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Fevereiro de 2004
Distribuição gratuita
ditadura
OPERAÇÃO
CONDOR
Pesquisa nos arquivos da Delegacia
da Polícia Federal de Foz do Iguaçu
revela a existência de documentos
com informações preciosas.
A documentação comprova a ação, durante as
ditaduras latino-americanas, de uma rede de
espionagem formada por Brasil, Argentina,
Paraguai, Chile e Uruguai. Durante 15 anos, a
Assessoria Especial de Segurança e
Informações (AESI), da Itaipu Binacional,
espionou e emitiu relatórios que eram
difundidos sistematicamente aos órgãos de
repressão do regime ditatorial.
Leia episódios ocorridos nas décadas
de 70 e 80 nas páginas 10 e 11.
FRASE SANGUE
“E que se esclareça de vez
GRITO DAS AMÉRICAS
DAS
que os maiores NOVO
latifundiários do Brasil não O Prêmio Sangue Novo
são aqueles que são no Jornalismo Paranaense
apontados por farsantes. chega à sua nona edição
Os maiores latifundiários
www.scrivereperleimprese.it
17 outubro de 2001 – A juíza substituta da 16ª Vara Cível de São Paulo, Carla Abrantkoski Jornada de trabalho
Rister, acata, via liminar, pedido do Ministério Público Federal de São Paulo, endossado pelo O deputado Carlos Nader (PFL/RJ)
Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo. Ela obriga o Ministério retirou da pauta da Comissão de
do Trabalho e Emprego a conceder o registro profissional sem exigir formação superior em Trabalho, Administração e Serviço
jornalismo e proíbe o órgão de autuar e multar as empresas que contratam jornalistas sem o
diploma específico. Decisão vale para todo o País.
Público da Câmara Federal o projeto de
18 de dezembro de 2002 – A juíza Carla Rister concede sentença em primeira instância lei que amplia a jornada de trabalho dos
ratificando a liminar (decisão provisória) de outubro de 2001. jornalistas de cinco para seis horas.
23 de julho de 2003 – Desembargadora Alda Basto, do Tribunal Regional Federal da 3ª Argumentos
Região (TRF-3), sediado em São Paulo, acata recurso da Federação Nacional de Jornalistas A polêmica quanto à obrigatoriedade do
(Fenaj) e suspende efeitos da sentença até que o mérito da causa seja julgado pelo TRF-3. diploma está freqüentemente nos sites
2 de dezembro de 2003 – Juiz convocado Manoel Álvares, do TRF-3, restabelece a sentença
www.fenaj.org.br,
da juíza Carla Rister e assim anula a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão
de jornalista. www.comunique-se.com.br e
www.observatoriodaimprensa.com.br.
6 Prensa debate
Alexandre Palmar tizar os meios de comunicação; colocá- Outro desafio é a exploração de áre-
los a serviço da população; dar voz ao as inóspitas no município. Foz gera no-
formatura da primeira turma de povo; lutar pela diminuição das injusti- tícias nacionais e internacionais, mas pa-
Reflexos no mercado de
A primeira turma de jorna- am não mais que seis faculdades de jornalismo no Estado flexo da e
lismo insere 36 novos gradua- (quatro públicas e duas particulares). dade de m
dos num mercado de trabalho No Brasil, são 219 cursos, que formam anualmente cer- Outro
que nos últimos cinco anos se ca de 18 mil. São números preocupantes, que em poucos mação su
habituou a comportar em mé- anos devem dobrar a mão-de-obra, atualmente em 110 mil nua sub ju
dia cem profissionais regulares. jornalistas. Os dados são do Ministério da Educação, Fede- dido de at
É possível afirmar, portanto, ração Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Sindicato dos Jorna- o exercício
que a classe deve dobrar de listas Profissionais do Paraná. impede a
tamanho ao fim de 2004 (é uma turma por semestre). Isso Ainda para ilustrar, é preocupante a quantidade de cur- e pagame
sem mencionar os formados em outras cidades paranaenses sos no Brasil ser bem superior ao total de cursos de odonto- Os efe
e brasileiras que migram para a fronteira. logia (169), como evidencia estudo feito pelo diretor-suplente de identifi
Somente no Paraná existem 28 estabelecimentos de do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio Janeiro, aumento
ensino superior com o curso de Jornalismo, cujo potenci- Boanerges Lopes. talentosos
al é formar em média mil jornalistas por ano. Vinte e qua- É impossível que essa mão-de-obra consiga espaço nos dez penei
tro dessas instituições são particulares e quatro são públi- veículos comunicação de massa por vários motivos, como o profission
cas. Vale lembrar que pouco tempo atrás, em 1997, existi- fechamento de empresas em virtude da crise do setor – re- contratar
debate Prensa 7
trabalho
estagnação econômica do País, aliada à incapaci-
muitos empresários administrar seus negócios.
Controle cursos
o entrave é o impasse da obrigatoriedade da for-
O Ministério da Educação deveria es- “OAB Recomenda”, programa que lista
uperior em jornalismo. Enquanto o caso conti-
tar atento a esse fenômeno com um con- os melhores cursos jurídicos do País se-
udice, o Ministério do Trabalho permanece impe- trole rigoroso para autorizar a abertura de gundo a performance de seus alunos nas
tender aos pedidos dos sindicatos para fiscalizar cursos conforme a necessidade regional. avaliações do Exame Nacional de Cur-
o da profissão. A decisão judicial, entretanto, não Embora com poder de fogo limitado por sos, o Provão, e do Exame de Ordem.
fiscalização dos direitos como carteira assinada não ter a condição de um Conselho ou De um total de 215 cursos de Direito
ento de horas extras. uma Ordem, a Fenaj também pecou ao avaliados, apenas 28% obtiveram o selo
eitos dessa explosão de trabalhadores são fáceis hesitar em demonstrar uma posição mais de qualidade conferido pela instituição.
ficar, pois têm natureza intrínseca ao capitalismo: rígida contra a abertura indiscriminada dos Na ocasião, a OAB avaliou que a situa-
cursos. ção chegou ao nível de escândalo nacio-
do desemprego, que atingirá (atinge) jornalistas
Uma postura que deve ser adotada nal. Existem 762 cursos de Direito no
s e medíocres. Como já ocorre em nove entre vem do Conselho Federal da Ordem dos Brasil, muitos deles abertos sem levar em
iras, a regra do patronato – e não a capacidade Advogados do Brasil (OAB). A entidade conta a necessidade social da sua cria-
nal – tende a ser o principal critério na hora de divulgou em janeiro a segunda versão do ção, segundo o site da OAB.
um funcionário.
8 Prensa debate
O futuro do jornal na e
A velha fórmula do lead – o O modelo ultrapassado de se fazer
primeiro parágrafo da notícia que um jornal impresso repercute até mes-
responde às perguntas o que, mo no Paraná. Em Foz do Iguaçu, nos
quem, quando, onde, como e últimos três anos, foram fechadas sucur-
por que – é um imperativo nas sais dos jornais O Estado do Paraná, O
redações que não traz aborda- Paraná, Gazeta do Paraná e Folha de
gens diferenciadas às notícias já Londrina. O fenômeno do sucateamento
veiculadas no dia anterior pelos das sucursais também é notório em ou-
outros meios de comunicação. tras cidades pólos, a exemplo de Maringá,
Aliam-se a essas condições so- Cascavel e Ponta Grossa.
brecarga de trabalho, baixos salários, o O jornalista Ricardo Noblat, ex-di-
Denise Paro estresse do horário de fechamento e re- retor de redação do Correio Braziliense,
Q
duzido espaço para reportagens ou ma- traz dados pertinentes quanto ao futuro
ual será o futuro do jornal na era térias que fogem aos assuntos oficiais re- dos jornais em seu livro A Arte de Fazer
da informação digital? O rádio, a lacionados ao governo. Sem contar a re- um Jornal Diário, publicado em 2002
televisão e os sites noticiosos da alidade de boa parte das empresas pela Editora Contexto. Segundo pesqui-
internet assumem cada vez mais a fun- jornalísticas, que vêm sendo mal admi- sa citada no livro, entre março de 2001 e
ção de divulgar notícias de forma ágil e nistradas e condenadas à falência. O re- março de 2002, os 15 maiores jornais
em tempo real. Quanto ao jornal diário sultado desse somatório é visível. Dimi- brasileiros, responsáveis por 74% do
impresso, atualmente, cabe à maioria re- nuição no percentual de anunciantes e volume total de exemplares vendidos no
petir as principais pautas já veiculadas desinteresse por parte dos leitores, que País, diminuíram sua circulação em 12%.
pela TV, internet e rádio, sem apresentar agora têm a opção de dar um click na Com isso, deixou-se de vender 346.376
inovações no enquadramento da notícia tela do computador para obter informa- exemplares, o que corresponde a uma
ou um conteúdo mais aprofundado. ções em tempo real. edição inteira da Folha de S. Paulo.
A udiência X responsabilidad
Armação em programa de tevê revela artifícios para enganar
Douglas Furiatti mesmo o jornalismo foi incorporado a que apareceram mascarados dentro de
esse show fantasioso. Um dos fatos que um veículo, passando-se por integrantes
Há tempos a guerra pela audiência mais repercutiu, e ainda repercute com da facção criminosa Primeiro Comando
em programas dominicais deixou de lado desdobramentos até na esfera criminal, da Capital (PCC), de São Paulo. Com ar-
o respeito para com o telespectador da ocorreu no último mês de setembro. mas em punho, os dois ameaçaram apre-
tevê aberta. O mau gosto e a falta de A segunda maior emissora brasileira sentadores de programas policiais (José
conteúdo útil imperam nas atrações co- – cujo proprietário é um dos maiores Luiz Datena, da TV Bandeirantes; Mar-
locadas no ar sem que as emissoras te- comunicadores populares do País, mas celo Rezende, Rede TV!; Oscar Roberto
nham qualquer escrúpulo em promover que já deixou claro que o jornalismo não de Godoy, Record) e o vice-prefeito de
uma massificação alienante. lhe interessa por não dar o retorno co- São Paulo, Hélio Bicudo.
A cada semana o público é inserido mercial satisfatório – apresentou uma falsa Pior que citar nominalmente essas
numa briga por audiência entre dois pro- entrevista que se caracteriza numa farsa pessoas – que estariam falando demais,
gramas de auditório das maiores redes carregada de irresponsabilidade e má-fé. como colocaram –, os falsos bandidos
de tevê brasileiras, sem nada de provei- E mais, foi recebida como uma ofensa aos ameaçaram as famílias dos profissionais.
toso receber em troca. Muito pelo con- profissionais sérios da imprensa, mostran- Ou seja, terceiros foram envolvidos
trário, aqueles que optam por ficar em do ainda desrespeito com o público e pro- numa armação levada ao ar em rede na-
frente da televisão são vistos como nú- vocando transtornos para a família de pes- cional, cujos efeitos psicológicos em
meros, cifras, apenas agentes que garan- soas desavisadamente envolvidas. quem se sentiu amedrontado certamen-
tem retorno comercial às emissoras. te não importavam aos produtores, exe-
Não bastassem as atrações produzi- O FATO – A produção de uma equipe cutores e demais pessoas que sabiam da
das pelas equipes desses programas, até de reportagem contratou dois homens montagem.
Prensa debate Prensa 9
m apresentar inovações
Documentos revelam
participação de Itaipu
na Operação Condor
Pesquisa nos arquivos da Delegacia da Polícia Federal de Foz do
Iguaçu revela a existência de documentos com informações
preciosas. A documentação comprova a ação, durante as ditaduras
latino-americanas, de uma rede de espionagem formada por
Brasil, Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai.
Aluízio Palmar
D
urante 15 anos, a Assessoria Es- A Assessoria Especial de Segurança na Argentina e costumava vir a Foz visi-
pecial de Segurança e Informa- e Informações não se limitava a espio- tar os amigos, desapareceu. Anos mais
ções (AESI), da Itaipu Binacional, nar os empregados e os candidatos a tarde o professor paraguaio Martins
espionou e emitiu relatórios que eram di- emprego na empresa binacional. Mora- Almada (2) descobriu durante pesquisa
fundidos sistematicamente aos órgãos de dores de Foz do Iguaçu e região eram no arquivo secreto da polícia de Stroess-
repressão do regime ditatorial. De 1973 investigados e os paraguaios, argentinos, ner que Agostín Goiburú havia sido se-
a 1988 a agência foi um reduto de mili- uruguaios e chilenos que trabalhavam na qüestrado e levado para o Paraguai, onde
tares e policiais torturadores que perten- obra recebiam uma atenção especial. foi torturado até a morte no Regimento
ciam à estrutura repressiva da ditadura. A participação de Itaipu na Opera- Escolta Presidencial, em Assunção.
Alguns desses agentes atuaram num apa- ção Condor pode ser comprovada em Durante pesquisa no arquivo da PF,
relho paralelo que era mantido pelo con- diversos expedientes que se encontram encontrei cópias de documentos que
sórcio de construtoras – Unicon. no arquivo da PF de Foz do Iguaçu, comprovam a participação dos militares
Tanto a estrutura formal (AESI) como por exemplo o informe 031/76, que atuavam no Centro de Informações
como a clandestina tinham suas simila- de 15/12/76, enviado pela AESI brasi- do Exército (Ciex) e na Assessoria Es-
res no Paraguai, onde funcionava a ver- leira à sua similar paraguaia. Atendendo pecial de Informações de Itaipu no se-
são guarani dos “tonton macoute” (1). ao pedido de seus colegas paraguaios, os qüestro e morte de Agostín Goiburú.
Diversas cidades espalhadas pelo Brasil beleguins do general Costa Cavalcanti Como acesso ao arquivo da PF acon-
faziam parte do organograma da espio- puseram os seus agentes no encalço do teceu numa condição excepcional, não
nagem e repressão da binacional, com médico ortopedista e dirigente do Mo- me foi permitido fazer cópias dos docu-
suas principais bases operacionais situa- vimento Popular Colorado (Mopoco) mentos. (3) Durante os três meses em
das no Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba Agostín Goiburú Gimenez. que vasculhei a papelada enchi três ca-
e Assunção, além de Foz e Ciudad del Dois meses após a AESI/Itaipu ter dernos com informações mais relevan-
Este (na época Ciudad Puerto Presiden- enviado o relatório aos militares tes. A respeito do caso Goiburú encon-
te Stroessner). paraguaios, Goiburú, que estava asilado trei os seguintes registros:
registros
Origem: Ciex – Pedido de Busca Foz do Iguaçu. Agostín Goiburú Itaipu Binacional (4) – Assessoria Especial de Seguran-
0140/75 – “Dr
“Dr.. Goiburú fugiu do Gimenez, Tito Martinez, César Cabral, ça e Informações – Informe 031/76, de 15/12/76 – Sub-
território argentino onde esta- Rodolfo Mongelos Leguizamón, versivos paraguaios em Foz.
Eduardo Sardi Ostergag, Silvestre Go- a – Coordenação de Segurança informa que subversivos
va asilado e se encontra em ter-
mes Caselli”. paraguaios planejavam reunião em Guaíra, a qual não chegou
ritório brasileiro possivelmente a se concretizar. Tal fato já confirmado pela Coordenação de
em Foz do Iguaçu”. 5º Região Militar – Centro de Segurança do Paraguai, que enviou na ocasião elementos de
Informações do Exército (Ciex) busca àquela cidade. B – Há indícios de que Goiburú e Aníbal
Origem: SNI – Pedido de Busca
– Informe 0089/76 – “Recebemos Abate Soley sejam a mesma pessoa.
1664 –10/11/76 – “Está prevista a
informações que será realizada reu- 1. Goiburú é visto constantemente em companhia de companheiros
chegada em Foz na primeira quinze-
nião em Guaíra com a presença de de Aníbal.
na de setembro de Eduardo Sardi,
Aníbal Abatte Soley, Alejandro 2. Ambos nunca foram vistos juntos nas reuniões da organização.
Agostín Goiburú, Silvestre Gomes e
Stumpfs, Rodolfo Monjelos, Nielse 3. Goiburú faz viagens para Buenos Aires, Foz, Cambé e Ponta
do Tenente Caselli”.
Fernandes, Aluízio Ferreira Palmar, Porã e viaja em companhia de Tito Mendes. Aníbal tem negócios
Origem: S2 1º Batalhã Batalhãoo de César Cabral, Epifânio, Tito e Xisto
Fro nteiras – 11/2/77 – “Relação de
ronteiras em Cuiabá.
Fleitas”. 4. Goiburú viaja com documentação falsa e como disfarce usa
elementos subversivos paraguaios em
peruca. Aníbal é visto constantemente de peruca.
reportagem Prensa 11
Operação Condor
baseava-se em um sistema
centralizado de coleta e
Mortenatravessia
intercâmbio de informações e
compreendia missões de paraPuertoIguazú
execução, seqüestro e extradição
clandestina de militantes da Outro exemplo do conluio que havia entre Os religiosos italianos sumiram. Tatu foi
esquerda latino-americana que as ditaduras do Cone Sul é a morte dos argen- convocado à Capitania dos Portos de Foz do
em sua fuga ou exílio radicavam- tinos Lílian Inês Goldemberg e Eduardo Iguaçu e à Prefectura Naval de Puerto Iguazú
se em países vizinhos e inclusive Gonzalo Escabosa, ocorrida durante a traves- e aconselhado a esquecer a morte dos jovens ar-
fora dos limites continentais. sia do casal do Porto Meira, em Foz do Iguaçu, gentinos ocorrida em sua lancha.
a Puerto Iguazú, na Argentina. Passados mais de vinte anos do desapareci-
Num sábado, 2 de agosto de 1980, Lílian, mento de Agostín Goiburú, da morte dos jo-
de 27 anos, loura e franzina, e seu companhei- vens argentinos na lancha e do desaparecimento
Diversos documentos mantidos ar- ro Eduardo, de 30 anos, embarcaram na lan- na região de Foz de seis brasileiros (Onofre Pin-
quivo da PF de Foz registram a parti- cha Caju IV, pilotada por Antonio Alves to, Daniel e Joel de Carvalho, José Lavechia,
cipação de Itaipu na Operação Condor. Feitosa, conhecido na região como “Tatu”. Vitor Ramos e possivelmente Gilberto Faria
A AESI mantinha correspondência di- Antes da atracação no lado argentino, dois po- Lima) e de um argentino (Ernesto Ruggia) (5),
reta e constante com os órgãos de re- liciais brasileiros que estavam a bordo manda- uma cortina de mistério impede que os detalhes
pressão das ditaduras argentina, ram o piloto parar a lancha e apontaram suas da participação brasileira nessas e outras ações
paraguaia, uruguaia e chilena. É o caso armas para o casal. da Operação Condor sejam conhecidos.
de vários pedidos de informações so- Cercados, Lílian e Eduardo ainda pude- Algumas pistas, como os casos relatados
bre militantes do marxista Exército Re- ram ver que mais policiais desciam ao neste texto, indicam que a tríplice fronteira
volucionário do Povo (ERP) e do atracadouro, vindos da aduana argentina. As- esteve no olho do furacão antidemocrático que
peronista de esquerda Montoneros en- sim que perceberam ter caído numa cilada, fustigou a América Latina na década de
M viados pelos militares argentinos ao de-
partamento de inteligência de Itaipu.
Lílian e Eduardo se ajoelharam diante de um
grupo de religiosos que estava a bordo e grita-
70. Entretanto, informações mais
completas e detalhadas somente se-