Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I
Ns somos os homens vazios
Somos os homens de palha
Apoiados uns nos outros
A parte da cabea cheia de palha. Ai
As nossas vozes foram secas e quando
Juntos sussurramos
So serenas e sem sentido
Como vento em erva seca
Ou ps de ratos sobre vidro partido
Na secura da nossa cave
Os que cruzaram
Com os olhos certeiros, para o outro reino da morte
Lembram-se de ns - quem sabe - no de
Violentas almas perdidas, mas somente
De homens vazios
Homens de palha.
II
Olhos que no ouso encontrar em sonhos
No imaginrio reino da morte
Esses no aparecem:
A, os olhos so
Luz do sol numa coluna quebrada
A, uma rvore baloua
E h vozes
No cantar do vento
Mais distantes e mais solenes
1
Que uma estrela em fuga
III
Esta a terra morta
Esta a terra de cactos
Aqui as imagens de pedra
Erguem-se, aqui recebem
Em splica a mo do morto
Na fuga de uma estrela que cintila.
IV
Os olhos no esto aqui
No h olhos aqui
Neste vale de estrelas a morrer
2
Neste vale vazio
Este queixo quebrado dos nossos reinos perdidos
T. S. Eliot, Quarta-Feira de Cinzas, trad. Joo Paulo Feliciano, Hiena Ed., Lisboa, 1994, ed.bil.