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Objectivo Europa

Guião de emissão
Versão simplificada

© Vitrimedia. Todos os Direitos Reservados.


Objectivo Europa

Objectivo Europa é um documentário de 60 minutos produzido pela VitriMedia para a RTP, com a
cooperação da Representação em Portugal da Comissão Europeia. Foi emitido originalmente pela
RTP 2 no dia 12 de Junho de 2010, precisamente a data em que se comemoraram os 25 anos da
assinatura do Tratado de Adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
O objectivo deste documentário é passar em revista a história recente de Portugal, destacando a
sua relação com a União Europeia e as mudanças provocadas na sociedade portuguesa. Partindo de
pontos de vista que interessam ao cidadão comum e incluindo depoimentos de figuras públicas que
se relacionaram directamente com acontecimentos relatados, procurámos transmitir o registo de
mudança que Portugal tomou nestes 25 anos em que a História andou demasiado depressa.
Ao partilharmos este guião, estamos a querer contribuir para a disseminação da informação
histórica na sociedade portuguesa e também a dar uma ajuda para o reforço da comunidade
audiovisual portuguesa, que não tem muitos recursos disponíveis de trabalho efectivamente
realizados. Naturalmente que esta disponibilização não anula quaisquer direitos de autor ou
outros, que se continuam a aplicar de acordo com a lei, mas poderemos considerar algum pedido
que nos seja feito tendo em conta este conteúdo. Incluímos também a ficha técnica deste
documentário no final do guião. Para mais informações contacte a VitriMedia em
www.vitrimedia.com.

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GENÉRICO (20’’)

Arquivo: momentos iniciais ou preliminares da


cerimónia de assinatura do Tratado Relativo à
Adesão à CEE.

Entram os primeiros depoimentos de MÁRIO


SOARES:
“Senti-me profundamente conciliado e tendo
conseguido uma coisa como o país considerava
que era fundamental. “Eu sempre fui europeísta
desde 1950 e tal em que começou a aventura
europeia.”

Arquivo: mais imagens da cerimónia de assinatura.


Outros momentos altos, mas ainda não os decisivos.

Arquivo: mais alguns momentos altos da cerimónia e


assinaturas de RUI MACHETE, JAIME GAMA e
ERNÂNI LOPES.

Arquivo: imagens mais determinantes da cerimónia


de assinatura do Tratado. Assinaturas de Mário
Soares e Jacques Delors.

Com o som do discurso de Soares a fazer raccord


directo para as imagens de arquivo, voltamos à
cerimónia de assinatura da adesão a 12.06.85. Sobre
as imagens finais da cerimónia – aplausos, entra a
narração.

NARRADOR
Foi há vinte e cinco anos. As assinaturas do
primeiro-ministro Mário Soares, do vice Rui
Machete e dos ministros Jaime Gama e Ernâni
Lopes faziam de Portugal o novo estado-membro
da Comunidade Económica Europeia. Com as
assinaturas no papel, os portugueses ganharam
uma segunda nacionalidade. O projecto europeu
era, afinal, um sonho antigo. Uma aspiração que
unia todos, mesmo os que estavam separados
pelas mais profundas divergências políticas…
FADE OUT.

Arquivo e fotos: destruição na Europa pós II Guerra;


assinatura do Tratado de Roma.
NARRADOR
Com a Segunda Guerra Mundial e a destruição da
Europa ainda bem vivas na memória colectiva, a
República Federal Alemã, França, Itália, Bélgica,
Holanda e Luxemburgo assinam o tratado fundador
da Comunidade Económica Europeia. O palco foi
Roma e a data 25 de Março de 1957. O documento
criou uma união aduaneira, uma política agrícola e

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um mercado comum para a livre circulação de
produtos.
Imagens da escadaria do Ministério dos
Negócios Estrangeiros.
Longe desse centro político do continente, Portugal
vivia ainda no coração de um longo regime
ditatorial, fechado sobre si mesmo e segurando
com dificuldade o último império colonial. Apesar
de tudo, Oliveira Salazar percebia que o Tratado de
Roma era demasiado importante para se lhe ficar
indiferente.

Depoimento de RUI RAMOS, desenvolvendo a


temática: a atenção de Salazar à CEE e a sua
vontade de ver Portugal como estado-membro.

“Acontece que os governos de Salazar colocaram


Portugal na Europa desde muito cedo, nós,
Portugal entra na OECE em 1948, é um dos
membros fundadores da NATO em 1949 e vai ser
um dos membros fundadores da EFTA em 1960.
Desde muito cedo que o país é colocado na
Europa.”

Imagens do salão do Ministério dos


Negócios Estrangeiros.
NARRADOR
Ainda não tinham passado dois meses sobre o
nascimento da CEE, e já o governo português
pergunta a políticos europeus sobre as hipóteses
da adesão. Em Maio de 1962, são criadas as
primeiras delegações portuguesas junto das
Comunidades e é entregue uma carta de Salazar,
que pede a abertura de negociações. Em Junho, o
Conselho de Ministros das Comunidades aborda,
pela primeira vez, a possível adesão portuguesa.

Depoimentos de RUI RAMOS analisando as


intenções da posição portuguesa: “Portugal não é
ainda, como irá ser uns anos depois, estamos a
falar da década de 50, não é ainda um objecto tão
estranho, obviamente não é um país democrático.
Há dúvidas em relação há sua, ao seu sistema
político, mas curiosamente a maior parte das
resistências que vêm à sua integração não são
apenas questões políticas mas são questões
económicas.”

Arquivo, museus militares e fotos: imagens


representativas do atraso económico e cultural
português nos anos 50/60;Parlamento Europeu e
fotos de Humberto Delgado.
NARRADOR
Mas qualquer ambição de Salazar tinha pouco a
ver com a realidade. Portugal era a mais longa
ditadura da Europa ocidental, o país com a maior
taxa de analfabetismo, de mortalidade infantil, com
a pior saúde pública e os rendimentos mais baixos.

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Salazar ordena que o exército lance a guerra
colonial. Em Fevereiro de 1963, as Comunidades
adiam as negociações por tempo indeterminado.
Em 65, o General Humberto Delgado, opositor ao
regime e candidato derrotado nas Presidenciais, é
assassinado por agentes da PIDE.

Depoimentos de MÁRIO SOARES: “Eu como digo


quis formar um movimento europeu ou pró-
europeu em Portugal antes, antes mesmo de
fundar o Partido Socialista ou de ser um dos
fundadores do Partido Socialista porque, achava
que era indispensável que nós entrássemos no
contexto europeu.
E esse movimento não foi para diante porque foi
impedido pela PIDE, mas realmente nós, eu quis
que entrássemos a fazer a defesa da Europa.”

FADE OUT.

Múltiplos arquivos: Luther King; Maio de 68. Salazar


em velho.
NARRADOR
1968 é o ano que marca muitas mudanças. Para
Portugal, será sempre o ano em que Salazar caiu
da cadeira.

Imagens da Assembleia da República.

NARRADOR
Com Marcello Caetano, o regime abranda os
costumes. Nos corredores da Assembleia Nacional,
renasce a ideia de que Portugal não poderia ficar
muito mais tempo à margem do Mercado Comum.
As negociações com as Comunidades são
reatadas e assinam-se os Acordos de Comércio
Livre entre Portugal e a CEE, mas a guerra e a
ditadura não deixavam ir mais longe.
Respiração: (arquivo) Mensagens “Adeus até ao meu
regresso”, imagens do 25 de Abril de 1974
A 25 de Abril de 74, um golpe militar derrruba a
ditadura. E o futuro volta a existir.

O 25 de Abril seria, apenas, um primeiro dia de


uma longa revolução. Entre a deriva comunista e o
bloqueio militar, Portugal oscilou perigosamente no
desfiladeiro da História. Mas a liberdade mudou
tudo: as ruas encheram-se de palavras, hábitos,
roupas e canções que nunca as tinham percorrido.
Um milhão de retornados chega às cidades com os
seus caixotes, a censura desaparece, a Coca-Cola
entra nos cafés.

Arquivo: Chegada a Portugal de Soares e Cunhal,


imagens do 25 de Abril de 74.

FADE OUT.

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Depoimentos de RUI RAMOS: “Aquilo que se passa
em 1974/76 em termos enfim da moral, dos
costumes, é num período concentrado a grande
revolução de costumes que se tinha acontecido
na europa na década de 60.”

Arquivo: Imagens Comissão das Comunidades;


Mários Soares fala à Assembleia.
NARRADOR
E a Europa está atenta: a Comissão das
Comunidades concede a Lisboa um apoio de 150
milhões de ECUs. O homem que nos irá pôr na
Europa agradece: Mário Soares anuncia, a partir da
Assembleia da República, que Portugal tem uma
opção europeia.

Depoimentos de RUI RAMOS: “Aquilo que nós


temos a partir de 74/ 75/ 76 é embora haja aqui
estas perturbações da própria revolução, é uma
europeização grande da sociedade em termos de
expectativas, costumes, hábitos, sistema político,
depois falta o nível económico, o nível de
desenvolvimento económico, mas esse era o
grande objectivo da adesão à Comunidade
Económica Europeia em 1985/86.”

Arquivo: Mário Soares, em 1977, em encontros em


diversos estados-membros CEE.

NARRADOR
Em 1977, os ministros dos Negócios Estrangeiros
da Comunidade estudam a possibilidade de uma
adesão portuguesa. Soares viaja pelos estados-
membros, sublinhando a vontade do país em
integrar a CEE.

Depoimentos de MÁRIO SOARES: “Foi a


preparação do pedido de adesão, exactamente.
Fui aliás acompanhado pelo ministro dos
Negócios Estrangeiros que era o Dr. Medeiros
Ferreira nesse tempo e naturalmente eu fui com
ele e percorremos, realmente, as capitais dos
países da Europa desse tempo, da União
Europeia, da CEE nessa altura e a convence-los
de que era preciso ajudarem-nos vitalmente e eles
perceberam.”

Panorâmica do Padrão dos Descobrimentos.

NARRADOR
Ainda em Março, Soares pede formalmente ao
Presidente do Conselho Europeu a adesão de
Portugal. A resposta chega em Junho de 78 e é
unânime. Iam começar as negociações para

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modernizar a economia nacional. Estava em
marcha um processo longo e difícil, mas imparável.

depoimentos de VÍTOR MARTINS: “nós precisamos


nos recordar que na altura em que pedimos a
adesão nós tínhamos uma democracia acabada
de instaurar. Tinha 2 ou 3 anos de vida a
constituição democrática pós 25 de Abril e
portanto estávamos ainda num período, que eu
diria de re-fundação da democracia, mas também
de reconstrução da economia portuguesa para se
preparar para uma abertura a nível europeu. E
portanto tivemos que fazer alguma negociação de
cautela, que era sobretudo ser ofensivo na
tentativa de ganhar novos mercados para a
indústria portuguesa e por outro lado acautelar
algumas protecções para impedir que uma
concorrência repentina e muito brusca pudesse
afectar alguns sectores da nossa indústria.”

Com a narração, entram imagens do Cemitério do


Alto de S.João.
NARRADOR
Portugal assiste incrédulo à queda do avião que
transporta o primeiro-ministro e o ministro da
Defesa. A 4 de Dezembro de 1980, Sá Carneiro e
Amaro da Costa perdem a vida num caso que fica
a pairar sobre a política nacional. Acidente ou
atentado, Camarate coloca a sombra de Sá
Carneiro na História e nos mitos, ao lado de Dom
Sebastião.
FADE OUT.

Imagens da Assembleia da República.


O sonho da Europa parecia capaz de sobreviver a
todos os imprevistos. Sá Carneiro, Mário Soares,
Nobre da Costa, ou Pinto Balsemão,
independentemente de cores partidárias,
coligações ou mandatos, lideraram governos
comprometidos com o projecto europeu.

Arquivo RTP: imagens da adesão grega; encontro


entre Margaret Thatcher, Pinto Balsemão e André
G.Pereira em Londres (1981).
NARRADOR
Toda a Europa mudava, e eram os tempos do sul:
depois da adesão grega, em 1981, a CEE decidiu
que Portugal e Espanha iriam entrar juntos. As
economias ibéricas tinham cinco anos para se
preparar.

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Depoimentos de VÍTOR MARTINS
“Olhando para trás e vendo o que se passou eu
acho que fez sentido que a a adesão fosse
conjunta o que permitiu inclusivamente que a
Espanha, o nosso vizinho espanhol, viesse a ser
ao fim ao cabo um dos grande factores de
inovação do nosso processo de integração
europeia porque, de um parceiro com o qual não
tínhamos praticamente relações, económica se
até também culturais, passámos a ter a Espanha
como um parceiro extremamente activo na área
comercial, industrial e de investimento e isso foi
extremamente importante.”

Arquivo RTP: genérico e instantes da “Vila Faia”.


NARRADOR
Foram cinco anos em que tudo aconteceu muito
depressa: em 1982 a RTP estreia, em português de
Portugal, uma novela própria. Em Maio, João Paulo
II visita pela primeira vez o país e assume a
devoção a Fátima – os portugueses respondem
com dedicação, fé e multidões.
Arquivo RTP: visita de João Paulo II a Fátima em 82.

Imagens do Cemitério do Alto de S.João.


Mas o cenário económico é pouco católico e o
medo cola-se à entrada de Portugal na CEE. A
negociação simultânea com Espanha atrasa todo o
processo, e a questão agrícola quase deita tudo a
perder.

Depoimentos de ERNÂNI LOPES: “A questão da


presença espanhola no quadro comunitário da
política agrícola era um real problema, não era um
problema imaginário e isto ajudou muito. Para
além do aspecto geopolítico de Bruxelas, pesou
muito a que houvesse uma tendência permanente
para que as duas, os dois processos ficassem
articulados.”

VÍTOR MARTINS sobre este impasse.


“Como é sabido houve um momento das
negociações em que houve um relativo impasse
na negociação com Espanha, sobretudo devido
ao dossier agrícola, e Portugal estava
praticamente pronto com as negociações quase
fechadas para poder integrar as comunidades
europeias”.

NARRADOR
As negociações lá avançaram e o país continuou, a
ver-se na tv. E agora a aprender o humor e o
orgulho porque Herman José lança “O Tal Canal” e
Carlos Lopes tráz o ouro olímpico dos Estados
Unidos.

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Arquivo RTP: reuniões do Conselho de MNE da CEE.
Instantes da novela “Vila Faia”, instantes de “O Tal
Canal”; Carlos Lopes a receber a medalha de ouro
nos JO de Los Angeles. Fotos de jornais sobre o
Conselho Europeu de Fointainebleau (25/26.06.85)
Na Europa que Portugal tenta conquistar, as
notícias são cada vez melhores: o Conselho de
Ministros dos Negócios Estrangeiros autoriza as
adesões ibéricas e marca a data.
Arquivo RTP: instantes do fecho das negociações,
com Ernâni Lopes a comemorar.

Depoimentos de VÍTOR MARTINS. “é extremamente


importante parece-me a mim, foi o facto de haver
nos ministérios, sobretudo nos ministérios
económicos, da indústria, da economia, do
planeamento, da agricultura, havia núcleos de
técnicos com experiência de integração europeia.
Eu próprio comecei a minha actividade
profissional no início dos anos 70, participando
como técnico júnior na altura, nas negociações do
acordo Portugal-CEE, do acordo comercial
Portugal-CEE que foi assinado em 72, portanto
essa escola diplomática da EFTA, associada aos
núcleos de peritos e técnicos nos ministérios
sectoriais criou uma base digamos, de pessoas
preparadas para entenderem a integração
europeia e eu julgo que isso foi muito importante
para o sucesso das negociações e para o primeiro
embate que tivemos quando aderimos. “
sobre o sprint final.

Arquivo RTP: Imagens da cerimónia de assinatura do


Tratado de Adesão nos Jerónimos; imagens da
cerimónia de assinatura de adesão em Madrid;
imagens da cerimónia de assinatura do Tratado nos
Jerónimos.

NARRADOR
A 12 de Junho, numa cerimónia breve mas cheia
de significado, o Tratado de Adesão é formalmente
assinado nos Jerónimos. A seguir tudo se repetiu
em Madrid, com os mesmos protagonistas.
Portugal e Espanha são os dois novos estados-
membros da CEE. A Comunidade passa a ser a
doze.

Primeiro, fala MARIO SOARES, sobre a coabitação.


“A entrada para a Europa praticamente as
pessoas não a sentiram logo, portanto não
sabiam o que é que vinha aí e não tinham
nenhuma razão para pensar que nós íamos ter
aquele maná que veio da CEE para a nossa
economia, não sabiam.”

O som da canção volta a subir.

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Imagens da Assembleia da República.

NARRADOR
A 1 de Janeiro de 1986, Portugal e Espanha
tornam-se membros de pleno direito da CEE. O
país estava a mudar depressa, mas a partir daqui
tudo foi ainda mais rápido.

FADE OUT.

Arquivo: Fotos jornais sobre a candidatura de


Cavaco Silva e a vitória.
NARRADOR
Tinha sido uns dias antes que um homem pouco
conhecido, Aníbal Cavaco Silva, se fez à estrada a
caminho do Congresso do PSD. Saiu de lá líder do
partido, convocou eleições e recusou o bloco
central. Abriu caminho para se sentar à frente do
governo nos dez anos seguintes, até hoje o mais
longo reinado do Portugal democrático.

Em Novembro de 1985, após vitória do PSD nas


legislativas, Cavaco Silva substitui Mário Soares
como primeiro-ministro. Governa em maioria
relativa, com apenas 88 deputados na Assembleia,
rompe com o Bloco Central e defende a eficiência
do sector público e a flexibilidade do mercado de
trabalho. É um homem do seu tempo, para um país
que se queria Europeu e moderno.

Depoimentos de CAVACO SILVA: “A adesão de


Portugal à União Europeia é um marco
verdadeiramente histórico na vida do país. É um
contributo da maior importância para
aconsolidação da democracia e para a
consolidação da opção por uma economia de
mercado, é também a abertura de uma nova
possibilidade de desenvolvimento pelas
possibilidades de acesso a mercados que nos
propicia e para além disso é um contributo para a
maior afirmação de Portugal no mundo. Portugal
consegue por essa forma fortalecer os seus laços,
em particular com África, a América Latina e com
o Mediterrâneo.

Arquivo: fotos jornais da vitória de Soares nas


presidencias de 86 e da maioria do PSD. Fotos de
jornais de Mários Soares e de Cavaco Silva.
NARRADOR
Mário Soares regressa rapidamente ao primeiro
plano político porque concorre e vence as eleições
para Presidente da República em 1986.
Mas o PSD aproveita um cometa chamado PRD
para a primeira vitória absoluta no Portugal
democrático: Ao fim da noite de 19 de Julho de 87,

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a contagem dá ao PSD 50 % dos votos e 148
deputados à Assembleia. O tempo do Portugal
europeu é feito com Mário Soares e Aníbal Cavaco
Silva, ambos sucessivamente chefes de Governo e
Presidentes. E se a um se deve a democracia e a
adesão, ao outro deve-se a modernização da
economia e da sociedade.

Arquivo RTP: instante do refrão de “Não Sejas Mau


Pra Mim”, de Dora, no Festival RTP da Canção 1986.
Depois, sobrepõe-se a narração (mas o áudio da
canção prossegue, em fundo). As imagens de Dora
prolongam-se um pouco. Imagens de vida em
Portugal em 86: estradas nacionais, indústria..
NARRADOR
Em 1986, quando o Festival da Canção ainda é o
acontecimento televisivo do ano, Portugal é um
país com dificuldades estruturais profundas.

Depoimento CAVACO SILVA: «No campo do


desenvolvimento basta ter presente que, quando
Portugal aderiu à União Europeia o seu
rendimento per capita era 53% da média europeia,
15 anos depois o rendimento per capita em
Portugal era de 75% da média europeia. Nunca na
nossa história, num período de 15 anos tínhamos
conseguido um progresso tão significativo em
matéria de desenvolvimento económico e social
por isso, não haja a mínima dúvida, o
desenvolvimento de Portugal hoje é muito maior,
mas muito maior do que aquilo que seria se
Portugal não fosse membro da União Europeia.”

Arquivo RTP: a informação diária dos câmbios, mapa


da Europa com notas de vários países.
NARRADOR
Em 86, a primeira oferta pública de venda na Bolsa
é o sinal para a nova economia: o cidadão toma
parte no mercado de capitais e as privatizações
começam. Em 87, o Banco de Portugal inicia a
adesão ao Sistema Monetário Europeu e em 89, o
Escudo adere oficialmente ao ECU.

Depoimentos de RUI RAMOS: “Em 1992, 4 anos


depois, Portugal tinha praticamente integrado na
sua legislação quase toda essa legislação
derivada do Acto Único, portanto é um, há aqui
um grande esforço para integrar Portugal.”

Arquivo RTP: imagens de modernidade no país no fim


dos anos 80 e princípio dos 90: obras, auto-estradas,
edifícios altos e modernos.
Com o apoio dos fundos estruturais, Portugal dá o
salto em frente e voa para um capitalismo à

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europeia, temperado pela social-democracia da
ordem política. Este é agora o tempo da subida dos
salários, do aumento do poder de compra, do
investimento, das privatizações, da vulgarização do
ensino superior. É o crescimento máximo com
inflação mínima.

Arquivo RTP: Imagens de reunião de entidades


europeis com representantes portugueses.

Cavaco Silva: “Jacques Delors que foi Presidente


da Comissão Europeia, uma figura extraordinária,
uma figura maior da integração europeia
classificou Portugal como “o bom aluno” pela
observação que ele fazia do nosso
comportamento nas instituições comunitárias e
no aproveitamento que estávamos a conseguir
fazer das oportunidades de desenvolvimento que
eram oferecidas pela integração europeia. Ele
queria significar com a expressão “o bom aluno”
que Portugal, era um país responsável e solidário
nas suas actuações dentro das instituições
europeias e que tinha conseguido vencer toda a
desconfiança.» «Isto só foi possível pela
credibilidade que Portugal conseguiu ganhar nas
instâncias comunitárias, mas também foi devido
àquilo que nós fizemos no plano interno, as
reformas necessárias, reformas estruturais que
possibilitaram a modernização da economia
portuguesa e isso era observado, atentamente,
por Jacques Delors com certeza, mas por todos
os outros países.”
FADE OUT

Arquivo RTP, imprensa, net: Amoreiras, incêndio do


Chiado, O Independente, Miguel Esteves Cardoso e
Paulo Portas nos anos 80.
Quando os lisboetas já trocaram as lojas da Baixa
pelas do exuberante Centro Comercial das
Amoreiras, o Chiado é consumido pelas chamas
numa madrugada de Agosto de 88. Foi aí que se
afirmou a rádio TSF e foi nesse mesmo ano que
chegou às bancas O Independente, dirigido por
Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas. Era um
novo jornalismo, em directo e com opinião, em
busca de uma opinião pública que se fazia ouvir
cada vez mais.

Portugal aproximava-se da Europa. Mas a própria


Europa estava em vésperas de mudar…
FADE OUT.

MOMENTO MUSICAL

Arquivo RTP e fotos: a queda do Muro de Berlim.

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Arquivo RTP: Alemanhas nos tempos depois do
Muro. Encontros entre líderes europeus e Mikhail
Gorbatchov. Primeira Guerra do Golfo.

NARRADOR
A utopia comunista caiu com estrondo e deixou à
mostra os reféns da ditadura soviética. Tudo
mudou: A Europa deixou de ser de Ocidente ou de
Leste e a CEE assumiu-se como um farol de
liberdade democrática para os novos países. E a
Alemanha recupera finalmente o seu território e o
justo peso político. Era mais uma ironia na história:
com Portugal a aproximar-se do centro da Europa,
esta tem de lhe virar as costas para encarar de
frente o futuro a Leste.
E isto ao mesmo tempo que a União descobre uma
faceta internacional: Em Agosto de 1990, o Iraque
invade o Koweit e os Estados Unidos são apoiados
por toda a Europa para terminar com o abuso.

Arquivo RTP: Imagens breves das vitórias eleitorais


de Soares e Cavaco, respectivamente nas
presidenciais e legislativas de 91.
Em Portugal a guerra será cultural, mas antes os
eleitores votam pela estabilidade. Em 1991
renovam os mandatos de Presidente da República
e Governo por números esmagadores – 70% para
Mário Soares e uma nova maioria absoluta para
Cavaco Silva.

Depoimentos de RUI RAMOS: “Creio que o


objectivo dos governos do professor Cavaco Silva
na transição da década de 80 para a década de 90
é a de que, ao criar-se em Portugal, através da
integração europeia, um novo quadro económico
em que já não há recurso à desvalorização por
exemplo e em que há um abaixamento das taxas
de juro, que a inflação iria também baixar, se
podia criar aqui um novo contexto económico que
iria levar os agentes económicos portugueses,
quer empresários, quer trabalhadores, a
comportarem-se de uma maneira completamente
diferente e a apostarem no aumento da
produtividade e não já na desvalorização como
tinha acontecido no passado. Este, creio que era
este o plano, que era esta a ideia isto é, criar um
novo contexto económico e social onde se, onde
Portugal pudesse começar a integrar-se na
Europa por outra via, isto é por via da
competitividade, por via ou por via da
produtividade, um aumento de produtividade e de
começar a desenvolver aqui outro tipo de

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indústrias e de actividades com mais valor
acrescentado, este era o objectivo.”

FADE OUT.

Arquivo RTP: instantes de Durão Barroso a falar na


assinatura dos Acordos de Bicesse, a 31.05.91.
Depois, a narração sobrepõe-se aos momentos mais
eloquentes da cerimónia.
NARRADOR
Em Maio de 91, Durão Barrosos o então secretário
de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação
conduz negociações entre o MPLA e UNITA,
tentando o fim da longa guerra civil que destrói
Angola. Os Acordos de Bicesse estabelecem o
cessar-fogo e estipulam o mês de Setembro de 92
como data para as primeiras eleições livres no
território. O acordo é visto como uma vitória, mas o
fracasso do conflito ofusca a capacidade negocial.
Arquivo RTP: Imagens do massacre de Sta. Cruz.
Barroso aumenta a influência e prepara a
campanha pela independência de Timor-Leste, e
aqui soma um sucesso importante. É apontado
como “uma estrela política” e “um dos líderes
mundiais de amanhã”.
Arquivo RTP: inauguração do CCB e da Presidência
portuguesa da CEE a 01.01.92. Depois, a narração
sobrepõe-se aos momentos mais embemáticos da
cerimónia.
NARRADOR
A 1 de Janeiro de 92, Cavaco Silva, Deus Pinheiro
e Durão Barroso inauguram o Centro Cultural de
Belém e Portugal assume, pela primeira vez, a
Presidência do Conselho Europeu.

Arquivo RTP: Imagens da cerimónia de inauguração


do CCB. Imagens da cerimónia de tomada de posse
da Presidência Portugesa do Conselho Europeu no
Palácio da Ajuda.

Depoimentos de CAVACO SILVA, sobre a


importância da primeira presidência portuguesa e os
desafios que se colocavam: “Era a primeira vez que
tínhamos essa tarefa em mão e todos nos
observavam com curiosidade. Como é que
Portugal um país pequeno iria conseguir
desempenhar todas as funções que são exigidas
a uma presidência e Portugal enfrentou várias
dificuldades porque, foi durante a presidência
Portuguesa que ocorreu o não da Dinamarca ao
Tratado de Maastricht. Ainda estava, estavam a
decorrer as consequências do desmoronamento
da União Soviética, era a Guerra Civil na ex
Jugoslávia, mas penso que Portugal se saiu bem.
Demonstrou seriedade, eficácia e os outros
reconheceram que fizemos uma boa presidência,

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não podemos esquecer que foi durante a
presidência portuguesa que foi assinado o acordo
que criou o espaço económico europeu, que foi
feita a reforma da PAC, uma importante reforma
da política agrícola comum, foram criadas as
condições para a abertura de negociações de
adesão da Suécia, da Finlândia e da Áustria.”
“E por isso Portugal pôde chegar ao fim da
presidência com um certo orgulho de ter
desempenhado bem, com o respeito de todos os
outros países, uma tarefa muito exigente, muito
difícil como é uma presidência do Conselho da
União Europeia.”

Arquivo RTP: Assinatura do Tratado de Maastricht, a


07.02.92. Depois, circulação de pessoas, transportes
e mercadorias em diversas capitais europeias.
Imagens notas de euro.
Breve FADE OUT

Arquivo: Foto de Jean Monnet e Robert Schuman.


Imagens de rua.
NARRADOR
Foram seis meses vibrantes para a União: o novo
Tratado de Maastricht relança a aventura europeia.
O Tratado garante a União Económica e Monetária,
obriga à disciplina orçamental e financeira e
assume uma moeda única e um Banco Central
Europeu. Estabelece a cidadania europeia, de
acordo com a qual todos os cidadãos dos estados-
membros têm os mesmos direitos eleitorais, de
circulação e residência. Fica aberto o caminho para
o Euro e para a União que extravasa em muito os
assuntos económicos. O sonho dos pais
fundadores da CEE é cada vez mais real, mas não
é acompanhado pelos cidadãos: o povo
desconhece o Tratado e não percebe o que está
em causa, embora continue a apoiar a Europa.

Arquivo RTP: Imagens Parlamento Europeu;


Conselho da Europa. Mapa da Europa com datas
dos tratados.

Depoimentos de VÍTOR MARTINS: “Foram


negociações extremamente complexas.
Extremamente complexas. Mas que entendo que
correram de maneira a ter um resultado final
positivo para as comunidades europeias e para
Portugal. Maastricht teve essencialmente dois
vectores. A criação da união económica e
monetária, portanto no fundo levar às últimas
consequências o grande mercado único. Eliminar
as barreiras monetárias, criar uma moeda única e
constituir um espaço único monetário, mas teve
também uma outra frente que foi o de aprofundar
a integração, digamos, no plano político.
Nomeadamente com a criação de um conceito de

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cidadania europeia, é o tratado de Maastricht que
estabelece esse conceito com um embrião de
política externa comum e de segurança e defesa
comumTemos uma integração monetária, não
temos uma união económica verdadeira e
portanto eu diria que se pudéssemos voltar atrás
provavelmente esse seria o grande debate.”

e ERNÂNI LOPES:“As regras de, vulgo regras de


Maastricht são apenas expressões práticas de
boa política económica. Aquela ideia de que as
regras de Maastricht eram umas coisas meio a
“abracadabra” de Abrantes, uma coisa estranha,
não, aquilo são regras que qualquer economia
bem gerida cumpre. E mais. Cumpre as regras e
cresce. Desenvolve-se. Porquê? Porque é bem
gerida.”

Raccord directo para arquivo SIC: imagens do início


das emissões da Sic e da Tvi. Buzinão da Ponte 25
de Abril.
NARRADOR
Portugal completa a modernização da esfera
pública com os novos canais de televisão, já depois
do surgimento do jornal Público. A Sic e a Tvi
ajudam a esbater distâncias entre o cidadão
comum e a figura pública, e a tv-realidade é um
sucesso. Ao mesmo tempo Lisboa organiza a
Capital Europeia da Cultura e ocorre o primeiro
sinal de cansaço do mandato de Cavaco Silva, com
a vitória socialista nas eleições para o Parlamento
Europeu. Na Comissão há mudança de Presidente:
Jacques Santer substitui Jacques Delors, homem
que deixa saudades até hoje.

Arquivo RTP: espectáculos de grandes dimensões


em Lisboa Capital Europeia da Cultura ’94. Imagens
do buzinão na Ponte 25 de Abril. Tomada de posse
de Jacques Santer como Presidente da Comissão.

Arquivo RTP: vemos instantes do “Talvez F…” de


Pedro Abrunhosa em videoclip. Depois, sobrepõe-se
a narração. Imagens de jovens na rua.
FADE OUT

NARRADOR
Portugal moderniza-se em todos os sentidos. Pedro
Abrunhosa opera a revolução na música
portuguesa, misturando novos estilos e com
narrativas urbanas. Ele é o porta-voz de uma nova
geração que cresceu com Cavaco e inter-rail e
quer, a emancipação social, depois da liberalização
económica. Abrunhosa torna-se a imagem do fim
do namoro do país com a maioria absoluta.

Imagens de Lisboa, indústria, esplanadas.

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Dez anos depois da adesão, o país cumpriu o seu
primeiro desígnio: modernizou-se, evoluiu, livrou-se
do passado. Apoiado por novos fundos estruturais
e uma economia sólida, o novo governo promete
diálogo e paixão, razão e coração. António
Guterres no Governo e Jorge Sampaio em Belém
presidem a um anseio do país, depois de tanta
mudança: viver normalmente.

Depoimento de MARIA JOÃO RODRIGUES: “Foi


uma viragem fundamental que foi feita em
Portugal quanto à forma de utilizar os fundos
estruturais. Numa fase inicial o país tinha tantas
carências em matéria de infraestruturas, de
transportes, de saneamento básico, que era óbvio
que essa tinha que ser a prioridade mas a partir
de uma certa altura a prioridade tinha que ser uma
outra muito mais voltada para tudo o que são
recursos humanos, educação, formação, políticas
activas de emprego e portanto essa viragem foi
feita, progressivamente, se quer a minha opinião
devia ter sido feita até mais rapidamente. Acho
que o país tinha ganho com isso.”

FADE OUT.

Arquivo RTP: imagens de Dublin; depois reunião do


Conselho Europeu lá realizada em Dezembro de 96
em que se chega a acordo quanto ao PEC. Vitória
eleitoral de Tony Blair.
NARRADOR
Em Bruxelas, o Conselho Europeu concluiu o
acordo quanto aos termos do Pacto de Estabilidade
e Crescimento e às taxas de câmbio do futuro euro.
E em Inglaterra Tony Blair vence as eleições e abre
caminho à Terceira Via, lançando uma nova
geração de líderes e fechando nos livros os
grandes estadistas do continente. Thatcher, Kohl,
Mitterrand e Delors acabaram o seu tempo.

Arquivo RTP: Margaret Thatcher, Helmut Kohl e


François Mitterrand.

Arquivo RTP: assinatura do Tratado de Amesterdão,


Tribunal Europeu de Justiça e acção humanitária num
campo de refugiados.
Em Outubro de 1997, é assinado o Tratado de
Amesterdão, autorizando a participação de
militares europeus em operações de paz e
definindo o papel do Tribunal Europeu de Justiça.
Depois da sólida evolução económica, a União
estende o raio de acção às matérias humanitárias e
judiciais.

Arquivo RTP: conferência internacional de Quioto e


momentos da assinatura do Protocolo. Depois,

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imagens de fábricas e transportes lançando gases na
atmosfera.
NARRADOR
No final do ano, o ambiente entra na agenda
mediática com a conferência internacional sobre
alterações climáticas, em Quioto. A Europa tenta
liderar a discussão, mas ninguém ajuda: a China e
a Rússia só assinam o Protocolo anos depois, os
Estados Unidos recusam fazê-lo e as metas
permanecem por cumprir.
Estamos já em 1998. Sequência vertiginosa de
imagens das diferentes moedas europeias,
convergindo, no fim, no plano da moeda de um euro.
Fixação de taxas de conversão entre várias moedas e
o euro.
1998 acelera em direcção à moeda única. São
fixadas as taxas de conversão entre as divisas
europeias e a futura moeda e Portugal é integrado
no grupo de onze estados-membros fundadores.

Arquivo RTP: Instituo Monetário Europeu. Conselho


Europeu. Valor do euro.

Depoimento de MARIA JOÃO RODRIGUES:


“Momento que eu sublinho como importante foi
evidentemente a entrada para a zona euro e todos
nós nos lembramos que, passado muito pouco
tempo nós beneficiávamos em Portugal de taxas
de juro excepcionalmente baixas, que serviram de
alavanca para um período de crescimento
importante de criação de emprego e portanto um
outro exemplo de como tirar partido da Europa.”
“O facto de nós termos lançado o euro com
sucesso criou as condições políticas para
passarmos a uma nova fase, que foi dotar a União
Europeia de uma estratégia de desenvolvimento
para o longo prazo visando criar emprego e
reforçar a competitividade mas com outra
perspectiva, que era apostar no conhecimento, na
inovação, na educação.”

Arquivo RTP: Depois, entra a narração, sobrepondo-


se a imagens emblemáticas do evento: espectáculo
do Pavilhão da Utopia, peregrinação, Aquamatrix,
pavilhões e edifícios mais simbólicos, etc.

A coroar tudo isto, Lisboa recebe a Exposição


Universal de 1998. O evento recorda os mares que
projectaram o país mas todos os símbolos são da
modernidade cosmopolita de uma nação que se
transformou tremendamente com a integração
europeia. A mudança não foi só económica: foi
também na forma de estar, de pensar, de se

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relacionar com o exterior, de viver a cultura e a
inovação.

Arquivo RTP: Excerto do discurso de Jorge Sampaio


na EXPO 98.

Depoimento de RUI RAMOS: “A integração na


Comunidade Europeia e depois na União Europeia
já na década de 90 é, vai, está articulada com um
ressurgimento de um nacionalismo até bastante,
com alguma configuração tradicional, mais uma
vez ligada aos descobrimentos, mais uma vez
ligada à expansão marítima e a Expo 98, a
Exposição Internacional de 1998 é esse, é um
símbolo disso, Portugal está a integrar-se na
União Europeia mas aquilo que resolve
comemorar, aquilo de que resolve falar é da sua
integração no mundo, dos mares, dos oceanos,
invocando a época dos descobrimentos e aliás é
esse, isso tem haver provavelmente com a
necessidade dos próprios, da classe política
portuguesa de se valorizar em termos europeus
isto é, de dizer em termos europeus nós temos
uma mais valia, as nossas ligações especiais
através da língua, através dos contactos culturais
muito antigos com o resto do mundo, portanto é
isso, mas tem provavelmente a haver com o facto
de ser a maneira mais óbvia de explorar o
passado português isto é, era aquilo que as
gerações sucessivas tinham aprendido na escola
que era a coisa mais importante que os
portugueses tinham feito, era a expansão e
portanto era muito mais fácil digamos, criar esse
sentimento de orgulho nacional, de patriotismo,
dinamismo, explorando essa, algo que era
conhecido e assimilado pela parte da população
que tinha passado pelo sistema de ensino, do que
provavelmente recorrer a outra dimensão da
história de Portugal que fosse menos óbvia e
menos clara e portanto temos no príncipio do
século 21, quer dizer, um país que entra no século
21 integrado na União Europeia mas a falar quer
dizer, dos seus, do seu passado extra-europeu.”

Arquivo RTP: instantes de José Saramago na


aceitação do Nobel. Só depois entra a narração.
NARRADOR
No final do ano, a língua portuguesa é distinguida
pela primeira vez com o Prémio Nobel da
Literatura. José Saramago recebe o prémio da
Academia Sueca e, na má consciência do país,
agita-se a recordação do caso O Evangelho
Segundo Jesus Cristo…

FADE OUT.

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Arquivo RTP: imagens da Guerra do Kosovo,
bombardeamentos e campos de refugiados. Romano
Prodi a tomar posse como Presidente da Comissão e,
depois, os rostos dos comissários.
NARRADOR
Em Março de 99, a NATO inicia os
bombardeamentos aéreos sobre a Jugoslávia,
assumindo a Guerra no Kosovo. E o falhanço da
União em manter a paz no continente. Dias depois
o Conselho Europeu decide sanções contra a ex-
Jugoslávia, abrindo as portas aos refugiados
kosovares. No mesmo encontro, Romano Prodi é
indicado para a Presidência da Comissão. O
executivo de Prodi é aprovado pelo Parlamento
Europeu em Setembro. António Vitorino é
empossado Comissário para a Justiça e Assuntos
Internos.
Arquivo RTP: Depois, cerimónia de abertura da
segunda Presidência portuguesa da União, a
01.01.00.
Em Outubro, António Guterres é reconduzido como
primeiro-ministro antes de ocupar o lugar de
Presidente do Conselho Europeu. A 1 de Janeiro
de 2000, Portugal inicia a segunda Presidência
europeia, que fica marcada por importantes
encontros internacionais como a primeira cimeira
Europa-África; Mas o segundo mandato português
à frente do Conselho é marcado pela Estratégia de
Lisboa, uma agenda para o reforço do emprego, a
reforma económica e a coesão social.

Arquivo RTP: I cimeira UE-África, no Cairo, a


03.04.00. I Cimeira UE-Índia. Reunião para a
aprovação da Estratégia de Lisboa.

Arquivo RTP: Estratégia de Lisboa. Imagens de rua.

Fala MARIA JOÃO RODRIGUES “Eu acho que um


grande momento de contribuição para a Europa,
com ideias próprias, com criatividade própria, foi
a adopção em Lisboa, da Estratégia de Lisboa,
portanto da estratégia que se tornou a estratégia
da União Europeia para o desenvolvimento por 10
anos. Devo dizer que o saldo ficou aquém do que
nós queríamos, mas há aspectos que são
claramente positivos, porque nós não podemos
esquecer que no fim desse período, antes da crise
financeira, a Europa tinha criado mais 18 milhões
de postos de trabalho e tinha também alcançado
uma taxa de crescimento que estava em média
próxima dos 3‰ que era o nosso objectivo.”

Arquivo RTP: Conselho Europeu de Nice, Dez. 2000


– múltiplas imagens.

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NARRADOR
O ano dois mil fecha com a aceitação do
alargamento a Leste e com a aprovação do Tratado
de Nice. O documento confere aos estados-
membros mais populosos a maioria dos votos no
Conselho de Ministros e limita o direito de veto. Na
mesma reunião, é aprovado um texto fundamental
para os princípios da União: é a Carta dos Direitos
Fundamentais que reúne os direitos civis, políticos,
económicos e sociais dos cidadãos europeus.

Arquivo RTP e fotos: 11 de Setembro de 2001.


NARRADOR
E com o novo século chegam perigos diferentes. A
11 de Setembro de 2001, renascem velhos
fanatismos e fundamentalismos. Menos de um mês
depois, começam os bombardeamentos
americanos sobre o regime talibã no Afeganistão. A
guerra é militar, religiosa e cultural, e as marcas
vão-se fazer sentir na Europa durante longos anos.
Depois, bombardeamentos americanos e britânicos
no Afeganistão. Imagens do Conselho Europeu em
Gand, Outubro de 2001.
NARRADOR
A Europa quis ter um poder político no mínimo igual
à sua força económica, e tentou um projecto de
Tratado Constitucional. Mas a ideia não chegou
longe.

Arquivo RTP: Porto, Capital Europeia da Cultura.


Autárquicas de Dezembro de 2001, discurso de
demissão de António Guterres.

O Porto celebra a Capital Europeia da Cultura e


espera a conclusão da Casa da Música. A
economia da nação perdeu força e Portugal já não
é o “bom aluno” de Bruxelas. O Partido Socialista
sofre uma pesada derrota nas autárquicas de
Dezembro de 2001 e o primeiro-ministro António
Guterres apresenta a demissão.

Imagens da cerimónia da entrada em vigor do Euro;


imagens de notas e moedas; Imagens do Instituto de
Emprego e Formação Profissional.

NARRADOR
A 1 de Janeiro, o Euro entra oficialmente em
circulação e é assimilado facilmente. A Europa
segue em frente, e Portugal com ela. Mas da
euforia à depressão vai um curto passo ao lado. E
se os anos que se seguem prometem a
credibilidade da liderança política, confirmam
também as limitações do modelo português de
desenvolvimento. Portugal vai-se aproximar
politicamente da Europa mas em termos

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económicos volta a afastar-se. As consequências
estão aí e já não é possível não as ver.

Depoimentes breves de RUI RAMOS sobre a vitória


da entrada em circulação do euro: “Em 2000 já
tínhamos um desiquilíbrio da balança de
pagamentos que era tão grave como aqueles que
se tinham passado em 1983/84 e em 1977/78, mas
aí também a adesão à própria integração na
moeda única permitia gerir esses desiquilíbrios
sem incorrer nos custos que se tinham incorrido
na década de 70 e na década de 80, portanto
também não havia esse estímulo para um
ajustamento e depois havia a pressão social
enorme, quer dizer as pessoas queriam
automóveis, queriam telemóveis, queriam casas,
era isso que lhes tinham prometido ou aquilo que
eles tinham percebido que lhes era devido depois
da integração europeia quer dizer, essa ideia de
que agora integrados na europa vamos passar a
ter salários europeus, consumo europeu,
ninguém, obviamente ninguém, não tinham lido
aquelas letras pequeninas a dizer que era
necessário terem uma produtividade europeia,
ninguém lhes tinha dito isso, as pessoas acharam
isso como uma questão de justiça, quer dizer.”

Imagens da net: Vitória do PSD nas legislativas de


17.03.02.

NARRADOR
O protagonista maior dos próximos capítulos da
história reentra em cena pela porta grande: A 17 de
Março de 2002, Durão Barroso vence as
legislativas à frente do PSD. Barroso é um
europeísta convicto, diplomata de carreira e líder
natural cuja visão de poder vai muito para além das
fronteiras portuguesas. O governo de coligação
com o PP será marcado pela contenção de
despesa e pela tentativa de reequilibrar as finanças
públicas. Mas ficará sempre ligado ao apoio à
Guerra do Iraque.
Arquivo RTP: imagens da Comissão Europeia em
reunião.
A nível europeu, é o alargamento a leste que está
na agenda. A Comissão recomenda o final do ano
como data limite para as negociações da adesão
dos dez novos membros. Será o maior alargamento
de sempre da União e um claro deslocamento para
leste.
Depoimento de VÍTOR MARTINS:
“É claro que a integração desses novos países,
que veio a consumar-se depois em 2004, teve
impactos que afectaram na primeira linha
Portugal, todos os estudos europeus e nalguns
deles eu próprio participei apontavam claramente
que Portugal era um dos países mais impactados

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com a entrada destes novos parceiros
nomeadamente pela concorrência e pelo perfil
produtivo que traziam no confronto com o nosso
país.”,

MARIA JOÃO RODRIGUES “Temos que perceber


isso, isso tem haver com processo histórico de
construção de uma União Europeia mais alargada
mas, do nosso lado não houve a capacidade que
devia ter havido para responder a esse novo dado
geoestratégico, sem dúvida, porque nós devíamos
em face disso ter acelerado ainda mais a nossa
viragem para factores competitivos avançados
baseados na educação e na investigação.

Arquivo RTP: imagens de Conselho Europeu de


Copenhaga, em Dezembro de 2002. Acções da
Missão de Polícia da UE na Bósnia.
NARRADOR
Em Dezembro de 2002, o Conselho Europeu
aprova a adesão dos dez candidatos. A entrada
fica marcada para Maio de 2004. Logo a seguir, a
União Europeia e NATO rubricam um Acordo de
Parceria Estratégica e, no ano seguinte, surge a
primeira Missão de Polícia na Bósnia-Herzegovina.
Arquivo RTP: Imagem dos quatro líderes na Cimeira
das Lajes. Imagens da guerra no Iraque. Queda da
estátua de Saddam. Imagens do Conselho Europeu.
A 16 de Março de 2003, uma geração de políticos
fica marcada pela cimeira mais polémica dos anos
recentes: George W. Bush, Tony Blair, José Maria
Aznar e Durão Barroso, reunidos na Cimeira das
Lajes, preparam a Guerra do Iraque e dão o sinal
de que avançarão sem as Nações Unidas.

NARRADOR
Quatro dias depois começam os
bombardeamentos. Portugal e mais sete estados-
membros apoiam unilateralmente a invasão. Mas
ao contrário da primeira Guerra do Golfo, agora
não existe o apoio formal da Europa, porque
sobravam as dúvidas sobre a sua lógica imediata.
A Al-Qaeda foi rápida a vingar-se, e as vítimas dos
atentados de Madrid pagaram caro pela Cimeira
das Lajes.

Arquivo RTP: Imagens dos atentados de 11 de


Março de 2004 em Madrid. Só após alguns instantes,
entra a narração.

Ficamos ainda com alguns instantes de imagens dos


atentados de Madrid.

BREVE FADE.
Arquivo RTP: imagens dos dez novos estados-
membros e das suas populações: Hungria, Chipre,

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Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia,
Malta, Polónia e República Checa.

Imagens da Assembleia da República.


A 1 de Maio de 2004, Hungria, Chipre, Eslováquia,
Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia
e República Checa aderem formalmente à União
Europeia. Está consumada a viragem a Leste, e
confirmado o poder de Berlim. Portugal torna-se
ainda mais periférico, e perde capacidade para
atrair investimentos porque agora concorre com
países de mão-de-obra especializada e
rendimentos mais baixos.

FADE OUT.

Arquivo RTP: Já com narração, imagens de grandes


momentos do Euro nos estádios.
NARRADOR
À falta de melhor surge o Europeu de 2004. O
futebol rege-se à margem da União, mas o
tremendo êxito da organização é saudado
internacionalmente. Mais uma ironia coloca na final
os dois países mais frágeis da União, Grécia e
Portugal. A Grécia ganha no relvado, mas no
tabuleiro do xadrez político quem vence é Portugal.

Arquivo RTP: Conselho Europeu em Bruxelas,


29.06.04, onde se indigitam Javier Solana Alto
Comissário PESC e Durão Barroso Presidente da
Comissão. Depois, Durão em todos os processos de
aprovação até à oficialização final.
José Manuel Durão Barroso é formalmente
indigitado como Presidente da Comissão Europeia.
O primeiro-ministro abandona o Governo, e metade
de Portugal sente orgulho em ter um Presidente da
Comissão; a outra metade lamenta a instabilidade
política.
Com Durão é aprovado também o projecto para
uma futura Constituição, e Javier Solana é
escolhido como Alto Representante para a Política
Externa de Segurança Comum.
Depoimentos sobre este momento quente da história
recente: RUI RAMOS: “Em 2004, isto foi a
possibilidade de Durão Barroso ser presidente da
Comissão Europeia é recebida pela classe política
portuguesa como uma oportunidade que não deve
ser perdida e que justifica de alguma maneira
essa saída. Posteriormente há uma re-leitura,
digamos assim dos acontecimentos, sobretudo
no próprio partido de Durão Barroso uma vez que
os resultados depois não são dos melhores e
portanto há uma crítica, mas creio que a história
deve julgar em termos também da perspectiva dos
contemporâneos e tentar compreender porque é
que em 2004 pareceu importante para Portugal
não deixar passar essa oportunidade e há

© Vitrimedia. Todos os Direitos Reservados.


portanto uma compreensão à volta de Durão
Barroso para a sua opção entre ser Primeiro-
Ministro de Portugal e Presidente da Comissão
Europeia.”

FADE OUT.

Arquivo: Imagens de jornais quando Jorge Sampaio


dissolve a Assembleia da República quando o PS
obtém a mioria com José Socrates.

NARRADOR
Após escassos e turbulentos meses, Jorge
Sampaio dissolve a Assembleia da República e faz
cair o executivo liderado por Santana Lopes. A
seguir o PS conquista a primeira maioria absoluta
da sua história e José Sócrates toma posse como
primeiro-ministro de Portugal. O novo governo
garante reformas profundas mas assume a
promessa de controlar o défice.

Arquivo RTP: Funeral de Álvaro Cunhal.


NARRADOR
Em Portugal desaparece o papa do comunismo, e
um país cada vez mais órfão de referências
políticas enche as ruas para a última homenagem a
Álvaro Cunhal.
Arquivo RTP: trabalhos da Comissão Europeia
presidida por Durão Barroso.
Em Bruxelas, a Comissão presidida por Durão
Barroso enfrenta o chumbo da Constituição
Europeia nos referendos em França e na Holanda.
A ambição constitucional morre sem ver a luz e
atira a Europa para uma breve crise de identidade.

Arquivo RTP: referendos e manifestações em França


e Holanda pelo “Não” à Constituição Europeia.

FADE OUT.

Imagens de fotografias dos Presidentes no Palácio de


Belém.

Narrador
Em Janeiro de 2006, Cavaco Silva regressa à
política activa pela porta do Palácio de Belém.
Substitui Jorge Sampaio, vencendo Manuel Alegre
e Mário Soares e promete “cooperação estratégica”
com o governo socialista.

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Arquivo RTP: Depois, mapa da Europa com os
estados da União destacados a cor. Depois, Sócrates
a falar na Assembleia e inauguração da Presidência
portuguesa a 01.07.07.
No ano seguinte, Bulgária e Roménia aderem
oficialmente à União Europeia, que passa a ser a
vinte e sete. No final de Junho, José Sócrates
enuncia os eixos da Presidência portuguesa da
União, prestes a começar: a prioridade vai para a
reforma dos Tratados, uma agenda de
modernização das economias e o reforço do papel
da Europa no Mundo. A 1 de Julho, Portugal inicia
a sua terceira e mais importante Presidência da
União.

Depoimentos sobre os objectivos da terceira


Presidência portuguesa da União e sua importância.
Fala LUÍS AMADO: «Nós tivemos confiança de que
a presidência portuguesa, pelas circunstâncias
que conhecemos, ia ser uma presidência
exigente. Repare que foi a primeira presidência
que foi preparada em conjunto com a Alemanha e
com a Eslovénia, o primeiro trio de presidência
que experimentou essa fórmula de presidência.
Com o novo impulso que lhe pretendeu dar, com
responsabilidade ecom exigência. Foi isso que
fizemos. Fomos bem sucedidos em alguns dos
dossiers mais críticos com que nos envolvemos e
isso de alguma forma marcou o sucesso
reconhecido internacionalmente da presidência
portuguesa.»

Arquivo RTP: mais alguns momentos da inauguração


da Presidência portuguesa. Depois, pormenores do
Pavilhão Atlântico transformado em centro de
operações da Presidência. Por fim, Cimeira UE-Brasil.
NARRADOR
A presidência portuguesa é um sucesso. As
cimeiras intercontinentais projectam a vocação
transatlântica de Portugal e dão uma dimensão
global à União. A Cimeira Europa-África é o ponto
alto e renova uma relação que se quer de
«interdependência vital».

Arquivo RTP: momentos emblematicos da assinatura


do Tratado de Lisboa a 13.12.07.

Arquivo RTP: imagens da Cimeira Europa-África.

LUÍS AMADO: «Conseguimos convencer os


nossos colegas europeus, apesar das
dificuldades que alguns sentiam na realização da
Cimeira com África, por exemplo. Todos
reconheceram a oportunidade de não deixar

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prolongar mais no tempo um diálogo estratégico
de grande importância para a Europa, entre a
União Africana e a União Europeia, as suas
instituições respectivas e essa circunstância
permitiu de facto o reconhecimento quase geral
do sucesso da presidência portuguesa. A
apreciação que em África se faz hoje da
diplomacia e da política externa portuguesa
mudou significativamente fora do espaço de
língua portugesa com o sucesso da realização da
Cimeira de África. Não acreditavam muitos
desses países, seja da esfera francófona, seja da
esfera anglófona, seja do mundo árabe, não
acreditavam que até bem tarde, que pudéssemos
ter condições políticas para fazer a cimeira.”

NARRADOR
Quase em cima do fecho da presidência, o
sucesso: é assinado o novo documento
fundamental da União. O Tratado de Lisboa
consagra no nome a cidade que foi palco de
intensas negociações. Portugal fica ligado a uma
fase determinante dos destinos da Europa, no
mesmo lugar, onde 22 anos antes, assinara a
adesão à Comunidade. É o fecho de um círculo
perfeito.

Arquivo RTP: Depois, a narração sobrepõe-se à


continuação de momentos poderosos da cerimónia.
Insert de um momento da assinatura da adesão no
mesmo espaço a 12.06.85.

O Tratado projecta a Europa do século XXI: dá uma


estrutura de poder coerente, antecipa novos
alargamentos e promove a voz democrática da
União.
Vai surgir um Presidente do Conselho Europeu, os
cidadãos passam a ter mais poder, a participação
dos parlamentos nacionais na vida comunitária é
reforçada. Surge um novo Alto Representante para
os Negócios Estrangeiros e os membros ficam
presos a uma cláusula de solidariedade mútua em
caso de ataque terrorista ou catástrofe natural.
Arquivo RTP: aplausos e cumprimentos finais na
assinatura do Tratado.

Arquivo RTP: instantes do encerramento da


Presidência portuguesa, no final de 2007.

FADE OUT.

Arquivo RTP: imagens de Wall street, imagens notas


de dólar; banco Lehman Brothers.
NARRADOR
A União Europeia estava então preparada para
tudo. Ou para quase tudo. A caminho está uma
crise económica de dimensão global que vai abalar

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a confiança entre os estados-membros e pôr à
prova a força económica dos 27. O momento zero
ocorre com a falência do banco americano Lehman
Brothers, a 14 de Setembro.
Arquivo RTP: Bolsa de valores, bancos, moedas,
notas.
NARRADOR
Era suposto ter uma decisão rápida e afirmativa por
parte da União. Mas os interesses nacionais falam
mais alto e atrasam um plano de apoio de
emergência à economia. Esse plano será várias
vezes revisto, sempre em alta, porque a crise teima
em durar e ultrapassar prazos de validade.

Depoimento de MARIA JOÃO RODRIGUES: “Nós


estamos num momento da encruzilhada histórica
e temos duas escolhas. Uma é ir pela escolha da
austeridade, com o argumento que os nossos
orçamentos estão muito desiquilibrados e
portanto acima de tudo temos que dar prioridade
a reduzir o défice e a dívida mesmo que isso se
traduza em sacrificar o crescimento, esta é uma
escolha possível. Eu não concordo com esta
escolha, eu acho que tem que haver outra, quer
dizer... nós temos que ter responsabilidade fiscal,
nós realmente queremos chegar a orçamentos
mais equilibrados, mas a melhor forma de chegar
a esses orçamentos mais equilibrados é elevar o
ritmo de crescimento. Porque se nós crescermos
mais então torna-se mais fácil reduzir o défice e a
dívida e a relação que eles têm com o Produto
Interno Bruto, portanto a segunda via que eu
estou a preconizar é uma via que combina
crescimento com reequilíbrio orçamental.” ,

LUÍS AMADO: “Em parte esta crise veio evidenciar


as fragilidades do projecto europeu e da
construção europeia. Sobretudo da existência de
uma união monetária e de uma moeda comum
sem alicerces sólidos e paredes sólidas da união
económica e da união política. Foi sempre uma
das reservas colocadas pelos principais críticos
ao euro essa circunstância de termos construído
um telhado pesado e forte sobre uma estrutura
frágil do ponto de vista da união económica e da
união política. É por isso que a necessidade de,
os governos europeus se consertarem mais do
ponto de vista das respostas estruturais há
situação criada é absolutamente indispensável
sem a sustentabilidade do euro, é muito difícil
perceber como é que o projecto europeu se pode
consolidar a parazo e também não se percebe
como é que o projecto do euro se consolida sem
um reforço das condições da união económica e
da união política.”

Arquivo: Imagens dos outdoors das eleições de 2009;

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NARRADOR
Em 2009, chega o tempo de ir a votos. O PSD
vence as eleições europeias mas o PS mantém o
poder legislativo, desta vez em minoria. Em
Bruxelas, Durão Barroso renova o mandato à frente
da Comissão, ratificada pelo Parlamento Europeu.
Arquivo RTP: ficamos ainda alguns instantes com os
aplausos a Durão Barroso no Parlamento Europeu na
sequência da aprovação da sua recondução.

Arquivo RTP: Depois, Václav Klaus a ratificar o


Tratado. Por fim, escolha de Herman Van Rompuy e
Catherine Ashton para os respectivos cargos, em
Novembro de 2009.
NARRADOR
O Tratado de Lisboa é finalmente aprovado e
ratificado. Em Novembro, Herman Van Rompuy e
Catherine Ashton são indigitados como Presidente
do Conselho Europeu e Alta Representante Para A
Política Externa Europeia.

FADE OUT.

Best of de momentos da história destes 25 anos,


acompanhando a narração começando na assinatura
da adesão portuguesa e terminando na do Tratado de
Lisboa, incluindo a revisão de momentos de pura
portugalidade. Estradas, empreendimentos, cidades,
transportes, pessoas na rua.
Panorâmica dos claustros do Mosteiro dos Jerónimos,
com o som do momento da assinatura do tratado de
Adesão de Portugal.

E passaram 25 anos. Como antes da adesão,


Portugal vive uma crise económica profunda e a
instabilidade política mantém-se. Para além disso,
mudou quase tudo.
Portugal viu nascer novos jornais, inúmeros canais
de cabo, multiplicou o acesso às novas tecnologias,
investiu nas energias renováveis e planeia uma
terceira travessia sobre o Tejo, um TGV e um novo
aeroporto de Lisboa.
A esperança média de vida aumentou quase nove
anos; a mortalidade infantil foi reduzida a um terço.
O saldo migratório inverteu-se e os imigrantes
continuam a chegar. Estamos mais ligados aos
parceiros europeus e mais dependentes das suas
economias.
O Portugal de hoje é diferente para melhor, mas
ainda está longe da média europeia, longe do
desenvolvimento económico mas mais perto dos
centros de poder. A viagem ainda agora começou...

CORTA PARA:

FICHA TÉCNICA

© Vitrimedia. Todos os Direitos Reservados.


Realização
Gonçalo Mégre
Diogo Queiroz de Andrade

Depoimentos
Aníbal Cavaco Silva
Ernâni Lopes
Luís Amado
Maria João Rodrigues
Mário Soares
Rui Ramos
Vítor Martins

Produção
Maria Inês Rodrigues

Assistente de Produção
Sara Duarte

Imagem
Duarte Guimarães

Imagens adicionais
Ricardo Correia

Edição
Ricardo Sampaio

Pós-Produção Audio
João Megre / Big Beat

Pesquisa
Rose Azevedo

Maquilhagem
Leonor Veiga
Magda Casqueiro

Voz Off
Pedro Esteves

Guião
Alexandre Borges

Direcção Geral
Diogo Queiroz de Andrade

RTP
Pesquisa e Arquivo
Pedro Duarte
Dora Ventura
Ana Silveira Ramos

Produção Delegada
Olívia Vasques

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Recortes da Censura: gentilmente fornecidos pelo Arquivo Expresso/Gesco

Agradecimentos
Assembleia da República
Hemeroteca
Fundação Humberto Delgado
Gesco/Expresso
IGESPAR
José Pedro Castanheira
Maria João Lopes
Manuel Romano
Ozita Euleutério
PSD
Paula Mascarenhas

Com a cooperação da Representação em Portugal da Comissão Europeia

Cartão Vitrimédia animado


Cartão RTP2

Este Programa teve ajuda à produção de:


Amorim Turismo
Big Beat
Oxford

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