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ESTUDO SOBRE A “TRIPARTIÇÃO DOS PODERES”

Segundo estudo realizado sobre a luz do entendimento de Pedro Lenza, grande


pensador da área Constitucional, a tripartição dos poderes foi idealizada por Aristóteles, em
sua obra Política, na Antiguidade Grega. Porém, este estudo só tomou grandes repercussões
em meados do século XVI, durante a Revolução francesa.
A teoria Aristotélica vislumbrava as funções distintas que o poder soberano exercia,
quais sejam, a função de editar normas gerais a serem observadas por todos, a de aplicar as
referidas normas ao caso concreto e a função de julgar, que visava dirimir os conflitos entre os
membros da sociedade. Aristóteles observava todas estas funções sobre um único poder, sobre
as mãos do soberano. Isso decorria por conta do momento histórico de sua teorização. O
Antigo rei da França, até meados da Revolução Francesa, Luís XIV, trazia consigo uma
célebre frase que descreve em palavras certeiras a teoria de Aristóteles: “L’Etat c’ est moi”,
que se traduz como: “ o Estado sou eu”, o soberano.
Muito tempo depois, Montesquieu, em sua obra “O Espírito das Leis”, aprimorou a
teoria de Aristóteles com uma visão percussora do Estado liberal burguês. O grande avanço
trazido por Montesquieu a este respeito foi dizer que tais funções estariam intimamente
conectadas a três órgãos distintos, autônomos e independentes entre si. A partir daí percebe-se
que as funções não dependem mais de um único poder soberano, mas sim a um órgão
competente. Esta teoria surge em contraposição ao absolutismo, que por sua vez serve como
base para futuros conflitos, onde podemos citar as revoluções francesa e americana.
A partir desta teoria, cada Poder exercia sua função típica, não sendo mais permitido a
um Poder legislar, aplicar leis e julgar. Como era visto antes, no absolutismo.
Como o passar do tempo, a teoria de Montesquieu foi sendo abrandada. Grande parte
dos Estados moderno adotou a “tripartição”, e então, os Poderes passaram a possuir além de
suas funções típicas, as funções atípicas. Como exemplo de uma função atípica, podemos
supor o Legislativo, que, além de exercer sua função típica, também exerce uma função
executiva e outra jurisdicional, ambas atípicas a sua originalidade.
Pedro Lenza, em sua obra “Direito Constitucional Esquematizado”, revela que é
importante perceber que mesmo no exercício de uma função atípica, o órgão (Poder) exercerá
uma função sua, e deixa claro que não haverá o ferimento ao princípio da separação dos
Poderes. Como forma de complementar este entendimento, Lenza traz um quadro onde se tem
uma visão panorâmica das funções típicas e alguns exemplos de funções atípicas.

ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA


• Legislar • Natureza executiva: ao dispor
• Fiscalização contábil, sobre sua organização,
financeira, orçamentária e provendo cargos, concebendo
LEGISLATIV patrimonial do Executivo. férias, licenças a servidores etc.
O • Natureza jurisdicional: o
Senado julga o Presidente da
República nos crimes de
responsabilidade (art. 52, I)
• Práticas de atos de chefia de • Natureza legislativa: O
Estado, chefia de governo e atos Presidente da República, por
de administração. exemplo, adota medida
provisória, com força de lei (art.
EXECUTIVO 62)
• Natureza jurisdicional: o
Executivo julga, apreciando as
defesas e recursos
administrativos.
• Julgar(função jurisdicional), • Natureza legislativa:
dizendo o direito no caso regimento interno de seus
concreto e dirimindo os conflitos tribunais (art. 96, I, “f”)
JUDICIÁRIO que lhe são levados, quando da • Natureza executiva:
aplicação da lei. administra, concede licenças e
férias aos magistrados e
serventuários (art. 96, I, “f”)

A partir daqui, podemos partir de um principio onde devemos apenas sistematizar a


imprecisão da utilização da “tripartição dos Poderes”. O Poder é uno e indivisível, sendo
assim, ele não se triparte. O Poder é manifestado através dos órgãos que exercem funções.
Um Poder só poderá exercer a função típica de outro Poder quando houver expressa
previsão.

Acho interessante a esquematização histórica da tripartição dos


poderes, pois o tema se autocontradiz. Como um poder uno, indivisível se
divide em três? A princípio o tema soa de forma estranha e vislumbra uma
pequena confusão antes de um estudo mais aprofundado. Voltando as
raízes da Revolução Francesa, observamos o inicio da mutação de uma
soberania única, onde apenas o Rei exercia domínios sobre o Legislativo,
Executivo e Judiciário. Partindo dos princípios aristotélicos no que tange a
política da antiguidade grega, Montesquieu passou a observar que a
Política do século XVI, na França, caminhava de acordo com as vontades
do Rei Luis XVI. Embaladas pelos membros do clero (igreja) e da nobreza.
Pessoa que hoje podemos dizer que se preocupavam somente, consigo
mesmo.
Montesquieu, analisando isso, escreveu sua obra: “O Espírito das
Leis”. Uma obra que levou bem a sério o ponto de vista aristotélico sobre
as funções que um Poder Uno trazia. Tais estudos abriram os olhos do
povo da época. E então, deu-se inicio a Revolução Francesa. O Poder do
Rei Luis XVI veio ao chão. A Constituição da época virou cinzas em uma
fogueira em praça pública. E, em meio as turbulências provenientes da
Revolução, o povo passou a ter uma voz ativa. O povo passou a poder
dizer o que tinha vontade. E, partindo deste ponto uma nova Constituição
foi criada. Visando primordialmente o bem comum, visando manter a boa
convivência entres os camponeses da época.
O Poder? Foi dividido em três funções distintas. Foi criada uma corte
para legislar, uma para administrar e outra para julgar.

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