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O jovem, que vive no Brasil desde fevereiro do ano passado, um dos milhares
de refugiados da violenta guerra civil em curso na Sria, origem de uma crise
migratria sem precedentes na Europa. Ex-combatente, Abdo, como tambm
chamado, foi ferido em um bombardeio que deixou sequelas em uma perna.
Perdeu casa, trabalho, parentes e teve mais de cem amigos mortos no conflito.
Ao obter refgio no Brasil, o srio pensou que encontraria uma cidade com
natureza exuberante, transporte a cavalo e economia movida pela pesca e pelo
futebol de Ronaldo, Roberto Carlos e Rivaldo, craques que admirava. E, por
causa dos Estados Unidos da Amrica, imaginava que o ingls seria a lngua
principal. Deparou-se, em vez disso, com uma So Paulo de inmeros prdios e
carros e com poucos sinais de pessoas jogando futebol nas ruas. E falando
portugus, o que logo se imps como um grande desafio.
"Apesar de a maioria das pessoas pensar que a grande dificuldade em lidar com
refugiados a lngua, percebo que as barreiras culturais so to complicadas
quanto a linguagem", diz Valdvia sobre a convivncia com o jovem srio. "No
domingo ele me perguntou: 'Voc faz um favor para mim'? Quando respondi
'depende', ele ficou muito chateado", conta ela. A explicao: "Como eu moro
aqui, ela muito minha amiga e cuida de mim, no pode falar 'depende'. Tem
que fazer o que eu peo", explica Abdo.
Na mesa de cabeceira do jovem, que sunita, esto a Bblia e o Alcoro. Ele diz
estranhar costumes brasileiros: "No metr, no teatro, no shopping, os casais se
beijam e parece que o homem vai comer a cabea da mulher", diz. " um
problema para mim. Aqui outra cultura, outra cabea, outro olhar, outro tudo."
Disponvel em:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151104_jovem_sirio_jpl
(Adaptado). Acesso em dez/2016.