarcava quatro tipos
diversos de temas:
a) uma introdução ao Direito, à definição e classificação
das normas jurídicas;
b) a exposição de diversas concepções filos6ficas acerca
do fundamento do Direito e do Estado e da legitimidade do
poder político;
e) a elaboração conceptual básica no domínio da Ciência
do Direito Constitucional, essencialmente concentrada na cons-
235

trução jurídica do Estado, dos seus fins e funções, bem como


da orgânica do respectivo poder político;
d) o estudo descritivo da organização constitucional por-
tuguesa em face da Constituição de 1911 primeiro, e da Cons-
tituição de 1933 depois.
O pano dt; fundo .filos6.fico prevalecente era o de um Positivismo
Sodol6gico, muitas vezes militante.

II.2. 2.ª fase (195z-1975)

Pela reforma de 1945, aprovada pelo Decreto-Lei n.0 34850,


de 21 de Agosto, foi mantida uma cadeira anual designada
de Direito Constitucional, ainda no 1.0 Ano do Curso Geral.
Do ensino teórico desta disciplina, nos anos que se segui-
ram a 1945, ficaram lições policopiadas dos Professores Marti-
nho Nobre Melo e Fezas Vital, mantendo nos seus traços fun-
damentais as linhas orientadoras da docência de Direito Político
(vidé à frente a Bibliografia básica).
Mas, o essencial da experiência da regência da cadeira
traduzir-se-ia no «Manual de Ciência Política e Direito Cons-
titucional> do Professor Marcello Caetano, que conheceria
seis edições de 1952 até 1972, e serviria de matriz informativa
e formativa para um grupo de docentes da Faculdade e mesmo
de outras escolas superiores, universitárias ou não, como o
actual ISCSP, o Instituto de Serviço Social e o Instituto de
Estudos Sociais.
Um exemplo sugestivo foi o da obra científica do Pro-
fessor Armando Marques Guedes, que projecta a sua formação
sob os auspícios do Professor Marcello Cetano no ensino do
Direito Constitucional e de Ciência Política (ver referências
bibliográficas adiante).
Se a fase anterior representara a abertura ao estudo dog-
mático do Direito Constitucional na Faculdade de Direito de
Lisboa, com particular atenção à actuação jurídica dos órgãos
do poder político do Estado e ao estudo descritivo da Consti-
tuição Portuguesa vigente (aditando-lhes noções de introdu-
236 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

ção ao Direito e vagas referências de Teoria Geral do Estado),


nesta segunda fase, iniciada em termos de obras publicadas em
1952, verifica-se uma mais clara autonomização e alargamento
do âmbito da Ciência do Direito Constitucional.
Ao ensino desenvolvido das funções do Estado é acrescen-
tada uma maior atenção à Constituição, sua génese, revisão
e cessação de vigência.
O estudo da Constituição da República Portuguesa de
1933 é progressivamente ampliado, representando a segunda
parte da docência teórica e acabando por merecer autonomi-
zação no volume que lhe era dedicado {na sequência, aliás,
de edição anterior de uma monografia sobre o tema). Por
seu turno, as aulas práticas ganham maior importância e per-
mitem aprofundar a análise do Direito Constitucional vigente.
Outra inovação desta segunda fase consiste na entrada da
Ciência Política no «eurriculWll» da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa.
Por via indirecta, através da Cadeira de Direito Cons-
titucional, e na linha da escola francesa, ela própria paralela
à Teoria Geral do Estado germânica, a Ciência Política surge
no ensino teórico e nas publicações do Professor Marcello
Caetano. E não se diga que esta orientação decalca o interesse
de constitucionalistas anteriores por ensinamentos de Teoria
Geral do Estado, de raiz francesa e alemã.
A diferença nuclear consiste na clareza da delimitação de
fronteiras científicas. O que na fase anterior era incluído no
estudo do Direito Político, sem precisão rigorosa de objecto
e método, é chamado a iluminar a Ciência do Direito Cons-
titucional, mas com o conhecimento exacto de que se trata de
donúnios diversos, separados pela matéria e pela sua investi-
gação e ensino. A Ciência Política é, assim, devidamente valo-
rada, sem passar, no entanto, de Ciência auxiliar da Ciência
do Direito Constitucional. O ensino do Professor Marcello
Caetano seria, em primeira linha, prosseguido pelo Licenciado
Miguel Galvão Telles, colaborador na última edição do «Ma-
nual» citado e autor de «Lições» policopiadas (vidé à frente),
RELATÔRIO 237

e também pelo Professor Jorge Miranda e pelo Licenciado


Rui Machete.
No plano das concepções filosóficas dominantes vingaria, sob
a influincia do Professor Marcello Caetano, um compromisso cui-
dadoso do Jusnaturalismo assumido com o Positivismo Sociológico
recebido da fase anterior e nem sempre consciencializado. O contri-
buto do Licenciado Miguel Galvão Telles esbateria a componente
jusnaturalista, muito viva na primeira época do ensino publicado
do Professor Marcello Caetano.
No entanto, outros disclpulos do Professor Marcello Caetano,
como o Professor Jorge Miranda e o Licenciado Rui Machete,
colheriam, ainda no final desta fase, boa parte do legado jusnatura-
lista, mantendo-o vivo no seu ensino de Direito Constitucional.
Pelo Decreto n.0 364/72, de 28 de Setembro, o plano
de estudos de Direito é muito substancialmente alterado, atin-
gindo essas modificações a disciplina de Direito Constitucio-
nal, leccionada como cadeira anual do 1.0 Ano por mais de
um quarto de século.
De acordo com a Reforma de 1972, aliás s6 aplicada durante
dois anos lectivos no que a esta matéria respeita, eram criadas
duas disciplinas semestrais no 1 . 0 Ano: Ciência Política e Direito
Constitucional 1 e Ciência Política e Direito Constitucional II.
Por um lado, tentava-se, deste modo, institucionalizar,
deformando-a, a prática do ensino do Professor Marcello Cae-
tano nos vinte anos precedentes.
Por outro lado, e pouco na linha da opção por disciplinas
semestrais, pr6pria do ensino em cursos de Ciências Experi-
mentais e Exactas, cortava-se cerce com a experiência longa
e frutuosa das disciplinas anuais na Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa.
Da conjugação da preferência por disciplinas semestrais
com a junção do ensino da Ciência Política e da Ciência do
Direito Constitucional (o que ultrapassava a prática anterior,
com o risco da confusão de domínios vizinhos mas diferencia-
dos) resultava uma solução complexa e pouco promissora para
qualquer das duas áreas científicas.
RELATORIO 239

e dos Licenciados João Leitão e José Lucas Pascoal (com relevo


para as experiências constitucionais estrangeiras, os debates
ideológico-constitucionais e o processo constituinte portu-
guês, então especialmente polarizador do ensino teórico e
prático). Neste interregno ganham expressão aproximações mar-
xistas no ensino do Direito Constitudonal.

Em resultado do labor da Comissão de Reestruturação da


Faculdade de Direito de Lisboa, o Despacho n.0 237/77, de I I de
Outubro, aprovou um plano de estudos que previa o curso
de Ciência Política no 2 . 0 semestre do r.0 Ano e a cadeira anual
de Direito Constitucional no 2 . 0 Ano.
Leccionámos esta cadeira nos anos de 1977-78, 1978-79,
1979-80 e 1980-81, e devemos sublinhar a convicção de que,
neste ponto, a solução do plano de estudos era correcta, com
a ressalva genérica da inexistência de precedência quanto à
disciplina de Ciência Política. Publicámos em 1979 em livro
boa parte da matéria leccionada em aulas plenárias, depois de o
havermos feito em «Lições• policopiadas, retomadas parcialmente
em 1981 (vidé adiante).
Desta fase são também as «Liçõ~ polic°l~das do Licen-
ciado António Duarte Silva (vidé também a · te).
No entanto, o marco essencial do ensino do Direito Cons-
titucional na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
foi corporizado pelas «Lições. policopiadas e depois pelo itú-
cio da publicação do «Manual de Direito Constitucional. do
Professor Jorge Miranda.
Ele aponta num sentido que passaria a ser o dominante
nesta terceira fase da docência do Direito Constitucional em
Lisboa, depois do prolongamento da segunda fase, de 1972
a 1975, e do interregno de 1975 a 1977: a preocupação cimeira
com a Teoria da Constituição e a elaboração dogmática do
Direito Constitucional. Sem ignorar ou menosprezar o con-
tributo de Ciências Sociais não normativas que estudam o
RELATômo 241

de Ciências Jurídico-Políticas, a começar logo nas disciplinas


introdutórias.
Assim passou a existir uma disciplina de Ciência Política,
no primeiro semestre do I.0 Ano; outra de Direito Constitu-
cional 1, no segundo semestre do I.0 Ano; e uma terceira, de
Direito Constitucional II, no primeiro semestre do 2.0 Ano.
Estas últimas sem delimitação temática, ao contrário do que
acontece, por exemplo, no plano de estudos da Universidade
Católica Portuguesa.
Regemos a disciplina de Direito Constitucional 1 nos anos
lectivos de 1983-84 e 1984- 85, e de Direito Constitucional II
no ano lectivo de 1984- 85.
Do balanço já possível deste novo regime ressaltam vícios
extremamente graves:
a) a divisão artificial da mesma matéria por duas disci-
plinas autónomas;
b) a natureza semestral de ambas, agravada pela sua sepa-
ração em dois anos diversos;
e) a inexistência do sistema de precedência da Ciência
Política quanto a Direito Constitucional 1 e de Direito Cons-
titucional 1 quanto a Direito Constitucional II.

Destes vícios decorrem consequências não menos preo-


cupantes:
a) a necessidade tendencial de deformar a natureza da
disciplina de Ciência Política, colocando-a excessivamente ao
serviço do ensino do Direito Constitucional, assim sacrificando
um domínio a acalentar na Faculdade e transferindo artificial-
mente para a disciplina de Ciência Política matéria que melhor
caberia na de Direito Constitucional;
b) o artificialismo da divisão de matérias entre Direito
Constitucional 1 e Direito Constitucional II;
e) a falta de preparação de muitos alunos em Ciência
Política para ingressarem em Direito Constitucional 1, e o
R. P.D. -XXVD - 16
242 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

mesmo quanto a esta disciplina no acesso a Direito Consti-


tucional II;
d) a quebra própria da transição de ano lectivo, que afecta
seriamente o aproveitamento em Direito Constitucional II,
obrigando a constantes revisões de matérias leccionadas em
Direito Constitucional 1.

Os vícios detectados poderão ser eventualmente atenuados


pela deliberação do Conselho Científico de 31 de Julho de 1985,
reintroduzindo um sistema de precedências e motivaram outra
deliberação anterior do mesmo órgão, destinada a unificar a
avaliação dos conhecimentos das disciplinas de Ciência Polí-
tica e Direito Constitucional 1.
No entanto, a finalidade desta última foi enfrentar pro-
blemas advenientes da paragem do ensino durante um mês e
da sobreposição e do desgaste das actividades de avaliação
final, o que a justifica, mas não a isenta de riscos, quanto à
natureza e especificidade desejável das duas disciplinas.
E, sobretudo, nenhum dos paleativos apontados corrige
o defeito básico, que entronca no plano de estudos e perdu-
rará enquanto não for possível proceder à sua revisão.

II.5. Conclusões
Uma visão final de conjunto dos mais de 70 anos sinteti-
zados autoriza que se extraiam as seguintes conclusões:
a) tr~s fases bem delimitadas assinalam o progressivo relevo
do Direito Constitucional no ensino da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, com destaque para a importancia qualita-
tiva da segunda fase: 1.ª fase - 1913- 1945; 2.ª fase - 1952-1975;
3.ª fase- 1977 em diante;
b) na primeira dessas }ases, prevaleceu a concepção Positi-
vista Sociol6gica; na segunda coexistiram a mesma in.flu~ncia e uma
preocupação de ordem Jusnaturalista; a terceira fase recolheu as
inspirações das anteriores, alargando o leque das concepções .filos6-
.ficas acerca da natureza do Direito e do Estado;
RELATôRtO 243

e) comum às tris fases é a rejeição do Positivismo Normativo;


d) no plano das matérias estudadas, a primeira fase preo-
cupou-se quase exclusivamente com a c.onstrução jurldica do Estado
e o estudo das suas funções, enquanto que a segunda representou a
sistematização global da Ciincia do Direito Constitucional, abrindo
horizontes para o desenvolvimento da Teoria da Constituição que
domina afase actual;
e) a primeira fase, bem como os curtos perfodos de transi-
ção, foram marcados pela produção de «Liçõe.s» policopiadas, veri-
ficando-se na segunda e na terceira fase o aparecimento de cLiçõen
e «Manuain impressos; o do Professor Marcello Caetano dominou
a segunda fase e influenciaria toda uma Escola, que se prolongaria
pela fase actual; o do Professor Jorge Miranda, nascido na sequên-
cia do seu ensino teórico e também da feitura da Constituição de
1976, dá expressão à orientação hoje prevalecente na Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa;
f) assiste-se desde 1976J77 a uma vaga de atracção pelo estudo
do Direito Constitucional, resultante da ruptura na ordem consti-
tucional verificada em 1974, vaga essa que só agora (oito anos depois)
parece esbater-se, e que se tem projectado no acréscim.o do número
de docentes, p6s-graduados e mestrandos estudiosos da disciplina e
ainda na produção e publicação de artigos e trabalhos monográficos,
primeiro em colectânea coordenada pelo Professor Jorge Miranda,
depois autonomamente, por iniciativa que temos tentado estimular;
g) no respeitante às relações entre a Ciincia Polltica e o Di-
reito Constitucional, a primeira fase praticamente ignorava a existin-
cia aut6noma daquela, na linha do estudo htbrido da Teoria Geral
do Estado, ao passo que a segunda as distinguia, associando-as inti-
mamente e a terceira, mantendo essa distinção, tem porém oscilado,
por conveniincias pedagógicas, quanto ao grau de subordinação do
estudo de Ciincia PoUtica relativamente ao do Direito Constitucional;
h) a f 6rmula mais feliz neste dom{nio consistiu na consagra-
ção de uma disciplina de Ciincia Polltica, anterior a uma outra de
Direito Constitucional, aquela no 1.0 Ano, esta no 2.0 Ano;
i) do mesmo modo, a f6rmula mais duradoura e co"ecta de
inserção cu"icular do ensino do Direito Constitucional traduziu-se
244 MAk~ NUNO f>UARTt ~Etô DE SOUSA

na consagração de uma disciplina anual, e não de duas disciplinas


semestrais;
j) dentro desta fórmula, pena foi que não pudesse ser longa-
mente experimentada a integração dessa disciplina anual no 2.0 Ano
(apenas cinco anos lectivos), permitindo mais detida comparação
com a solução de 1945, que a incluía no r. 0 Ano do curso de licen-
ciatura;
1) as soluções menos feliz es foram as da Reforma de 1972 e a
vigente, com o desdobramento do ensino do Direito Constitucional
por dois semestres, sem delimitação temática e com a agravante de
esses semestres se distribuírem por dois anos diferentes a partir de
1982;
m) a influhicia do ensino do Direito Constitucional na Facul-
dade de Direito da Universidade de Lisboa projectar-se-ia logo nos
anos 50 para outras escolas de Ciincias sociais e poUticas e está hoje
viva nas Universidades Católica Portuguesa e Livre;
n) não deixa de ser curiosamente estranho que, tendo a Escola
de Direito Público representado desde sempre (e em particular desde
1952) um dos pecúlios cientl..ficos e pedagógicos da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa, e assistindo-se a uma onda pro-
p{cia à sua consolidação e expansão depois da reestruturação de 1977,
o plano de estudos vigente, em vez de se mostrar sens{vel a estas
realidades, sacrifique, de forma tão gravosa, o frupo de disciplinas
de Ci~ncias jur{dico-Polfticas, e muito em especia o ensino do Direito
Constitucional.
RELATóRIO 24S

PARTE III

PROGRAMA E CONTEÚDOS DA DISCIPLINA


DE DIREITO CONSTITUCIONAL 1

III.1. O ensino universitário e seus objectivos

Não é este o local adequado para desenvolver o tema da


essência e das finalidades da Universidade, e portanto do ensino
universitário.
Trata-se de resto de matéria sobre a qual possuímos ideias
firmes, mesmo que eventualmente não originais, matéria essa
que mereceu a nossa atenção profissional noutro ensejo, antes
mesmo do confronto salutar das ideias com a prática de mais
de uma década de docência universitária.
Nesta ponta final do Século XX, o fun primeiro da Uni-
versidade deve continuar a ser o de formar todos os que a integram,
e em espedal os discentes.
Esta formação, cientifica e humana em geral, supõe a cabal com-
preensão da universalidade dos fen6menos humanos, tomada irre-
versível a partir dos anos 50, e que não é realidade circwiscrita
às Ciências Experimentais e Exactas e às tecnologias mais sofis-
ticadas. O wúversitário é hoje, por definição, um homem
wúversal, como qualquer outro cidadão. E não pode mesmo
deixar de o ser mais ainda do que os demais cidadãos, já em
atenção à wúversalidade do saber científico, já em homenagem
à dimensão cultural que deve completar a mera formação num
específico campo desse saber.
Mas a noção do universal não pode significar o desenra{zamento
da Universidade. Ela representa uma das instituições formativas
nucleares de uma certa sociedade concreta, de que recebe condiciona-
mentos de vária ordem, e sobre a qual intervém, mesmo quando se
imagina distante ou afastada.
O culto do saber científico, a legítima preocupação com a
isenção dos critérios de ensino, de investigação e de progressão
no «cursos honorum» wúversitário não podem querer esquecer
246 lrlARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

ou minimizar que não há conhecimento nem ensino neutros,


tal como não há Universidade situada à margem de uma comu-
nidade nacional, com a sua história, os seus valores, os seus
anseios, os seus desafios e as suas estruturas económicas, sociais,
culturais e políticas. Além de que a formação pretendida deve
envolver a habilitação para o desempenho de tarefas numa
determinada sociedade.
Numa sociedade democrática, a formação universitária, que
sempre envolve valores objecto de transmissão e de debate, é indis-
sociável do respeito pelo pluralismo de opiniões, que resulta da plena
expressão da livre criatividade individual.
É certo que mesmo em sociedades dominadas por regimes
monocráticos e autocráticos, que propendem a impor padrões
de valores exclusivos ou liderantes ao todo social, a Universidade
constitui sempre dos últimos bastões da liberdade de pensa-
mento.
Por maioria de razão, numa sociedade democrática, se
há-de buscar a formação para o pluralismo, para a tolerância da
diversidade de posições filosóficas e ideológicas, para a exercu-
tação da liberdade crítica.
Formação integral de homens, abertos ao universal, mas
conscientes e orgulhosos da sua idiossincrasia nacional, capazes
de saber dar vida ao pluralismo de opiniões e de opções institu-
cionais - este o primeiro desígnio da Universidade, experiente
de muitas crises de crescimento e de um repto essencial: com-
patibilizar a inevitávd e desejável democratização do ensino
com a natureza competitiva e sdectiva, e por isso sadiamente
elitista, que sempre corresponde ao ideal universitário.
Temos falado na formação como fim da Universidade.
Importa precisar que se trata de um fim que respeita a cada um
dos elementos humanos da comunidade universitária, e em particular
a cada aluno.
Apesar da voga que conheceu entre nós, como de resto
já tivera anos antes no estrangeiro, a ideia da aprendizagem e
da avaliação dos conhecimentos colectiva ou em grupo, esba-
tendo a exigência e a apreciação do empenho individual, somos
em crer que a formação universitária é sempre personalizada.
247

E essa personalização não pode quedar-se numa mera abstracção,


antes implica o apelo ao ensino, à apreensão de conhecimentos, à
livre criação e expressão de cada discente.
A salutar solidariedade social e mesmo estudantil aponta
para a superação de discriminações estruturais, condicionantes
do acesso e da frequência universitária, mas não pode servir
de alibi para expedientes que esvaziem de conteúdo o apelo
que a Universidade deve fazer à responsabilização de cada um
e de todos os seus componentes, de per si.
A esta finalidade formativa encontra-se acoplada, embora
subordinada, a .finalidade informativa, que confere ao ensino a
função de meio de transmissão de conhecimentos recolhidos
e elaborados ao longo de muitos séculos, beneficiando do con-
tributo de inúmeras gerações e de sociedades diversificadas
no espaço.
Quer a informação, quer a formação exigem, porém, que a
Universidade seja uma instituição viva, capaz de gerar e ali-
mentar produção científica e aptidão pedagógica.
Por isso, sem investigação cientifica, a Universidade estiola e
mo"e. E sem preparação de docentes, ela torna-se um corpo fechado,
que elabora cientificamente mas não pode nem informar nem formar
as gerações susceptlveis de assegurarem a sua renovação futura.
Resta acrescentar que a própria radicação comunitária da
Universidade a deve obrigar a não se divorciar da sociedade
em que se integra e perante a qual é sempre civicamente res-
ponsável.
Pode ser tentador afastar a Universidade da sociedade
em que se insere, na ilusão errada de que por essa via se abstrai
de condicionamentos de tempo e de modo lesivos da auto-
nomia universitária. Hoje, felizmente, já é genericamente reconhe-
cido que a autonomia da Universidade não a impede, antes a concita
a servir a sociedade, com o labor da investigação pura ou aplicada,
com a disponibilidade dos seus quadros cientl.ficos e docentes, com o
funcionamento das próprias estruturas organizativas.
248 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

ID.2. O Ensino da Ci&cia ]urfdica

O ensino da Ciência Jurídica atende naturalmente à espe-


cificidade do seu objecto, aos diversos momentos ou camadas
do «Jurídico•.
Como já o fizemos anteriormente, distinguimos um
momento estrutural, um momento volitivo, um momento normativo
e um momento axiol6gico.
O momento estrutural ganha expressão na génese e na vigên-
cia do Direito, na influência condicionante das estruturas eco-
n6micas, sociais, culturais e políticas.
O momento volitivo envolve a relevância da criação do
Direito e da sua aplicação como encadeados de actos de vontade,
na dupla acepção de vontade psicol6gica e funcional, e ainda
de que o Direito é fruto de uma relativa livre determinação
humana; não deriva necessariamente das estruturas sociais
clato sensm vigentes, antes pode agir sobre elas e, em qualquer
caso, acarreta uma intermediação voluntária, nomeadamente do
poder político do Estado.
Um terceiro momento é o normativo, que não se confunde
com os momentos estrutural e volitivo. A normatividade do
Direito não lhe advém da influência das estruturas sociais englo-
bantes, nem do seu confronto permanente com elas, embora
possa condicionar a sua vigência. Também não se esgota nos
actos de vontade do poder político do Estado que criam ou
aplicam o Direito. A especificidade do momento normativo
é por uns reconduzida à coercibilidade, por outros à necessi-
dade de regulação jurídica, por terceiros à convergincia da cons-
ci&cia comunitária desta necessidade com as virtualidades do poder
poUtico, posição que perfilhamos.
Um quarto momento é o axiol6gico, que respeita aos valo-
res de que é portador o Direito e que pretendem conformar
a vida social.
O ensino da Ciincia do Direito não pode menosprezar qual-
quer destes quatro momentos, nem o normativo, nem o volitivo, nem
o axiol6gico, nem o estrutural.
RELATõRIO 249

Deve, assim, recorrer ao raciocfnio dedutivo, completando-o


com o indutivo.
Deve assegurar o equillbrio adequado entre o ensino te6rico e
o prático, dando a este tanto maior relevo quanto ele constitua
o meio mais adequado para convidar à análise concreta das
normas jurídicas, à ponderação dos valores a que elas visam
consagrar, à identificação das estruturas condicionantes da sua
génese e vigência.
O ensino da Ciincia e do Direito supõe, por outro lado, a inves-
tigação da mesma, bem como de Ciências Hist6ricas, Políticas,
Económicas e Sociais, cujo estudo deva apoiar o daquela, nos
termos do Artigo r. 0 do Decreto-Lei n.0 364/72, de 28 de Setem-
bro. Também exige a promoção da formação de docentes nesses
dom{nios cientfjicos. Tudo dentro da preocupação de formar
juristas com a preparação científica fundamental para o desem-
penho das tarefas que na sociedade portuguesa lhes são atri-
buídas, designadamente as que correspondem a profissões
jurídicas que requeiram urna formação universitária, de acordo
com o Relatório da Comissão da Reestruturação de 1977,
que tivemos a honra de subscrever e constitui, neste plano
como noutros, um documento ponderado, correcto e actual
relativamente à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

III.3. O ensino da Ciincia do Direito Constitucional

O debate doutrinário acerca do ensino da Ciência do


Direito Constitucional, que tanto apaixonou a doutrina alemã,
e chegou (ou regressou) mais recentemente à francesa (veja-se
as reflexões polémicas de Leo Hamon, Michel Miaille e
Michel Troper na «Revue de Droit Publie», n. 0 2-1984, pági-
nas 263 e seguintes) tem suscitado um «mare magnum» de
questões :
- a clareza da distinção entre o Direito Constitucional e
a Ciência do Direito Constitucional;
- a diferenciação entre a Ciência do Direito Constitu-
RELA'l'ÕRIO 251

qual a conceptualização passará à margem do objecto e


de ensino;
e) também as mesmas realidades justificam o compromisso
metodol6gico indutivo-dedutivo numa dialéctica criativa, que
não anula a Teoria Constitucional na análise das Jam{lias,
sulifam{lias ou ordenamentos concretos poUtico-constitucio-
nais, mas supõe esta análise;
f) a Cibicia do Direito Constitucional, se não pode ignorar
o momento axiol6gico, também não deve divorciar-se dos
ju{zos «de jure condendo», essa segunda dimensão da nor-
matividade deste ramo do saber jur{dico;
g) bem fincada na sua autonomia de objecto e métodos, a
Ciência do Direito Constitucional não deve temer a inves-
tigação e o ensino de disciplinas complementares ou auxi-
liares, nem a aproximação a Ciências Sociais não norma-
tivas, que tenham por objecto realidade vizinha ou con-
dicionante daquela que representa o seu dom{nio de eleição.

IIl.4. A Disciplina de Direito Constitucional I e as suas relações


com outras disciplinas do plano de estudos da licenciatura

Delineadas as considerações prévias acerca do ensino uni-


versitário da Ciência Jurídica e em especial da Ciência do Direito
Constitucional, cumpre relacionar a disciplina escolhida com
algum.as outras do plano de estudos vigentes, sempre na 6ptica
do objectivo do presente Relatório.
Antes do mais, há que frisar a unidade sistemática de todo
o curso de Direito, bem como as necessárias interdependências
entre Direito Constitucional 1 e diversas outras disciplinas do
«eurriculum escolar», mesmo pertencentes a outros grupos que
não o de Ciências J urídico-Políticas. Assim, na vertente do
Plano de Curso, frequentes vezes haverá que recorrer a remis-
sões para a disciplina de Introdução ao Estudo do Direito, e,
na vertente dos métodos, as noções básicas relativas ao ensino
e ao estudo do Direito Constitucional podem e devem servir
de prólogo a outras disciplinas de anos posteriores.
MLATÔRiô 2S3

A terceira f6rmula garante a autonomia cu"icular do estudo


da Ci~ncia Política e de parte essencial dos conteúdos da respectiva
disciplina, permitindo neles incluir, no entanto, as matérias prévias
fundamentais para Direito Constitucional I.
Nestes termos, no Plano de Curso de Ciência Política
obedecem à finalidade do estudo autónomo daquela ciência
o destaque à análise do seu objecto e métodos, a digressão
pormenorizada pela História das Ideias Políticas, o aprofun-
damento da Teoria Geral do Estado, o estudo dos regimes
económicos, dos regimes políticos, dos sistemas de governo,
dos sistemas eleitorais e dos sistemas partidários e a apreciação
das diversas estruturas políticas, com relevo para os partidos
políticos e para os grupos de interesses. Estes tópicos são desen-
volvidos na segunda parte do Programa das aulas de subturma
de Ciência Política.
A disciplina de Direito Constitucional 1 interessam, em
especial, alguns conceitos essenciais da Teoria Geral do Estado,
como os concernentes aos elementos definidores do Estado,
aos fins e funções do Estado, à organização do poder político,
aos regimes políticos e aos sistemas de governo.
Também lhe importa o cuidadoso exame das experiên-
cias político-constitucionais consideradas paradigmáticas de
vários tipos de regimes políticos e sistemas de governo, exame
esse que preenche a primeira parte do Programa das aulas
de subturma da disciplina de Ciência Política.
Estes dados básicos são suficientes para facilitar o esboço
de Direito Comparado introdutório a Direito Constitucional 1
e para proporcionar o acesso à matéria das funções do Estado
e da organi:zação do poder político, já de uma perspectiva
jurídica, na disciplina que nos ocupa.
Não cremos ser aconselhável levar mais longe do que
estas interdependências as relações entre as duas disciplinas.
Por fim, uma criteriosa selecção de matérias tem de ser efectuada
para circunscrever o que deve ser ensinado em Direito Constitucio-
nal I e o que fica a constituir temática de estudo em Direito Cons-
titucional II.
254 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

Nos seus traços gerais, a fronteira que se exporá é aquela


que foi adoptada nos dois últimos anos lectivos, em confor-
midade com a coordenação de regências, a cargo do Professor
Jorge Miranda. Num ou noutro ponto, todavia, introduzimos
pequenas alterações, sobretudo aditamentos.
Na disciplina de Direito Constitucional I devem ser incluí-
das todas as noções introdutórias à Ciência do Direito Consti-
tucional, seu objecto e métodos; os traços essenciais da História
Político-Constitucional em geral e portuguesa em especial; a
definição, classificações, concepções sobre a natureza, a génese
e as vicissitudes da Constituição, bem como a relevância das
respectivas normas, princípios e preâmbulo ; os fins e funções do
Estado em geral e a função legislativa e respectivo processo
em particular.
O ensino teórico destas matérias deve ser acompanhado
do ensino prático das Leis Fundamentais do Constitucionalismo
Português Moderno e Contemporâneo e da análise das dispo-
sições constitucionais vigentes relativas aos Princípios Funda-
mentais, aos Princípios Gerais respeitantes aos Direitos e Deveres
Fundamentais, à Organização do Poder Político e às Disposi-
ções Finais e Transitórias.
Em contrapartida, fica remetido para a disciplina de Direito
Constitucional II o ensino desenvolvido da formação, modifi-
cação e cessação da vigência da Constituição e da sua garantia,
envolvendo a fiscalização do respectivo acatamento e o estudo
teórico dos Direitos Fundamentais.
O ensino prático correspondente deve concentrar-se na
análise das disposições constitucionais vigentes reguladoras
daqueles temas, bem como na apreciação da Lei sobre a orga-
nização, o funcionamento e o processo do Tribunal Consti-
tucional.
Ainda que se trate de matérias sujeitas a aprofundamento
em Direito Constitucional II, temos optado por incluir no
Plano de Curso de Direito Constitucional I uma introdução
à problemática do poder constituinte e do poder da revisão
constitucional, respectivos limites e sua relevância e à garantia
da Constituição, com especial destaque para noções essenciais
RELATÕRIO 2SS

de inconstitucionalidade, seus tipos, vícios, valor dos actos


inconstitucionais e sistemas de fiscalização. O regime corre-
lativo do Direito Português vigente é, em conformidade, adi-
tado às matérias do Programa das aulas de subturma.
Apesar da eventual sobreposição parcial de âmbitos de estudo,
parece-nos essencial aquela inclusão, visto tratar-se de facetas indis-
sociáveis de qualquer introdução à Cibicia do Direito Constitucional.
Acresce que eles dão o quadro dentro do qual se insere o
estudo da função legislativa do Estado e estabelecem uma
ligação material mais íntima entre duas disciplinas, já de si
fruto de uma divisão não explicitada e separadas pela transição
de ano no curso geral de Direito.
Talvez aquele alargamento, que temos testado com rela-
tivo êxito, sobrecarregue a disciplina de Direito Constitu-
cional 1.
Preferimos correr este risco, mantendo menos mutilada
a matéria própria de uma disciplina, que é a primeira de natu-
reza jurídica de todo o 3.0 grupo, a avançarmos para conceitos
ou referências de direito positivo de menor compreensão na
ignorância ou no adiamento de conceitos ou regimes jurídico-
-constitucionais que lhes são logicamente prévios.
Na impossibilidade de obviar às mais graves consequencias do
plano de estudos vigente, procedemos, deste modo, à minimização
de alguns dos seus sacrij{cios cient{jicos e pedag6gicos para os alunos
recém-ingressados no ensino universitário.

IIl.5. O Plano de Curso adoptado no ensino te6rico (programa e


conteúdos)

É à luz das considerações expendidas que tem sentido


passar a apresentar o Plano de Curso de Direito Constitucional I,
integrando o programa e os respectivos conteúdos, com o
desenvolvimento que se afigura adequado a um Relatório
desta natureza.
Pareceu aconselhável ultrapassar o carácter sintético de
meros «SumárioS), que pouco esclareceriam acerca da matéria
256 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

efectivamente leccionada e das posições nela assumidas pelo


regente.
Por outro lado, optou-se por sublinhar certas relações
mais íntimas entre determinadas partes do Plano de Curso,
bem como por referir pontualmente todas questões que supõem
uma remissão para matérias lá leccionadas na disciplina de
Ciência Política ou a leccionar na disciplina de Direito Cons-
titucional II.
Finalmente, inclui-se a Bibliografia básica, constituída por
mais de duzentos títulos nacionais e estrangeiros, suficientes
para permitir o acompanhamento global da matéria, com
liberdade de escolha dos alunos, sem embargo da indicação
ulterior da Bibliografia especializada para cada uma das Partes
e dos respectivos Capítulos.
É o seguinte o Plano de Curso adaptado em Direito Cons-
titucional 1:

PLANO DE CURSO

PARTE 1
INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO I

O facto político e o Direito

I. I. O facto político - definição - todo o facto social


relacionado com o acesso à titularidade, o exercício e o controlo
do poder político (chamada à colação da definição e seus ele-
mentos, estudados na disciplina de Ciência Política).
I.2. O poder político como modalidade do poder carac-
terizado pela coercibilidade e distinção de outros tipos de poder
social (idêntica consideração de conhecimentos de Ciência
Política).
RELAT<iRIO 257

r.3. O facto político como realidade mais ampla do que


o facto relacionado com o poder político do Estado (remissão
para dados de Ciência Política).
I .4. O facto e o Direito - razão de ser da existência
de normas jurídicas disciplinadoras do facto político, quer do
facto estadual, quer do infra-estadual, quer ainda do supra-
-estadual. Exemplos.
r.5. Definição do Direito Público como conjwito de
normas jurídicas reguladoras do facto político.

CAPÍTULO 2

O Estado e o Direito Constitucional

2. r. O facto político e o Direito Constitucional - pri-


meira abordagem: o Direito Constitucional como conjunto
de normas jurídicas que regulam os factos concernentes à defi-
nição dos elementos do Estado e respectivos fins e funções,
bem como ao acesso, titularidade, exercício e controlo do
respectivo poder político.
2.2. Definição de Estado como colectividade fixa num
determinado território que nele institui, por autoridade pró-
pria, um poder político relativamente autónomo; elementos
do Estado-povo, território, poder político; distinção de outras
acepções de Estado - como poder político, como Estado-
-Adnúnistração, como colectividade que instaura um poder
político soberano (remissão para o estudo da Ciência Política).
2.3. O Direito Constitucional reportado ao conceito de
Estado-Colectividade e englobando também normas jurídicas
resl?e~tantes às respectivas estruturas - políticas, económicas e
SOClalS.

2.4. Restrição da definição de Direito Constitucional


apenas às normas jurídicas fundamentais que regulam as matérias
discriminadas em 2. I e 2. 3.
R..P. D.-XXVD-17
258 MARCElo NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

2.5. Inclusão nessa definição de normas jurídicas que não


respeitam directamente a factos políticos estaduais, mas que
visam garantir o acatamento das inseridas em 2.r. e 2.3. e,
por esse motivo, assumem particular relevância - são as nor-
mas que consagram o sistema de fiscalização da constituciona-
lidade da actuação do poder político do Estado.
2.6. O Direito Constitucional é assim definido substan-
cialmente, pelo conteúdo das respectivas normas.
2.7. O Direito Constitucional como espécie do género
Direito Político - não abarcando as suas normas matérias
relativas a factos políticos não estaduais a não ser na medida
em que importem ao pr6prio Estado.

CAPITULO 3
O Direito Constitucional e outros ramos do Direito

3. r. A distinção entre Direito Público e Direito Privado


- sua crise e ultrapassagem.
. 3.2 O Direito Constitucional como exemplo da mencio-
nada crise pelo alargamento das estruturas do Estado-Colec-
tividade.
3.3. Rejeição da visão globalista extrema do Direito
Constitucional, integrando as normas jurídicas fundamentais de
todos os ramos do Direito.
3.4. O Direito Constitucional e o Direito Administrativo.
3.5. O Direito Constitucional e o Direito Econ6mico.
3.6. O Direito Constitucional e o Direito Financeiro.
3.7. O Direito Constitucional e o Direito Fiscal.
3.8. O Direito Constitucional e o Direito ln.tem.acional
Público.
3.9. O Direito Constitucional e o Direito Criminal.
3.ro. O Direito Constitucional e o Direito Processual.
3.rr. O Direito Constitucional e outros ramos do Direito.
BELATÕBIO 259

CAPITULO 4
O Direito Constitucional e a Ciência do
Direito Constitucional

4.1. O Direito Constitucional e a Ciência que o tem por


objecto material.
4.2. .4 Ciência do Direito Constitucional como espécie do
género Ciência do Direito.
4. 3. A Ciência do Direito Constitucional como Ciência
humana social normativa; normativa pelo objecto material e
normativa também pelo objecto formal ou método.
4.4. O objecto formal ou método da Ciência do Direito
Gonstitucional - o debate entre a relevância dos valores e a dos
conceitos e entre uma visão predominantemente empirista e
indutiva e uma visão lógico-dedutiva; o método tópico e sua
crítica; síntese (evocação de dados de Introdução ao Estudo do
Direito e remissão para o tratamento das diferentes concepções
acerca da natureza da Constituição).
4.5. A Ciência do Direito Constitucional e o enriqueci-
mento proporcionado pelo estudo de outros donúnios da Ciência
Jurídica, nomeadamente da Ciência do Direito Comparado.
4.6. A Ciência do Direito Constitucional e aportação da
Ciência Política (chamada de atenção para a matéria anterior-
mente estudada).
4.7. A Ciência do Direito Constitucional e o contributo da
Filosofia do Direito e do Estado.
4.8. A Ciência do Direito Constitucional e os dados da
História Política e da Sociologia Política.

CAPÍTULO 5
A importância teórica e prática do Estudo
do Direito Constitucional

5.I. A compreensão do que são o Estado e a Política na sua


dimensão institucional.
260 MARCELO NUNO DUARTE <
REBELO DE SOUSA

5.2. A percepção da norma jurídica na sua relação com o


mundo do ser, a começar nas realidades orgânicas que a criam e
aplicam.
5.3. A criação de esquemas conceptuais necessários para
compreender a essência do Jurídico e para abrir caminho
ao estudo de ramos mais próximos, como os enunciados em
3.4. a 3.10.
5.4. A noção de que esses esquemas conceptuais são tanto
ou mais do que noutro ramo jurídico testados pela prática social.
5.5. O conhecimento das instituições jurídico-políticas que
vigoram na nossa ordem constitucionah
5.6. A relativização dessas ins.tituições, poi: comparação
com instituições alheias.
5.7. A formação cívica adveniente da valoração do
Direito Constitucional e da implementação dos mecanismos da
sua garantia.

PARTE II

A HISTÓRIA POLÍTICO-CONSTI'(UCIONAL
SUAS COORDENADAS ESSENCIAIS

CAPÍTULO 1

A História político-Constitucional e,m geral

I.I. A experiência político-constitucional britânica (síntese


das conclusões do estudo efectuado na disciplina de Ciência
Política).
1.2. A experiência político-constitucional francesa (síntese
baseada no estudo efectuado na disciplina de Ciência Política).
I. 3. A experiência político-constitucional norte-americana
(síntese, recolhendo dados do estudo da Ciência.Política).
RELATÕRIO 261

1.4. A experiência polític<?-<:onstitucional soviética (síntese,


fundada no estudo realizado em Ciência Política). ·
1.5. Outras experiências político-consti~cionais e suas
lições (também síntese dos estudos de Ciência Política).
1 .6. Famílias de Direito Constitucional - explicação su-
mária da importância do agrupamento em fanúlias no Direito
Comparado; diversos critérios adoptados. Critério perfilhado
- o do regime[olítico e o do regime econ6mico; distinção entre
o Estado Socia de Direito, o Estado de inspiração fascista e o
Estado 'auto-qualificado de Legalidade Socialista (remissão para o
estudo encetado na disciplina de Ciência Política).
1.7. Sub-famílias dentro do Estado Social de Direito - o
critério do sistema de governo Britânico; a sub-família Britânica;
a sub-fànúlia norte-americana e a sub-família francesa - a sua
definição.

CAPÍTULO 2

A Hiitória Político-Constitucional portuguesa

2.1~ O Constitucionalismo Liberal - 1S22-1926 ;.___ suas


características.
2.1.1. O Constitucionalismo Liberal oitocentista: a Consti-
tuiçío de 1822, a Carta Constitucional de 1826 e revisões e a
Constituição de 1838 - princípios fundamentais.
2.1.2. A prática político-constitucional de 1822ª· 1910.
2.1.3. O Constitucionalismo liberal no século XX: a Cons-
tituição de 1911 e revisões - princípios fundamentais.
2.r.4. A prática político-constitucional de 1910 a 1926.
2.1.5. Fases excepcionais de Constitucionalismo autocrático
(nomeadamente as ditaduras de João Franco, Pimenta de Castro e
de Sidónio Pais).
2 .2 . O Constitucionalismo Anti-Liberal, Anti-Democrá-
tico e Anti-Parlamentar.
2.2.r. A Constituição de 1933 e suas revisões - princípios
ÍUJldamentais.
262 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

2.2.2. A prática político-constitucional de 1926 a 1974·


2.3. A Constituição da República Portuguesa em vigor.
2.3.I. Antecedentes próximos - 1974 - 1975: Legislação
Constitucional Transitória e respectiva prática político-cons-
titucional.
2.3.2. Os princípios fundamentais - sua enumeração e
regime constitucional.
2.3.2.I. Os Princípios do regime político democrático, do
regime económico de transição para o socialismo, da indepen-
dência nacional, da unidade do Estado e da integridade do
território, da fiscalização da constitucionalidade por acção ou por
omissão de normas jurídicas e da rigidez quanto ao exercício do
poder de revisão constitucional.
2.3.2.2. Sub-princípios do princípio do regime político
democrático: consagração e garantia dos direitos fundamentais;
pluralismo de expressão e organização política incluindo partidos
políticos, e o direito de oposição democrática; designação dos
governantes por sufrágio universal, directo e secreto, adoptando o
modo de escrutínio de representação proporcional, separação e
interdependência dos órgãos de soberania; independência dos
órgãos de soberania; independência dos tribunais; si#ema de
governo semipresidencialista; forma republicana de governo;
separação dos órgãos de Estado; autonomia político-administra-
tiva das regiões dos Açores e da Madeira; autonomia adminis-
trativa do poder local; constitucionalidade e legalidade da
Administração Pública.
2.3.2.3. O conceito de Estado Democrático e sua com-
paração com o de Estado Social de Direito.
2.3.3. A revisão constitucional de 1982 - o processo e
principais alterações.
2.3.4. A prática político-constitucional de 1976 a 1985 e sua
incidência no regime político, no regime económico, no sistema
de governo nacional e no sistema de governo das regiões
autónomas e das autarquias locais.
2.4. Breve síntese das lições da História Político-Constitu-
cional portuguesa.
RELATõRIO 263

PARTE III
A CONSTITUIÇÃO COMO FENÓMENO JUR.ÍDICO

CAPÍTULO 1

Constituição - definição e classificações

I.I. O Direito Constitucional definido em termos substan-


ciais, tal como foi efectuado supra na Parte I Capítulo 2 - a
Constituição Material ou em sentido material.
I .2. Outras acepções de Constituição: Constituição Formal
e Constituição Instrumental. Para alguns autores, também a
Constituição Institucional - crítica de relevância deste conceito,
que não é diverso da respeitante ao conceito de Constituição
Material, que abarca a definição dos traços jurídicos essenciais da
instituição estadual.
1.3. Constituição Formal ou Constituição em sentido
formal - conjunto de normas jurídicas escritas, provenientes de
certos 6rgãos e elaboradas de acordo com um processo específico,
uns e outro qualificados de constitucionais, sendo ambos ou pelo
menos o processo diverso do legislativo ordinário. Exemplos.
1.4. Constituição Instrumental ou em sentido instrumen-
tal - texto único em que se compendiam as normas formalmente
constitucionais. Exemplos.
1.5. Relações entre os três conceitos - sua não sobre-
posição. Exemplos de normas materialmente constitucionais que
o não são formalmente (normas não escritas e normas constantes
de lei ordinária).
Exemplos de normas formalmente constitucionais que o não
são materialmente, por não regularem matéria acima discrimi-
nada. Exemplos de normas formalmente constitucionais avulsas,
que não integram uma Constituição Instrumental.
i.6. Relevância primária da Constituição Material - influ-
ência na própria Constituição Formal, imposição de limites ao
exerdcio do poder de revisão constitucional.
264 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

1.7. Relevância crescente da Constituição Formal - fenó-


meno histórico, especificidade do processo de elaboração e de
revisão, conceito de referência para o efeito de fiscalização da
constitucionalidade.
1.8. Classificações das Constituições - o critério da rele-
vância das fontes formais: Sistemas Essencialmente Consuetu-
dinários, Sistemas Semi-Consuetudinários e Sistemas Subsi-
diariamente Consuetudinários. Admissão genérica da relevância
do costume e rejeição da distinção bipartida entre Constitui-
ção escrita e Constituição Consuetudinária.
Costume secundum legem, praeter legem e contra legem.
Exemplos.
1.9. O critério da relevância da prática constitucional:
Constituição Normativa, Constituição Nominal e Constituição
Semântica.
1.10. O critério de limites materiais, temporais ou for-
mais ao exercício do poder de revisão constitucional: Consti-
tuição rígida e Constituição flexível.
Primeira aproximação àqueles tipos de limites, bem como
aos limites circunstanciais, classicamente considerados irrele-
vantes &:; esta classificação, mas que no fundo funcionam
como · ·tes materiais implícitos.
Antecedentes históricos da classificação e razões da rejei-
ção do critério da mera aposição de limites formais ao exercício
da revisão constitucional. Recusa do conceito de Constituição
Semi-Rígida. Exemplos.
1.11. Outras classificações das Constituições.

CAPÍTULO 2

Concepções acerca da natureza da Constituição


2.1.A visão Jusnaturalista da Constituição no Estado
Liberal de Direito - história e fundamentos.
2.2. A reacção do Positivismo Normativo no Estado
Liberal de Legalidade - história e principais postulados.
RELATÓRIO 26S

2.3. A expressão extrema do Positivismo Normativo- o


Positivismo Metodológico ou Teoria Pura do Direito.
2.4. A crise do Positivismo Normativo - no plano dos
factos e das ideias. A relativização dos dogmas da universali-
dade e da intemporalidade das primeiras Constituições liberais.
2.5. Concepções críticas do Positivismo Normativo - o
Historicismo, o Positivismo Sociológico, o Institucionalismo
e o Decisionismo.
2.6. As concepções Marxistas da Constituição - em
Estado dotado de regime económico capitalista (Constituição
como realidade superestrutural, que dá expressão ao domínio da
classe detentora da propriedade dos principais meios de pro-
dução); em Estado com regime económico que se reclama do
socialismo (Constituição-balanço e Constituição-programa).
2.7. Outras concepções contemporâneas acerca da natu-
reza da Constituição - o Neo-Jusnaturalismo, a Filosofia dos
Valores, o Neo-Positivismo, o Estruturalismo-História e fun-
damentos.
2.8. Posição adoptada - uma visão estruturalista. Dimen-
são axiológica, dimensão estrutural, dimensão volitiva e dimen-
são normativa da Constituição.
A dimensão estrutural e a sua relevância na génese e na
vigência da Constituição.

CAPÍTULO 3
Formação da Constituição

3.r. A génese constitucional e o Poder Constituinte.


3.2. O Poder Constituinte-definição. O Poder Cons-
tituinte «lato sensU» (abarcando a criação de normas constitu-
cionais costumeiras) e o Poder Constituinte .strictu sensm
(reportado apenas à elaboração de normas constitucionais
escritas).
ULATÕBIO 267

Constituição da República em vigor: soberania popular;


forma democrática representativa (rejeição das teses da origem
jurídica pactícia); conteúdo inicial democrático, com entorses
(enumeração e explicação) substancialmente afastadas pela
primeira revisão constitucional (remissão de ulterior desenvol-
vimento deste Capítulo na disciplina de Direito Constitu-
cional II).

CAPÍTULO 4
Vigência da Constituição - suas vicissitudes

4. 1. Vigência da Constituição e referência genérica aos


vários tipos de vicissitudes que pode experimentar (remissão
do tratamento desenvolvido para a disciplina de Direito Cons-
titucional II).
4.2. A revisão constitucional como vicissitude mais rele-
vante, a merecer um estudo prévio.
4.3 . O Poder de Revisão Constitucional-definição.
4.4. O Poder de Revisão Constitucional como repor-
tado à alteração de normas escritas e formalmente constitucio-
nais. Aplicação da distinção entre Poder Constituinte Material
e Poder Constituinte Formal ao Poder de Revisão Consti-
tucional.
4.5. Natureza do Poder de Revisão Constitucional e sua
relação com o Poder Constituinte - teses da identidade quali-
tativa (o Poder de Revisão Constitucional como Poder Cons-
tituinte Derivado, apenas porque superveniente) e teses da sua
subordinação qualitativa (o Poder de Revisão Constitucional
não é um Poder Constituinte). Opção por estas últimas-jus-
tificação.
4.6. Limites ao exercício do Poder de Revisão Consti-
tucional - definição, história e tipos (evocação da matéria
enunciada supra, no ponto 1.10. do Capítulo 1 da Parte 3).
4. 7. Limites formais - definição (em rigor abarcam limi-
tes diversos formais e orgânicos ao exercício do Poder de Revi-
268 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

são Constitucional). Limites orgânicos, uns porque concernen-


tes ao órgão competente para tal exercício (órgão diverso dos
legislativos ordinários; exigência de renovaçã'o da sua compo-
sição; integração do órgão legislativo ordinário em órgão mais
amplo competente para o efeito de revisão constitucional;
exigência da participação de terceiros órgãos para além do
primariamente competente para aprovação da revisão - como
os poderes políticos dos Estados Federados numa Federação - ;
previsão de referendo obrigatório ou facultativo, ou ainda de
plebiscito; regime particular em matéria de sanção, promul-
gação e referenda). Limites relativos à forma outros incluindo
o processo ou formalidades (restrições de sujeitos ou de prazo
à iniciativa legislativa em matéria constitucional; exigências
acrescidas de consulta prévia; necessidade de decurso de deter-
minados prazos; imposição de maiorias qualificadas de grau
diverso; condicionamentos de ordem sistemática, quer quanto
à harmonização das diversas alterações constitucionais, quer
quanto à sua inserção no texto constitucional e especificidades
quanto à publicação e entrada em vigor). Exemplos.
4.8. Limites temporais - definição. Prazos requeridos.
Revisão Constitucional ordinária e Revisão Constitucional
extraordinária (distinção entre a exigência de maiorias quali-
ficadas para a antecipação de revisão constitucional como
limite temporal e a exigência de maiorias qualificadas para a
aprovação da revisão corutitucional como limite formal).
Exemplos.
4.9. Limites materiais - definição. Limites materiais meta-
-positivos e limites imanentes. Limites textuais explícité>s e
implícitos. Principais modalidades de limites materiais tex-
tuais - o regime político ou algumas das suas características;
o regime económico ou algumas das suas componentes; a
forma de governo; a forma de Estado. Exemplos.
4.10 Limites circunstanciais - definição. Breve alusão · às
situações de anormalidade constitucional que os podem justi-
ficar (remissão para desenvolvimento ulterior na disciplina
de Diieito Çonstiwcional II).
RELATÓRIO 269

4.11. Diferenciação de fundamentos entre os limites que


visam garantir a rigidez da Constituição Formal (formais e
temporais), os limites que pretendem salvaguardar a rigidez
da Constituição Material (materiais) e os que apontam para a
libei:dade física e psíquica no exercício do Poder de Revisão
Constitucional (circunstanciais), mas no fundo são limites mate-
riais. textuais implícitos.
4.12. Fiscalização do acatamento destes limites -fisca-
~ção preventiva e fis~apo suces~iv.a (noções. in~odut6-
nas, a desenvolver na disciplina de Direito Constttucional II).
4.13 . Relevância dos limites antes enumerados. Teses
da irrelevância jurídica, da relevância relativa e da relevância
absoluta - argumentos favoráveis e críticos. Posição pessoal -
a questão é normalmente reduzida à relevância dos limites
materiais; a solução depende da posição tomada sobre a natu-
reza do Poder de Revisão Coft.stitucional; opção pela sua
D.íltureza de poder subordinado ao Poder Constituinte e con-
sequente rejeição das teses da irrelevância jurídica dos limites
ao seu exercício ; distinção entre os limites que garantem a
Constituição Formal, dotados de relevância jurídica relativa e
os limites que asseguram a Constituição Material, dotados de
relevância jurídica absoluta; a relevância dos limites como
respeitantes a pripcípios e não a disposições concretas e como
limites mínimos e não máximos.
4. 14. Os limites ao exercício do poder de revisão cons-
titucional na História Pqlítico-Constitucional portuguesa.
4.15. A questão na Constituição da República Portu-
guesa vigente - posições doutrinárias anteriores à revisão cons-
titucional; o significado da revisão (afastamento prático das
teses da irrelevância jurídica dos limites em geral e da relevância
relativa dos limites materiais em particular) situação presente
nó plano doutrinário (remissão do desenvolvimento desta maté-
ria para a disciplina de Direito Constitucional II).
210 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

CAPÍTULO 5
Cessação da vigência da Constituição
5.r. Noções básicas sobre a cessação da vigência da
Constituição (mera introdução a uma matéria que será ulterior-
mente desenvolvida na disciplina de Direito Constitucional 11).
5 .2. Revogação expressa e implícita de normas constitu-
cionais. Exemplos.
5.3. Caducidade de normas constitucionais. Exemplos.
5.4. Ruptura na ordem constitucional. Exemplos.
5.5. Distinção entre ruptura na ordem constitucional e
rurtura constitucional. Exemplos. Auto-ruptura constitucio-
na . Exemplos.
5.6. Desconstitucionalização de normas jurídicas. Exem-
plos. •
5.7. A aplicação das normas constitucionais no tempo
no Direito Constitucional Português vigente. Exemplos e intro-
dução a um domínio, que será retomado na disciplina de Direito
Constitucional II).
5.8. As rupturas na ordem constitucional na História
Político-Constitucional portuguesa (repescagem de conheci-
mentos recolhidos do estudo efectuado no Capítulo 2 Parte II).

CAPÍTULO 6
Normas e Princípios Constitucionais
6.I. A Constituição e os diversos tipos de normas cons-
titucionais - razão de ser das classificações efectuadas.
6.2. Classificações realizadas de acordo com critérios
aplicáveis às normas jurídicas em geral. O critério da estru-
tura das normas: normas primárias e normas secundárias ou
sancionat6rias; normas imperativas e normas facultativas, per-
missivas ou atributivas; normas preceptivas e normativas;
normas de regulamentação e normas qualificativas ou técnicas.
kELA'l'ótltO 2.71

Exemplos (conjugação com conhecimentos entretanto adqui-


ridos na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito).
6.3. O critério das relações entre normas jurídicas: nor-
mas gerais e normas especiais; normas gerais e normas excep-
cionais; normas materiais e normas remissivas. Exemplos
(idêntica conjugação com elementos da aprendizagem em
Introdução ao Estudo do Direito).
6.4. Classificações específicas do donúnio do Direito
Constitucional. O critério do objecto : normas substantivas e
normas adjectivas ou de garantia; normas substantivas materiais
ou de fundo, normas orgânicas ou de competência e normas
processuais ou de forma; normas materiais definidoras dos
fins de Estado, normas materiais relativas à estrutura do Estado
e normas materiais respeitantes a direitos fundamentais; nor-
mas orgânicas cstricto sensm e normas de competência cstricto
sensU»; normas de forma respeitantes ao processo de revisão
constitucional e normas de forma relativas aos processos de
actuação dos órgãos constituídos. Exemplos.
6.5. O critério da eficácia. Classificação corrente das
normas constitucionais em normas preceptivas e programá-
ticas. Os sub-critérios da abstracção, da incompletude e dos
destinatários. Classificação proposta: normas exequíveis por
si próprias e normas não exequíveis por si próprias, que {?Odem
ser preceptivas ou programáticas. Exemplos.
6.6. Princípios Constitucionais - evolução histórica do
conceito e sua definição; importância que assumem na actua-
lidade (relacionação com as concepções acerca da natureza
da Constituição, estudadas no Capítulo 2 desta Parte III).
6.7. Tipos de Princípios Constitucionais: Os princípios
jurídicos essenciais de um sistema constitucional e os princípios
políticos jurídicos essenciais de um sistema constitucional e
os princípios políticos constitucionalmente conformadores.
Exemplos.
6.8. A relevância jurídica dos Princípios Constitucionais.
As teses da irrelevância jurídica, da relevância jurídica indirecta
272 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

e da relevância. jurídica plena. Opção por esta última tese e


justificação. Exemplos.
6.9. Princípios Constitucionais e Princípios Fundamen-
tais - distinção. Relevância jurídica acrescida dos Princípios
Fundamentais no domínio da revisão constitucional. Exem-
plos (remissão para o estudo dos limites materiais ao exercício
do Poder de Revisão Constitucional efectuado no Capítulo 4
desta Parte III).
6.10. O Preâmbulo Constitucional- evolução histórica
e significado presente.
6.n. A relevância do Preâmbulo Constitucional. As
teses da definição da relevância em concreto e em abstracto, e
dentro destas as teses da mera relevância política, da desconsti-
tucionalização dos Preâmbulos, da relevância jurídica indirecta
e da relevância jurídica plena. Opção pela tese da definição em
abstracto e da relevância jurídica jurídica indirecta - para
efeito de interpretação e integração de lacunas das normas
constitucionais ou de consagração de Princípios Constitucionais.
Exemplos.

PARTE IV
FINS E FUNÇÕES DO ESTADO

CAPÍTULO I
Fins e funções do Estado

I. I.A Constituição e os fins do Estado (na acepção de


Estado-Colectividade). Os fins do Estado como objectivos
prosseguindo pelo poder político do Estado.
I .2. Os fins do Estado - segurança, justiça e bem estar
económico e social. Relações entre a prossecução destes fins
e a evolução histórica dos vários tipos de Estado: o Estado
Liberal, a segurança e a justiça comutativa; o Estado Social e o
RELA'l'ÓRIO 273

Estado auto-qualificado de Legalidade Socialista, a justiça dis-


tributiva e o bem-estar económico e social.
Exemplos (referência a matéria já estudada na disciplina
de Ciência Política).
r.3. Os fins do Estado na Constituição da República
Portuguesa vigente.
1.4. As funções do Estado, como actividades desenvol-
vidas pelos órgãos do poder político do Estado, tendo em vista
a realização dos objectivos que se lhes encontram constitucio-
nalmente cometidos. Definição e características das funções
do Estado.
r. Teorias da Separação e da Divisão de Poderes - sua
evolução histórica e formulação contemporânea. A Divisão
de Poderes por Cooperação e por concorrência. Exemplos
(remissão para a matéria leccionada na disciplina de Ciência
Política).
I.6. Tipologias das Funções do Estado - algumas tipo-
logias efectuadas pela doutrina estrangeira, clássica e contempo-
rânea Qellinek, Duguit, Kelsen, Merkl, Loewenstein, Garcia
Pelayo, Burdeau); tipologias delineadas pela doutrina portu-
guesa (Profs. Fezas Vital, Marcello Caetano, Afonso Queiró,
Rogério Soares, Marques Guedes e Jorge Miranda). Sua crítica,
com exemplos (aproveitamento de ensinamentos recolhidos na
disciplina de Ciência Política).
1.7. Classificação proposta de funções do Estado -fun-
ções independentes e funções subordinadas; funções indepen-
dentes no plano constituinte e no plano constituído; funções
independentes legistativa e política; funções subordinadas juris-
dicional e administrativa.
Distinção com recurso a elementos materiais, orgânicos e
formais. Exemplos.
I.8. As funções do Estado na Constituição da República
Portuguesa vigente.

R.F.D. -XXVD-18
274 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

CAPÍTULO 2
A Organização do poder político do Estado
e os actos Constitucionais

2.I . O Estado-Colectividade como pessoa colectiva.


2 .2 .O poder político do Estado e os órgãos do Estado.
Definição de órgão do Estado.
2 .3. Órgão, titular e carga. Órgãos e agente.
2.4. Vontade funcional e imputação.
2 . 5. Classificação dos órgãos do Estado:
a) classificações estruturais - órgão simples e órgão com-
plexo; órgão singular e órgão colegial (do tipo colégio
e do tipo assembleia); órgão electivo e órgão não
electivo; órgão constitucional e órgão não constitu-
cional;
b) classificações funcionais - órgão deliberativo e órgão
consultivo; órgão «a se» e órgão auxiliar; órgão externo
e órgão interno; órgão independente e órgão hierar-
quizado; órgão legislativo, governativo, administra-
tivo e jurisdicional; órgão de soberania e órgão não
soberano.
2.6. Formas de designação dos titulares dos órgãos do
Estado em particular dos titulares dos órgãos governativos (os
governantes):
a) Formas constitucionais-herança, cooptação, nomea-
ção, inerência, eleição, outras formas;
b) Formas de ruptura na ordem constitucional: golpe
de Estado, insurreição, revolução, formas mistas;
c) A eleição, o direito de sufrágio e o estatuto constitu-
cional e legal do processo eleitoral.
2.7. Representação política e representação jurídica.
Nota: Em todos os pontos de 2.I. a 2.7. é possível sumariar, recor-
dando-os, conhecimentos apreendidos na disciplina de Ciência Política.
No ponto 2.7. é também possível introduzir o conceito de repre-
sentação jurídica, porventura já aflorado na disciplina de Introdução ao
Estudo do Direito.
RELATóRIO 27S

2.8. Competência dos órgãos do poder político do Estado


- conceito, poderes explícitos e implícitos, organização e
funcionamento dos órgãos colegiais.
2.9. Vicissitudes dos órgãos.
2.10. Actos constitucionais- definição e sua relação com
as funções do Estado e os órgãos do poder político do Estado.
Tipos de actos constitucionais, em sentido material e formal e
seus requisitos.

CAPÍTULO 3

A função legislativa e a lei

3.1. A função legislativa do Estado - referência histó-


rica à sua definição e expressão nos vários .tipos de Estado -
Estado Liberal de Direito, Estado Liberal de Legalidade, Estado
Social de Direito, Estado Social de Legalidade e Estado auto-
-qualificado de Legalidade Socialista. Exemplos.
3.2. Sentidos do termo lei: a lei como norma jurídica;
como fonte formal de Direito; como acto normativo de con-
teúdo político; como acto constitucional praticado no exercício
da função legislativa, definida de modo substancial e formal;
como acto legislativo praticado no plano do poder constittúdo;
como acto legislativo da competência do Parlamento.
3.3. A distinção clássica entre lei em sentido material e
lei, em
. sentido formal. Órgãos legislativos e formas de lei ordi-
nana.
3.4. A evolução constitucional e o regime da Consti-
tuição da República Portuguesa vigente quanto à definição
da função legislativa e da lei;
3.5. Posição adoptada: definição da função legislativa em
geral, de acordo com um critério misto, predominantemente
formal. Exemplos.
3.6. Princípios fundamentais do regime da função legis-
lativa na Constituição da República Portuguesa vigente: o
RELATÕRIO 277

decretos da Assembleia da República; faculdade de expurgo


da norma inconstitucional; possibilidade da confirmação de
diploma vetado por inconstitucionalidade, permitindo ao Pre-
sidente da República a sua eventual promulgação.
4.2. A competência legislativa directa e indirecta da
Assembleia da República e, dentro desta, a competência «a
priori» - autorização legislativa - e a competência «a poste-
riori» - ratificação de decretos-leis do Governo. Exemplos.
4.3. A competência legislativa genérica e reservada~
Reserva absoluta e reserva relativa. Definição e elenco de maté-
rias integradas em cada qual. Exemplos.
4.4. A reserva relativa de competência legislativa da
Assembleia da República e a autorização legislativa - defi-
nição e natureza da autorização legislativa (alargamento do
âmbito subjectivo da competência constitucional, respeito da
delimitação objectiva desta, especificidade, carácter restrito e
concreto). Elementos da autorização legislativa - competência
originária cumulativa e irrenunciável da Assembleia da Repú-
blica e derivada do Governo; elenco de matérias susceptíveis
de lhe darem conteúdo; delimitação de tempo, de objecto, de
extensão, bem como de forma de execução; relação entre a
autorização legislativa e a composição concreta da Assembleia
da República e do Governo. Autorizações legislativas autónomas
e não autónomas. O regime das autorizações legislativas con-
tidas no Orçamento do Estado aprovado pela Assembleia da
República. Exemplos.
A relação entre a autorização legislativa e o decreto-lei ela-
borado ao seu abrigo. Exemplos.
4.5. A ratificação parlamentar dos decreto-leis do Go-
verno - definição; relação com as funções do Estado; história
do instituto no Direito Constitucional Português; elementos
da ratificação - competência, objecto e forma da recusa de
ratificação e da ratificação com emendas; o processo de rati-
ficação; efeitos da ratificação - a sua recusa como veto reso-
lutivo ; a sua recusa e a reaprovação do decreto-lei; a ratificação
178 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

e a não sanação de inconstitucionalidade, mesmo orgânica ou


formal. A especificidade da ratificação da declaração de estado
de sítio e de estado de emergência (remissão para a disciplina
de Direito Constitucional II).
4.6. A competência legislativa do Governo. A compe-
tência genérica e a competência reservada.
4.7. A competência legislativa das Assembleias Regio-
nais - a autonomia legislativa e o Estado Unitário Regional;
" critério do interesse específico das Regiões Autónomas - defi-
nição e prática político-legislativa; o domínio dos actos legis-
lativos regionais; relações entre a lei geral da República e o
acto legislativo regional - a reserva absoluta dos órgãos de
soberania quanto às matérias de competência própria; o direito
de inciativa legislativa quanto ao exercício da competência dos
órgãos de soberania; a insusceptibilidade da autorização legis-
lativa concedida pelos órgãos de soberania; concorrência da
competência legislativa da Assembleia da República, do Gover-
no e das Assembleias Regionais quanto às matérias não inte-
gradas na competência própria dos órgãos de soberania.
Nota: Neste ponto importa evocar os conhecimentos básicos apreen-
didos na disciplina de Ciência Politica relativamente às diversas formas
de Estado e em particular ao Estado Unitário Regional e ao âmbito da
autonomia político-administrativa das regiões Autónomas.

4.8. A competência legislativa específica do Governador


e da Assembleia Legislativa de Macau - noções gerais.

CAPITULO 5
O processo legislativo

5.1. Enquadramento geral da matéria; a decisão de


legislar, a função do Direito Comparado, os factores não jurí-
dicos condicionantes do processo - perspectiva histórica, estudo
sociológico e económico-financeiro -, opção sobre a forma
legislativa. Exemplos.
BELATÕRIO 279

5 .2. A pluralidade de processos legislativos e sua relação


com a opção sob a forma legislativa. Exemplos.
5.3. O processo legislativo parlamentar - noções gerais,
o processo legislativo comum e os processos legislativos espe-
ciais, o processo legislativo de urgência.
5.4. As fases do processo legislativo comum: iniciativa,
exame em comissão, discussão, votação, redacção final, promul-
gação e eventual fiscalização preventiva da constitucionalidade,
confirmação da Assembleia da República e expurgo da dispo-
sição inconstitucional, referenda e publicação.
5.5. Iniciativa legislativa -definição, distinção de com-
petência legislativa, iniciativa interna e externa, iniciativa ori-
ginária e superveniente. Exemplos.
5.6. Exame em comissão-definição, eventual elabora-
ção de texto de substituição, audição obrigatória de terceiras
identidades. Exemplos.
5.7. Discussão -definição, discussão na generalidade e
na especialidade. Exemplos.
5.8. Votação - definição, votação na generalidade e vota-
ção na especialidade (votação pelo Plenário e votação em
comissão), votação final global. Exemplos.
5.9. Redacção final. Exemplos.
5. 10. Promulgação e eventual fiscalização preventiva da
constitucionalidade ~ os conceitos de promulgação, recusa de
promulgação «lato sensU» e veto; natureza jurídica e efeitos da
promulgação; veto político e veto por inconstitucionalidade
e respectivo regime constitucional. Exemplos.
5.11. Confirmação da Assembleia da República - regime
constitucional nos casos de veto por inconstitucionalidade;
respectivo processo; efeitos. Exemplos.
5.12. Expurgo de disposição inconstitucional e efeitos.
Exemplos.
5.13. Referenda.
5.14. Publicação regune constitucional e efeitos.
Exemplos.
RELA'l'ÔRIO 281

1.3. História Político-Constitucional da Garantia da Cons-


tituição.

CAPITULO 2

Inconstitucionalidade - conceito e tipos

2.1. O conceito de inconstitucionalidade -inconstitu-


cionalidade como desconformidade de todas as condutas de
pessoas singulares e colectivas, públicas e privadas, em relação à
Constituição; como desconformidade das condutas do poder
político do Estado; como desconformidade dos actos norma-
tivos; como desconformidade dos actos legislativos normativos
ou não normativos. Exemplos.
2.2. Questões prévias à determinação da existência de
inconstitucionalidade: a interpretação da Constituição e dos
actos cuja conformidade constitucional importa apurar; a
integração de lacunas; a aplicação da Constituição no espaço e
no tempo.
2.3. A interpretação da Constituição - elementos da
interpretação; opção por uma interpretação objectivista e
actualista; princípios e critérios .interpretativos. Exemplos (ma-
téria não desenvolvida, pois é retomada aprofundadamente na
disciplina de Direito Constitucional II).
2.4. A interpretação dos actos cuja conformidade cons-
titucional importa apreciar - princípios e critérios interpreta-
tivos. Exemplos (neste domínio tal como, de resto, no ponto
anterior, importa refrescar conhecimentos entretanto presumi-
velmente adquiridos na disciplina de Introdução ao Estudo do
Direito).
2.5. A integração de lacunas constitucionais- definição
de lacuna e seu particular melindre no Direito Constitucional,
analogia <<legis• e analogia «juris>. Exemplos (matéria que será
estudada mais detidamente em Direito Constitucional II).
2.6. A aplicação da Constituição no espaço - noções
gerais e referência à especificidade do Estado Português como
282 MARCELO NUNO DUARTE IREBEL() DE SOUSA

Estado Unitário Regional (revisão da questão da territoria-


lidade como critério definidor da vigência e da eficácia dos
ordenamentos jurídicos - apreciada na disciplina de Ciência
Política-, relacionação com a matéria de definição de 'Estado
Unitário Regional - também estudada em Ciência Política - ,
e remissão para a Parte IV Capítulo 4 ponto 4.7., concernente
à competência legislativa da República e o acto legislativo
regional).
2. 7. A aplicação da Constituição no tempo - noções
gerais sobre a sucessão temporal de normas constitucionais e a
sua repercussão nos actos legislativos ordinários (matéria a desen-
volver em Direito Constitucional II, e passível de particular
relacionação com a Parte ID Capítulo 5).
2.8. Tipos de inconstitucionalidade - classificação quanto
ao momento da sua verificação: inconstitucionalidade origi-
nária (contemporânea da produção do acto inconstitucional)
e superveniente (subsequente a essa produção).
Especificidades distintivas do respectivo regime. Exemplos.
2.9. Tipos de inconstitucionalidade - classificação quanto
à modalidade de conduta inconstitucional: inconstitucionali-
dade por acção e inconstitucionalidade por omissão; a viola-
ção de normas não exequíveis por si próprias (relação com a
matéria estudada na Parte III Capítulo 6 ponto 6.5.).
2 .10. Tipos de inconstitucionalidade - classificação
quanto ao vício que inquina o acto inconstitucional: inconsti-
tucionalidade orgânica (vício de competência); inconstitucio-
nalidade formal (vício de forma ou formalidade); inconstitu-
cionalidade material (vício de conteúdo «lato sens0»).
2.u . A aplicação dos conhecimentos anteriores à figura
da inconstitucionalidade da lei de revisão constitucional. Exem-
plos (relação com a matéria estudada na Parte III Capítulo 4,
sobretudo números 4.5. e seguintes).
2.12. A questão da inconstitucionalidade das normas
constitucionais - rejeição da figura.
284 MARCEL() NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

CAPÍTULO 4
Sistemas de fiscalização da constitucionalidade

4. r. A fiscalização da constitucionalidade - definição e


resumo da evolução histórico-constitucional das suas diversas
formas (resumo este que sistematiza a matéria estudada no
ponto r.3 . do Capítulo I desta Parte).
4.2. Tipos de sistemas de fiscalização da constituciona-
lidade - classificação quanto ao momento do exercício: fis-
calização preventiva e fiscalização sucessiva ou repressiva.
Exemplos.
4. 3. Tipos de sistemas de fiscalização da constituciona-
lidade - classificação quanto ao objecto da fiscalização: fisca-
lização da inconstitucionalidade por acção e fiscalização da
inconstitucionalidade por omissão. Exemplos.
4.4. Tipos de sistemas de fiscalização da constituciona-
lidade - classificação quanto à via de fiscalização : por via
principal «lato sensU» e «Stricto sensU» e fiscalização por via
incidental. Exemplos.
4.5. Tipos de sistemas de fiscalização da constituciona-
lidade - classificação quanto à forma de fiscalização abstracta
e fiscalização concreta. Exemplos.
4.6. Tipos de sistemas de fiscalização da constitucionali-
dade - classificação quanto ao órgão ou órgãos competentes:
fiscalização por órgão político comum, fiscalização por órgão
político especial, fiscalização por órgão jurisdicional comum,
fiscalização por órgão jurisdicional especial, fiscalização por
um sistema misto de órgão ou órgãos e órgão ou órgãos juris-
dicionais.
4.7. Tipos de sistemas de fiscalização da constituciona-
lidade - classificação quanto ao número de órgãos competentes
(normalmente efectuada dentro dos sistemas de fiscalização
jurisdicional e dos sistemas mistos) : fiscalização concentrada
e difusa. Exemplos.
4.8. Relações existentes entre as classificações delineadas.
Rf:LATÓRIO 28S

Exemplos históricos e actuais, e sua relação com as várias famí-


lias e sub-famílias de Direito Constitucional (recurso a conhe-
cimentos colhidos na Parte II Capítulo I, em especial nos pon-
tos r.6. e r.7.).
Nota: Diversamente dos Capítulos anteriores, este merece maior
desenvolvimento, antecipando matéria à disciplina de Direito Constitu-
cional II, que, no domínio dos sistemas de fiscalização da constitucionali-
dade, deverá sobretudo ocupar-se do Direito Constitucional Português
vigente.

CAPÍTULO 5
A Fiscalização da Constitucionalidade no Direito
Constitucional Português

5.r. A fiscalização da constitucionalidade na História


Político-Constitucional portuguesa - traços essenciais (sistema-
tização de matéria aflorada na Parte II Capítulo 2).
5.2. A fiscalização da constitucionalidade na Constitui-
ção da República Portuguesa vigente - o conceito de incons-
titucionalidade; os seus tipos e respectivo regime; o valor dos
actos inconstitucionais; os sistemas de fiscalização preventiva
e sucessiva, da inconstitucionalidade por acção e por omissão,
por via principal «lato sensn» e por via incidental, abstracta e
concreta, através de um sistema jurisdicional cumulando a
competência concentrada do Tribwlal Constitucional e a com-
petência difusa dos tribwiais em geral. Exemplos.
5.3. Apreciação sumária da prática da fiscalização da
constitucionalidade na vigência de Constituição da República
Portuguesa.
5.4. O paralelo entre a fiscalização da constitucionali-
dade e alguns casos de fiscalização da ilegalidade no Direito
Português. Exemplos.
Nota: Este Capítulo limita-se a servir de introdução ao estudo da
disciplina de Direito Constitucional II, não se alargando para além do
regime consagrado na Constituição da República Portuguesa.
Nomeadamente, não se reporta à Lei sobre a organização, o funciona-
mento e o processo do Tribunal Constitucional.
286 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

PARTE IV

CONCLUSÕES {PR OVISÓRIAS)

Breve síntese do percurso efectuado nesta disciplina, subli-


nhando as matérias mais salientes e fazendo a ligação ao con-
junto de temas objecto de estudo na disciplina de Direito Cons-
titucional II.

BIBLIOGRAFIA

A} OBRAS GERAIS

l. Obras portuguesas

r.r. «Curson ou «Manuais• editados


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Extemet, Paris, 1830; «Príncipes du Droit Public Constitu-
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nal», Coimbra, 1908.
10. José Tavares, «0 poder governamental no Direito Constitu-
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tic0>, Coimbra, 1909.
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1983.
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23. Rui Patrfcio, «Direito Constitucional-Aulas práticaSt, Lis-
boa, 1957·
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Estudos Sociais, Lisboa, 1966-67.
26. Miguel Galvão Telles, «Direito Constitucional Português
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27. Rogério Soares, «Lições de Direito Constitucional>, Coimbra,
1971.
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2 vols., Lisboa, 1972 e 1973 (há versões anteriores); «Direito
Constitucional•, Lisboa, 1977; «Direito Constitucional Com-
parado•, Lisboa, 1978; «Introdução ao Direito Público•, Lis-
boa, 1979; cDireito Constitucional- Direitos, Liberdades
e GarantiaSt, Lisboa, 1980; «Direito Constitucional-Adita-
mentos•, Lisboa, 1982; «Direito Constitucional - Direitos
FundamentaiSt, Lisboa, 1984; «Direito Constitucional -
Funções, órgãos e actos do Estado•, Lisboa, 1984 (em colabo-
ração com Rui Machete, publicou em 1971 cSumárioSt
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Fundamentais•, Coimbra, 1977·
38. Costa Rosa, «Direito Constitucional•, Lisboa, 1977.
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288 MilCELO NUNO DUARTt REBELO DE SOUSA

40. António Duarte Silva e João Raposo, «Direito Constitucionalt,


Lisboa, 1978.
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1977-78, retomado nas «Lições de Direito Constitucional•,
Lisboa, 1981, s6 parcialmente publicadas.

x.3. Obras e artigos sobre as Constituições da República Portuguesa


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Portogheset, Milão, 1977·
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R.C.G.E., Porto Alegre 7.(17), páginas 45 a 73; «Constitui-
ções Portuguesas•, 5.• edição, Lisboa, 1981.
47. Heinrich E. Hôrster, «0 imposto complementar e o Estudo
do Direito•, in «Revista âe Direito e Economia•, 1977.
págs. 37 e segs.
48. e 49. André Thomashausen, «Constituição e Realidade Constitu-
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ção de 1976•, Lisboa, 1978.
52. e 53. Gomes Canotilho e Vital Moreira, «Constituição da República
Portuguesa Anotada•, t.• edição, Coimbra, 1978 e 2.• edição,
1.0 volume, Coimbra, 1984.
54. Soares Martinez, «Comentários à Constituição Portuguesa de
l976t, Lisboa, 1978.
55. Jorge Miranda, «A Constituição de 1976- Formação, estru-
tura, princípios fundamentais•, Lisboa, 1978.
56. Luís Salgado de Matos, «Le Président de la République Por-
tugaise dans le cadre du régime politiquet, policopiado,
Paris, 1979·
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58. Domini1ue Rousseau, «La primauté présidentielle dans le nou-
veau regime Portugais: mythe ou realitét, in «Revue du
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59. Emfdio da Veiga Domingos, «Portugal Político -Análise das
InstituiçõeSt, Lisboa, 1980.
RELATÕRIO 289

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Constitucional portuguêSJ, Braga, 1983.
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1.4. JurispruJ!ncia Constitucional


- Pareceres da Comissão Constitucional, diversos volumes,
Lisboa, 1976 em diante.
- Acórdãos da Comissão Constitucional (apêndices do «Diário
da Repúblicv).
-Acórdãos do Tribunal Constitucional (vidé «Diário da Re-
pública•).
- Acórdãos dos Tribunais Superiores e Pareceres da Procura-
doria-Geral da República> {in «Boletim do Ministério da
Justiça»).
- Pareceres da Comissão de Assuntos Constitucionais da As-
sembleia da República.

2. Obras estrangeiras

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70. Luls Pinto Ferreira, «Curso de Direito Constitucional•, 2.•
edição, Recife, 1970.

R..P.D.-XXVD - 19
RELATÕRIO 291

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MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

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192. Jorge Miranda, •Constituições PortuguesaS>, Lisboa, 1976.
193. Jorge Miranda, •Textos constitucionais estrangeiroS>, Lisboa,
1974.
194· Jorge Miranda, «Constituições de diversos países•, 3 edições,
Lisboa, 1975 e 1979·
195· Jorge Miranda, «Textos Históricos do Direito Constitucional•,
Lisboa, 1980.
196. Maurice Duverger, cConstitutions et Documents PolitiqueS>,
Paris, 1984.
197. A. B. Peaslee, cConstitutions of Nations•, N. Jersey, 1950.
198. G. Berlia / P. Bastid, cCorpus Constitutionnel>, publicada em
fascículos desde 1968 sob a direcção de um conselho cienti-
fico internacional, Leida.
199. e 200. Albert P. Blaustein e Gisbert H. Flanz, cConstitutions of the
Countries of the World>, New York; cConstitutions of
Dependences and Special SovereigntieS>, New York.
201. Jorge tk Esteban, cConstituciones Espafíolas y Estrangeras-,
2 vols., Madrid, 1977·
202. e 203. J. Godechot, eles Constituions de la France depuis 1789>,
Paris, 1977, eles Constitutions de Proche et du Moyen
Orient>, Paris, 1957·
204. Paolo Biscaretti di Ruf.fia, cCostituzioni Stranieri contempo-
ranee>, 2.ª edição, Milano, 1975·
205. D. G. Lavroff / G. Peiser, eles Constitutions AfricaineS>,
Paris, 1961.
206. H. Puget, eles Constitutions d'Asie et d' Australie•, Paris, 1965.

5. ReviJtas estrangeiras de consulta báaica

cRevue du Droit Public et de la Science politique en France


et à l'etranger>, e cPouvoirS>.
«.Archiv des offentlichen R echts»; e cStaat und Recht».
«Rivista trimestrale di Diritto Publico•; cil Politico-Giuris-
prudenza Costituzionale>; e cQuaderni Costituzionale».
cPolitical Science Quaterlp.
«Revista de Estudios PoliticoS> e «Revista Espafíola de Dere-
cho Costitucional>.
«Revista Brasileira de Estudos Politicos•.
RELATÓRIO 297

A íntima conexão entre as discivlinas de Direito Consti-


tucional 1 e Direito Constitucional II (ver supra ID.4) aconselha
a que incluamos neste relatório as linhas essenciais do Plano
de Curso da segunda.
Embora elas já decorram do que fica anotado anteriormente
e não possam merecer idêntico desenvolvimento, até porque
não representam o objecto do Relatório, afigura-se curial a
sua explicitação:

Plano de Curso de Direito Constitucional II

Parte 1 - O Poder Constituinte e o Poder de Revisão Constitucional

Capítulo I - O Poder Constituinte - definição; natureza; clas-


sificações; titularidade e formas de exercício; limites;
relação com as fontes formais das normas constitucionais.
A Constituição da República Portuguesa. Exemplos.

Capítulo 2 - O Poder de Revisão Constitucional - definição;


natureza; classificações; enquadramento nas vicissitudes
constitucionais; formas de exercício, limites e sua rele-
vância; preterição dos limites, inconstitucionalidade e
fiscalização da constitucionalidade. A Constituição da
República Portuguesa. Exemplos.

Parte II - A Interpretação e a aplicação da Constituição

Capítulo 1 - A interpretação e a integração de lacunas das normas


constitucionais - conceito, elementos, tipos e princípios da
interpretação constitucional; definição e modalidades da
integração de lacunas constitucionais. A Constituição da
República Portuguesa. Exemplos.
298 MARCELO NUNO DUARTE llEBELO DE SOUSA

Capítulo 2 - A aplicação das normas constitucionais no espaço


- definição; Constituição e território do Estado; Consti..:
tuição e forma do Estado normas constitucionais e normas
de conflitos. A Constituição da República Portuguesa.
Exemplos.

N ota: Esta Parte implica o estudo do Direito Comparado, bem como


da História Político-Constitucional Portuguesa.

Capítulo 3 - A aplicação das normas constitucionais no tempo


- definição; relações entre o Direito Constitucional novo
e o Direito Constitucional anterior; relações entre o Direito
Constitucional novo e o Direito Ordinário anterior; a
subsistência do Direito Ordinário não contrário à Cons-
tituição e a inconstitucionalidade superveniente do Direito
Ordinário anterior contrário à Constituição; o Direito
Constitucional novo e os actos jurídico-públicos. A Cons-
tituição da República Portuguesa. Exemplos.

Parte III - Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição

Capítulo r - Inconstitucionalidade - conceito e tipos - defini-


ção, tipos e valor do acto inconstitucional. A Constituição
da República Portuguesa. Exemplos.

Capítulo 2 - A fiscalização da constitucionalidade no Direito Cons-


titucional português vigente - definição e objecto; fiscali-
zação abstracta, preventiva e sucessiva; fiscalização con-
creta; fiscalização da inconstitucionalidade por omissão; a
especificidade da declaração da inconstitucionalidade com
força obrigatória geral. Exemplos,
RELATôRIO 299

Capítulo 3 -A Lei sobre a organização, o funcionamento e o pro-


cesso do Tribunal Constitucional - traços essenciais. Exemplos.
Nota: Toda esta parte, mas em especial o Capítulo 2, exige que se
tenha presente a matéria leccionada na Parte V do Plano de Curso da
disciplina de Direito Constitucional I, nomea~mente no Capítulo 4,
referente aos «Sistemas da fiscalização da constitucionalidade•.

Capítulo r - Conceito e categorias de direitos fundamentais.

Capítulo 2 - As várias concepções jur{dico-constitucionais sobre a


-natureza e o tratamento dos direitos fundamentais.

Capítulo 3 - Os direitos .fundamentais no Direito Constitucional


Comparado.

Capítulo 5 - Os direitos fundamentais na Constituição de Repú-


blica Portuguesa - prindpios gerais e estudo desenvolvido
dos direitos, liberdades e garantias.
Nota: Não sendo possível o estudo em aulas plenárias das diversas
categorias de direitos consagrados constitucionalmente nem sequer a esco-
lha de um deles (o que constituirá objecto da disciplina de opção para a
menção de Ciências Jurídico-Políticas), apenas serão percorridos o elenco,
as facetas essenciais do regime geral e a suspensão do seu exercício na
vigência de estado de sítio e de emergência.
Também a protecção internacional dos direitos fundamentais do
indivíduo merecerá apreciação autónoma e detida na disciplina de Direito
Internacional Público 1 (como aconteceu na coregência que, com o Pro-
fessor Jorge Miranda, asseguramos no ano lectivo de 1984- 1985).
Nas aulas de subturma, a matéria estudada corresponde à revisão das
disposições da Constituição da República Portuguesa relativas ao pro-
cesso de revisão constitucional e à fiscalização da constitucionalidade (3
aulas), à análise dos preceitos constitucionais da Parte 1, salvo o Título III
(15 aulas), à apreciação detida da Lei sobre a organização, o funcionamento
e o processo do Tribunal Constitucional (15 aUlas).

III.6. - Programa das aulas de subturma (programa e conteúdo do


ensino prático)
Simultaneamente com o ensino teórico, em aulas plená-
rias, do Plano de Curso de Direito Constitucional 1, que
302 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

6. No ponto 2.5. são cuidadosamente apreciados os preceitos de


todos os Títulos, salvo os respeitantes ao Poder Local e à Administração
Pública (respectivamente VII e VIII), a estudar na disciplina de Direito
Administrativo I.
7. O ponto 2.6. deve merecer análise ainda mais profunda, já que
permite aplicar conhecimentos essenciais esboçadós anteriormente nas
aulas te6ricas, serve de p6rtico à disciplina de Direito Constitucional II
e permite o avanço para a Parte llI das aulas de subturma, dedicada a
Hip6teses e Casos.
8. O estudo das Disposições Finais e Transit6rias (ponto 2.7.) é
necessariamente sintéctico.
9. A apreciação de casos concretos e a r esolução de hip6teses são
naturalmente conduzidas pelo docente, que pode e deve recorrer a tra-
balhos orais em aulas e marcar trabalhos escritos, exigindo reflexão cm casa.

III.7. ENQUADRAMENTO TEMPORAL

Como é fácil de entender, em qualquer disciplina do


ccurriculum» universitário um dos desafios mais difíceis de
enfrentar com êxito é o do tempo. O elenco das matérias pro-
gramadas para o ensino teórico e prático é, quase sem excepção,
muito vasto para o número de unidades lectivas disponíveis.
E uma das tentações ou pechas de um Relatório desta natureza
pode mesmo consistir na apresentação de um Plano de Curso
ambicioso e aparentemente sedutor, mas que é inexequível.
O problema agrava-se na disciplina de Direito Consti-
tucional I, como vimos, resultante de uma divisão artificial
de uma cadeira anual em dois cursos semestrais, ainda por cima
distribuídos por dois anos lectivos o que obriga a ensinar sepa-
radamente matéria que deveria ser estudada em conjunto.
Por todas estas razões, o escalonamento temporal que se
apresenta não resulta de um mero exercício abstracto, antes
traduz a experiência dos anos lectivos de 1983-84 e 1984- 85,
em que pudémos testar os efeitos palpáveis da Reforma de
1982/83 .
RELATõBIO 305

reservadas a hipóteses e casos concretos são posteriores ao ensino


teórico do processo de Revisão Constitucional (10.ª a ui.
aulas) e simultâneas do ensino em aula plenária da fiscalização
da constitucionalidade (22.ª a 25.ª aulas).

Parte IV. Métodos de ensino e de avaliação dos conhedmentos

IV.I. Métodos de ensino-pressupostos

A escolha dos métodos de ensino tem como pressupostos


as posições assumidas perante a Universidade e os seus objecti-
vos, a especificidade da docência de disciplinas jurídicas, a
concepção perfilhada acerca do próprio objecto da Ciência
do Direito Constitucional e a localização da disciplina no plano
de estudos da licenciatura em Direito.
Acerca do entendimento adoptado quanto aos fins da Uni-
versidade, já nos pronunciámos acima e dele resultam as seguin-
tes consequências :
a) se a finalidade formativa é a cimeira e ela é encarada
de um modo não dogmático, visando suscitar e incentivar a
livre definição do aluno, então devem ser cultivados métodos
de ensino propensos à criatividade individual sistemática e não
essencialmente preocupados com a memorização, a reprodução
das ideias do docente, a perpetuação de conhecimentos anterior-
mente elaborados;
b) no entanto, a finalidade informativa explica a espe-
cial atenção ao fornecimento do maior número de dados de
base, para compreender e raciocinar sobre o objecto da disciplina,
bem como a extensão e a diversidade da Bibliografia, na qual
o aluno pode e deve efectuar a sua selecção, atendendo ao tema
em análise, à sua relevância em certos ordenamentos jurídicos,
doutrinas e jurisprudências e ainda à sua preparação linguística;
e) a formação e a informação polarizadas individualmente
e não tanto colectivamente justificam um ensino prático que
faz apelo à intervenção em debate de cada qual, preferente-
mente ao estudo em grupo, mais ou menos alargado;
R. F. D. - XXVII- ao
RELATÕRIO 307

complementares dos estudos jurídicos, quer no ensino


teórico, quer no ensino prático;
d) no entanto, a elaboração própria da Teoria do Direito
exige, em especial no ensino em aulas plenárias, a
conceptualização, que supõe o incremento do racio-
cínio dedutivo; o rigor dos conceitos, a justificação
da sua necessidade e a valorização da abstracção e da
generalidade devem representar preocupações cons-
tantes no ensino do Direito;
e) se a Ciência do Direito é uma Ciência normativa, por
estudar uma realidade que o é também, uma segunda
razão motiva aquela qualificação: a Ciência do Direito
lida com normas que ponderam e consagram opções
valorativas; daqui decorre a chamada de atenção que
deve ser feita, no ensino teórico e no ensino prático, para
os interesses em causa na regulamentação jurídica e para
a sua possível hierarquização à luz de valores; para
o contributo adjuvante da Filosofia do Direito (nomea-
damente quanto às concepções acerca da natureza do
Direito); e ainda para as apreciações «de jure condendo».
Aliás, longe de se tratar de uma Cihicia fechada numa
l6gica formal, numa conceptuologia 8ca de conteúdo, numa
ret6rica alheia aos interesses e aos valores conflituantes,
cultivando métodos de ensino propensos à repetição de
f6rmulas e à memorização de normas positivas, a Cihicia
do Direito é cada vez mais uma Ciincia Social, aberta ao
estudo dos interesses e dos valores que dão sentido aos con-
ceitos, sendo esse estudo encarnado no tempo e no espaço,
no mundo do ser, a que se prende inexoravelmente o mundo
do dever ser. Isso implica a prevalincia de métodos com-
promiss6rios entre a dedução e a indução, atentos à rela-
tividade do Direito Positivo e estimulantes da liberdade
cr{tica de ponderação e de julgamento do estudioso, docente
e discente.

Cumpre ainda apontar a unidade substancial do ensino do


Direito no «Curriculum» da Faculdade de Direito de Lisboa. As
310 MARCELO NUNO DUARTE REBELO DE SOUSA

c) chamada de atenção para a necessidade de conhecer o


Direito positivado, envolvendo o que nasce da prática político-
-constitucional;
d) sublinhado dos interesses de ordem vária e dos valores
subjacentes às normas constitucionais;
e) apelo à História Política, e nela em especial à História
das Ideias Políticas, à Ciência Política, à Sociologia Política e à
Filosofia Política;
f) cultivo do interesse pelo Direito Comparado;
g) concretização dos factos especificamente nacionais con-
dicionantes do Direito Constitucional Português, com papel
de relevo da nossa História Político-Constitucional;
h) interrelação com outras disciplinas do «Curriculum»
escolar, e em especial com disciplinas afins e integradas no
grupo de Ciências Jurídico-Políticas;
i) personalização do ensino, não anulando os contributos
de ordem colectiva, com fundamento numa dimensão de soli-
dariedade comunitária, mas chamando a um esforço essencial-
mente individual, próprio de uma sociedade livre, pluralista
e competitiva.

IV.3. Métodos de ensino, aulas plenárias, aulas de subturma


e actividades complementares
Passando a tomar os traços essenciais sumariados, um por
um, é possível apreciar a sua repercussão no ensino em aulas
plenárias, em aulas de subturma e noutras actividades comple-
mentares:
a) Transmissão de conhecimentos, separando e identificando
as questões, as diversas orientações e a posição do regente
do curso e atendendo à função introdut6ria da disciplina
de Direito Constitucional

1 - esta preocupação está presente em todas as Partes e


Capítulos do Plano de Curso.
RE.'LATÔRIO 313

5 - o mesmo acontece, embora a título não exclusivo, na


prova escrita no final do semestre.
6 - uma linha-mestra de todo o ensino teórico e prático,
reside na explicação das formas de contacto com o Direito
Positivo (inserção de colectâneas de legislação na Bibliografia,
relevo do estudo do processo legislativo, acesso às fontes ins-
trumentais).
7 - para sublinhar o relevo da prática político-constitu-
cional, no decurso do semestre, três actividades complemen-
tares são concretizadas: a visita de estudo à Assembleia da
República, com contacto com o respectivo Presidente, repre-
sentantes dos Grupos Parlamentares e responsáveis adminis-
trativos pelo seu funcionamento; a visita de estudo ao Tri-
bunal Constitucional, com esclarecimento pelo respectivo Pre-
sidente do travejamento básico da sua organização, funciona-
mento e processo; uma sessão com o Secretário de Estado da
Presidência do Conselho de Ministros, acerca da orgânica e
fimcionamento do Governo e respectivo processo legislativo
(esta última actividade, embora planeada, não pôde ser executada
no ano lectivo de 1984- 85).

d) Sublinhado dos valores e interesses subjacentes às normas


constitudonais

1- no ensino teórico, esta coordenada está na base da


exposição das posições do regente e do destaque de certos
Capítulos ou pontos da matéria que colhem contributos da
Filosofia Política.
2 - no ensino prático, o comentário das disposições cons-
titucionais procede sistematicamente a este sublinhado.
3 - as actividades lectivas ou complementares, relativas
ao estudo da prática político-constitucional, também o salva-
guardam.
BELATÕRIO 317

Acrescentaríamos que ela deveria ser assegurada por Assis-


tentes e Assistentes Estagiários, sobretudo atendendo a estarmos
perante uma disciplina do l. 0 Ano universitário.
Este tipo de avaliação dos conhecimentos é, em traços
gerais, o que tem vigorado na Faculdade de Direito de Lisboa,
desde a reestruturação acima referida, nos termos da delibe-
ração da Comissão de Reestruturação de 24 de Novembro
de 1977·
Hoje, o regime de avaliação dos conhecimentos é o pre-
visto no Art. r 5. 0 do Regulamento Interno da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa, aprovado pelo Conselho
Directivo, em 30 de Junho de 1983, e que nomeadamente
recebe as Regras sobre Avaliação de Conhecimentos de 25 de
Julho de 1977 e o Regulamento das Avaliações Finais de 30 de
Junho de 1983. Este regime é, entretanto, completado por
deliberações avulsas do Conselho Directivo de Junho de 1980,
19 de Abril de 1982 e 24 de Janeiro de 1983.
S6 não foi ainda possível garantir a exclusão de Moni-
tores do ensino em subturma na disciplina de Direito Consti-
tucional 1, o que se deseja seja viável no futuro imediato.
A avaliação contínua nesta disciplina compreende os seguin-
tes elementos apreciativos:
a) assiduidade - funcionamento como factor eliminató-
rio, no caso de frequência diminuta ou largamente interpolada;
b) exposição oral sobre tema de Direito Constitucional
vigente (uma ou mais disposições constitucionais) -factor eli-
minat6rio para os faltosos e influente na classificação para os
restantes;
e) dois relat6rios escritos, um sobre Hist6ria Político-
-Constitucional portuguesa, e o outro (não obrigat6rio) sobre
o tema da exposição oral - factores também eliminat6rios
para os incumpridores e influenciadores na classificação para
os demais alunos;
d) participação nas discussões orais nas aulas de subturma
- factor não eliminat6rio nem depreciativo, mas correctivo
no sentido positivo;

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