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Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, (1): 71-79, 1.sem. 1989. AS CIENCIAS SOCIAIS E A PESQUISA SOBRE EDUCAGAO Aparecida Joly Gouveia RESUMO: Focaliza-se neste artigo a participagéo das Ciéncias Sociais na pesquisa brasileira sobre a educagdo a partir da década de cinqlenta, quando esse campo de estudos encontrou condigées favordveis no clima criado pelo desenvolvimentismo. Desde entio, afetadas em certa medida por mudangas no panorama politico nacional mas influenciadas também por movimentos de idéias surgidos em outros pases, a temética ¢ a orientago te6rico-metodoldgica das pesquisas sofreram alteracées ao longo do tempo, acentuan- do-se em certos perfodos @ preponderancia de determinados temas ou a hegemonia de um ‘ou outro paradigma. Dentre as cigncias sociais, a sociologia ¢ a que mais se tem aplicado a0 estudo da educagéo. Embora de varias manciras a escolarizago — principal objeto das pesquisas realizadas — possa ser afetada pela atuacdo do Estado, raras so as que tém sido realizadas por cientistas politicos. UNITERMOS: Pesquisa sobre Educago - Brasil, sociologia da educagSo: temas ¢ métodos. Até fins da década de quarenta a educacéo constituiu uma preocupagéo menor en- tre os cientistas sociais. Isto nao obstante o fato de o interesse por educagao ter estado presente na origem mesma da Sociologia como disciplina académica. Nomeado em 1887 para ministrar aulas de Pedagogia e Ciéncia Social na Faculdade de Letras de * Professora Titular do Departamento de Sociologia - FFLCH-USP. 72 GOUVEIA, Aparecida Joly. As Citncias Sociais ¢ a Pesquisa sobre Educacio. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(1): 71-79, 1.sem. 1989. Bordeaux, foi Durkheim quem iniciou o primeiro curso de Sociologia numa universida- de francesa (Rodrigues, 1978). Contudo, o interesse expresso nos tftulos de trés de suas obras — Education et Sociologie (1955), L’évolution pédagogique en France, (1969) ¢ L’ Education morale (1925) no teve continuidade nos trabalhos dos seus seguidores. Fora do pais onde com Durkheim se originaram, os estudos sociolégicos sobre educagéo tardaram em adquirir a respeitabilidade grangeada por outros campos da So- ciologia. Nos Estados Unidos, onde na década de trinta a Sociologia jé se firmara no mundo académico com a divulgagéo das pesquisas da escola de Chicago, uma tinica obra sobre educagéo - The Sociology of Teaching, de Waller (1968), cuja primeira edi- do € datada de 1932 — destacava-se como trabalho analitico de orientagao sociolégica. Na vis4o atual de especialistas da érea (Dreeben ¢ Gerty, 1971), os trabalhos que ent&o se produziam, em sua maior parte de caréter exortativo ¢ reformista, nio apresentavam fundamentagdo tedrica ou mesmo empirica. Na maioria dos pafses a Psicologia se adiantou as ciéncias sociais como disciplina norteadora de pesquisas empfricas sobre educagao. Na Gra-Bretanha, os desenvolvi- mentos no campo dessa disciplina repercutiram na esfera das priticas educacionais a ponto de se adotar, em cardter generalizado, a aplicagao de testes de inteligéncia para a triagem dos alunos aos onze anos de idade. O privilégio de prosseguir a escolaridade no ramo mais prestigioso — 0 académico, caminho para a universidade — foi assim legitima- do com a utilizagdo de critério supostamente objetivo. Feita em nome de princfpios me- ritocriticos, a aplicagéo de tal medida passaria, entretanto, a ser objeto de especulacdes que desencadearam o debate sobre a seletividade social do sistema escolar, para o qual muito contribuiram as pesquisas sociol6gicas feitas sobretudo a partir do fim da segun- da guerra mundial. No Brasil, 0 enfoque de Durkheim tornou-se conhecido no virar da década de trinta com a divulgagio dos trabalhos de Fernando de Azevedo (1935, 1940). Entre- tanto, como objeto propriamente de pesquisa empfrica, a educagio passou a receber a atengéo dos cientistas sociais nos anos cingiienta, quando o interesse pela modemnizacio do pafs, estimulado inclusive pela politica desenvolvimentista do governo Kubitscheck, enyolveu a academia, Em consonfncia com um movimento de idéias que tomou corpo em instituigdes internacionais (UNESCO, OEA, CEPAL, OCDE) no perfodo do pés- guerra, atribufa-se & escolarizagao, na época, papel importante na transformagao do pais no sentido de uma sociedade mais préspera ¢ mais democritica (Fernandes, 1966, Car- doso e Ianni, 1959). Objeto de discussées entre intelectuais do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), no Rio de Janeiro, ou de investigagéo empirica entre antropé- logos e sociélogos, principalmente na Universidade de Sao Paulo ', a educagéo passou 1 Nessa época foram realizadas pesquisas como as de Pereira (1967), Foracchi (1965), Borges Pereira (1969), entre outros. GOUVEIA, Aparecida Joly. As Citncias Sociais ¢ a Pesquisa sobre Edueacio. Tempo Social; Rev. 73 Sociol: USP, S. Paulo, 1(1 71-79, 1.sem. 1989. a ombrear-se com os temas que eram entéo privilegiados ~ urbanizagéo, industrializa do, mudanga, desenvolvimento. Empregando os recursos te6rico-metodolégicos das disciplinas respectivas, socidlogos ¢ antropélogos, financiados em grande parte pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagégicos, realizaram varias pesquisas sobre escolas, alunos ¢ professores. Nesse perfodo de marcado interesse por educacéo, que se prolon~ gou até os primeiros anos da década de sessenta, os estudos eram bastante diversifica- dos quanto a temftica ¢ abordagem. A partir dessa época, difundiram-se a utilizago das técnicas estatisticas de anélise € a preocupacao com as desigualdades educacionais, caracteristicas das pesquisas ame- ricanas, Passaram entéo a predominar as pesquisas de tipo sécio-demogréfico nas quais se relacionava a origem familiar dos alunos com a repeténcia, a evaso ou 0 acesso di- ferencial aos varios nfveis ou tipos de ensino *, Também as origens, concepg6es ¢ 0U- tras caracterfsticas dos professores foram de forma semelhante investigadas. ‘A maneira do que ocorreu em outros pafses, tais pesquisas serviram para eviden- ciar o caréter seletivo, anti-democratico, do sistema escolar. Entretanto, se este mérito se lhes deve reconhecer, por outo lado pode-se dizer que apenas tangenciaram os pro- cessos através dos quais os dispositivos burocriticos e o funcionamento cotidiano da escola acabam produzindo a seletividade social observada, Por focalizarem a evaséo, a repeténcia e, em geral, as desigualdades educacionais principalmente, senio exclusiva. mente, em fungdo da origem dos alunos, pouco revelaram a respeito dos processos ou situagées escolares através dos quais essa varidvel atua. E possivel que tal distanciamento em relago ao que se passa no interior da insti- tuigdo em parte se explique pelo fato de os antropélogos, atrafdos por outros campos, terem em geral se desinteressado por estudos sobre escolarizagao. Principalmente pelo tipo de pratica de pesquisa em que se formam estariam eles sem diivida habilitados para 0 tipo de abordagem apropriado a investigacdo do cotidiano escolar *. Relativamente ra- ra ainda hoje no Brasil é a participacdo da Antropologia na pesquisa educacional. Em outros paises, esta situagdo jé se vem alterando, como indicam os varios estudos etno- grificos sobre escolas que vem sendo ultimamente publicados (Henriot, 1987). distanciamento dos antropéloges no teria a mesma importincia fosse outro 0 perfil da produgio socioldgica brasileira na qual, durante alguns anos, preponderaram 08 estudos com propésitos globalizantes. Mais recentemente, com a tradugo e divulga- 2 As caracterfsticas de tal preocupago e da metodologia empregada encontram-se no trabalho de Gouveia (1968), um dos primeiros do género. 3 V.,a propésito, 0 estudo de Schneider (1977), autora com formagéo antropolégica. 74 GOUVEIA, Aparecida Joly. As Citncias Sociais ¢ a Pesquisa sobre Educagio. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(1}: 71-79, 1.sem, 1989. gacio de trabalhos como os de Goffman (1975), Berger (1972), Berger ¢ Luckman (1974) e a atragdo exercida por autores que, como Foucault, transpéem fronteiras aca~ démicas, € que, entre socislogos, percebe-se maior interesse por estudos voltados para a dinamica das relagGes sociais em situagdes demarcadas pelos limites de contactos pri- marios. Por outro lado, em relagao ainda & década de cingtienta, é importante lembrar que, a0 mesmo tempo em que se desenvolviam as pesquisas, fortalecia-se um movimento de opinido em favor de reformas no sistema educacional. Extravazando os muros da aca demia, a educacdo passou a ter maior visibilidade social quando tomou vulto a campa- nha em defesa da escola piiblica. As frustragées decorrentes da Lei n® 4024 sobre a reforma do sistema escolar, fi- nalmente promulgada em 1961, € os fatos que sucederam ao golpe militar de 1964 - as “cassagdes” e © patrulhamento ideolégico -, fizeram com que se tornassem mais sa- lientes as varidveis politicas envolvidas na questio educacional. Notadamente apés as mudangas estruturais ¢ curriculares decretadas pelo governo discricionério, referentes a0 ensino superior a partir de 1968 e aos niveis inferiores em 1971, multiplicaram-se os estudos sobre politica educacional baseados no exame da legislagao e atos administrati- vos emanados do poder central. Tais estudos, que tiveram grande difusio nos cursos de pés-graduagéo em educa- 40 instalados na década de setenta, nao sé focalizam os objetivos explicitos das medi- das governamentais como, também, procuram expor-lhes as intengdes subjacentes. A andlise, que se propée critica, inspira-se, em alguns casos, no marxismo, mas os estudos sobre politica educacional produzidos nessa época nem sempre sio de autoria de cien- tistas sociais. Vale notar sobretudo que, embora 0 seu objeto seja a acéo do Estado, en- tre os seus autores ndo se contam, salvo rarissimas exceg6es, especialistas em ciéncia politica. Importantes como tém sido na medida em que provocam discusses que transcen- dem 0 ambito de questées propriamente pedagégicas, esses trabalhos em geral nao se propéem, entretanto, analisar as vicissitudes da implementagao das politicas educacio- najs, limitacdo esta que pode ser séria, principalmente num pafs extenso e diversificado como o Brasil. Foge 4 sua considerago como objeto de exame sistemitico a refragdo ou filtragem das decis6es e medidas que, tomadas em insténcias superiores, até chegaram a0 cotidiano das escolas, percorrem tortuoso ao longo de canais burocréticos sensiveis a0 jogo de interesses regionais ou locais. A despeito do clima politico opressivo criado pelo golpe militar e que na época ainda se fazia sentir, ou talvez por isso mesmo (Gouveia, 1985), a década de setenta foi marcada por intensas discuss6es suscitadas por teorias sobre o carter conservador da escola, de autoria de socidlogos franceses (Althusser, 1970; Bourdieu, 1974; Bourdieu ¢ GOUVEIA, Aparecida Joly. As Citncias Sociais e a Pesquisa sobre Educagéo, Tempo Social; Rev. 75 Sociol: USP, S. Paulo, I(1): 71-79, 1.sem. 1989. Passeron, 1975; Establet, 1975); que aqui se acoplaram as dentincias de economistas radicais dos Estados Unidos, relativas ao atrelamento do sistema escolar daquele pais aos requisitos do capitalismo (Bowles, 1976; Carnoy, 1972; Gintis, 1971) A essa época as pesquisas sobre educagio jé eram relativamente raras, como hoje ainda séo, nos departamentos de Ciéncias Sociais das universidades. Assim, foi princi- palmente nos nascentes programas de pés-graduagdo em educagio que vicejou o debate em toro das idéias questionadoras da escola, rapidamente difundidas através de tradu- ges de obras daqueles autores ou da utilizagdo de suas teorias em ensaios ¢ trabalhos de pesquisa realizadas principalmente por professores ¢ estudantes de Educacéo. Em anos mais recentes, o prestigio de tais teorias tem decrescido. Entre os educa- dores, diividas tém surgido a respeito da influéncia negativa que possam ter sobre ini- ciativas tendentes & promogio de mudangas. Por outro lado, teorias sistémicas que sio, véem-se hoje relativizadas em face de debates tedricos que se travam no campo mesmo da Sociologia, onde se destaca a questo do papel dos individuos como atores do pro- cesso histérico, concepgao esta que se opée & noc4o do individu como agente passivo, inteiramente sujeito as exigéncias de um sistema que Ihe sobrep6e. Como sugere Isam- bert-Jamati (1984), no que se refere & anilise da educacéo, esse “retorno do ator” (na expresso de Touraine, 1984) significa recuperar na anflise a atuacdo dos estudantes, de suas familias € principalmente dos professores (como atores individuais ou coleti- vos). ‘Ao mesmo tempo, concorrem ao debate no campo da Sociologia posigées meto- dolégicas afinadas com a fenomenologia, representadas no interacionismo simbélico, na etnometodologia, no construtivismo (Wolff, 1980). Distintas sob certos aspectos, estas trés correntes tém em comum, a partir de pressupostos que as qualificam como aborda- gens de tipo “humanista-culturalista” (em oposigéo a “positivista-naturalista”), 0 fato de se deterem na anilise de situagées passiveis de observacdo direta ¢ implicarem no emprego de téenicas de pesquisa qualitativas, Incluir-se-iam naturalmente entre as si- tuagdes desta natureza as que envolvem alunos e professores no cotidiano da escola. Na medida em que tais orientag6es se tomem conhecidas dos pesquisadores bra~ sileiros, 0 que parece jé estar ocorrendo (Ludke, 1987) é provavel que venham a ser in- vestigados aspectos que ndo tém sido alcangados ou néo tém sido satisfatoriamente es- clarecidos, seja pelos estudos sécio-demogrificos predominantes na década de sessenta, seja por abordagen de tipo macrossociolégico dos anos posteriores. Contudo, em se atentando tio de perto, como seria necessério, para 0 que se passa no interior de um pequeno mundo, haveria o risco de se negligenciarem os condiciona- mentos que af se exercem a partir do mundo mais amplo ao redor. 76 GOUVEIA, Aparecida Joly. As Citncias Sociais e 4 Pesquisa sobre Educacéo, Tempo Social; Rev Sociol. USP, S. Paulo, 1(1); 71-79, 1.sem. 1989. Na verdade, a articulagéo entre a dindmica interna da escola ¢ os constrangimen- tos de ordem econémica, social e politica que pesam sobre essa instituigdo nao se tém mostrado tarefa facil, como indicam as criticas feitas aos estudos realizados na Inglater- ra em fungao dos objetivos visados pela “Nova Sociologia da Educagdo”. Langado com a publicagao do livro Knowledge and Control, de Young (1971), 0 movimento assim auto-denominado, decididamente critico dos estudos sécio-demogréficos realizados na década de sessenta, propunha centrar a andlise nos processos intenos ao sistema esco- lar. Como mediadores da atuacéo dos fatores extra-escolares, tais processos deveriam receber atencdo especial na investigagdo dos resultados escolares *. Contudo, as pesqui- sas que foram realizadas com esta preocupa¢éo néo conseguiram articular as perspecti- vas macro e microssocioldgicas que o projeto pressupunha. A dificuldade estaria no ca- riter ahistérico da abordagem fenomenoldgica, privilegiada por essa corrente. Agora, numa segunda fase, sensiveis as criticas, os seguidores do movimento estariam procu- rando encaminhar as investigacdes de maneira a aprender a influéncia de fatores hist6- rico-estruturais obscurecida nos primeiros estudos (Trottier, 1987). Se, de um lado, verifica-se no Brasil a caréncia de estudos sociolégicos sobre a dinamica interna das instituigées escolares, de outro, registram-se na bibliografia brasi- leira varios trabalhos que analisam a educaco de angulo mais amplo, situando a expan- s&o do sistema escolar, os movimentos educacionais ou as transformagées ocorridas em determinados niveis de ensino no contexto politico em que ocorrem (Beisigel, 1974; Paiva, 1973; Cunha, 1980, 1983; Cardoso, 1982). Conclusaéo ‘Ao concluir esta tentativa de sintese das principais orientagées das pesquisas so- bre educaco realizadas a partir de pontos de vista das ciéncias sociais, destaca-se 0 se- guinte: 1 — No Brasil, como em outros pafses, a Sociologia é, dentre as ciéncias sociais, ‘aque mais se tem aplicado ao estudo da educagdo 2 Dentre as diferentes formas de educacao, a escolar € a que tem predominado como objeto de pesquisas realizadas por socidlogos. E provavel que esse 4 A “Nova Sociologia da Educag4o” no tem tido a ressondincia que, em diferentes momentos, ti- veram idéias vindas da Franca ou dos Estados Unidos. GOUVEIA, Aparecida Joly. As Citncias Sociais ¢ a Pesquisa sobre Educasio, Tempo Social; Rev, 77 Sociol, USP, S. Paulo, 1(1): 71-79, L.sem, 1989. privilegiamento se deva & importincia atribuida a escolaridade nas socieda- des contemporaneas, onde a grande maioria das criangas ¢ adolescentes fre- qientam a escola e, por outro lado, a escolarizagdo tende a prolongar-se, comecando cedo, na pré-escola, e extendendo-se por doze ou mais anos. 3.- Em relacéo & Antropologia, o que sobressai é a atencao que esta disciplina tem tradicionalmente dedicado aos proceso informais de socializacao, seja em grupos tribais, seja em sociedades complexas, principalmente quando se focaliza a familia, como no Brasil freqiientemente ocorre em estudos de co- munidade, Mais recentemente, registra-se também algum interesse por formas altemnativas, extra-escolares, de educacio dirigidas a adultos de setores me- nores favorecidos da populagao *. 4 Embora ndo sejam raros os estudos sobre politica educacional, certos aspec- tos, tais como, os mecanismos do proceso decisério no ambito das diferen- tes instincias politico-administrativas (federal, estadual e municipal), as for- mas como atuam os interesses que sobre elas se exercem ou 0 fluxo das deci- s6es a0 longo das burocracias educacionais, nao tém merecido suficiente atengio, Sem, entretanto, pressupor uma delimitagéo rigida de areas de co nhecimento, acredita-se que a anélise de aspectos como esses encontraria re- cursos tedricos adequados na Ciéncia Politica Finalmente, cabem alguns esclarecimento sobre este trabalho. As referéncias a correntes surgidas em outros paises, indicativas de influéncias presentes na obra dos pesquisadores brasileiros, néo abrangem o inteiro espectro das idéias que se refletem nos estudos sobre educacio realizados por cientistas sociais. No que se refere as men- 6es a autores nacionais, a selecdo foi feita tendo-se em vista os trabalhos que, a nosso ver, melhor representam as tendéncias ou momentos apontados. GOUVEIA, Aparecida Joly. Social Sciences paradigms in educational research. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, (1); 71-79, 1.sem. 1989, ABSTRACT: An attempt is made to trace the presence of social sciences paradi in Brazilian educational research. Starting from studies made in the fifties when this field flowered, unter the influence of development theories, certain changes in. themes and theoretical orientantions leading to the predominance of different paradigms can be detected. Ag suggested, the observed changes are explained oth by certain events n the ftational political scenery and ideas spread from international organizations or French and ‘American academic centres. As to the presence of the distinct academic fields, sociology comes first all along the time; some use has been made of anthropological researc fethods. Although schooling ~ a main research subject ~ is affected to a large extend by government policies very few political scientists engage in studies about education, UNITERMS: Educational research ~ Brazil, Sociology of Education; themes and methods. 5. V.a propésito desse interesse os trabalhos de Brando (1984, 1985). 78 GOUVEIA, Aparecida Joly. As Cincias Sociais ¢ a Pesquisa sobre Educasio. Tempo Social: Rev. Sociol. USP, $. Paulo, 1(1): 71-79, l.sem, 1989. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALTHUSSER, Louis. /deologia e aparelhos ideoldgicos do Estado. Lisboa, Ed. Presenga, 1970. AZEVEDO, Femando. 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