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( I S A D O R A ) D I M I TR I A H E R R E R A ( N U N E S )
Estabeceleceu-se também, para mim, uma relação de confiança e entrega através dos
exercícios em que deveríamos ficar de olhos fechados e sermos guiados pelo outro. A
primeira vez não foi fácil; acabei entreabindo meus olhos em alguns momentos. Na
segunda, não mais. Não passou a ser fácil, mas passou a ser palpável.
Os textos também fizeram com que eu olhasse de forma inteiramente diferente para a
aula. Eu imaginava sua importância, mas colocado pela forma que foi nos textos, eu não
esperava. A importância de cada gesto se ressaltou pela leitura, e a minha maneira de
enxergar a aula e o meu próprio corpo mudou completamente. Tenho atentado o meu
olhar para o meu corpo quando fazemos algum exercício nas aulas de Interpretação com
Meran e também uso a mesma técnica para observar as outras pessoas. De tudo, o que
mais me chama a atenção, é como cada pessoa tem um estilo para se movimentar. E como,
se quisermos fazer uma imitação, não basta que ela seja simplesmente uma cópia, mas que
cada movimento copiado se transforme num movimento genuíno, nosso, que se torne
adequado ao nosso estilo mesmo que, na verdade, não seja.
Quando partimos para a praia a aula acabou sendo mais de relaxamento. Os momentos
que ficamos na água foram os melhores para mim; também achei proveitoso riscar as
conexões na areia. Acho útil sempre ter essa imagem em vista, a dos pontos e suas
ligações, para que a aula não se torne abstrata demais.
Em síntese, percebo em mim uma evolução que me permite compreender melhor a aula e
me conectar melhor com ela; não deixo de ter dificuldade com alguns, sobretudo de
imaginar o ar fluindo por outras áreas do corpo. Ainda existem infinitos pontos a serem
transformados, mas pelo menos, com o passar da aula, percebi que alguma transformação
já se iniciou.