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ORIGEM E DiFUSAO DA AVALIACAO DE, IMPACTO Puella NEA 48. {BeMaliacto de Impacto Ambiental: conceitos ¢ métodos " Em inglés, amenities. 2No original, major. 2 Em inglés, statement, ‘A avaliacdo de impacto ambiental (ALA) ¢ um instramento de politica ambiental ado- tad atualmente em imimeras jurisdighes ~ paises, regi6es ou governos locais ~, assim come por organizaydes internacionais ~ como bancos de desenvolvimento - ¢ por entidades privadas. # reconhecida em tratados internacionais como um mecanismo potenciatmenre eficaz de prevenco do dano ambiental e de promacdo do descnvolv mento sustentivel. Sua formalizacao ocorreu pela primeira vez nos Estados Unidos, por intermédio de uma lei aprovada em 1969 pelo Congresso american, A partir de entio, a AIA disseminou-se, alcangando hoje uma difusio mundial. Atualmente, mais de uma centena de paises incorporou As suas legislagdes nacionais provisées equerendo & avaliacéo previa dos impactos ambientais, Somando-se os procedimen- tos formais seguidos pelas agtucias bi e multilaterais de desenvolvimento, pode-se afirmar que a AIA € hoje eniversalmente empregada. 2.1 ORIGENS ‘A sistematizacao da avaliacao de impacto ambiental como atividade obrigatéria, a ser realizada antes da tomada de certas decisdes que possam acarretar conseqiéncias ambientais negativas, ocorreu nos Estados Unidos em decorréncia da lei da politica ‘nacional do meio ambiente daquele pais, a National Euvironmenial Policy Act, usual- ‘mente referida pela sigla NEPA, Essa lei foi aprovada pelo Congresso em dezembro de 1969 e entrou em vigor no dia 1° de janeiro de 1970, requerendo de “todas as agéncias do governo federal” (artigo 102 da leil: (Aj utilizar uma shordagem sistematica € interdisciplinar que essegurard 9 us9 integrada das eigncias naturais € sociais ¢ das artes de planejamento ambiental nas tomadas de decisdo que possam Ter um impacto sobre 0 ambiente hurwana; (5) identificar € desenvolyer aétedos e procedimentos, em consulta com 0 Con- selha de Quatidade Ambiental esiabielecide pelo Tirulo II desta Tei, que assestu- rarfio que os valores! ambientais presentemente do quantificados serdo levados adequadamente em consideragio 2a tomada de decisbes, a0 lado de considera~ gbes técnicas & econdmicas; [C)jactuir, em quakquer recomendagao ou relatério sabre propostas de Fegislacdo ¢ outras imporrantes? agbes federais que afetem siguificativamente a qualidade do ambiente humano, unia declaragio?’ detalliada do fuxcionario responsavel sobre: {il 6 impacto da acao proposta, {Gi} 0s efetas ambientais adversos eque ndo puderem ser evitados caso a proposta seja Implementada, (iil) alternativas & aco proposta, (iu) a velagie entre os isos focais € de curto prazo do ambiente kumano € a manutengdo ¢ melhorla da produtividade a longo prazo, € fu) qualquer comprometimento irzeversive! © inrecuperavel de recursos que seria envelvidas se a aco prupasta fossc implementata. (0 campo de aplicagao da NEPA ¢ bastante complexo. Resumidamente, a Tel apli- ca-se a decisdes do governo federal que possam acarretar modificagées ambientais significativas, 0 que inclui projetos de agéncias governamentais e também projetos privados que necessitem de aprovacao do governo federal, como a mineracao era terras piilicas, usinas hidrelétricas e nucleares ete. Onuctta € DirusAo DA AVALIAGAD DE IMPACTO AMBIEN © Conselho de Qualidade Ambiental - Council on Environmental Quality (CEQ), a instituiggo criada pela NEPA, € elemento fundamental para atingir os objetivos de “criar e manter condigées para que homem ¢ natureza possam cxistir em harmonia produtiva e atingir os anseias sociais ¢ econdmicos das geragdes presentes c futuras de americanos” (See, 101 {a)). 0 CEQ é formado por trés membros nomeados pelo presidente € aprovados pelo Senado; ¢ subordinado direramente 4 Presidéneia, tendo status equivalente ao do Consclho de Atividades Fconémicas. Supostamente, isso permitiria que as consideracdes ambientais merecesscm as mesinas deferencias que as quest0es econdmicas nas decisdes yovernamentais. Uma das principals functes do CEQ € assegurar que as agéncias do governo federal efetivamente implementem os requisitus da NEPA, ou seja, lever em conta as implicacées de suas agées sobre 0 ambiente humano ates da tomada de decisdes. Um dos artifices da NEPA foi o professor de ciéncia politica Lynton Caldwell, convi- dado pelo Senado para assessorar a discussao ¢ a redagéo do projeto de lei, Segundo Caldwell (1977, p. 12), para que @ politica fosse efieaz, dois enfoques eram necessa- rios: 0 primeira era estabelecer um fundsmento substantivo, “expresso através de dectaracies, resolugdes, leis ou diretrizes”; 0 segundo, fornecer meios para a acio, “sendo que unt aspecta eritico é 0 mecanismo para assegurar que a aco tencionada ireatmente] ocorra’, 0 mecanismo foi justamente 0 environmenéal impact statement (EAS), inicialmente concebido como uma “checklist de critérios para planejamen- to ambiental” (Caldwell, 1977, p. 12). Ainda segundo o depoimento de Caldwell (p. 15}, “dentre as dezenas de projetos de lei sobre politica ambiental (..) nenhum era operacional’, ou seia, nenhum deles inclufa algum mecanismo para assegurar a iraple- mentagao pritica dos principios retdricos enunciados. Durante os debates de 1969, a ideia de “avaliar os efeitos (...) sobre o estado do meio ambiente” ganhou forga € transformou-se na redacdo da Seeto 102 (C) da lei, transcrita acima. Caldwell (p. 16) afirma que, curiosamente, “a exigencia de um FIS nfo provocou debate mene suscltou apoio ou abjegies externas’, Foi somente depuis da aprovacto da lel que suas implicagées foram plenamente compreendidas: “a NEPA pegou 0s empresdrios e os burocratas publicos de surpresa (..J € mesmo agéncias governamentais nao a levaram a sério até que os tribunais comecassem a exigir o estrito cumprimento da exigéncia do estudo de impacto am- biental” (Caldwell, 1989, p. 27). Diversos foram os questionamentos levados 4 Justica, deste alegagies de implememtagdo meramente formal da Ici por parte das agéncias até pura e simplesmente sobre a suposta tomada de decisies sem que a lei fosse levada em conta, Em dois anos, as agéncias federais produziram 3.635 estudos de impacto ambiental, ¢ foram contestadas em 149 agbes judiciais, Nove aaos mais tarde, jé havia cerca de 11 mil estudos ¢ nada menos que 1.052 acdes na Justiga (Clark, 1997). Outro autor privitesiado do processo de concepcao ¢ aprovacao da NEPA foi o assessor legislativo Daniel Dreyfus, para quem a NEPA é uma excecio & regra segundo a qual “as intencdes originals dos formuiadores de politicas publicas acabam. sendo transformadas quando os responsiveis por sua implemcntagao assumem as réde- as. No caso da NEPA, os objetivos foram expandidos durante a implementagao, ¢ 0 impacto da lei foi sentido para além das expectativas iniciais” (Dreyfus e Ingram, 1976, p. 243). Para 0 senador Henry Jackson, que apresentou 0 projeto ae Congreso, @ “8 aliagdo de Impacto Ambient 443 Federal Register 55.990, ox. 28, 1978. Um dccreto de 1977 (Ereeutive Onder 11.991) determinow que 0 CEQ atorasse ‘um regulamento para unifornizar 0 provedimenios de preparagia e andlise das EIS. No sistema norte-americano, ‘as requlamentos {regulations} tém aplicacdo compresria, 20 conzrézio das divcirizes (guidelines “o aspecto mais importante da let € que ela estabelece novos processes dccisérivs para fodas as agéncias do governo fedcral” (Spensiey, 1995, p. 310). Os mecanismos de implementago néo cram triviais. 0 objetiva do environmental impact statement nao era “coletar dados ou preparar descriges, mes forgar uma mudanga nas decisies administrativas” (Dreyfus ¢ Ingram, 1976, p. 254). Para guiar a aplicagio dos requisites da Politica Nacional de Meio Ambiente dos Estados Unidos, o Consetho de Qualidade Ambiental pubticou, em 1? de agosto de 1973, suas dizetrizes para a elaboracao e apresentacao do EIS. Essas diretrizes estabeleceram os funda- mentos do que viriam a ser os estudos de impacto ambientat néo somente nos EUA, mas em diversos outros paises, que acabaram se inspirando no modelo americano para implementar suas proprias leis ¢ regulamentos sobre a avaliagto de Impacto ambiental, 0 texto da NEPA, ao estabelecer principios e linhas gerais da politica ambiental, munca [oi alterado. No entanto, a aplicagdo das diretrizes fixadas pelo CEQ em 1973 revelou-se, em varios pontos, insatisfatéria, 0 que motivou sua subslituiggo por um regulamento, publicado em 28 de novembro de 19784, Cabe as diferentes agéncias (ministérios, departamentos, servigos etc.) aplicar a NEPA. Para isso, cada agéncka descnvolven suas préprias diretrizes e procedimentos, Ao CEQ cabe somente estabe- lecer as diretrizes gerais, zelar pela boa aplicacdo da lei e acompanhar sua aplicagao. Em certas situacdes, cave-lhe também um pape! de arbitro, quando hi desacordo entre agéncias governamentais acerca dos impactos ambientais de certos projetos. ‘Trata-se do proceso conhecido como “referral”, que, no entanto, € ocasional. 0 CEQ registrou somente 27 casos até 2003. Por outro lado, como a NEPA somente se aplica a agées do governo federal, diversos Estedos aprovarem suas proprias leis nos anos que se seguiram a aprovacao da NEPA. Atualmente h4 17 Estados com “requisites de planejamento amblental similares aos da NEPA’, sendo Califérnia, Washington e Nova York recanhecides como os mais avangados (Welles, 1997, p. 209}. Um ponto fundamental quanto as origens da avaliagdo de impacto ambiental € que © instrumento no nasceu pronto nem foi cancebido por um grupo de ilaminados. Por um lado, a AIA resultou de am processo politico que buscou atender a uma demanda sociat, que estava mais madura nos Estados Unidos no final dos anos de 1960. Por outro, a AIA evoluiu ao longa do tempo, foi senda modificada conforme ligdes eram aprendidas na experiencia prética. Evoluiu nos préprios Estados Unidos ¢ modificou-se out adaptou-se conforme foi sendo aplicada em outros contextos cultu~ rais ou politicos, mas sempre dentro do objetivo primario de prevenir a degradacao ambiental ¢ de subsidiar um processo decisério, para que as conscqliéncias sejam apreendidas antes mesmo de cada decisio scr tomada. 2.2 DiFUSAO INTERNACIONAL: OS PAISES DESENVOLVIDOS Nos paises do Norte, 2 adocéo da ALA deveu-se fundamentalmente a similaridade de seus problemas ambientais, decorrentes, por sua vez, do estilo de desenvolvimento, Canada (1973), Nova Zclindia (1973) ¢ Australia {1974} estiveram entre os primeiros paises que adotaram politicas determinando que a avaliagde dos impactos ambientais é ORIGEN E DIFISAD DA AVALIACKO DE sVIPACTO AMBIEN 8 deveria preceder decisdes governamentais importantes (Quadro 2.1). Da mesma forma que os Estados Unidos, esses paises foram colénias de povoamento briténicas, her- dando um sistema juridico e politico muito semelhante. Por outro lado, a explotactio dos recursos naturais teve um papel historicamente muito importante em todos eles ¢, 20 Intensificar-se apds a Segunda Guerra Mundial, colocou em evidéncia o vasto aleance dos impactos ambientais acumulados. Paises de estrutura federativa, varias provincias e Estados na Australia © no Canada, assim como nos Estados Unidos, também adotaram leis sobre AIA, ampliando assim 0 escopo eo campo de aplicacio desse instrumento (Quadro 2.2). Quadro 2.1 Marcos da introducdo da AIA em aiguins paises desenvelvidos selecionadas Canedé 1972 Deciséo do Corselho ce Ministros de estabelecer um processo de avaliagao © exome ambientai em 20 de dezembro de 1973, moviffcado em 15 de Fevereiro de 1977 Decreto sobre as diretrizes do grocesso de avaliago exame amblentel, de 22 de junho de 1984 Lei Canacense de Avaliagao Ambiental, sancionasia em 23 de junho de 1992 Procédinlenta® de protecdove mhelhoria ambiental d 4 yl ehde Gosia. de Recursos de julke! de: 1993.0 Austrélia 1874 Lede Proteco Ambiental ilmoacto de Propastas), de dezemaro de 1974, modificada ém 1987 ici de Protecdo Ambiental ¢ Protecao da Bi ME es sidade de 1989 fa. aplicacao- da Lei ue Protecao da Nawuiee sd democratizacso das eonsuiltas pubticas. Diretiva 85/337EEC, de 27 de junho ce 1985, sabre a avatiagdo dos efeitos ambleata's de certos projetos puibiicos privades Modificada pela Dirctiva 97/11/EC, de 3 de marco de 1997 lnsthigie de Saviele ici 244, de 15 de abr de 1992, sobre AIA Decrez0 499, de 1° de outubro de 1992, sobre competéncia profissional para avaliagio de impactose sobre mels e rocesiments para siscussaoaiblica da apni dos spn Hong Kong 1397 80 aliacdo de Impacto Ambiental: conceitos e métodos Quadro 2.2 Exemplos de institucionatizocéo da AIA em wigumios jurtsdipdes subnacionais Calféria, EUA 1970 Lei de Qualidade Ambientat da Califa, diversas modlficagdes svbseqlentes IGWB. YOR OA Hi LAE eatak Beach Aaibieta CHE SI He are eh Alberta, Canadé 1973 _Lei de Canservacao e Recuperacao de Terras ‘Convengao da Bai nos do Canada € da Quebec ¢ as comunidades autéctones Inuit e Cri, estabetece umn regime particular de AIA em toda a poreaa norte do territério provincial; as Cri € as Inuit criaram seus préprios comités para gerir 0 processo de AIA) AS RIG ie Cones Os Bee Victoria, Diretrizes para Avaliagdo Ambiental, Ce 1977 Australia Lei sobre Efeitos Ambientais, de marco de 1978 Direttizes para Avaliagéo Ambiental, de 1977 Augen) 7 AG ah Go Rroteea imbibe Ei HORE 29 Ce ee lihas Baleares, 1986 Decreio 4/1986, sobre implementagdo € regulacio dos estudos de impacto ambiental wheal eae Sone Fontes:elaborada a partirde diversos fontes,incluindo prospectos edltados por arganismas governamentais, sites governamentas, Couch f2988), Morrison-Saunders e Bostey (2000) e Paterm (1999). Ja na Europa, entretanto, 0 modelo americano de AIA nao foi hem visto, pcto menos em ‘um primeira momento, Os govertios sustettavam que suas politicas de planejamento ji Tevavam ent conta a varidvel ambiental, situagéo que se oporia 4 dos Estados Unidos, pais onde o planejamento tinha pouca tradicdo. Mesmo assim, depois de cinco anos de diseussio e cerea de 20 mimutas (Wathern, 1988}, a Comissao Earapéia adotou uma resoiugao (Diretiva 337/85), de aplicagao compulséria por parte dos paises-membros da entio Comunidate Economica Furopéia (atual Unigo Européia), obrigando-os a adotar procedimentos formais de AIA como critério de deciséo para uma série de em- preendimentos considerados capazes de causar significativa degradagto ambiental. Na ‘verdade, a elaboracko da diretiva européia tardou dez anos, uma ve2 que os estudos pretiiaineres comegaram em 1975. Para Wathern (19880), quando finalmente a dirctiva foi aprovada, representou grandes mudangas para aqueles paises onde a AIA havia sido praticamente negligenclada nas politicas piblicas - Bélgica, Espanha, Grécia, Indlia ¢ Portugal. Os demais paises, de ‘Oniseia & DIFUSAO DA AVALIACAO DE IMPACTO AMBIEN diferentes formas, ja aplicavam alguma modalidade de AIA (gcralmente associada a0 plangjamento territoriall, embora somente a Franga tivesse um sistema formalizado ¢ embasado em ict A Franca, de fato, antecipou-se ¢ foi o primeiro pais da Europa a adotar a avatiacko de impacto ambiental pela fei de 1976. Na verdade, foi 0 nico a legislar sobre AIA antes, dda diretiva européia. Diferentemente dos Estados Unidos ~ ¢ sem divida em funcio de uma regime juridico ¢ de uma organizacdo administrative muizo diversos -, @ AIA foi adotada na Franca como uma modificacao no sistema de licenciamento (ou autorizacdo governamental) de indiisirias € outras atividades que possam causar impacto ambiental, de mado que os estudos de impacto atibiental devem ser feitos pelo proprio interessado, enquanto, segundo a NEPA, nos Estados Unidos € a agéncia governamental excarregada da toma- da de decisoes que deve proceder & avaliacao dos fimpactos potencialmente decorrentes dessa decisao, Além disso, no modelo francés, a exigéncia aplica-se a qualquer pro- posla, seja ela de um proponente piblico ou privado, enquaato a legislagio federal americana aplica-se, fundamentalmente, a propostas piblicas federais ov a decisées do 51 ‘governa federal sobre iniciativas privadas®, © Varios Estados Como sucedeu em intimeros paises, houve na Franca muita resisténcia de alguns {@ntbém adotarae setores governamentais e empresariais & nova exigéncia de preparagio prévia de um estudo de impacto ambicatal (Sénchez, 1993b). A regulamentacdo da lei francesa tar- dou mais de um ano, ¢ os novos procedimentos efetivamente entraram em vigor em 1978, Entretanto, a aplicagao da fei consolidou-se rapidamente e seu vasto campo de para deci aplicagdo levou a preparacao de cerca de 5 a 6 mil estudos de impacto por ano (Iurlin legis ig a aplicagao da avatiagaa de impucio ambiental no seu arbito ¢ Lilin, 1991), nimero bem mais alto que a quantidade de estudos de impacto prepa-_urtsdictonal, rada cm outras jurisdigdes, como os FUA (Kennedy, 1984}. Um aspecto relevante da £ alguns casos AIA na Franga € que os pracedimentas instituidos em 1976 introduziram uma nova exigencia ~ @ apresentagdo prévia de um esludo de Impacto — a um processo de licen ineidindo também sobre nérios Hos de profeios Gamento que ja vigorava pare algumas atividades desde 1917. Mesmo procedimentos prinados, como & 0 de consulia publica j4 existiam para obras que necessitassem de um decreto de wtili- caso da Catifirnia dade ptiblica para fins de desapropriagao. Ou seja, a AIA representou uma evolucio de prdticas de planejamento jé existentes ¢ fof incorporada a ume estrutura administrative preexistente. Aqui também reside uma diferenga enre a maneira como a AIA surgiv na Franca € como foi adotada em outros paises. posto que nao foi criada neniama nova instituiso para implementar 0 novo instumento, mas apenas am departamento dentro do Ministério do Meio Ambiente, ativo desde 1971. Aliis, o termo avaliagéo de impacto ambiental até hoje ¢ pouco usado na Franga, predominando simplesmente 0 termo elude d’impact, que resume tanto o priprio estudo como o proceso de avaliagtio de impacto ambiental. Um indicador que ilustra as diferengas de receptividade da ATA nos Estados Unidos e nna Franca é a porcentayem de casos levados a contestagio judicial: enquanto nas EUA nada meaas que i0% das decisdes baseadas cm um environmental impact staicment foram contestadas nos tribunais no periodo de 1970 a 1983 (Kennedy, 1984), somente 0,65% dos esudes @impact franceses foram contestados na Justica durante os primci ros cinco anos de aplicacto da nova lei (Hébrard, 1982) laliagéo de impacto Ambiental: conceitos e métodos 0 extenso campo de apficagao dos estudos de impacto na Franca © sua recepsfo “suave” pela administragao ptiblica resultaram em ume certa banalizagaa de prace- dimonto ¢ em sua excessiva burocratizagdo (Sanchez, 1993b). Mesmo assim, as novas exigencias contributram para modificar substancialmente a postura de empresas pu= blicas e privadas, Ievando a modificagies de projetos como condigdo indispensével pata aprovacie, chegardo mesmo a recusar conceder algamas licengas. Sem divida, a preocupasao de evitar a avalanche de processos judiciais observada nos Estados Unidos esteve presente no desenhio da maioria dos procedimentos de avaliagio de impacto. Na Alemanha, diversos estudes apontavam para ¢ encami- nhamenio de um projeto de lei, preparado em 1973 por um grupo de especialistas a convite do governo federal. Eutretanto, o proeto nunca foi encaminbado a0 Parla- mento (Cupef, 1994]. 0 governo federal adotou recomendagées, em 12 de outubro de 1975, sob a forma de “Principtos para Avaliagtio de Impacto Ambient! de Acdes Eederais", cujo cumprimento nao era obrigatério © nfo podia ser controlado pelos tribunals. Ademais, os Estados tampouco Unham qualquer obrigagao a respeito (Kennedy, 1981), Esse documento, “por seu pouco poder formal, nao conseguiu obrigar ninguém a fornecer tal relatério [de impacto ambiental]” (Summerer, 1994, p. 407). Somente apds a aprovacio da diretiva européia, e como obrigacae de todo Estado- membro, a Alemanka adotou una lei sobre ATA, conhecida como Umwelrvertraglich- Reiiprifiung (UVP), cuja traducao direta sevia "exame de compatibilidade ambiental” (conforme Maller-Planteriierg ¢ Ab’Saber (1994, p. 323), ¢, para Schitipmann (1994, p. 366), “estudo de consequéncias ambientais"). Schlupmann (1994) relata que foram parcas as discussbes que precederam a aprovacao do projeto de lei no Parlamento, ‘0 que parece paradoxal em um pais onde 0 movimento ambientalista foi pioneito em conseguir amplo reconitecimento social. Esse autor considera que, justamente, 0 “temor da pressio popular’, tendo os protestos contra usinas nucleares como pano de Fundo, “constitui o fo condutor da histéria da Lei de ATA {p. 373), @ qual, em sua aniilise ¢ fazendo eco a outros criticos, estabeiece um procedimento excessivamente ‘urocratico com pouco espaco para participacio piiblica. A lei alemd sobre UVP data, de 12 de fevereiro de 1990. quando jé haviam transcorrido 20 anos desde a NEPA. Em parte, as dificuldades de adaptacao da diretiva européiz ao ordenamento juridico de cada pais-membro decorrem da existéncia ancerior, nesses paises, de exigencias de planejamento territorial e de controie de poluigdo, que precisaram ser modificadas para incorporar o novo insirumento sem gue fossem postas em risco as garantias repre- semtadas por essas leis. Se em alguns paises, como a Espanhia, a introducdo da AIA deu-se por novas leis ou decretos que cstabeleceram a necessidade de preparacéo de um EIA nos moldes preconizados pela diretiva européia, quase que a transcrevendo, em outros, exigéneias de ATA permearam uma complexa legislagéo de pianejamento, ‘como no Reino Unido, onde a diretiva euronéia foi implementada por meio de mais de 40 “regulamentos secundirios” (Glasson ¢ Salvador, 2000). A difusio da ALA para outros paises desenvolvidos continuou durante a década de 1990, alcangando 0 Japao ¢ Hong Kong, entio colduia britanica e depois como Regio Administrativa Especial da China. Ao mesmo tempo, em paises onde a Onset £ DIRISAO DA AVALIACEO BE IMPACTO AMBIEN pritica jé era bem estabelecida, como Canada, Ausiraiia ¢ Nova Zelandia, os processos foram tortalecisins por meio da criacao de leis ou da reforma de proce- dimentos (Quadros 2.2 € 2.2). Assim, nfo se pode deixar de registrar que a AIA tem passado por uma continua evolucto, na qual as priticas vem sendo revistas ¢ novos procedimentos ¢ exigéncias vém sendo formulados, com base no aprendi- zado proporcionado por uma avaliagao critica dos resultados, essencial para o vigor de todz politica piblica. tim avanco significativo é a avatiagdo ambiental estratégica, ouavaliacao do impacto de politicas, planos e programas. e nao de projetos, obras ou atividades. No entanto, esse tema nao sera abordado neste livro, 2.3 DIFUSAO INTERNACIONAL: OS PAISES EM DESENVOLVIMENTO As razoes da difusdo internacional da AJA séo muitas. Talvez a principal delas seja que tanto os paises ditos desenvolvidos quanto aqueles classificados como em desen= volvimento tém diversos problemas ambicntais em comum. Em outras palavras, 0 estilo de desenvolvimento adotado engendra formas semclhantes de degradagdo ambiental. Em 1972, na época da Conferéncia de Estocolma, existiam apenas onze orgies ambientais nacionais, a maforia em paises industrializados. Em 1981, a situagéo bavia mudado de forma dramética: coniavam-se 106 paises, na malaria em desenvolvimento. Uma nove década se passa, cm 1991, praticamente todos 05 paises dispdem de algum tipo de Instituigao similar (Monosowski, 1993, p. 3). Também teve importante papel na adogao do instramento pelos paises do Sut a atuagdo das agenclas bilaterais de fomento ao desenvolvimento, como a U.S. Agency for Internacional Development (USAID) e suas congéneres dos paises da OCDE (Orga- niza¢o para Cooperactio ¢ Desenvolvimento Econémico}, assim como as agencias multilaterais, que so os bancos de desenvolvimento, como 0 Banco Mundial ¢ 0 Banco Interamericano de Desenvolvimento. Os tribunais dos Estados Unidos julgaram casos decidinda que mesmo as agdes externas do governo federal americano deveriam scr sujeitas a NEPA, afetando, dessa forma, seus projetos de coaperacda para o desenvolvimento ¢ até as atividades de pesquisa na Antartida, que, coordenadas pelo U.S. National Research Council, foram consideradas como acdes do governo federal que podiam causar significativa degradacao ambiental, Em 1975, quatro ONGs ambientalistas americanas entrarara fem uma acdo judicial contra a USAID, tencionando obrigé-la a preparar estudos de impacto ambiental, nos termos da NEPA. Em conseqiigucia, a USAID foi a primeira agéncia de cvoperacdo internacional a aplicar regularmente procedimentos de ava- liagao dos impactos de seus projetos (Horberry, 1988; Ruanalls, 1986). A lel americana de cooperacay para o desenvolvimento (Foreign Assistance Act) foi modificads em 1978 e passou a impor a necessidade formal de preparacio de estudos de impacto ambiental para as projetos de cooperagao (Runnals, 1986). A partir da agio das ONGs na Justica americana € depois da modificagao da ici de assisténcia, a USAID estabeleceu uma politica ambiental ¢ criou diversos procedi- mentos para levar em conta as impticagies ambientais de seus projetos; também ‘eve que realizar uma reform administrativa © contratar novos téenicos para atuar 53 Ey Prt a\iacdo de impacto Ambiental: conceitos e métodos ‘em planejamento € gestio ambiental (Horberry, 1988). Posteriormemte, as principais agéncias de cooperacao para o desenvolvimento, como a canadense ACDI/CIDA, @ dinamarquesa Danida e varias outras, estabeleceram seus préprios procedimentos de avaliagio de projetos, em geral empregando os mesmos critérios que outras agéncias de seus respectivos governos deviam usar para analisar seus projetos internos. No entanto, até (986, as agéncias de cooperacio da maforia dos paises da OCDE tinham experiéncia muito limitada com a avaliagio ambiental de suas atividades (OECD, 1986}. Embora a maioria de seus paises-membros aplicasse a AIA para muitos pro- Jjetos domésticos que pudessem causar impactos significatives, esse procedimento nao era aplicado para os mesmos tipos de projeio quando executados em um pais em desenvolvimento sob fimanciamenta de um pais da OCDE (Kenedy, 1988). Foi somente 2 partir do final dos anos de 1980 e principalmente ao longo dos anos de 1990 que tal atividade se consolidos. ‘Um marco nesse proceso de internactonalizagao da avaiiacto de impacto ambiental éa Recomendagio do Conselho Diretor da OCDE, aprovada em 20 de junho de 1985, segundo a qual os paises-membros da organizagao devem assegurar que? {a) Projctos « programas de assisténcia ao desenvolvimento que, devido & sua natureza, porte efou localizagio, possara afetar significativamente o ambiente eve ser avaliados sob um porto de vista ambiental no estéiio mais tnicial possivels (b) Ao exansinar se um projeto ou programa especifico deve ser sujeito a tuna avaliagdo ambicntal detathada, as agéncias de cooperacio dos paises- membros dlevem prestar especial atencio aos projetos ou prograinas listados no Anexa {1 0 documento traz um anexo com uma lista de profetos e programas que mais neces- sitam de avaliacdes ambientais. Atualmente, as principais agencias de cooperac tem listas proprias ¢ procedimenttos mais sofisticados para enquadrar os projctos de assistencia de acordo com o nive! de detalhe da avaliagao ambiental necesséria Uma ontra recomendagSo do Conselho da OCDE, aprovada em 23 de outubro de 1986, conclama os paises-membros {9} Apoiar ativamente a arlogio formal de urna politica de avaliac4o ambiental para suas atividades de assisténela ao desenvolvimento; {b) Examinar « adequagto dos procedimentos e priticas stuais com relagio @ inplementagda de (al politica; (c] Desenvolver, i Inz deste exame ¢ na medida necessiria, procedimeatos efi- cazes para um proceso de avaliago ambiental considerande, na medida do necessiria, n Anexo I; La (g) Assegurar a provisio de recursos humanos e financeltos para os passes ent desenvolvimento que descjem melborar sua capacitagéo para realizar avalia- cies atubientais, considerando no todo an em parte as medidas do Anexo I Dessa forma, a OCDE recomiendou um modelo de processo de avallagao de impacto ambiental para analisar os projetos de ajuda ao desenvolvimento que & consistente oni ‘Ontceta € oIFusA DA AVALIACAO DE wMIPACTO AMBIE? com as boas praticas internacionais de ALA, ¢ propds fomentar a capacidade dos paises receptores em avaliar internamente os impactos ambientais. Consequéntemente, no apenas muitos projetos foram avaliados individualmente como foram também expandidos programas de cooperacto voltados especificamente ao fortalecimento institucional e & formagio de recursos htumanos envolvidos em avaliagéo ambiental nos paises em desenvolvimento, Por exemplo, a agéncia canadense dc cooperacio fimanciow cerca de CANS 41 mihies para um Projeto de Desenvolvimento de Gestio Ambiental na Indonesia, tiderado pela Universidade Dalhousie e executado entre 1983 € 1994 por um consérelo de universidades canadenses ¢ indonésias, em colaboragio com o Ministério do Meio Ambiente da tudonésia. 0 projeto incluiu um grande compo- nente de capacitacdo em avatiagao de impacto ambteatal e a publicagao de guias ¢ diretrizes (Villamere e Nazradin, 1992} ‘Também nas instituicdes multilaterais, como os bancos de desenvolvimento, o periodo ‘enize o final dos anos de 1980 € 0 inicio dos anos de 1990 marcou uma inflexio em suas politicas face as Implicagées ambientais de suas atividades. 0 Banco Mundial teve papel muito importante na difusao da ATA, na medida em que movimentz bi- Ibses de délares por ano cm projeios de desenvolvimento nos paises do Sul, muitos deles capazes de causar impactos ambicntais significativos. Os primeiras estudos de impacto ambiental feitos no Brasil o foram pata projetos financiados em parte pelo Banco Mundial, como as barragens de Sobradinho, no rio Sao Francisco, em 1972 (Moreira, 1988), ¢ Tucurti, no tio Tocantins, este realizado em 1977 (Monosowski, 1986; $990}, um ano depois que a construgao da barragem ja havia sido Iniciada, Na época, néo havi legislagio brasileira exigindo tais estudos, que nao foram, portamto, submetidos & aprovagto governansental, mas utilizados pelo Banco para decidir sobre as condigdes dos empréstimos. Uma das prineipais razdes do envolvimento do Banco Mundial fot a pressio exerci da pelas organizacées nao-governamentais ambientalistas c suas fortes eriticas 20s importantes impactos ecolégicos e socioculturais dos grandes projetos finsnciados peio Banco (Rich, 1985}. Um dos casos sistematicamente citados como um dos piores exemplos de atuagio do Banco foi o empréstimo concedido ao governo brasileiro para pavimenlacao da rodovia BR-264, de Cuiaba a Porto Velho, nos anos de 1980 = obra foi apontada como indutora de um processo perverso de oeupagio da regifio, cau- sando desmatamento indiscriminado ¢ dizimagio de grupos indigenas (Lutzemberger, 1985). As criticas tiveram repercussao no Congresso dos Estados Unidos. Como os maiores acionistas do Banco, os Estados Untdos sempre indicaram seu presideme. Os congressistas convocaram 0 secretirio do Tesouro (eqitivalente ao ministro da Fazenda) para depor acerca das aces do Banco € 0 pressionaram para exigir que fosse dada maior importancia 20s impactos ambieniais dos projetos financiados pelo Banco, como um dos eritérios de concessao de empréstimos (Walsh, 1986). 0 primeizo documento de politica ambiental do Banco, que data de 1984, estipu- lava que 0s impactos de projetos de desenvolvimento fossem avaliados durante a preparacio do projeto ¢ que scus resultados fossem publicados somente depois da implantagao (Goodland, 2000). Finalmente, em 1989, 0 Banco promoveu uma reor- ganizacdo interna, criando um Departamento de Melo Ambiente ¢ contratando uma equipe multidisciplinar cuja atribuicao era analisar previamente, sob 0 ponto de vista 5 55 (Mes aliacdo de Impacto Ambiental: conceitos e métodos "Seguado Goodland £2000, p. 3, a categoria de “profissional ambiental” foi entdio acrescida a fista oficial de especialidades, que nies enguadrera os analtstas ambientais como “outros eypeciatistas ambiental, os projetos enviados ao Banco, jé que, até enti, a equipe encarregada de assuntos ambientais era composta por apenas cinco pessoas, face a mais de 300 pro- jetos analisados anualmente pela inscituicéo (Runnais, 1986)®. Também em 1989, 0 Banco adotou uma nova politica a esse respefto e estabeleceu procedimentos inteznos de cumprimento compulsério, que ineluiam a elaboragao de um estudo de impacto ambiental (Beaniands, 19934) Além da Diretiva Operacional 4.00 de outubro de 1989, substituida pels Dire- ‘iva Operacional 4.01 em setembro de 1991, 9 Banco adota hoje uma série de procedimentos relatives As consideragdes ambientais na anilise de solicitagdes de cmpréstimos, que devem observar as condigdes impostas por vérios documentos de politicas operacionais, conhecidos como potiticas de salvaguardas, das quais pode-se citar as seguintes, de maior importéncia no campo ambiental: OP 4.04 Hebilats natu- rais; OP 4.10 Povos indigenas; OP 4.11 Patrimdnio cultural; OP 4.12 Reassentamento involuntario; OP 4.36 Setor florestal; OP 4.37 Seguranga de barragens. Goodland (2000) aponta que a versao de 1989 da politica de avaliagao ambiental encontrou muita resisténcia interna e, por tal razdo, era restrita ~ excluia, por exem- plo, qualquer procedimento «e participagao piiblica. Ja a versdo de 1991 finalmente apraximou-se dos padrées internacionais de avalfacao de impactos, inclaindo, entre outras modificacées, procedimentos para participagdo e consulta pOblica. No entanro, somente prajeios apresentados ao banco para financiamento cram abarcados por essa politica, que no abrangia empréstimos para aluste estruvural ou setorial. Ao longo dos aos de 1990, outros organismos mulilaterals seguiram os passos do Banco Mundial, adotando politicas ¢ procedimentos iaternos para avaliacao ambiental. ‘Assim, muitos paises adotaram leis sabre avaliacdo de impacto ambiental ou introdu- ziram exigéncias de avaliagéio de impactos em leis ambientais mais amplas. 0 Quadro 2.3 mostra alguns exemplos. Deve-se destacar 0 pioncirismo da Colombia, que j8 em 1974 incluiu provisdes sobre ATA em seu Cédigo Nacional de Recursos Naturais Reno- vaveis e de Proiecio do Meio Ambiente, 0 artigo 28 desta let estabelece que: Para n execucio de obras, 0 estabelecimento de indistrias ou 0 desenvolvimento de qualquer outra atividade que, por suas caracieristicas, goss product dete- Horacio grave dos recursns naturals rnovivels ou do ambiente au introduzir modificagées consideraveis ou notOrias 4 paisagem, sera necessdrio 0 estudo ecolégico e ambiental prévio e, ademals, ebier licenga, Em (al estudo, deve-se evar em conta, além dos fatores fisicos, os de ordem econdmica e social, para deverminar a incidéneia que a execusdo das obras mencionadas possa ter sobre a regio. Atualmente, a moioria dos paises em desenvelvimento tem leis nacionais que exi- fem a preparagio prévia de estudos de impacto ambiental. 0 processo de difusda € consolidagao da A'A continua, mesmo apés a adocdo de leis nacionais. Assim, em ‘emnpréstimos de bancos muitilaterais ou doagdes bilaterais, freqiiemte a exigéncia de avalingdes que podem ultrapassar os requisites legais nacionais. Pode ser 0 caso de se exigir uma avaliagio ambiental estratégica ou de se insistir em processos participa tivos ¢ de consulta publica que ultrapassem as formalidades previstas eum lei. cari OnigeM & DIFUSKO DA AVALIACAD DE IMPACTO AMBIEN 37 Quaciro 2.3 ‘Marens do institucionalizagdo da AIA em olguns putses em desenvatvimento Colémbia Ambiente, de 18 de dezembro de 1974 Filipinas. 4978 ‘Decreto sobre Folitica Ambiental " Decreto sobre o-Sistema de Estados de Impatto,Ambienial, de 1976 Regulathentos sobre EIAS do Conselno. Nacional de Protecao Ambiental, dé 1978 China 1973 Lei "Proviséria” de Protecdo Ambiental, revista ¢ finalizada em 1989 Decreto de 1981 sobre “Protego Ambientat de Projetos de Construgio", modifi- cado em 1986 e€m 1998 Decreto de 1990 sobre procedimentos de AIA {Lei de Avaliagdo de impacto Ambiental, de 28 de outubro de 2002 México "1982" Let Federat de Proteco Ambiental, de, 1982 _-_bci-Gerat do Equilibyio Eeoligice e da Protegto do Ambiente, de 28 de jan. de 1968 : : Regulamento-de 30 de miaio fe 2000 “ x ee Indonesia 1986 Lei de Provisdes Basicas para Gestao Ambiental, de 1982 Reguiamento 29 de 198, sobre anitise de impacto ambiental, modificado pelo Regulamento 51, de 1993 ¢ pelo Regulamento 27, de 1999, incluinde meco- nismos de participagao pubtica Malasia 1887. Lei de 1985, que modifica e Lei-de Qualidade Ambiental (dc 1974) ALES Decréto sobre Oyalidade. Ambiental (Atividades Controiadas}; dé #987 : Airica ao Sut 1991 Art, 39 da Lei de Mineracao, de 1991 Lei de Conservacio Ambiental, de 1989, € Reguiamento sobre Avaliago de Impacto Ambiental, de 1° de setembro de 1997, relative & Lei de Conservacio Ambiental Tunisia 4891+ Deeeto'de 13:He inargo de 189% sobre os.cstudos'de impacto ambiental Bolivia 7982 Len" 1.383 Decreto 24.176/96 : hite: W994 Je Basts do Meio Ambiente, de. 3 de. marco. de'1994-- 4 : - Regulamento do! Sistema de /Avaliac3o de’tmpacto Ambiental, de 9. de. abril: d : <1 5 4997, mocificade ens 7-de dezeinlyro dé 2002 Urugual 1992 Lei 16.246, de @ de abril de 1992, requer AIA para atividades portuarias Lei de Prevengao ¢ Avaliacéo de Imoacto Ambiental 16.486, de 19 de jan. de 4994 Decreto 435/994, de 27 de setemioro de 1994 {regulamento} ‘Bangladesh "1985" tel de Conseivabao Arcbientall de 1595, x oy “s ‘Rearas de Congervagdo Ambiental, de 1997 : Equador 1992 Lei de Gestao Ambiental Texto Unificado de Legisiacaa Ambiental Secundaria Fontes: elaborade a partir de diversas fortes, inluindo prospects ealtados por orGanismos GaveI™"amen fais HoClons, SES GOVE rnammentais, Ahamncd ¢ Harvey (2004), Moo e Hills (2002), Memon {2000} ¢ Purnania {2003}. Muitos paises recebem montamtes de ajuda econdmica que cepresentam percentagem significativa de seus oreamentos pliblicos e, para manter a fluxo de recursos, devem se submeter 8s exigéncias dos Financiadores ¢ doadores que, por sua vez, esto sujeitos a presses em suas jurisdigées, Para um doador internacional, nada ptor que a compro- vagio de que, ao invés de um projeto ter contribuido para o desenvolvimento kumano, este tenha, na realidade, piorado a qualidade de vida das populagdes que supostamente devoria ter ajudado, ou causado danos ambicntais. Jaliagao de impacto Ambiental: conceitos « métodos 2.4 AIA EM TRATADOS INTERNACIONAIS ‘Varios Estados promoveram ativamente a difusdo internacional da ATA, nao apenas agindo no plano bilateral, como também buscando inseri-la em acordos interma- cionais, Da mesma forme, algumas grandes ONGs iniernacionais trabalaram para incluir elausulas relativas 4 ATA cm tratados internacionais, que vémn se rmultiplicande nos iiltimos anos, Um grande impulso para @ difustio internacional da ALA veto com a Conferéucia das Nacdes Unidas sobre Mcio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), @ Rio-92. Alem de toda a discussao piblica, com grande repercusséo na imprensa, suscitada durante 0 periodo preparatério da conferéncia, um dos documentos resultantes desse encon- tro, w Declaracdo do Rio, estabetece, em scu principio 17: A avaliasdo do impacto ambiental, como um instruments nacional, deve ser ‘empreendida para atividades propostas que tenbam probabilidade de causar um impacto adverso significarivo no ambiente e sujeitas a uma decistio da autori- fade nacional competente. Em um outro documento resultante da CNUMAD, a Agenda 21, 05 Estados signata~ ios reconhecem a AIA como instrumento que deve ser forvalecido para estimular 0 desenvolvimento sustentivel. Vrias vezes a Agenda 2} menciona a necessidade de avaliar os impactos de novos projetos de desenvolvimento, Mengdes ao papel da ATA aparecem, entre outros, nos seguintes itens da Agenda 21: Certificar-se de que as decisies relevames sejam precedidas por avaliagbes do apacio ambiental e que, além disso elas levem em conta os custos das eventual consegiiéncias ceelogieas: {no Cap. 7 ~ Promoco do desevolvimento sustentive! dos assentamentos huumanes [7.41 (b)}} Promover o desenvolvimento, no ambito nacional, de meiodologias adequadas a adagao de decisdes integvadas de politica enersética, ambiental ¢ econdmice com vistas ao desenvolvimento sustentével, inier alia, por meio de avaliagses de impacto ambiental: Ino Cap, 9 ~ Protecdo da atmosfera (9.12 (b))} Descnvaiver. melharar ¢ aplicar métodos de avaliagdo de impacto ambiental com o abjetive de formentar o desenvolvimento industrial sustentivel”; (wo Cap. 9 ~ Protegio da atmostere [5.16 (4)]} Realizar andlises de investimento ¢ estudos de viabitidade que incluam ums avaliagdo do impacto ambiental, para a criagae de empresas de processamiento florestal: fro Cap, 11 — Combate ao desflorestamente [11.25 (bil) Imtroduzir procedimentos aiiequados de estudos de impacto anibiental para a aprovacio de projeios com provaveis consequéncias importantes sobre a di- versidade biologica e Lomar medidas para que as informacoes pertinentes fi quem amplamente dispontveis, com a participacio do plblice em geral, quando

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