Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 7ª Vara Criminal da
comarca de Goiânia.
O Ministério Público do Estado de Goiás, por sua
representante, com atribuições na 7ª Promotoria de Justiça da comarca de Goiânia, vem perante V. Exa., com fulcro no § 1º do artigo 386 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, requerer reconsideração do despacho de fls. 134, proferido nos autos de ação penal nº 200502584682, pelos fundamentos a seguir expostos.
Maria Eva da Silva Rodrigues e Telma de Souza
Tavares foram denunciadas no dia 21 de outubro de 2005, como incursas, respectivamente, nas sanções do artigo 155, caput e artigo 180, caput, ambos do Código Penal.
Em cota introdutória à denúncia, o Ministério Público,
considerando presentes os requisitos objetivos e subjetivos, requereu a designação de audiência para viabilização da proposta de suspensão condicional do processo à denunciadas (fls. 120/121).
Sendo-lhe os autos conclusos, determinou-se a juntada da
certidão de antecedentes criminais das denunciadas.
Juntadas as certidões (fls. 130/133), designou-se, pelo
despacho de fls. 134, data para “audiência nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95”. ESTADO DE GOIÁS MINISTÉRIO PÚBLICO 7ª Promotoria de Justiça
Intimado, o Ministério Público constatou que não foi
exercido o juízo de admissibilidade da acusação, com o recebimento ou não da denúncia.
O despacho em referencia importa em inversão da ordem
legal do processo, considerando que este deveria apreciar a admissibilidade da peça exordial, recebendo-se ou não a acusação, com seus conseqüentes efeitos, citação das denunciadas, interrupção da prescrição e formalização do processo.
Outrossim, o recebimento da denúncia é pressuposto da
suspensão condicional do processo, não só porque tal vocábulo é indicativo de ação penal instaurada, mas, principalmente, porque assim determina o § 1º do supracitado dispositivo legal.
A propósito, neste sentido vem manifestando o Tribunal de
Justiça de Goiás nas várias Reclamações interpostas por este órgão ministerial, tendo por objeto a matéria ora em exame, a exemplo da decisão proferida nos autos nº 276-7/197 (200400304710), cuja a ementa merece transcrição:
“Reclamação. Designação de audiência para proposta do
sursis processual. Denúncia não recebida. Impossibilidade. Deduzida a pretensão punitiva de fato penalmente relevante, cumpre ao magistrado exercer o juízo de prelibação, providência que deve anteceder a qualquer ato processual, inclusive a proposta de suspensão condicional do processo.” (destaque não original) - 2ª Câmara Criminal, Rel. Des. José Lenar de Melo, 01/04/2004.
Por outro lado, a adoção da praxe procedimental ora
atacada tem sido justificada pelo argumento de que o momento adequado para o recebimento da denúncia, nos casos em que importem suspensão condicional do processo, é após o oferecimento da respectiva proposta, segundo interpretação gramatical do texto da lei. ESTADO DE GOIÁS MINISTÉRIO PÚBLICO 7ª Promotoria de Justiça
Contudo, nos casos em que importam suspensão
condicional do processo, O RECEBIMENTO PRÉVIO DA DENÚNCIA NÃO TEM SIDO EXERCIDO NEM MESMO APÓS O OFERECIMENTO DA PROPOSTA, no respectivo termo de audiência, como recentemente ocorreu nos autos de protocolo nº 200600002920, em audiência realizada no dia 16 de fevereiro próximo passado, discordando este órgão ministerial não apenas sobre o momento em que este deva ser exercido, mas essencialmente sobre a sua necessidade.
Diante do exposto, a fim de que seja restabelecida a ordem
do feito, requer o Ministério Público a reconsideração do despacho que somente designou data para audiência de proposta de suspensão condicional do processo às denunciadas Maria Eva da Silva Rodrigues e Telma de Souza Tavares, para que seja apreciada a admissibilidade da denúncia contra elas oferecidas.