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Salih (XXXX) identifica uma interessante citao realizada por Butler tambm no
incio de GT referente Genealogia da Moral (GM) de Nietzsche: XXXXXX.
Desta forma, tomar o ato de gnero como um ato de performatividade implica tambm
em (des)considerar uma determinada noo de sujeito e consequentemente de ao, pois no
se considera mais que a ao fruto de uma vontade anterior ou a uma causa psquica. Aqui
encontramos uma intensa interlocuo com a crtica de Nietzsche ao sujeito cartesiano da
modernidade que culmina em afirmao como em GM (XXXX) de que a expresso da
vontade a ao mesma, tornando desnecessria uma determinada fase temporal de
transformao de vontade psquica em ato concreto, assim eliminando o dualismo.
O sujeito , portanto um sujeito da ao. E esta ao primariamente, me referindo a
princpio a Butler, um ato de linguagem. A linguagem est envolvida ento no prprio
processo de constituio do que se pode chamar de sujeito, mas, sobretudo de um corpo. Um
exemplo famoso de Butler presente na obra Bodies that Matter (BTM) se refere ao poder
constitutivo da frase Its a Girl/Boy!. Ao nomear um feto que visto no ultrassom, se
institui um sexo a um corpo que, para Butler, no existe fora de uma ordem simblica:
To the extent that the naming of the girl is transitive, that is, initiates the process
by which a certain girling is compelled, the term or, rather, its symbolic power,
governs the formation of a corporeally enacted femininity that never fully
approximates the norm (p. 232).
Salih alude aqui a uma estreita relao com o pensamento de J. L. Austin e seu
desenvolvimento dos conceitos de ato perlocucionrio (constativo) e ilocucionrio
(performativo), sendo o primeiro um ato de descrio e referncia a um fato e o segundo a
criao de uma realidade simblica. Portanto, a frase Its a girl/boy constitui um ato
ilocucionrio, pois inocula no feto uma realidade.
Tal capacidade da linguagem de gerar realidades coadunada, por exemplo na forma
como Nietzsche concebe o processo mesmo de genealogia. Neste procedimento, Nietzsche ao
historicizar um determinado valor moral o retira de um patamar absoluto que leva a pergunta
pelo valor deste valor, ou seja, em que condies o homem necessita para si de tal valor e
qual seria sua funo. Pois bem, ao evocar uma provenincia de um valor e de uma prtica,
Nietzsche pe em evidncia, por exemplo, de que forma determinado ideal (ex. ideais