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Seminrio de Estudos
Leitura e Comentrio
dos textos de
tienne de La Botie
e Slavoj iek
Promoo
Faculdade de Filosofia
Laboratrio de Filosofia Poltica e Moral Gerardo Marotta (CNPq/UNIRIO)
Projeto de Extenso A Filosofia e o dilogo com os outros saberes
Realizao
Laboratrio de Filosofia Poltica e Moral Gerardo Marotta (CNPq/UNIRIO)
H trs tipos de tiranos: uns obtm o reino por eleio do povo; outros pela fora das armas;
outros por sucesso de sua raa (p. 19).
Parece-me que aquele a quem o povo deu o estado deveria ser mais suportvel e creio que o
seria; mas assim que se v elevado acima dos outros, lisonjeado com um no sei qu que chamam de
grandeza, decide no sair mais - comumente ele age para passar a seus filhos o poderio que o povo lhe
outorgou (p. 19).
Por hora gostaria apenas de entender como pode ser que tantos homens. tantos burgos, tantas
cidades, tantas naes suportam s vezes um tirano s, que tem apenas o poderio que eles lhe
do, que no tem o poder de prejudic-los seno enquanto tem vontade de suport-lo, que no
poderia fazer-lhes mal algum seno quando preferem toler-lo a contradiz-lo. Coisa
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extraordinria, por certo; e porm to comum que se deve mais lastimar-se do que espantar-se
ao ver um milho de homens servir miseravelmente com o pescoo sob o jugo, no obrigados
por uma fora maior mas de algum modo (ao que parece) encantados e enfeitiados apenas
pelo nome de um, de quem no devem temer o poderio pois ele s, nem amar as qualidades
pois desumano e feroz para com eles. Entre ns, homens, a fraqueza tal que
frequentemente precisamos obedecer fora; h necessidade de contemporizar, nem sempre
podemos ser os mais fortes. Portanto, se uma nao obrigada pela fora da guerra a servir a
um como a cidade de Atenas aos trinta tiranos, no de se espantar que ela sirva, mas de se
lamentar o acidente; ou melhor, nem espantar-se nem lamentar-se e sim carregar o mal
pacientemente e reservar-se para melhor fortuna no futuro (p. 12).