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ISSN-1809-4260

Janeiro, Fevereiro e Março de 2010


Ano 13, Volume 13, Número 1

SBH
Sociedade
Brasileira
de Hipertensão
sbh.org.br

R e v i s t a

Hipertensão

Capa Revista Hipertensão 1_2010.indd 1 18/05/2010 19:37:39


SBH

Diretoria
Presidente
Fernando Nobre
Revista Hipertensão
Volume 13 – Número 01 Vice-Presidente
Janeiro / Março – 2010 Carlos Eduardo Negrão
1a Secretária
Frida Liane Plavnik
2a Secretária
Andrea Araujo Brandão
Editor Tesoureira
Dante Marcelo A. Giorgi (SP) Fernanda Consolim-Colombo
Editores Associados
Presidente Anterior
Fernando Nobre (SP)
Artur Beltrame Ribeiro
Heno Ferreira Lopes (SP)
Claudia Lucia de Moraes Forjaz (SP)
Luciana Ferreira Angelo (SP)
Rita de Cassia Gengo e Silva (SP)

Conselho Editorial
Agostinho Tavares (SP)
Conselho Científico
Angela Maria G. Pierin
Angela Maria G. Pierin (SP)
Armênio Costa Guimarães
Armênio C. Guimarães (BA)
Artur Beltrame Ribeiro (SP) Ayrton Pires Brandão
Carlos Eduardo Negrão (SP) Celso Amodeo
Dante Marcelo A. Giorgi (SP) Décio Mion Jr.
Décio Mion Jr. (SP) Dulce Elena Casarini
Eduardo Moacyr Krieger (SP) Eduardo Moacyr Krieger
Elisardo C. Vasquez (ES) Elisardo C. Vasquez
Fernando Nobre (SP) Fernando Almeida
Flávio D. Fuchs (RS) José Eduardo Krieger
Frida Liane Plavnik (SP) Luiz Aparecido Bortolotto
Heno Ferreira Lopes (SP)
Maria Claudia Irigoyen
Hilton Chaves (PE)
Maria Helena C. Carvalho
José Eduardo Krieger (SP)
Maria José Campagnole-Santos
José Márcio Ribeiro (MG)
Osvaldo Kohlmann Jr.
Maria Helena Catelli de Carvalho (SP)
Osvaldo Kohlmann Jr. (SP) Paulo César Veiga Jardim
Paulo César B. Veiga Jardim (GO) Roberto Jorge Franco
Robson Augusto Souza Santos (MG) Robson Augusto S. Santos
Rogério Andrade Mulinari (PR) Rogério Andrade Mullinari
Wille Oigman (RJ) Wille Oigman

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Carta Carta
do Presidente do Editor
Fernando Nobre Dante Marcelo A. Giorgi

Este primeiro número da Revista Hipertensão Foi como um grande desafio que recebi o convite do Dr.
de 2010 tem razões para comemorações. Fernando Nobre para ser o editor da Revista Hipertensão
da Sociedade Brasileira de Hipertensão. Após um período
Primeiramente observamos no seu formato, re-
como seu co-editor, suceder a Profa. Maria Helena Catelli
sultado de profundas e muito boas mudanças,
de Carvalho, de reconhecida competência e que manteve
um novo estilo.
um excelente nível editorial para a nossa Revista Hiperten-
A revista foi editorada de forma competente e são durante doze anos, é uma tarefa que exigirá o auxílio
muito profícua pela Professora Maria Helena C. de uma grande equipe de colaboradores de alto nível.
Carvalho por doze anos, agora assume o papel
Algumas mudanças serão introduzidas na estrutura da re-
de Editor-Chefe o Professor Dante Marcelo A.
vista. Haverá a inclusão de uma revisão densa e profunda
Giorgi.
de tópicos específicos. Além disso, haverá a participação
Todos observarão o que se modifica no seu es- direta dos Departamentos da Sociedade Brasileira de Hi-
tilo editorial, a partir do próximo número, sem pertensão com a publicação de artigos específicos das res-
que os seus objetivos maiores sejam alterados. pectivas áreas: Enfermagem, Psicologia e Atividade Física.
Na Carta do Editor estão detalhadas as formas Será mantida a apresentação e discussão de casos clínicos,
que nortearão as publicações futuras. com a abordagem dos mais diferentes dilemas clínicos.
Além disso, serão incluídas análises de artigos de impac-
De outro lado temos, neste número especial,
to que tenham sido publicados recentemente na área de
a publicação das VI Diretrizes Brasileiras de
hipertensão arterial. Acreditamos que, nesse formato, a
Hipertensão.
revista continuará mantendo o alto nível científico que a
Elas foram produzidas com a participação con- caracteriza. Neste primeiro número, excepcionalmente,
junta das Sociedades Brasileiras de Hiperten- estamos publicando o texto das VI Diretrizes Brasileiras
são, Cardiologia e Nefrologia, além de conta- de Hipertensão, que é fruto do trabalho conjunto das So-
rem com o apoio de várias outras sociedades ciedades Brasileiras de Hipertensão, Nefrologia e Cardio-
com atividades afins à hipertensão arterial. logia. As Diretrizes tiveram a coordenação e o incansável
Representam, sem dúvida, um documento de trabalho do Dr. Fernando Nobre, com a colaboração de
grande utilidade e absolutamente necessário a um sem-número de colegas que, inicialmente por meio
todos os que em suas atividades atendem pa- eletrônico nos meses de janeiro e fevereiro de 2010, dis-
cientes com hipertensão. cutiram e redigiram os diferentes tópicos da Diretriz que,
depois, numa reunião plenária em março, foram transfor-
Movidos pela intenção única de exercer um mados no texto final que aqui apresentamos. Em nome
trabalho direcionado aos interesses voltados da Sociedade Brasileira de Hipertensão agradeço a todos
à pesquisa, difusão de conhecimentos e atuali- os colegas pelo esforço que tiveram para que haja um
zação constante em hipertensão arterial, orgu- aprimoramento e uma atualização constante das nossas
lhamo-nos de mais essa conquista. Diretrizes de Hipertensão.
Boa leitura.

Fernando Nobre Dante Marcelo A. Giorgi


Presidente Editor

JANEIRO / MARÇO 2010


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Índice
APRESENTAÇÃO
06
Participantes da Reunião Plenária e Participantes por Capítulo

CAPÍTULO 1
08
Conceituação, Epidemiologia e Prevenção Primária

CAPÍTULO 2
12
Diagnóstico e Classificação

CAPÍTULO 3
20
Avaliação Clínica e Laboratorial e Estratificação de Risco

CAPÍTULO 4 24
Decisão Terapêutica e Metas

CAPÍTULO 5 27
EXPEDIENTE Tratamento Não-Medicamentoso e Abordagem Multiprofissional
Produção Gráfica e Editorial
BestPoint Editora
Rua Ministro Nelson Hungria, 239 –
Conjunto 5 - 05690-050 - São Paulo - SP
CAPÍTULO 6 34
Telefax: (11) 3758-1787 / 3758-2837. Tratamento Medicamentoso
e-mail: bg@uol.com.br.
Médico / Jornalista Responsável
Benemar Guimarães CAPÍTULO 7 47
CRMSP 11243 / MTb 8668.
Assessoria Editorial: Marco Barbato. Hipertensão Arterial Sistêmica Secundária
Revisão: Márcio Barbosa.
As matérias e os conceitos aqui apresentados
não expressam necessariamente a opinião CAPÍTULO 8 56
da Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Hipertensão em Situações Especiais
Farmacêutica Ltda.

Revista HIPERTENSÃO
Órgão de divulgação científica da CAPÍTULO 9
Sociedade Brasileira de Hipertensão 61
Publicação trimestral. ISSN 1809-4260 Hipertensão e Condições Clínicas Associadas

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APRESENTAÇÃO
As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial agora publicadas resultam da necessidade de uma
atualização de sua última versão de 2006, imposta pelo grande número de novas informações
geradas e disponibilizadas nesse período de tempo.
Para a produção dessas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão – DBH VI foram convocados a
participar mais de cem profissionais afeitos a essa área específica do conhecimento representando
as Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia, além de outras dez relacionadas
direta ou indiretamente ao assunto.
Estabelecido um cronograma de trabalho, em uma primeira fase, via web, esses especialistas foram
convidados a opinar sobre temas que agora compõem este documento, divididos em nove grupos
com uma coordenação geral e um coordenador por grupo.
Passada essa fase, após dois meses de árduo trabalho, uma reunião plenária, com mais de 40
participantes e em um dia todo de atividades, reviu todos os textos produzidos e atualizados.
Todos os cuidados foram tomados para que refletissem, com o maior rigor, o estado atual do
conhecimento em hipertensão arterial.
Os nove grupos de trabalho que foram previamente estabelecidos e tiveram a liderança de
expressivos representantes das principais sociedades envolvidas chegaram ao final com um texto
abrangente e atual.
Temos convicção de que o melhor trabalho foi realizado no formato que ora apresentamos.
A sua publicação, neste momento, nas principais revistas médicas do Brasil diretamente afeitas ao
tema hipertensão arterial coroa o trabalho ao tempo em que ele é tornado público.
Esperamos com isso que todo o envolvimento e trabalho dos que participaram para a produção das
VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão – DBH VI sejam, neste instante, coroados pelos benefícios a
serem auferidos por seus leitores.

Fernando Nobre
Coordenador Geral, em nome de todos os participantes das
VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão – DBH VI

DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI


PARTICIPANTES DA REUNIÃO PLENÁRIA
• Agostinho Tavares (SP) • Fernanda Consolim-Colombo (SP) • Maria Eliane Campos Magalhães (RJ)
• Andréa A. Brandão (RJ) • Fernando Antonio Almeida (SP) • Maria Tereza Zanella (SP)
• Antonio Felipe Sanjuliani (RJ) • Fernando Nobre (SP) • Maurício Wajngarten (SP)
• Armando da Rocha Nogueira (RJ) • Frida Liane Plavnik (SP) • Osvaldo Kohlmann Jr. (SP)
• Carlos Alberto Machado (SP) • Gilson Feitosa (BA) • Osvaldo Passarelli (SP)
• Carlos E. Poli-de-Figueiredo (RS) • Heno Lopes (SP) • Paulo César Veiga Jardim (GO)
• Carlos Eduardo Negrão (SP) • Hilton Chaves (PE) • Roberto Jorge da Silva Franco (SP)
• Celso Amodeo (SP) • José Luiz Santello (SP) • Rogério A. Mulinari (PR)
• Cibele I. Saad Rodrigues (SP) • José Márcio Ribeiro (MG) • Rogério Baumgratz de Paula (MG)
• Dante Marcelo Artigas Giorgi (SP) • Kátia Coelho Ortega (SP) • Sebastião Ferreira Filho (MG)
• Décio Mion Júnior (SP) • Luiz Aparecido Bortolotto (SP) • Weimar Kunz Sebba B. de Souza (GO)
• Denizar Vianna (RJ) • Marco A. Mota Gomes (AL) • Wille Oigman (RJ)
• Marcus Vinícius B. Malachias (MG)

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
PARTICIPANTES POR GRUPO

Grupo 1 – Conceituação, Epidemiologia e Prevenção Primária


Coordenadora: Secretária: Adriana Ávila (SP) José Eduardo Krieger (SP)
Andréa A. Brandão (RJ) Maria Eliane Campos Magalhães (RJ) Agostinho Tavares (SP) Luiz Cesar Scala (MT)
Carlos Alberto Machado (SP) Mario Fritsch Neves (RJ)
Érika Maria Gonçalves Campana (RJ) Rita de Cássia Gengo e Silva (SP)
Ines Lessa (BA) Rosa Sampaio (DF) – Ministério da Saúde
Sandra Fuchs (RS)
Grupo 2 – Diagnóstico e Classificação
Coordenadora: Secretária: Angela Maria Geraldo Pierin (SP) Josiane Lima Gusmão (SP)
Cibele I. Saad Rodrigues (SP) Kátia Coelho Ortega (SP) Audes Magalhães Feitosa (PE) Leda Lotaif (SP)
César Pontes (CE) Lilian Soares da Costa (RJ)
Dante Marcelo Artigas Giorgi (SP) Marcio Kalil (MG)
Décio Mion Júnior (SP) Maria Eliete Pinheiro (AL)
Emilton de Lima (PR) Natalino Salgado Filho (MA)
Hilton Chaves (PE) Tufik José Magalhães Geleilete (SP)
Grupo 3 – Avaliação Clínica e Laboratorial e Estratificação de Risco
Coordenadora: Secretário: Alexandre Alessi (PR) José Márcio Ribeiro (MG)
Fernanda Consolim-Colombo (SP) Luiz Aparecido Bortolotto (SP) Ayrton Pires Brandão (RJ) Luiz Carlos Bodanese (RS)
Eduardo Cantoni Rosa (SP) Paulo Roberto B. Toscano (PA)
Eliuden Galvão de Lima (ES) Raul Dias dos Santos (SP)
José Carlos Aidar Ayoub (SP) Roberto Jorge da Silva Franco (SP)
José Luiz Santello (SP) Wille Oigman (RJ)
Grupo 4 – Decisão Terapêutica e Metas
Coordenadora: Secretário: Abrão Cury (SP) Marco A. Mota Gomes (AL)
Frida Liane Plavnik (SP) Antonio Felipe Sanjuliani (RJ) Antonio Carlos Palandri Chagas (SP) Maria Fátima de Azevedo (RN)
Antônio Felipe Simão (SC) Oswaldo Passarelli (SP)
Carlos Scherr (RJ) Paulo César Veiga Jardim (GO)
Giovânio Vieira da Silva (SP) Rafael Leite Luna (RJ)
João Carlos Rocha (SP) Sérgio Baiochi (GO)
José Xavier de Mello Filho (MA)
Grupo 5 – Tratamento Não-Medicamentoso e Abordagem Multiprofissional
Coordenador: Secretário: Ana Maria Pita Lotemberg (SP) Luciana Ferreira Ângelo
Marcus Vinícius Bolívar Malachias (MG) Weimar Kunz Sebba Barroso de Armênio Costa Guimarães (BA) Marcelo Lima Gusmão (SP)
Souza (GO) Carlos Eduardo Negrão (SP) Marilda Lipp (SP)
Claudia Lucia de Moraes Forjaz (SP) Nárcia Elisa B. Kohlmann (SP)
Heno Lopes (SP) Rui Póvoa (SP)
José Ernesto dos Santos (SP) Thales Carvalho (SC)
Grupo 6 – Tratamento Medicamentos
Coordenador: Secretário: Artur Beltrame Ribeiro (SP) Heitor Moreno (SP)
Osvaldo Kohlmann Jr. (SP) Miguel Gus (RS) Denizar Vianna (RJ) Jorge Ilha Guimarães (RS) – SBC
Eduardo B. Coelho (SP) Jorge Pinto Ribeiro (RS)
Eduardo Barbosa (RS) José Antonio Franchini Ramirez (SP)
Fernando Antonio Almeida (SP) José Fernando Vilela Martins (SP)
Gilson Feitosa (BA) Robson Augusto S. dos Santos (MG)
Grupo 7 – Hipertensão Arterial Sistêmica Secundária
Coordenador: Secretário: Adelaide A. Pereira (SP) Flávio Antonio Borelli (SP)
Celso Amodeo (SP) Armando da Rocha Nogueira (RJ) Antonio Carlos Cordeiro Jr. (SP) José Gastão Rocha Carvalho (PR)
Armando Nogueira (RJ) Luciano Ferreira Drager (SP)
Eduardo Pimenta (SP – Austrália) Pedro Jabur (SP)
Rogério A. Mulinari (PR)
Grupo 8 – Hipertensão em Situações Especiais
Coordenador: Secretário: Elizabete Viana de Freitas (RJ) – SBGG Nilzete Liberato Bresolin (SC) – SBP
Carlos E. Poli-de-Figueiredo (RS) Agostinho Tavares (SP) Emmanuel de Almeida Burdmann (SP) Romero Bezerra (DF)
Ivan Luiz Cordovil de Oliveira (RJ) Vera Koch (SP)
Lucélia C. Magalhães (BA) Virginia Genelhu Fagundes (RJ)
Nelson Sass (SP)
Grupo 9 – Hipertensão e Condições Clínicas Associadas
Coordenador: Secretário: Álvaro Avezum (SP) Marília de Brito Gomes (RJ) – SBD
Sebastião Ferreira Filho (MG) Rogério Baumgratz de Paula (MG) Gabriel R. de Freitas (SP) – ABN Maurício Wajngarten (SP)
Emílio Francischetti (RJ) Nilson Roberto de Melo (SP) – FEBRASGO
Marcelo Batista (SP) Otávio Rizzi Coelho (SP)
Maria Helena Catelli Carvalho (SP) Ricardo M. da Rocha Meirelles (SP) – SBEM
Maria Tereza Zanella (SP) Roberto Miranda (SP)
Rosangela Milagres (MG)

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 1

Conceituação, Epidemiologia
e Prevenção Primária

1.1 Conceituação milhões de mortes no mundo foram atribuídas à elevação da


PA (54% por acidente vascular encefálico – AVE e 47% por
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica doença isquêmica do coração – DIC)4, sendo a maioria em
multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais
de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alte- da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos. Em nosso país,
rações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, as DCV têm sido a principal causa de morte. Em 2007 ocor-
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabóli- reram 308.466 óbitos por doenças do aparelho circulatório2.
cas, com consequente aumento do risco de eventos cardio- (figura 1). Entre 1990 a 2006, observou-se uma tendência
vasculares fatais e não-fatais1–4. lenta e constante de redução das taxas de mortalidade car-
diovascular (figura 2).
As DCV são ainda responsáveis por alta frequência de in-
1.2 Impacto Médico e Social ternações, ocasionando custos médicos e socioeconômi-
da Hipertensão Arterial cos elevados1,3. Como exemplo, em 2007 foram registradas
Sistêmica 1.157.509 internações por DCV no SUS. Em relação aos custos,
em novembro de 2009, houve 91.970 internações por DCV,
resultando em um custo de R$165.461.644,33 (DATASUS)5.
1.2.1 Hipertensão arterial sistêmica A doença renal terminal, outra condição frequente na HAS,
e as doenças cardiovasculares no ocasionou a inclusão de 94.282 indivíduos em programa de
Brasil e no mundo diálise no SUS, registrando-se 9.486 óbitos em 20075.

A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, é con-


siderada um dos principais fatores de risco (FR) modificáveis e 1.2.2 Prevalência da hipertensão
um dos mais importantes problemas de saúde pública. A morta- arterial sistêmica
lidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressiva-
mente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de Inquéritos populacionais em cidades brasileiras nos últimos
forma linear, contínua e independente1. Em 2001, cerca de 7,6 20 anos apontaram uma prevalência de HAS acima de 30%6,7.

29,4%
70,6%

Doenças cardiovasculares (DCV) AVE DIC HAS Outras


Outras causas causas

Figura 1
Taxas de mortalidade por DCV e suas diferentes causas no Brasil, em 2007.
(AVE: Acidente Vascular Encefálico; DIC: Doença Isquêmica do Coração; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica)

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

250

Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes


200

150

100

50

1990 1995 2000 2005 2010

Brasil Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

Fonte: Dasis/SVS/Ministério da Saúde


Figura 2
Taxas ajustadas de mortalidade por doenças do aparelho circulatório nas regiões brasileiras, de 1990 a 2006.

Considerando-se valores de PA ≥ 140/90 mmHg, 22 estudos interior com ampla cobertura do Programa de Saúde da Fa-
encontraram prevalências entre 22,3% e 43,9%, (média de mília (PSF)7, mostrando que os esforços concentrados dos
32,5%), com mais de 50% entre 60 e 69 anos e 75% acima profissionais de saúde, das sociedade científicas e das agên-
de 70 anos6,7. cias governamentais são fundamentais para se atingir metas
Entre os gêneros, a prevalência foi de 35,8% nos homens e aceitáveis de tratamento e controle da HAS.
de 30% em mulheres, semelhante à de outros países8. Revi-
são sistemática quantitativa de 2003 a 2008, de 44 estudos
1.3 Fatores de Risco para HAS
em 35 países, revelou uma prevalência global de 37,8% em
homens e 32,1% em mulheres8.
1.3.1 Idade

1.2.3 Conhecimento, tratamento Existe relação direta e linear da PA com a idade1, sendo a
e controle prevalência de HAS superior a 60% na faixa etária acima de
65 anos6. Entre metalúrgicos do RJ e de SP a prevalência de
Estudos clínicos demonstraram que a detecção, o tratamen- HAS foi de 24,7% e a idade acima de 40 anos foi a variável
to e o controle da HAS são fundamentais para a redução dos que determinou maior risco para esta condição10.
eventos cardiovasculares1. No Brasil, 14 estudos populacio-
nais realizados nos últimos quinze anos com 14.783 indiví- 1.3.2 Gênero e etnia
duos (PA < 140/90 mmHg) revelaram baixos níveis de con-
trole da PA (19,6%)7,9. Estima-se que essas taxas devem estar A prevalência global de HAS entre homens e mulheres é se-
superestimadas, devido, principalmente, à heterogeneidade melhante, embora seja mais elevada nos homens até os 50
dos trabalhos realizados. A comparação das frequências, res- anos, invertendo-se a partir da 5a década6,10,11. Em relação
pectivamente, de conhecimento, tratamento e controle nos à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos de
estudos brasileiros7,9 com as obtidas em 44 estudos de 35 cor não-branca. Estudos brasileiros com abordagem simul-
países8, revelou taxas semelhantes em relação ao conheci- tânea de gênero e cor demonstraram predomínio de mu-
mento (52,3% vs. 59,1%), mas significativamente superio- lheres negras com excesso de HAS de até 130% em relação
res no Brasil em relação ao tratamento e controle (34,9% às brancas11. Não se conhece, com exatidão, o impacto da
e 13,7% vs. 67,3% e 26,1%) em especial em municípios do miscigenação sobre a HAS no Brasil.

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CAPÍTULO 1

1.3.3 Excesso de peso e 1.3.9 Outros fatores de risco


obesidade cardiovascular

O excesso de peso se associa com maior prevalên- Os fatores de risco cardiovascular frequentemente se apre-
cia de HAS desde idades jovens12. Na vida adulta, sentam de forma agregada, a predisposição genética e os fa-
mesmo entre indivíduos fisicamente ativos, incre- tores ambientais tendem a contribuir para essa combinação
mento de 2,4 kg/m2 no índice de massa corporal em famílias com estilo de vida pouco saudável1,6.
(IMC) acarreta maior risco de desenvolver hiper-
tensão. A obesidade central também se associa
com PA13. 1.4 Prevenção Primária

1.4.1 Medidas
1.3.4 Ingestão de sal
não-medicamentosas

Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com ele-


Mudanças no estilo de vida são entusiasticamente recomen-
vação da PA1. A população brasileira apresenta um padrão
dadas na prevenção primária da HAS, notadamente nos indi-
alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em contrapartida,
víduos com PA limítrofe. Mudanças de estilo de vida reduzem
em populações com dieta pobre em sal, como os índios bra-
a PA bem como a mortalidade cardiovascular24–26. Hábitos
sileiros Yanomami, não foram encontrados casos de HAS1.
saudáveis de vida devem ser adotados desde a infância e
Por outro lado, o efeito hipotensor da restrição de sódio tem
adolescência, respeitando-se as características regionais, cul-
sido demonstrado14–18.
turais, sociais e econômicas dos indivíduos. As principais re-
comendações não-medicamentosas para prevenção primária
1.3.5 Ingestão de álcool da HAS são: alimentação saudável, consumo controlado de
sódio e álcool, ingestão de potássio,combate ao sedentaris-
A ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo mo e ao tabagismo.
pode aumentar a PA1,10 e a mortalidade cardiovascular em
geral. Em populações brasileiras o consumo excessivo de eta-
1.4.2 Medidas medicamentosas
nol se associa com a ocorrência de HAS de forma indepen-
dente das características demográficas1,19,20.
Estudos foram realizados com o objetivo de avaliar a eficácia
e a segurança de medicamentos na prevenção da HAS. Nos
1.3.6 Sedentarismo estudos TROPHY27 e PHARAO28 a estratégia medicamentosa
foi bem tolerada e preveniu o desenvolvimento de HAS em
Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indiví- populações jovens de alto risco. Para o manejo de indivíduos
duos pré-hipertensos, bem como a mortalidade1,21 e o risco com comportamento limítrofe da PA recomenda-se conside-
de DCV. rar o tratamento medicamentoso apenas em condições de
risco cardiovascular global alto ou muito alto. Até o presen-
te, nenhum estudo já realizado tem poder suficiente para
1.3.7 Fatores socioeconômicos indicar um tratamento medicamentoso para indivíduos com
PA limítrofe sem evidências de doença cardiovascular1,29.
A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS
é complexa e difícil de ser estabelecida22. No Brasil a HAS foi
mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade6. 1.4.3 Estratégias para
implementação de
medidas de prevenção
1.3.8 Genética
A implementação de medidas de prevenção na HAS repre-
A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS senta um grande desafio para os profissionais e gestores da
está bem estabelecida na população23. Porém, não existem, área de saúde. No Brasil, cerca de 75% da assistência à saúde
até o momento, variantes genéticas que, possam ser utiliza- da população é feita pela rede pública do Sistema Único de
das para predizer o risco individual de se desenvolver HAS23. Saúde – SUS, enquanto o Sistema de Saúde Complementar
assiste cerca de 46,5 milhões30. A prevenção primária e a
detecção precoce são as formas mais efetivas de evitar as
doenças e devem ser metas prioritárias dos profissionais de
saúde.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Referências

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11

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 2

Diagnóstico e Tabela 1 – Procedimentos recomendados para a medida da


pressão arterial (D)

Classificação Preparo do paciente:


1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso
por pelo menos 5 minutos em ambiente calmo. Deve ser
instruído a não conversar durante a medida. Possíveis dúvidas
devem ser esclarecidas antes ou após o procedimento.
2. Certificar-se de que o paciente NÃO:
• está com a bexiga cheia
• praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos
2.1 Medida da Pressão Arterial • ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos
• fumou nos 30 minutos anteriores.
A HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e
3. Posicionamento do paciente:
sustentados de PA pela medida casual. A medida da PA deve Deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés
ser realizada em toda avaliação por médicos de qualquer es- apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado.
pecialidade e demais profissionais da saúde. O braço deve estar na altura do coração (nível do ponto
médio do esterno ou 4o espaço intercostal), livre de roupas,
apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo
ligeiramente fletido.
2.1.1 Medida da pressão arterial
Para a medida propriamente:
Os procedimentos de medida da pressão são simples e de 1. Obter a circunferência aproximadamente no meio do braço.
fácil realização, contudo, nem sempre são realizados de for- Após a medida selecionar o manguito de tamanho adequado
ao braço*.
ma adequada1,2. Condutas que podem evitar erros são, por
exemplo, o preparo apropriado do paciente, uso de técnica 2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da
fossa cubital.
padronizada e equipamento calibrado3–5.
Os procedimentos que devem ser seguidos para a medida 3. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a
artéria braquial.
correta da pressão arterial são descritos na tabela 1.
4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso
radial. O seu reaparecimento corresponderá à PA sistólica.

2.1.2 Equipamentos para medida da 5. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a
campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão
pressão arterial excessiva.
6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível
A medida da PA pode ser realizada pelo método indireto estimado da pressão sistólica, obtido pela palpação.
com técnica auscultatória com uso de esfigmomanômetro 7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por
de coluna de mercúrio ou aneroide devidamente calibrados, segundo).
ou com técnica oscilométrica pelos aparelhos semiautomáti- 8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som
cos digitais de braço validados estando também calibrados. (fase I de Korotkoff), que é em geral fraco seguido de batidas
Os aparelhos aneroides não são os de primeira escolha, pois regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de
deflação.
descalibram-se mais facilmente6,7. Atualmente, entretanto,
está havendo uma forte tendência para a substituição dos 9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons
(fase V de Korotkoff).
aparelhos de coluna de mercúrio por equipamentos semiau-
tomáticos ou aneroides em razão do risco de toxicidade e 10. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para
confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação
contaminação ambiental pelo mercúrio, de acordo com a rápida e completa.
norma regulamentadora NR 15 (125.001-9 / I4) do Minis-
11. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar
tério do Trabalho, encontrada no site http:⁄⁄www.mte.gov. a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de
br⁄legislacao⁄normas_regulamentadoras⁄nr_15_anexo13.pdf. Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero.
A escolha do aparelho semiautomático deve ser criteriosa, 12. Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova
sendo recomendados somente aqueles validados8. Os apare- medida, embora esse aspecto seja controverso10,11.
lhos de medida no punho e no dedo não são recomendados 13. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o
para a prática clínica embora já existam aparelhos de punho paciente.
validados9. 14. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço
Para a escolha do aparelho semiautomático recomenda-se em que a pressão arterial foi medida.
consultar os sites http://www.dableducational.org/sphyg- * A tabela 2 indica o manguito apropriado em conformidade com as
momanometers/devices_2_sbpm.html e http://www.bhsoc. dimensões do braço do examinado.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

Tabela 2 – Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos (D)

Denominação do Circunferência do Bolsa de borracha (cm)


manguito braço (cm) Largura Comprimento
Recém-nascido ≤ 10 4 8
Criança 11–15 6 12
Infantil 16–22 9 18
Adulto Pequeno 20–26 10 17
Adulto 27–34 12 23
Adulto grande 35–45 16 32

org/bp_monitors/automatic.stm. Todos os aparelhos devem acordo com essas variáveis, consultar tabela disponível em
ser validados por protocolos estabelecidos na literatura pela www.sbh.org.br, no texto das Diretrizes Brasileiras de Hiper-
AAMI (Association for the Advancement of Medical Instru- tensão V.
mentation) e BHS (British Hypertension Society) e devem, Hipertensão arterial nessa população é definida como pres-
também, ser verificados uma vez por ano, de preferência nas são igual ou maior ao percentil 95 de distribuição da pressão
dependências dos órgãos da Rede Brasileira de Metrologia arterial. Crianças também apresentam hipertensão de con-
Legal e Qualidade – RBMLQ (IPEMs – Institutos de Pesos e Me- sultório e efeito do avental branco, mas o papel da MAPA é
didas Estaduais) ou em local designado pelo Inmetro (http:// limitado nessa população especial, sobretudo pela falta de
www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/esfigmo2.asp) e, critérios de normalidade13.
se necessário, calibrados. A classificação da pressão arterial em crianças e adolescentes
deve seguir o que está estabelecido na tabela 3.

2.1.3 Medida da PA em crianças, idosos e


gestantes 2.1.3.2 Idosos

2.1.3.1 Crianças Alterações próprias do envelhecimento determinam as-


pectos diferenciais na PA dessa população como, maior
A medida da PA em crianças é recomendada em toda avalia- frequência de “hiato auscultatório”, que consiste no de-
ção clínica12 após os três anos de idade, pelo menos anual- saparecimento dos sons durante a deflação do manguito,
mente, como parte do seu atendimento pediátrico primário, geralmente entre o final da fase I e o início da fase II dos
devendo respeitar as padronizações estabelecidas para os sons de Korotkoff, resultando em valores falsamente baixos
adultos (tabela 1) (D). para a sistólica ou falsamente altos para a diastólica. A gran-
A interpretação dos valores de pressão arterial obtidos em de variação da pressão arterial nos idosos, ao longo das 24
crianças e adolescentes deve levar em conta a idade, o sexo horas, torna a MAPA útil. A “pseudo-hipertensão”, que está
e a altura. Para avaliação dos valores de pressão arterial de associada ao processo aterosclerótico, pode ser detectada

Tabela 3 – Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes (modificado do The Fourth Report on the
Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents)

Classificação Percentil* para PAS e PAD Frequência de medida da pressão arterial


Normal PA < percentil 90 Reavaliar na próxima consulta médica
agendada
Limítrofe PA entre percentis 90 a 95 ou se PA exceder Reavaliar em 6 meses
120/80 mmHg sempre < percentil 90 até <
percentil 95
Hipertensão estágio 1 Percentil 95 a 99 mais 5 mmHg Paciente assintomático: reavaliar em 1 a
2 semanas; se hipertensão confirmada
encaminhar para avaliação diagnóstica
Paciente sintomático: encaminhar para
avaliação diagnóstica
Hipertensão estágio 2 PA > percentil 99 mais 5 mmHg Encaminhar para avaliação diagnóstica
Hipertensão do avental branco PA > percentil 95 em ambulatório ou
consultório e PA normal em ambientes
não-relacionados à prática clínica

* Para idade, sexo e percentil de estatura.


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CAPÍTULO 2

pela manobra de Osler, ou seja, quando a artéria 2.2 Recomendações para Diagnóstico
radial permanece ainda palpável, após a insufla- e Seguimento
ção do manguito pelo menos 30 mmHg acima
do desaparecimento do pulso radial14. A maior
ocorrência de efeito do avental branco, hipo- 2.2.1 Medida da pressão arterial no consultório
tensão ortostática e pós-prandial e, finalmente,
a presença de arritmias, como a fibrilação atrial, Na primeira avaliação, as medidas devem ser obtidas em am-
podem dificultar a medida da PA nesses indiví- bos os braços e, em caso de diferença, deve-se utilizar como
duos15 (D). referência sempre o braço com o maior valor para as me-
didas subsequentes (D). O indivíduo deverá ser investigado
para doenças arteriais se apresentar diferenças de pressão
2.1.3.3 Obesos
entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para
as pressões sistólica/diastólica respectivamente18 (D).
Manguitos mais longos e largos são necessários
Em cada consulta deverão ser realizadas pelo menos três me-
em pacientes obesos, para não haver superestimação da
didas, sugere-se o intervalo de um minuto entre elas, embora
pressão arterial16 (D). Em braços com circunferência superior
esse aspecto seja controverso10,11. A média das duas últimas
a 50 cm, onde não há manguito disponível, pode-se fazer a
deve ser considerada a PA real (D). Caso as pressões sistólicas
medida no antebraço e o pulso auscultado deve ser o radial16
e/ou diastólicas obtidas apresentem diferença maior que
(D). Há, entretanto, restrições quanto a essa prática, reco-
4 mmHg, deverão ser realizadas novas medidas até que se
mendando-se que sejam usados manguitos apropriados. Es-
obtenham medidas com diferença inferior (D).
pecial dificuldade ocorre em braços largos e curtos, em forma
A posição recomendada para a medida da pressão arterial
de cone, onde esses manguitos maiores não se adaptam (D).
é a sentada. As medidas nas posições ortostática e supina
devem ser feitas pelo menos na primeira avaliação em todos
2.1.3.4 Gestantes os indivíduos e em todas as avaliações em idosos, diabéti-
cos, portadores de disautonomias, alcoolistas e/ou em uso
A pressão arterial deve ser obtida com os mesmos equipa- de medicação anti-hipertensiva(D).
mentos e com a mesma técnica recomendada para adul- Novas orientações consideram a utilização da MAPA e da
tos, entretanto a PA também pode ser medida no braço MRPA ferramenta importante na investigação de pacientes
esquerdo na posição de decúbito lateral esquerdo em re- com suspeita de hipertensão. Recomenda-se, sempre que
pouso, e esta não deve diferir da posição sentada. O 5o possível, a medida da PA fora do consultório para esclare-
ruído de Korotkoff deve ser considerado como a pressão cimento do diagnóstico, identificação da hipertensão do
diastólica17 (D). avental branco (HAB) e da hipertensão mascarada (HM) (D)
(figura 1 e tabela 4)19.

Tabela 4 – Recomendações para o seguimento: prazos máximos para reavaliação*

Pressão arterial inicial (mmHg)**


Seguimento
Sistólica Diastólica
Reavaliar em 1 ano
< 130 < 85
Estimular mudanças de estilo de vida
Reavaliar em 6 meses***
130–139 85–89
Insistir em mudanças do estilo de vida
Confirmar em 2 meses***
140–159 90–99
Considerar MAPA/MRPA
Confirmar em 1 mês***
160–179 100–109
Considerar MAPA/MRPA
Intervenção medicamentosa imediata ou reavaliar em 1
≥ 180 ≥ 110
semana***
* Modificar o esquema de seguimento de acordo com a condição clínica do paciente.
** Se as pressões sistólicas ou diastólicas forem de estágios diferentes, o seguimento recomendado deve ser definido pelo maior nível de pressão.
*** Considerar intervenção de acordo com a situação clínica do paciente (fatores de risco maiores, doenças associadas e lesão em órgãos-alvo).

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

Visita 1
Medida da PA Emergência/
Anamnese, exame físico e avaliação laboratorial* urgência hipertensiva
Prazo máximo de reavaliação:
2 meses**

Visita 2 Diagnóstico
PA > 140/90 com risco cardiovascular*** Sim
de hipertensão
alto, muito alto ou PA > 180/110

Não

PA = 140–179/90–109
Hipertensão estágio 1 ou 2 e
risco cardiovascular* ** baixo ou médio
Prazo máximo de reavaliação:
2 meses**

Pressão arterial casual ou Considerar MAPA ou Considerar MRPA


de consultório

Visita 3 Visita 3 Visita 3 Visita 3 Visita 3 Visita 3


PA < 140/90 PAS > 140 ou PA vigília PA 24 horas PA < 130/85 PAS > 130 ou
PAD > 90 < 130/85 PAS > 125 ou PAD > 85
PAD > 75

Normotensão Hipertensão

MAPA/MRPA: MAPA/MRPA:
na suspeita de na suspeita de
hipertensão hipertensão do
mascarada avental branco

Continuar Continuar Hipertensão Hipertensão


medidas de medidas de Diagnóstico Diagnóstico
do avental de do avental de
pressão arterial pressão arterial
branco hipertensão branco hipertensão

Figura 1
Fluxograma para o diagnóstico da hipertensão arterial (modificado de sugestão do Canadian Hypertension Education Pro-
gram). * Avaliação laboratorial recomendada no capítulo 3. ** Vide tabela 4 (seguimento). *** Estratificação de risco cardio-
vascular recomendado no capítulo 3. (PA: pressão arterial; PAD: pressão arterial diastólica; PAS: pressão arterial sistólica;
MAPA: monitorização ambulatorial da pressão arterial; MRPA: monitorização residencial da pressão arterial).

2.2.2 Automedida da pressão arterial (AMPA) Na suspeita de HAB ou HM, sugerida pelas medidas da
AMPA, recomenda-se a realização de MAPA ou MRPA, para
A AMPA foi definida pela World Hypertension League confirmar ou excluir o diagnóstico (D).
(1988)20 como a realizada por pacientes ou familiares, não- Os aparelhos semiautomáticos de braço, validados, com ca-
profissionais de saúde, fora do consultório, geralmente no pacidade de armazenar dados em sua memória, são os dis-
domicílio, representando uma importante fonte de informa- positivos mais recomendados para a AMPA pela sua facilida-
ção adicional. de de manejo e confiabilidade (D)22. Aparelhos de coluna de
A principal vantagem da AMPA é a possibilidade de obter mercúrio e aneroide apresentam inconvenientes, dificultan-
uma estimativa mais real dessa variável, tendo em vista que do o seu manejo por pessoas usualmente não-capacitadas,
os valores são obtidos no ambiente onde os pacientes pas- no domicílio21.
sam a maior parte do dia21. A padronização de um procedimento para AMPA é funda-

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CAPÍTULO 2

Tabela 5 – Valores de pressão arterial no consultório, MAPA, AMPA e MRPA que caracterizam efeito do avental
branco, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada

Consultório MAPA vigília25 AMPA MRPA


Normotensão ou
hipertensão <140/90 ≤130/85 ≤130/85 ≤130/85
controlada
Hipertensão ≥140/90 >130/85 >130/85 >130/85
Hipertensão do
≥140/90 <130/85 <130/85 <130/85
avental branco
Hipertensão
<140/90 >130/85 >130/85 >130/85
mascarada

mental para que pacientes e familiares possam ser orienta- são consideradas anormais medidas de PA >130/85 mmHg
dos durante a consulta no ambulatório23. As recomendações (B)25,32–34.
para medida domiciliar devem ser as mesmas adotadas24.
Valores superiores a 130/85 mmHg, pela AMPA, devem ser 2.2.4 Monitorização ambulatorial da pressão
considerados alterados (D)25. arterial de 24 horas (MAPA)

2.2.3 Monitorização residencial da pressão A MAPA é o método que permite o registro indireto e inter-
arterial (MRPA) mitente da pressão arterial durante 24 horas ou mais, en-
quanto o paciente realiza suas atividades habituais durante
A MRPA é o registro da PA, que pode ser realizado obtendo- os períodos de vigília e sono.
se três medidas pela manhã, antes do desjejum e da toma- Uma das suas características mais específicas é a possibilida-
da de medicamento, e três à noite, antes do jantar, durante de de identificar as alterações do ciclo circadiano da PA, so-
cinco dias26, ou duas medidas em cada sessão, durante sete bretudo as alterações durante o sono, que têm implicações
dias27, realizada pelo paciente ou outra pessoa capacitada, prognósticas consideráveis35.
durante a vigília, no domicílio ou no trabalho, com equipa- Tem-se demonstrado que este método é superior à medida
mentos validados. Não há, nesse momento, protocolos uni- de consultório em predizer eventos clínicos, tais como infar-
versalmente aceitos para a MRPA. Sua maior utilização pode to do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência
superar muitas limitações da tradicional medida da PA no renal e retinopatia (B)36. São consideradas anormais as mé-
consultório, sendo mais barata e de mais fácil execução que dias de PA de 24 horas > 125 x 75 mmHg, vigília > 130 x 85
a MAPA, embora com limitações, como, por exemplo, a não- mmHg e sono > 110/70 mmHg (B)37.
avaliação da PA durante o período de sono. É desejável que
a MRPA torne-se um componente de rotina da medida da PA
para a maioria dos pacientes com hipertensão conhecida ou 2.3 Classificação
suspeita, contribuindo para o diagnóstico28 e o seguimen-
to da HAS. A MRPA não deve ser confundida com a AMPA Comportamento da pressão arterial
(D)29. Há vantagens e desvantagens com o seu uso, do mes- Os limites de pressão arterial considerados normais são arbi-
mo modo que com na AMPA29–31. Apesar de não haver um trários. Os valores que classificam os indivíduos acima de 18
consenso na literatura em relação a critérios de normalidade, anos estão na tabela 6.

Tabela 6 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)
Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg)
Ótima < 120 < 80
Normal < 130 < 85
Limítrofe* 130–139 85–89
Hipertensão estágio 1 140–159 90–99
Hipertensão estágio 2 160–179 100–109
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90
Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial.
* Pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na literatura.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

2.3.1 Efeito do avental branco

O efeito do avental branco (EAB) é a diferença de pressão 9% 28%


obtida entre a medida conseguida no consultório e fora dele,
desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg na
pressão sistólica e⁄ou de 10 mmHg na pressão diastólica (C).
O EAB poderá ser verificado considerando-se a PA fora do
consultório em comparação com a AMPA, MRPA ou medidas
de vigília pela MAPA38–42 (B). Hipertensão Hipertensão

Pressão de consultório
A prevalência do EAB na população adulta varia entre 18% a do avental verdadeira
60%43 (C). Tem componente familiar, sendo mais frequente branco

140/90
em brancos, mulheres, idosos, pacientes com sobrepeso e
obesos, e mais comum em normotensos que em hiperten-
sos44 (C) e em pacientes hipertensos não-tratados que nos
Normotensão Normotensão
tratados45 (C).
verdadeira do avental
branco
2.3.2 Hipertensão

A linha demarcatória que define HAS considera valores de PA


sistólica ≥140 mmHg e⁄ou de PA diastólica ≥90 mmHg em
medidas de consultório. O diagnóstico deverá ser sempre va-
lidado por medidas repetidas, em condições ideais, em, pelo
51% 12%
135/85
menos, três ocasiões46–48 (D).
Pressão MAPA
A figura 2 mostra as diferentes possibilidades de classifica-
ção do comportamento da PA quanto ao diagnóstico, segun-
do as novas formas de definição.
Figura 2
Possibilidades de diagnóstico, de acordo com as medidas
2.3.3 Normotensão verdadeira de pressão arterial casual e MAPA na vigília ou MRPA.
Destaque-se que os valores de referência nesse estudo,
Considera-se normotensão verdadeira se as medidas de diferentemente dos considerados nas DBH VI, conferem
consultório são consideradas normais, desde que atendidas porcentagens de prevalência a cada uma das formas
todas as condições determinadas nessas diretrizes. Adicio- de comportamento de acordo com os valores nele
nalmente, deve-se considerar médias de pressão na AMPA considerados.
ou MRPA ou, ainda, no período de vigília pela MAPA < 130
x 85 mmHg25.
A classificação de normotensão verdadeira pode ser observa- HAB em relação aos pacientes normotensos51. Até 70% dos
da na tabela 525,37,49. pacientes com esse comportamento de PA terão HAS pela
MAPA e/ou MRPA em um período de dez anos52,53.

2.3.4 Hipertensão sistólica isolada


2.3.6 Hipertensão mascarada
Hipertensão sistólica isolada é definida como comportamen-
to anormal da PA sistólica com PA diastólica normal. É definida como a situação clínica caracterizada por valores nor-
A hipertensão sistólica isolada e a pressão de pulso são fa- mais de PA no consultório (< 140/90 mmHg), porém com PA
tores de risco importantes para doença cardiovascular em elevada pela MAPA durante o período de vigília ou na MRPA.
pacientes de meia-idade e idosos50. Em diversos estudos, a prevalência de HM variou de 8% a
48%54–56. Esta condição deve ser pesquisada em indivíduos
com PA normal ou limítrofe e mesmo nos hipertensos con-
2.3.5 Hipertensão do avental branco trolados, mas com sinais de lesões em órgãos-alvo, histórico
familiar positivo para HAS, risco cardiovascular alto, e medi-
Define-se HAB quando o paciente apresenta medidas de PA da casual fora do consultório anormal26,27 (D).
persistentemente elevadas (≥140/90 mmHg) no consultó- Os pacientes portadores de HM devem ser identificados e
rio e médias de PA consideradas normais seja na residência, acompanhados, pois apresentam risco de desenvolver lesões
pela AMPA ou MRPA, ou pela MAPA25,37. Evidências disponí- de órgãos-alvo de forma semelhante a pacientes hiperten-
veis apontam para pior prognóstico cardiovascular para a sos57 (A).

17

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CAPÍTULO 2

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JANEIRO / MARÇO 2010


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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

33. Thijs L, Staessen JA, Celis H, de Gaude- 44. Segre CA, Ueno RK, Warde KRJ, Accorsi 55. Sakaguchi K, Horimatsu T, Kishi M, Take-
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41. Félix-Redondo FJ, Fernández-Bergés D, Espi- 52. Bidlingmeyer I, Burnier M, Bidlingmeyer


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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 3

Avaliação Clínica e Laboratorial e


Estratificação de Risco

3.1 Avaliação Clínica e Laboratorial Tabela 2 – Índice tornozelo braquial (ITB)


Indicações8 (Classe I, Nível B)
• Idade 50–69 e tabagismo ou diabetes
3.1.1 Objetivos
• Idade > 70 anos
• Dor na perna com exercício
Os principais objetivos da avaliação clínica e laboratorial es- • Alteração de pulsos em membros inferiores
tão apresentados na tabela 1. • Doença arterial coronária, carotídea ou renal
• Risco cardiovascular intermediário
Para o cálculo do índice tornozelo braquial
Tabela 1 – Objetivos da avaliação clínica e laboratorial
Utilizar os valores de pressão arterial sistólica do braço e
Confirmar o diagnóstico de HAS por medida da PA tornozelo, sendo considerado o maior valor braquial para
Identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares cálculo. ITB direito = pressão tornozelo direito/pressão braço
direito. ITB esquerdo = pressão tornozelo esquerdo/pressão
Pesquisar lesões em órgãos-alvo, clínicas ou subclínicas braço esquerdo8,9.
Pesquisar presença de outras doenças associadas Interpretação
Estratificar o risco cardiovascular global • Normal = acima de 0,90
Avaliar indícios do diagnóstico de hipertensão arterial secundária • Obstrução leve = 0,71–0,90
• Obstrução moderada = 0,41–0,70
• Obstrução grave = 0,00–0,408,9
Para atingir tais objetivos é fundamental considerar os aspec-
tos apresentados a seguir, levando-se em conta que o tempo me Metabólica (IIa, C), já que ainda não dispomos de dados
necessário para a avaliação inicial de um paciente com sus- nacionais que representem nossa população como um todo5.
peita de hipertensão arterial é de, pelo menos, 30 minutos1.
3.1.2.2 – O exame físico deve ser minucioso, buscando sinais
sugestivos de lesões de órgãos-alvo e de hipertensão secun-
3.1.2 Avaliação clínica
dária. O exame de fundo de olho deve ser sempre feito ou
solicitado na primeira avaliação, em especial em pacientes
3.1.2.1 – Deve-se obter história clínica completa, com es-
com HAS estágio 3, que apresentam diabetes ou lesão em
pecial atenção aos dados relevantes referentes ao tempo e
órgãos-alvo6 (Classe IIa, Nível C).
tratamento prévio de hipertensão, fatores de risco, indícios
No exame físico a obstrução do índice tornozelo braquial (ITB)
de hipertensão secundária e de lesões de órgãos-alvo, aspec-
pode ser útil. A tabela 2 traz considerações sobre o ITB.
tos socioeconômicos e características do estilo de vida do
paciente e ao consumo pregresso ou atual de medicamentos
ou drogas que podem interferir em seu tratamento (anti-in- 3.1.3 A investigação laboratorial básica
flamatórios, anorexígenos, descongestionantes nasais, etc). (tabelas 3 e 4) é indicada para todos
Além da medida da PA, a frequência cardíaca deve ser cui- os pacientes hipertensos
dadosamente medida, pois sua elevação está relacionada a
maior risco cardiovascular2.
Para avaliação de obesidade visceral, recomenda-se a medi- A avaliação complementar é orientada para detectar lesões
da da circunferência da cintura (CC) (IIB), dado que a medida clínicas ou subclínicas com o objetivo de melhor estratificação
da relação cintura–quadril não se mostrou superior à medida do risco cardiovascular (tabela 5). Está indicada na presença
isolada da CC na estratificação de risco3. Os valores de norma- de elementos indicativos de doença cardiovascular e doenças
lidade da CC adotados nestas diretrizes foram os utilizados associadas, em pacientes com dois ou mais fatores de risco,
no NCEP III4 (88 cm para mulheres e 102 cm para homens) e e em pacientes acima de 40 anos de idade com diabetes1.
previamente recomendados pela Diretriz Brasileira de Síndro- (Nível de evidência I, Classe C).

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
AVA L I A Ç Ã O C L Í N I C A E L A B O R AT O R I A L
E E S T R AT I F I C A Ç Ã O D E R I S C O

Tabela 3 – Avaliação inicial de rotina para o paciente 3.2 Estratificação de Risco


hipertenso
Análise de urina (Classe I, Nível C) Para a tomada da decisão terapêutica é necessária a estratifi-
cação do risco cardiovascular global (tabela 9) que levará em
Potássio plasmático (Classe I, Nível C)
conta, além dos valores de PA, a presença de fatores de risco
Creatinina plasmática (Classe I, Nível B) e estimativa do ritmo de
adicionais (tabela 6), de lesões em órgãos-alvo (tabela 7) e
filtração glomerular (Classe I, Nível B)10,11 (tabela 4)
de doenças cardiovasculares (tabela 8)25–27.
Glicemia de jejum (Classe I, Nível C)
Colesterol total, HDL, triglicérides plasmáticos (Classe I, Nível C)* Tabela 6 – Fatores de risco cardiovascular adicionais nos
pacientes com HAS
Ácido úrico plasmático (Classe I, Nível C)
Eletrocardiograma convencional (Classe I, Nível B) Idade (homem > 55 e mulheres > 65 anos)
* O LDL-C é calculado pela fórmula: Tabagismo
LDL-C = colesterol total - (HDL-C + triglicérides/5)
(quando a dosagem de triglicérides for abaixo de 400 mg/dL).
Dislipidemias: triglicérides > 150 mg/dL;
LDL colesterol > 100 mg/dL; HDL < 40 mg/dL
Tabela 4 – Cálculo do clearance de creatinina e ritmo de Diabetes melito
filtração glomerular e interpretação dos valores para História familiar prematura de doença cardiovascular:
classificação de doença renal crônica de acordo com NKF12 homens < 55 anos e mulheres < 65 anos
Taxa de filtração glomerular estimada (TFGE) pela fórmula de
Cockcroft-Gault13: TFGE (ml/min) = [140 - idade] x peso (kg) / Além dos fatores clássicos de risco cardiovascular expostos
creatinina plasmática (mg/dL) x 72 para homens; para mulheres, na tabela 6, novos fatores de risco cardiovascular vêm sen-
multiplicar o resultado por 0,85
do identificados, e ainda que não tenham sido incorporados
Ritmo de filtração glomerular pela formula MDRD14 no em escores clínicos de estratificação de risco (Framingham29,
link www.kidney.org/professionals/kdoqi/guidelines_ckd
Score30) têm sido sugeridos como marcadores de risco adicional
Interpretação15:
em diferentes diretrizes: glicemia de jejum (100 a 125 mg/dL)
função renal normal: > 90 ml/min sem outras alterações no
exame de urina; disfunção renal estágio 1: > 90 ml/min com e hemoglobina glicada anormal31, obesidade abdominal (cir-
alterações no exame de urina; disfunção renal estágio 2: 60–90 cunferência da cintura > 102 cm para homens e > 88 cm
ml/min; disfunção renal estágio 2: 30–60 ml/min; disfunção renal para mulheres), pressão de pulso > 65 mmHg (em idosos)24,
estágio 4–5: < 30 ml/min
história de pré-eclampsia na gestação32, história familiar de
hipertensão arterial (em hipertensos limítrofes)33.
Tabela 5 – Avaliação complementar para o paciente
hipertenso: exames recomendados e população indicada Tabela 7 – Identificação de lesões subclínicas de órgãos-alvo
Radiografia de tórax: recomendada para pacientes com ECG com HVE (Sokolow-Lyon > 35 mm; Cornell > 28 mm para
suspeita clínica de insuficiência cardíaca (Classe IIa, Nível C)16, homens (H); > 20 mm para mulheres (M)
quando demais exames não estão disponíveis; e para avaliação
de acometimento pulmonar e de aorta ECO com HVE (índice de massa de VE > 134 g/m2 em H ou
110 g/m2 em M)
Ecocardiograma17,18: hipertensos estágios 1 e 2 sem hipertrofia
ventricular esquerda ao ECG, mas com dois ou mais fatores de Espessura médio-intimal de carótida > 0,9 mm ou presença de
risco (Classe IIa, Nível C); hipertensos com suspeita clínica de placa de ateroma
insuficiência cardíaca (Classe I, Nível C) Índice tornozelo braquial < 0,9
Microalbuminúria19–21: pacientes hipertensos diabéticos (Classe Depuração de creatinina estimada < 60 ml/min/1,72 m2
I, Nível A), hipertensos com síndrome metabólica e hipertensos
com dois ou mais fatores de risco (Classe I, Nível C) Baixo ritmo de filtração glomerular ou clearance de creatinina
(< 60 ml/min)
Ultrassom de carótida22: pacientes com sopro carotídeo, com
sinais de doença cerebrovascular, ou com doença aterosclerótica Microalbuminúria 30 – 300 mg/ 24h ou relação albumina/
em outros territórios (Classe IIa, Nível B) creatinina > 30 mg por g

Teste ergométrico: suspeita de doença coronariana estável, Velocidade de onda de pulso (se disponível) > 12 m/s
diabetes ou antecedente familiar para doença coronariana em
paciente com pressão arterial controlada (Classe IIa, Nível C) Tabela 8 – Condições clínicas associadas a hipertensão
23
Hemoglobina glicada (Classe IIa, Nível B) : na impossibilidade Doença cerebrovascular (AVE, AVEI, AVEH, alteração da função
de realizar hemoglobina glicada sugere-se a realizacão do teste cognitiva)
oral de tolerância à glicose em pacientes com glicemia de jejum Doença cardíaca (infarto, angina, revascularização coronária,
entre 100 e 125 mg/dL (Classe IIa, Nível B) insuficiência cardíaca)
MAPA, MRPA e medida domiciliar segundo as indicações Doença renal: nefropatia diabética, déficit importante de função
convencionais para os métodos (clearance < 60 ml/min)
Outros exames: velocidade de onda de pulso (se disponível)24 Retinopatia avançada: hemorragias ou exsudatos, papiledema
(Classe IIb, Nível C)
Doença arterial periférica
Investigação de hipertensão secundária, quando indicada pela
(AVE: acidente vascular encefálico; AVEI: AVE isquêmico;
história, exame físico ou avaliação laboratorial inicial (capítulo 7)
AVEH: AVE hemorrágico).

21

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CAPÍTULO 3

Tabela 9 – Estratificação do risco cardiovascular global: risco adicional atribuído à classificação de


hipertensão arterial de acordo com fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e condições clínicas associadas
(Classe IIa, Nível C)
Normotensão Hipertensão
Ótimo Normal Limítrofe Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3
Outros fatores de risco ou
PAS < 120 PAS 120–129 PAS 130–139 PAS 140–159 PAS 160–179 PAS > 180
doenças
ou PAD < 80 ou PAD 80–84 ou PAD 85–89 PAD 90–99 PAD 100–109 PAD > 110
Moderado
Baixo risco Alto risco
Nenhum fator de risco Risco basal Risco basal Risco basal risco
adicional adicional
adicional
Moderado Moderado Risco
Baixo risco Baixo risco Baixo risco
1–2 fatores de risco risco risco adicional
adicional adicional adicional
adicional adicional muito alto
Moderado Moderado Risco
≥ 3 fatores de risco, LOA ou Alto risco Alto risco Alto risco
risco risco adicional
SM – DM adicional adicional adicional
adicional adicional muito alto
Risco Risco Risco Risco Risco Risco
Condições clínicas associadas adicional adicional adicional adicional adicional adicional
muito alto muito alto muito alto muito alto muito alto muito alto
(LOA: lesão de órgãos-alvos; SM: síndrome metabólica; DM: diabetes melito).

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
AVA L I A Ç Ã O C L Í N I C A E L A B O R AT O R I A L
E E S T R AT I F I C A Ç Ã O D E R I S C O

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 4

Decisão Terapêutica e Metas

A decisão terapêutica deve ser baseada no risco cardiovascu- Tabela 1 – Decisão terapêutica
lar considerando-se a presença de fatores de risco, lesão em Categoria de risco Considerar
órgão-alvo e/ou doença cardiovascular estabelecida, e não Sem risco adicional Tratamento não-medicamentoso
apenas no nível da PA. isolado
Risco adicional baixo Tratamento não-medicamentoso
isolado por até 6 meses. Se
não atingir a meta, associar
4.1 Abordagem para Níveis de PA tratamento medicamentoso
entre 130–139/85–89 mmHg Risco adicional médio, Tratamento não-medicamentoso
alto e muito alto + medicamentoso
A justificativa para intervenções em pessoas com esses ní-
veis de PA baseia-se no fato de que metade do ônus atribu-
ível ocorre para pressões sistólicas entre 130 e 150 mmHg,
isto é, incluindo o comportamento limítrofe de PA1. (Grau
B)
Uma importante consideração a ser feita é que nessa fai- 4.3 Racional para Decisão
xa de PA há uma grande parcela de indivíduos com doença Terapêutica
cardiovascular e renal estabelecidas, além de boa parte de
indivíduos com diabetes, doença renal, múltiplos fatores de Modificações de estilo de vida podem se refletir no retardo
risco cardiovascular e síndrome metabólica. do desenvolvimento da HAS em indivíduos com pressão li-
Assim, parece pertinente que esses indivíduos recebam tra- mítrofe. Têm também impacto favorável nos fatores de risco
tamento medicamentoso. Deve-se, entretanto, considerar envolvidos no desenvolvimento ou agravo da hipertensão12–15
que foi demonstrado benefício dessa intervenção, em estu- (Grau B).
do incluindo pacientes de alto risco com doença coronariana2 Assim, devem ser indicadas indiscriminadamente.
ou em outro que avaliou pacientes com doença encefálica O período de tempo recomendado para as medidas de mo-
prévia3, e finalmente, em indivíduos diabéticos tipo 24. Alguns dificação de estilo de vida isoladamente em pacientes hiper-
estudos aleatórios e controlados contra placebo sugerem tensos e naqueles com comportamento limítrofe da pressão
que a instituição de tratamento medicamentoso em pa- arterial, com baixo risco cardiovascular, é de no máximo seis
cientes de alto risco reduz os eventos cardiovasculares meses.
quando há valores de PA entre 130–139 /85–89 mmHg5–14 Caso os pacientes não estejam respondendo a essas medidas
(Grau A). após três meses, uma nova avaliação, em seis meses, deve
ser feita para confirmar o controle da PA. Se esse benefício
não for confirmado, já está indicada a instituição do trata-
4.2 Abordagem em Pacientes mento medicamentoso em associação.
Em pacientes com riscos médios, altos ou muito altos, in-
Hipertensos com Risco
dependentemente da PA, a abordagem deve ser combina-
Cardiovascular Médio, Alto e da (não-medicamentosa e medicamentosa) para se atingir a
Muito Alto meta preconizada o mais precocemente.
Para a decisão terapêutica, considerar a tabela 1, e para as
A instituição precoce do tratamento medicamentoso visa metas de PA nas diferentes categorias de risco considerar a
à proteção dos órgãos-alvos; redução do impacto causado tabela 2.
pela elevação da PA; redução do impacto causado pela pre- Novos estudos não demostraram haver benefícios com redu-
sença de fatores de risco associados e na progressão do pro- ções mais intensas da PA como se julgava anteriormente16,17
cesso aterosclerótico. (Grau A).

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D E C I S Ã O T E R A P Ê U T I C A E M E TA S

Tabela 2 – Metas a serem atingidas em conformidade com ditor independente de eventos cardiovasculares, mortalida-
as características individuais de geral e cardiovascular19–21 (Grau A) 22,23 (Grau C).
Categoria Considerar O objetivo do tratamento é a redução do risco para eventos
Hipertensos estágios 1 e 2 com cardiovasculares, e, portanto, a presença de três ou mais fa-
risco cardiovascular baixo e < 140/90 mmHg tores de risco ou lesões em órgãos-alvo já sinaliza o alto risco
médio para doença cardiovascular21,22. Desta forma, pacientes com
Hipertensos e comportamento SM devem ser abordados de acordo com o risco cardiovas-
limítrofe com risco cardiovascular cular.
alto e muito alto, ou com 3 ou
mais fatores de risco, DM, SM 130/80 mmHg
ou LOA
4.4.4 Diabéticos
Hipertensos com insuficiência
renal com proteinúria > 1,0 g/l De acordo com as recomendações da American Diabetes As-
(DM: diabetes melito; SM: síndrome metabólica; sociation – ADA de 2009, pacientes diabéticos com PA entre
LOA: lesões em órgãos-alvo). 130 e 139 mmHg e 80–89 mmHg podem ser tratados com
modificação de estilo de vida por um tempo máximo de três
meses. Se após esse período não houver resposta adequada,
o tratamento medicamentoso deve ser iniciado.
Pacientes com PA ≥ 140/90 mmHg no momento do diagnósti-
4.4 Justificativa para as Metas de
co ou durante o seguimento devem receber tratamento medi-
Pressão a serem Atingidas camentoso em conjunto com modificação do estilo de vida24
(Grau D). Sugere-se que a meta de PA seja 130/80 mmHg, pois
4.4.1 Hipertensão sistólica isolada (HSI) o estudo recentemente publicado não mostrou benefícios
com reduções mais rigorosas da PA16.
Em pacientes com hipertensão sistólica isolada (HSI), a PA
será dependente do risco cardiovascular, isto é, naqueles pa-
cientes sem fator de risco adicional ou com risco cardiovas- 4.4.5 Doença arterial periférica (DAP)
cular baixo ou médio a meta deve ser inferior a 140 mmHg. Embora não haja consenso quanto à meta mais adequada
Já nos pacientes com risco cardiovascular alto ou muito alto, em pacientes com DAP, em geral esses pacientes apresentam
a meta deve ser igual a 130 mmHg. lesões em outros territórios vasculares, apresentando, por-
tanto, alto risco cardiovascular.
4.4.2 Hipertrofia ventricular esquerda

Tem sido observado que o controle rigoroso da PA sistólica 4.4.6 Curva J


(130 mmHg) em pacientes hipertensos não-diabéticos com De acordo com revisão de Rosendorff e Black25 parece ade-
pelo menos um fator de risco associado diminuiu a chance quado evitar reduções importantes da PA diastólica (PAD) (<
de hipertrofia ventricular esquerda, comparando-se com o 65 mmHg) ou de forma muito rápida quando essa pressão
controle não-rigoroso (PAS < 140 mmHg)18 (Grau B). inicial é muito elevada em pacientes com doença arterial co-
ronariana oclusiva.
4.4.3 Síndrome metabólica (SM) Inúmeros estudos documentaram uma relação inversa entre
a PAD e a doença coronária. Em muitos deles os efeitos da
Embora não existam evidências quanto à indicação do trata- “curva J“ foram registrados em variações fisiológicas da PAD,
mento medicamentoso em pacientes com SM e PA limítrofe, ou seja abaixo de 70 a 80 mmHg25 (Grau A). Para a mesma
é importante frisar que esta condição está presente em cerca redução da PAD há pouca evidência do efeito “curva J” sobre
de 30% dos indivíduos com HAS, sendo considerado um pre- outros órgãos-alvo, como cérebro e rim. Há também pouca
evidência desse fenômeno envolvendo a PA sistólica26.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
CAPÍTULO 4 D E C I S Ã O T E R A P Ê U T I C A E M E TA S

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 5

Tratamento Não-Medicamentoso e
Abordagem Multiprofissional

Com relação ao tratamento não-medicamentoso, devemos 5.2 Estilo Alimentar


considerar: (Dietas DASH, Mediterrânea,
Vegetariana e Outras)
5.1 Controle de Peso
O padrão dietético DASH (Dietary Approaches to Stop Hyper-
tension), rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios
A relação entre os aumentos de peso e da pressão arterial é
com baixos teores de gordura, tem importante impacto na
quase linear, sendo observada em adultos1 e adolescentes2.
redução da PA15. Um alto grau de adesão a esse tipo de die-
Perdas de peso e da circunferência abdominal correlacionam-
ta reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão10. Os
se com reduções da PA e melhora de alterações metabólicas
benefícios sobre a PA têm sido associados ao alto consumo
associadas2,3. Assim, as metas antropométricas a serem al-
de potássio, magnésio e cálcio nesse padrão nutricional16. A
cançadas são o índice de massa corporal (IMC) menor que
dieta DASH potencializa ainda o efeito de orientações nutri-
25 kg/m2 e a circunferência abdominal < 102 cm para os
cionais para emagrecimento, reduzindo também biomarca-
homens e < 88 para as mulheres4.
dores de risco cardiovascular17. O quadro 1 demonstra como
O sucesso do tratamento depende fundamentalmente de
adotar uma dieta ao estilo DASH.
mudança comportamental e da adesão a um plano alimen-
tar saudável5. Mesmo uma modesta perda do peso corporal Dieta DASH: grau de recomendação I e nível de evidência A.
está associada a reduções na PA em pessoas com sobrepeso,
mas o alcance das metas deve ser perseguido6. A utilização A dieta do Mediterrâneo associa-se também à redução da
de dietas radicais, como as ricas em carboidratos ou em gor- PA18. O alto consumo de frutas e hortaliças revelou ser in-
duras, deve ser desencorajada, pois não são sustentáveis a versamente proporcional aos níveis de PA, mesmo com um
longo prazo e resultam invariavelmente em abandono de mais alto percentual de gordura19. A substituição do excesso
tratamento7. O acompanhamento dos indivíduos após o de carboidratos nesta dieta por gordura insaturada induz à
emagrecimento deve ser estimulado com o objetivo de evi- mais significativa redução da PA20,21.
tar o reganho de peso8,9. Foi demonstrado que manter o IMC
abaixo de 25 kg/m2 preveniu em 40% o desenvolvimento de Dieta mediterrânea para hipertensos: grau de recomendação
HAS em mulheres, em um estudo com seguimento médio de IIa; nível de evidência B.
14 anos10.
Controle de peso: grau de recomendação I e nível de evidên- Dietas vegetarianas são inversamente associadas com a in-
cia A. cidência de doenças cardiovasculares. Isto se explica em ra-
zão de fornecerem menor quantidade de nutrientes, como
gordura saturada e colesterol22. Entretanto, essas dietas são
A cirurgia bariátrica é considerada o tratamento efetivo deficientes em micronutrientes como ferro, vitamina B12 e
para obesidade moderada a grave11. Em pacientes com cálcio, sendo necessária a suplementação para atender às
obesidade grave, a cirurgia bariátrica reduz a mortalidade e recomendações vigentes23. As deficiências de micronutrien-
tem potencial para controlar condições clínicas como HAS e tes, muitas vezes observadas em lacto-vegetarianos, têm
diabetes melito tipo 212,13. Assim como no tratamento con- sido identificadas como fatores predisponentes à HAS em
vencional, é necessário seguimento dos indivíduos a longo adultos seguidores desse estilo alimentar24. Fato relevante é
prazo no sentido de evitar o reganho de peso14. a observação de que os vegetarianos apresentam, em geral,
menor IMC, fato que, independentemente do tipo de dieta,
Cirurgia bariátrica para hipertensos com obesidade grave ou
se associa a menor PA25–27.
moderada (com distúrbios metabólicos associados): grau de
recomendação I e nível de evidência A. Dieta vegetariana para hipertensos: grau de recomendação
IIa; nível de evidência B.

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CAPÍTULO 5

Quadro 1 – Como recomendar uma dieta ao estilo DASH


Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo, carne magra, aves e
peixes, utilizando-os em pequena quantidade.
Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é igual a uma concha média).
Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia.
Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral.
Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou
40 gramas de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramas de sementes, ou 1/2 xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas).
Reduzir a adição de gorduras. Utilizar margarina light e óleos vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola).
Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados.
Diminuir ou evitar a o consumo de doces e bebidas com açúcar.
Fonte: www.nhlbi.nih.gov/health/public/heart/hbp/dash/new_dash.pdf16

Dietas da moda e programas de emagrecimento comercial- minantemente nos idosos37,38. As principais fontes dietéticas
mente disponíveis, avaliados comparativamente, demostra- de ácidos graxos monoinsaturados (oleico) são óleo de oliva,
ram baixa adesão a longo prazo28. Apesar de a redução de óleo de canola, azeitona, abacate e oleaginosas (amendoim,
peso obtida associar-se a redução da PA29, há evidências de castanhas, nozes, amêndoas)39. Tem-se demonstrado que a
que dietas com altos teores de gordura associam-se com ingestão de óleo de oliva pode reduzir a PA, principalmente
maior risco de infarto do miocárdio e mortalidade cardiovas- devido ao elevado teor de ácido oléico40.
cular, não havendo razões para a sua recomendação30,31.
Dietas comerciais (da moda) para hipertensos: grau de reco-
5.5 Fibras
mendação III; nível de evidência D.
As fibras são classificadas em solúveis e insolúveis. As solúveis
são representadas pelo farelo de aveia, pectina (frutas) e pelas
5.3 Redução do Consumo gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão de bico, lenti-
de Sal lha e ervilha). As fibras insolúveis são representadas pela celulo-
se (trigo), hemicelulose (grãos) e lignina (hortaliças). A recomen-
A relação entre PA e a quantidade de sódio ingerido é he- dação de ingestão de fibra alimentar total para adultos é de 20
terogênea. Este fenômeno é conhecido como sensibilidade a 30 g/dia, 5 a 10 g devendo ser solúveis22. O betaglucano, pre-
ao sal. Indivíduos normotensos com elevada sensibilidade à sente na aveia, determina discreta diminuição da PA em obesos,
ingestão de sal apresentaram incidência cinco vezes maior de efeito não-observado em indivíduos com peso normal41.
HAS, em 15 anos, do que aqueles com baixa sensibilidade32.
Alguns trabalhos demonstraram que o peso do indivíduo ao
nascer tem relação inversa com a sensibilidade ao sal e está 5.6 Proteína de Soja
diretamente relacionado com o ritmo de filtração glomerular
As principais fontes de soja na alimentação são: feijão de soja,
e HAS na idade adulta33. Uma dieta com baixo teor de sódio
queijo de soja (tofu), farinha, leite de soja e o concentrado
promoveu rápida e importante redução de PA em hipertensos
proteico da soja. O molho de soja (shoyu) industrializado con-
resistentes34. Apesar das diferenças individuais de sensibilida-
tém elevado teor de sódio, devendo ser evitado. A substituição
de, mesmo modestas reduções na quantidade de sal são, em
isocalórica de parte da proteína alimentar por um composto
geral, eficientes em reduzir a PA35. Tais evidências reforçam a
de soja associada a outras medidas não-medicamentosas
necessidade de orientação a hipertensos e “limítrofes” quan-
promoveu queda da PA em mulheres após a menopausa42.
to aos benefícios da redução de sódio na dieta. A necessida-
de diária de sódio para os seres humanos é a contida em 5 g
de cloreto de sódio ou sal de cozinha. O consumo médio do 5.7 Oleaginosas
brasileiro corresponde ao dobro do recomendado36.
Há controvérsias sobre os efeitos da suplementação das dife-
Dieta hipossódica: grau de recomendação IIb e nível de evi-
rentes castanhas em relação à redução da PA43,44. O consumo
dência B.
de oleaginosas pode trazer benefícios à saúde se integradas
a um plano alimentar saudável45.
5.4 Ácidos Graxos Insaturados
5.8 Laticínios e Vitaminas
Observa-se uma discreta redução da PA com a suplementação
de óleo de peixe (ômega 3) em altas doses diárias e predo- O consumo de duas ou mais porções diárias de laticínios ma-

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gros correlacionou-se a menor incidência de HAS. Tais bene- dia, para homens, de preferência não-habitualmente; sendo
fícios provavelmente estão associados ao maior aporte de a metade dessa quantidade a tolerada para as mulheres. As
cálcio46,47. quantidades dos mais comuns tipos de bebidas que contêm
30 ml de etanol estão colocadas na tabela 1. Para aqueles
que não têm o hábito, não se justifica recomendar que o
5.9 Alho façam53–55.

O alho, cujo principal componente ativo é a alicina, tem ação Redução do consumo de álcool para hipertensos: grau de
metabólica, podendo atuar na coagulação, aumentando o recomendação IIb, nível de evidência B. Recomendação de
tempo de sangramento e promovendo discreta redução de consumo de álcool para hipertensos: grau de recomendação
pressão48,49. III, nível de evidência D.

5.10 Café e Chá 5.13 Atividade Física

Os polifenóis contidos no café e em alguns tipos de chás Ensaios clínicos controlados demonstraram que os exercícios
têm potenciais propriedades vasoprotetoras50,51. Os riscos de aeróbios (isotônicos), que devem ser complementados pelos
elevação da PA causados pela cafeína, em doses habituais, resistidos, promovem reduções de PA, estando indicados para
são irrelevantes. a prevenção e o tratamento da HAS56,60. Para manter uma boa
saúde cardiovascular e qualidade de vida, todo adulto deve
realizar, pelo menos cinco vezes por semana, 30 minutos de
5.11 Chocolate Amargo atividade física moderada de forma contínua ou acumulada,
desde que em condições de realizá-la. A frequência cardíaca
O chocolate amargo (com alto teor de cacau) pode promo- (FC) de pico deve ser avaliada por teste ergométrico, sempre
ver discreta redução da PA, devido às altas concentrações de que possível, e na vigência da medicação cardiovascular de
polifenóis52. uso constante. Na falta do teste, a intensidade do exercício
pode ser controlada objetivamente pela ventilação, sendo a
atividade considerada predominantemente aeróbia quan-
5.12 Álcool do o indivíduo permanecer discretamente ofegante, con-
seguindo falar frases completas sem interrupções. Embora
Há associação entre a ingestão de álcool e alterações de haja possibilidade de erros com a utilização de fórmulas que
PA dependentes da quantidade ingerida. Claramente, uma consideram a idade, na impossibilidade de utilização da er-
quantidade maior de etanol eleva a PA e está associada a gometria pode-se usar a fórmula FC máxima = 220 – idade,
maiores morbidade e mortalidade cardiovasculares. Por ou- exceto em indivíduos em uso de betabloqueadores e/ou ini-
tro lado, as evidências de correlação entre uma pequena in- bidores de canais de cálcio não-diidropiridínicos.
gestão de álcool e a consequente redução da pressão arterial A recomendação é de que inicialmente os indivíduos reali-
ainda são frágeis e necessitam de comprovações. Em indiví- zem atividades leves a moderadas61,62. Somente após esta-
duos hipertensos, a ingestão de álcool, agudamente e de- rem adaptados, caso julguem confortável e não haja nenhu-
pendentemente da dose, reduz a PA, porém ocorre elevação ma contraindicação, é que devem passar às vigorosas63–65.
algumas horas após o seu consumo. Tendo em vista a con-
trovérsia em relação à segurança e ao benefício cardiovascu- Sugestão da intensidade de exercícios isotônicos segundo a
lar de baixas doses, assim como a ação nefasta do álcool na frequência cardíaca:
sociedade, devemos orientar aqueles que têm o hábito de in- Atividades leves – Mantém-se com até 70% da FC máxi-
gerir bebidas alcoólicas a não ultrapassarem 30 g de etanol ao ma ou de pico, recomendando-se a faixa entre 60% e 70%,

Tabela 1 – Características das principais bebidas alcoólicas e teor de etanol por quantidade definida
% de etanol Volume para 30 g
Bebida Quantidade de etanol (g) Volume aproximado
(oGL Gay Lussac) de etanol
~ 6% ~ 2 latas (350 x 2 = 700 ml) ou
Cerveja 6 g/100 ml x 0,8* = 4,8 g 625 ml
(3–8) 1 garrafa (650 ml)
~ 12% ~ 2 taças de 150 ml ou
Vinho 12 g/100 ml x 0,8* = 9,6 g 312,5 ml
(5–13) 1 taça de 300 ml
Uísque, vodka, ~ 40% ~ 2 doses de 50 ml ou
40 g/100 ml x 0,8* = 32 g 93,7 ml
aguardente (30–50) 3 doses de 30 ml
* Densidade do etanol

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CAPÍTULO 5

Tabela 2 – Algumas modificações de estilo de vida e redução aproximada da pressão arterial sistólica*
Modificação Recomendação Redução aproximada na PAS**
Manter o peso corporal na faixa normal 5 a 20 mmHg para cada
Controle de peso
(índice de massa corporal entre 18,5 a 24,9 kg/m2) 10 kg de peso reduzido
Consumir dieta rica em frutas e vegetais e
alimentos com baixa densidade calórica e baixo
Padrão alimentar 8 a 14 mmHg
teor de gorduras saturadas e totais.
Adotar dieta DASH
Reduzir a ingestão de sódio para não mais que 2 g
Redução do consumo de sal (5 g de sal/dia) = no máximo 3 colheres de café rasas 2 a 8 mmHg
de sal = 3 g + 2 g de sal dos próprios alimentos
Limitar o consumo a 30 g/dia de etanol para os
Moderação no consumo de álcool 2 a 4 mmHg
homens e 15 g/dia para mulheres
Habituar-se à prática regular de atividade física
aeróbica, como caminhadas por, pelo menos, 30
Exercício físico 4 a 9 mmHg
minutos por dia, 3 vezes/semana, para prevenção e
diariamente para tratamento
* Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular.
** Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas.

quando se objetiva o treinamento efetivo eminentemente existem evidências quanto aos efeitos hipotensores de ou-
aeróbio. tras formas de tratamento da SAHOS.
Atividades moderadas – Mantém-se entre 70% e 80% da
CPAP na SAHOS grave: grau de recomendação I e nível de
FC máxima ou de pico, sendo considerada a faixa ideal para
evidência A.
o treinamento que visa a prevenção e o tratamento da hiper-
tensão arterial.
Atividades vigorosas – Mantém-se acima de 80% da FC má- 5.15 Controle do Estresse Psicossocial
xima ou de pico, propondo-se a faixa entre 80% e 90% quan-
do se objetiva o treinamento com expressivo componente Fatores psicossociais, econômicos, educacionais e o estresse
aeróbio, desenvolvido já com considerável participação do emocional participam do desencadeamento e manutenção
metabolismo anaeróbio. da HAS e podem funcionar como barreiras para a adesão ao
tratamento e mudança de hábitos69–71. Diferentes técnicas de
Em relação aos exercícios resistidos, recomenda-se que se- controle do estresse têm sido avaliadas, porém com resulta-
jam realizados entre 2 e 3 vezes por semana, por meio de 1 a dos conflitantes. Meditação72, musicoterapia73, biofeedback,
3 séries de 8 a 15 repetições, conduzidas até a fadiga mode- yoga, entre outras técnicas de controle do estresse, foram
rada (parar quando a velocidade de movimento diminuir). capazes de reduzir discretamente a PA de hipertensos74,75.
Recomenda-se a avaliação médica antes do início de um
programa de treinamento estruturado e sua interrupção na Técnicas de controle do estresse: grau de recomendação IIa
presença de sintomas. Em hipertensos, a sessão de treina- e nível de evidência B.
mento não deve ser iniciada se as pressões arteriais sistólica
e diastólica estiverem superiores a 160 e/ou 105 mmHg res-
pectivamente. 5.16 Respiração Lenta
Atividade física: grau de recomendação I e nível de evidência A. A utilização da técnica de respiração lenta, com dez respira-
ções por minuto por 15 minutos diários, com ou sem o uso
de equipamentos, tem mostrado reduções da PA76–78.
5.14 CPAP e Outras Formas de
Respiração lenta: grau de recomendação IIa e nível de evi-
Tratamento da Síndrome da dência B.
Apneia/Hipopneia Obstrutiva do
Sono (SAHOS)
5.17 Cessação do Tabagismo
O uso do CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas)
está indicado para a correção dos distúrbios ventilatórios e A cessação do tabagismo constitui medida fundamental e
metabólicos da SAHOS grave. Há indícios de que o uso desse prioritária na prevenção primária e secundária das doenças
dispositivo pode contribuir para o controle da PA, queda do cardiovasculares e de diversas outras doenças79.
descenso da pressão durante o sono, melhora da qualidade Não há, entretanto, evidências de que, para o controle de
de vida e redução dos desfechos cardiovasculares66–68. Não PA, haja benefícios.

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5.18 Equipe Multiprofissional síndrome clínica multifatorial, contar com a contribuição da


equipe multiprofissional de apoio ao hipertenso é conduta
A equipe multiprofissional pode ser constituída por todos desejável, sempre que possível80,81.
os profissionais que lidam com pacientes hipertensos: médi- Abordagem multidisciplinar: grau de recomendação I e nível
cos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nu- de evidência A.
tricionistas, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas,
professores de educação física, musicoterapeutas, farmacêu- Considerando-se as principais intervenções não-medicamen-
ticos, educadores, comunicadores, funcionários administra- tosas podemos observar, na tabela 2, os benefícios médios
tivos e agentes comunitários de saúde. Como a HAS é uma estimados na população com as suas aplicações.

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CAPÍTULO 5

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33

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 6

Tratamento Medicamentoso

6.1 Objetivos dade de eventuais modificações na terapêutica instituída e o


tempo necessário para que o efeito pleno dos medicamentos
O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é seja obtido.
a redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares1,2.
Assim, os anti-hipertensivos devem não só reduzir a pressão
arterial, mas também os eventos cardiovasculares fatais e não- 6.3 Escolha do Medicamento
fatais, e, se possível, a taxa de mortalidade. As evidências pro-
venientes de estudos de desfechos clinicamente relevantes, Qualquer medicamento dos grupos de anti-hipertensivos
com duração relativamente curta, de três a quatro anos, de- (tabela 2) comercialmente disponíveis, desde que resguar-
monstram redução de morbidade e mortalidade em estudos dadas as indicações e contraindicações específicas, pode ser
com diuréticos3–6 (A), betabloqueadores3,4,7,8 (A), inibidores da utilizado para o tratamento da hipertensão arterial.
enzima conversora da angiotensina (IECA)6,9–13 (A), bloquea- Os anti-hipertensivos comercialmente disponíveis no Brasil,
dores do receptor AT1 da angiotensina (BRA II)14–20 (A) e com por classes, estão mostrados na tabela 3, enquanto as princi-
antagonistas dos canais de cálcio (ACC)6,9,13,21–25 (A), embora pais associações medicamentosas podem ser observadas na
a maioria dos estudos utilizem, no final, associação de anti- tabela 4.
hipertensivos. Este benefício é observado com a redução da
pressão arterial per se, e, com base nos estudos disponíveis
até o momento, parece independer da classe de medicamen- Tabela 2 – Classes de anti-hipertensivos disponíveis para
tos utilizados26. Metanálises recentes indicam que este bene- uso clínico
fício é de menor monta com betabloqueadores, em especial Diuréticos
com atenolol, quando em comparação com os demais anti- Inibidores adrenérgicos
hipertensivos27–29. Ação central – agonistas alfa-2 centrais
Betabloqueadores – bloqueadores beta-adrenérgicos
Alfabloqueadores – bloqueadores alfa-1 adrenérgicos
6.2 Princípios Gerais do Tratamento Vasodilatadores diretos
Medicamentoso Bloqueadores dos canais de cálcio
Inibidores da enzima conversora da angiotensina
Os aspectos importantes na escolha do anti-hipertensivo es-
Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II
tão na tabela 1. Deve-se explicar, detalhadamente, aos pa-
cientes a ocorrência de possíveis efeitos adversos, a possibili- Inibidor direto da renina

Tabela 1 – Características importantes do anti-hipertensivo


Ser seguro e bem tolerado e com relação de risco/benefício
Ser eficaz por via oral
favorável ao paciente
Ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para
Permitir a administração em menor número possível de tomadas, cada situação clínica, podendo ser aumentadas gradativamente
com preferência para dose única diária ressalvando-se que, quanto maior a dose, maiores serão as
probabilidades de efeitos adversos
Ser considerado em associação para os pacientes com hipertensão
Não ser obtido por meio de manipulação, pela inexistência de
em estágios 2 e 3 e para pacientes de alto e muito alto risco
informações adequadas de controle de qualidade, bioequivalência
cardiovascular que, na maioria das vezes, não alcançam a meta de
e/ou de interação química dos compostos
redução da pressão arterial preconizada com a monoterapia
Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, salvo Ter demonstração, em ensaios clínicos, da capacidade de reduzir
em situações especiais, para aumento de dose, substituição da a morbidade e a mortalidade cardiovasculares associadas à
monoterapia ou mudança das associações em uso hipertensão arterial (característica para preferência de escolha)

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
T R ATA M E N T O M E D I C A M E N T O S O

Tabela 3 – Anti-hipertensivos comercialmente disponíveis Tabela 4 – Combinações fixas de anti-hipertensivos


no Brasil disponíveis no Brasil
Posologia (mg) Número de Associações Posologia (mg)
Medicamentos Diurético + diurético
Mínima Máxima tomadas/dia
Diuréticos Clortalidona + amilorida 25 + 5
Espironolactona + hidroclorotiazida 50 + 50
Tiazídicos Furosemida + amilorida 40 + 10
Clortalidona 12,5 25 1 Furosemida + espironolactona 20 + 100
Hidroclorotiazida 12,5 25 1 25 + 2,5
Hidroclorotiazida + amilorida
Indapamida 2,5 5 1 50 + 5
Indapamida SR*** 1,5 5 1 Hidroclorotiazida + triantereno 50 + 50
Inibidor adrenérgico de ação central + diurético
Alça Alfametildopa + hidroclorotiazida 250 + 15
Bumetamida 0,5 ** 1–2 Reserpina + clortalidona 25 + 50
Furosemida 20 ** 1–2 Betabloqueador + diurético
Piretanida 6 12 1 25 + 12,5
Poupadores de potássio Atenolol + clortalidona 50 + 12,5
100 + 25
Amilorida* 2,5 10 1 2,5 + 6,25
Espironolactona 25 100 1–2 Bisoprolol + hidroclorotiazida 5 + 6,25
Triantereno* 50 100 1 10 + 6,25
Inibidores adrenérgicos Metoprolol + hidroclorotiazida 100 + 12,5
Metoprolol ZOK*** + hidroclorotiazida 95 + 12,5
Ação central Pindolol + clopamida 10 + 5
Alfametildopa 500 1.500 2–3 40 + 25
Clonidina 0,2 0,6 2–3 Propranolol + hidroclorotiazida 80 + 12,5
Guanabenzo 4 12 2–3 80 + 25
Moxonidina 0,2 0,6 1 Inibidor da ECA + diurético
5 + 6,25
Rilmenidina 1 2 1 Benazepril + hidroclorotiazida 10 + 12,5
Reserpina* 12,5 25 1–2 Captopril + hidroclorotiazida 50 + 25
Betabloqueadores Cilazapril + hidroclorotiazida 5 + 12,5
Atenolol 25 100 1–2 10 + 25
Bisoprolol 2,5 10 1–2 Enalapril + hidroclorotiazida 20 + 12,5
50 + 25
Carvedilol+ 12,5 50 1–2 Fosinopril + hidroclorotiazida 10 + 12,5
Metoprolol e Metoprolol (ZOK)*** 50 200 1–2 10 + 12,5
Lisinopril + hidroclorotiazida
Nadolol 40 120 1 20 + 12,5
Nebivolol++ 5 10 1 Perindopril + indapamida 4 + 1,25
5 + 12,5
Propranolol**/ Propranolol (LA)*** 40/80 240/160 2–3/1–2 Ramipril + hidroclorotiazida 5 + 25
Pindolol 10 40 1–2 Bloqueador do receptor AT1 + Diurético
Alfabloqueadores 8 + 12,5
Candesartana + hidroclorotiazida
Doxazosina 1 16 1 16 + 12,5
Prazosina 1 20 2–3 150 + 12,5
Irbersartana + hidroclorotiazida 300 + 12,5
Prazosina XL*** 4 8 1 300 + 25
Terazosina 1 20 1–2 50 + 12,5
Vasodilatadores diretos Losartana + hidroclorotiazida 50 + 25
Hidralazina 50 150 2–3 100 + 25
20 + 12,5
Minoxidil 2,5 80 2–3 Olmesartana + hidroclorotiazida 40 + 12,5
Bloqueadores dos canais de cálcio 40 + 25
Fenilalquilaminas 40 + 12,5
Verapamil Retard*** 120 480 1–2 Telmisartana + hidroclorotiazida 80 + 12,5
Benzotiazepinas 80 + 25
80 + 12,5
Diltiazem AP, SR ou CD*** 180 480 1–2 160 + 12,5
Diidropiridinas Valsartana + hidroclorotiazida 160 + 25
Anlodipino 2,5 10 1 320 + 12,5
Felodipino 5 20 1–2 320 + 25
Inibidor direto da renina + diurético
Isradipina 2,5 20 2 150 + 12,5
Lacidipina 2 8 1 150 + 25
Lercarnidipino 10 30 1 Alisquireno + hidroclorotiazida 300 + 12,5
Manidipino 10 20 1 300 + 25
Nifedipino Oros*** 30 60 1 Bloqueador dos canais de cálcio + betabloqueador
10 + 25
Nifedipino Retard*** 20 60 2–3 Nifedipino + atenolol 20 + 50
Nisoldipino 5 40 1–2 5 + 25
Anlodipino + atenolol
Nitrendipino 10 40 2–3 5 + 50
Inibidores da ECA Bloqueador dos canais de cálcio + inibidor da ECA
Benazepril 5 20 1 2,5 +10
Anlodipino + benazepril 5 + 10
Captopril 25 150 2–3 5 + 20
Cilazapril 2,5 5 1 2,5 + 10
Delapril 15 30 1–2 Anlodipino + enalapril 5 + 10
Enalapril 5 40 1–2 5 + 20
2,5 + 5
Fosinopril 10 20 1 5+5
Lisinopril 5 20 1 Anlodipino + ramipril 5 + 10
Perindopril 4 8 1 10 + 10
Quinapril 10 20 1 Manidipino + delapril 10 + 30
Ramipril 2,5 10 1 Bloqueador dos canais de cálcio + bloqueador do receptor AT1
2,5 + 50
Trandolapril 2 4 1 Anlodipino + losartana 5 + 50
Bloqueadores do receptor AT1 5 + 100
Candesartana 8 32 1 5 + 20
Irbersartana 150 300 1 Anlodipino + olmesartana 5 + 40
10 + 40
Losartana 25 100 1 5 + 80
Olmesartana 20 40 1 5+ 160
Telmisartana 40 160 1 Anlodipino + valsartana 5 + 320
Valsartana 80 320 1 10 + 160
Inibidor direto da renina 10 + 320
Bloqueador dos canais de cálcio + bloqueador do receptor AT1 + diurético
Alisquireno 150 300 1 5 + 160 + 12,5
* Medicamentos comercializados apenas em associações com outros anti-hipertensivos. 5 + 160 + 25
** Dose máxima variável de acordo com a indicação médica. Anlodipino + valsartana + hidroclorotiazida 10 + 160 + 12,5
*** Retard, SR, ZOK, Oros, XL, LA, AP, SR e CD: formas farmacêuticas de liberação prolongada ou controlada. 10 + 160 + 25
+
Alfa-1 e betabloqueador adrenérgico. ++ Betabloqueador e liberador de óxido nítrico.

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CAPÍTULO 6

6.3.1. Diuréticos Não interferem com a resistência periférica à insulina ou com


o perfil lipídico.
O mecanismo de ação anti-hipertensiva dos diu-
Principais reações adversas
réticos se relaciona inicialmente aos seus efeitos
São, em geral, decorrentes da ação central, como sonolência,
diuréticos e natriuréticos, com diminuição do vo-
sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção
lume extracelular. Posteriormente, após cerca de
sexual. A frequência é um pouco menor com os inibidores de
quatro a seis semanas, o volume circulante prati-
receptores imidazolidínicos.
camente se normaliza e há redução da resistência
A alfametildopa pode provocar, ainda, embora com pequena
vascular periférica. São eficazes no tratamento
frequência, galactorreia, anemia hemolítica e lesão hepática,
da hipertensão arterial, tendo sido comprovada
sendo contraindicada se há insuficiência hepática.
sua eficácia na redução da morbidade e da mor-
No caso da clonidina, destaca-se a hipertensão de rebote,
talidade cardiovasculares3–6 (A). Para uso como
quando da suspensão brusca da medicação, e a ocorrência
anti-hipertensivos, são preferidos os diuréticos
mais acentuada de boca seca.
tiazídicos e similares, em baixas doses. Os diuréticos de alça
são reservados para situações de hipertensão associada a in-
suficiência renal com taxa de filtração glomerular abaixo de 6.3.2.2 Betabloqueadores
30 ml/min/1,73 m2 (D) e na insuficiência cardíaca com reten-
ção de volume. Em pacientes com aumento do volume ex- Seu mecanismo anti-hipertensivo envolve diminuição inicial
tracelular (insuficiências cardíaca e renal), o uso associado de do débito cardíaco, redução da secreção de renina, readap-
diurético de alça e tiazídico pode ser benéfico tanto para o tação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas
controle do edema quanto da pressão arterial, ressalvando- nas sinapses nervosas. Betabloqueadores de geração mais
se o risco maior de eventos adversos. Os diuréticos poupado- recente (terceira geração) como o carvedilol e o nebivolol, di-
res de potássio apresentam pequena eficácia diurética, mas, ferentemente dos betabloqueadores de primeira e segunda
quando associados aos tiazídicos e aos diuréticos de alça, gerações também proporcionam vasodilatação, que no caso
são úteis na prevenção e no tratamento de hipopotassemia. do carvedilol decorre em grande parte do efeito de bloqueio
Seu uso em pacientes com redução da função renal poderá concomitante do receptor alfa-1 adrenérgico30,31 e no caso
acarretar hiperpotassemia. do nebivolol de aumento da síntese e liberação endotelial de
Principais reações adversas óxido nítrico30,32.
Hipopotassemia, por vezes acompanhada de hipomagnese- São eficazes no tratamento da hipertensão arterial. A redu-
mia, que pode induzir arritmias ventriculares, e hiperurice- ção da morbidade e da mortalidade cardiovasculares é bem
mia. O emprego de baixas doses diminui o risco de efeitos documentada em grupos de pacientes com idade inferior a
adversos, sem prejuízo da eficácia anti-hipertensiva, especial- 60 anos3,4,7,8 (A). Estudos e metanálises recentes27–29 não têm
mente quando em associação com outros anti-hipertensivos. apontado redução de desfechos relevantes, principalmente
Os diuréticos também podem provocar intolerância à glico- acidente vascular encefálico, em pacientes com idade supe-
se, aumentar o risco do aparecimento do diabetes melito, rior a 60 anos, situação em que o uso dessa classe de me-
além de promover aumento de triglicérides, efeitos esses, dicamentos seria reservada para situações especiais, como
em geral, dependentes da dose. nos portadores de coronariopatia, com disfunção sistólica,
arritmias cardíacas ou infarto do miocárdio prévio33 (A). Es-
tudos de desfecho com carvedilol, metoprolol, bisoprolol e,
6.3.2 Inibidores adrenérgicos recentemente, com nebivolol têm demonstrado que estes
fármacos são úteis na redução de mortalidade e morbida-
de cardiovasculares de pacientes com insuficiência cardíaca,
6.3.2.1 Ação central
hipertensos ou não, independentemente da faixa etária34–37.
O propranolol se mostra também útil em pacientes com tre-
Atuam estimulando os receptores alfa-2 adrenérgicos pré-
mor essencial, síndromes hipercinéticas, cefaleia de origem
sinápticos no sistema nervoso central, reduzindo o tônus
vascular e naqueles com hipertensão portal.
simpático, como fazem a alfametildopa, a clonidina e o gua-
nabenzo e/ou os inibidores dos receptores imidazolidínicos, Principais reações adversas
como moxonidina e a rilmenidina. Broncoespasmo, bradicardia , distúrbios da condução atrio-
Seu efeito hipotensor como monoterapia é, em geral, dis- ventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, de-
creto (B). Entretanto, podem ser úteis em associação com pressão psíquica, astenia e disfunção sexual.
medicamentos de outros grupos, particularmente quando Betabloqueadores de primeira e segunda geração podem acar-
há evidência de hiperatividade simpática. retar também intolerância à glicose, induzir ao aparecimento
A experiência favorável em relação à segurança do binômio de novos casos de diabetes, hipertrigliceridemia com elevação
materno-fetal recomenda a alfametildopa como agente de do LDL-colesterol e redução da fração HDL-colesterol. O im-
escolha para tratamento da hipertensão das grávidas. pacto sobre o metabolismo da glicose é potencializado quando

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
T R ATA M E N T O M E D I C A M E N T O S O

os betabloqueadores são utilizados em combinação com diuré- 6.3.4. Antagonistas dos canais de cálcio
ticos. O efeito sobre o metabolismo lipídico parece estar relacio-
nado à dose e à seletividade, sendo de pequena monta com o A ação anti-hipertensiva decorre da redução da resistência
uso de baixas doses de betabloqueadores cardiosseletivos. vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio
Diferentemente, betabloqueadores de terceira geração, como nas células musculares lisas vasculares. Apesar do mecanis-
o carvedilol e o nebivolol, têm impacto neutro ou até podem mo final comum, esse grupo é dividido em três subgrupos,
melhorar o metabolismo da glicose e lipídico, possivelmente com características químicas e farmacológicas diferentes: fe-
em decorrência do efeito de vasodilatação com diminuição nilalquilaminas, benzotiazepinas e diidropiridinas.
da resistência à insulina e melhora da captação de glicose São anti-hipertensivos eficazes e reduzem a morbidade e
pelos tecidos periféricos38. Estudos com o nebivolol também mortalidade cardiovasculares6,9,13,21–25 (A). Deve-se dar pre-
têm apontado para uma menor interferência na função se- ferência aos bloqueadores dos canais de cálcio de longa
xual39, possivelmente em decorrência do efeito sobre a sínte- duração de ação intrínseca ou por formulação galênica que
se de óxido nítrico endotelial. permita uma liberação controlada. Estudo de desfecho rea-
A suspensão brusca dos betabloqueadores pode provocar firmou a eficácia, tolerabilidade e segurança do uso dessa
hiperatividade simpática, com hipertensão de rebote e/ou classe de medicamentos no tratamento da hipertensão ar-
manifestações de isquemia miocárdica, sobretudo em hiper- terial de pacientes com doença coronariana41. Não são reco-
tensos com pressão arterial prévia muito elevada. Devem ser mendados agentes de curta duração.
utilizados com cautela em pacientes com doença vascular de
Principais reações adversas
extremidade.
Cefaleia, tontura, rubor facial – mais frequente com diidro-
Os betabloqueadores de primeira e segunda geração são for-
piridínicos de curta ação – e edema de extremidades, sobre-
malmente contraindicados a pacientes com asma brônquica,
tudo maleolar. Esses efeitos adversos são, em geral, dose-
DPOC e bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro graus.
dependentes. Mais raramente, podem induzir a hipertrofia
gengival. Os diidropiridínicos de ação curta provocam im-
6.3.2.3 Alfabloqueadores portante estimulação simpática reflexa, sabidamente dele-
téria para o sistema cardiovascular. Verapamil e diltiazem
Apresentam efeito hipotensor discreto a longo prazo como podem provocar depressão miocárdica e bloqueio atrioven-
monoterapia, devendo, portanto, ser associados com outros tricular. Obstipação intestinal é observada, particularmente,
anti-hipertensivos. Podem induzir ao aparecimento de tole- com verapamil.
rância, o que exige o uso de doses gradativamente crescen-
tes. Têm a vantagem de propiciar melhora discreta no meta-
bolismo lipídico e glicídico e nos sintomas de pacientes com 6.3.5 Inibidores da enzima conversora da
hipertrofia prostática benigna. angiotensina

Principais reações adversas


Agem fundamentalmente pela inibição da enzima conversora
Hipotensão postural, mais evidente com a primeira dose,
da angiotensina (ECA), bloqueando a transformação da an-
sobretudo se a dose inicial for alta, palpitações e, eventu-
giotensina I em II no sangue e nos tecidos, embora outros
almente, astenia. No estudo ALLHAT, a comparação entre o
fatores possam estar envolvidos nesse mecanismo de ação.
alfabloqueador doxazosina e a clortalidona indicou a maior
São eficazes no tratamento da HAS, reduzindo a morbidade e a
ocorrência de insuficiência cardíaca congestiva no grupo tra-
mortalidade cardiovasculares nos hipertensos6,7,10,13,42 (A), pa-
tado com a doxazosina. A partir dessas conclusões estabele-
cientes com insuficiência cardíaca43–45 (A), com infarto agudo
ceu-se a ideia de que o alfabloqueador testado nesse estudo
do miocárdio, em especial quando apresentam baixa fração
não deve ser medicamento de primeira escolha para o trata-
de ejeção11,45–47 (A), de alto risco para doença aterosclerótica11
mento da hipertensão40 (A).
(A), sendo também úteis na prevenção secundária do acidente
vascular encefálico12 (A). Quando administrados a longo pra-
6.3.3 Vasodilatadores diretos zo, os IECAs retardam o declínio da função renal em pacientes
com nefropatia diabética ou de outras etiologias48–50 (A).
Atuam sobre a musculatura da parede vascular, promovendo
Principais reações adversas
relaxamento muscular com consequente vasodilatação e re-
Tosse seca, alteração do paladar e, mais raramente, reações
dução da resistência vascular periférica. São utilizados em as-
de hipersensibilidade com erupção cutânea e edema angio-
sociação com diuréticos e/ou betabloqueadores. Hidralazina e
neurótico.
minoxidil são dois dos principais representantes desse grupo.
Em indivíduos com insuficiência renal crônica, podem even-
Principais reações adversas tualmente agravar a hiperpotassemia. Em pacientes com
Pela vasodilatação arterial direta, promovem retenção hídri- hipertensão renovascular bilateral ou unilateral associada a
ca e taquicardia reflexa, o que contraindica seu uso como rim único, podem promover redução da filtração glomerular
monoterapia. com aumento dos níveis séricos de ureia e creatinina.

37

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CAPÍTULO 6

Seu uso em pacientes com função renal reduzida Principais reações adversas
pode causar aumento de até 30% da creatinine- Apresentam boa tolerabilidade.
mia, mas a longo prazo, prepondera seu efeito “Rash” cutâneo, diarreia (especialmente com doses elevadas,
nefroprotetor51. acima de 300 mg/dia), aumento de CPK e tosse são os even-
Seu uso é contraindicado na gravidez pelo risco tos mais frequentes, porém em geral com incidência inferior
de complicações fetais. Desta forma, seu emprego a 1%. Seu uso é contraindicado na gravidez.
deve ser cauteloso e frequentemente monitorado
em adolescentes e mulheres em idade fértil.
6.4 Esquemas Terapêuticos
6.3.6 Bloqueadores dos receptores
AT1 da angiotensina II 6.4.1 Monoterapia

Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina A monoterapia pode ser a estratégia anti-hipertensiva inicial
II (BRA II) antagonizam a ação da angiotensina II por meio para pacientes com hipertensão arterial estágio 1, e com ris-
do bloqueio específico de seus receptores AT1. São eficazes co cardiovascular baixo a moderado.
no tratamento da hipertensão. No tratamento da hiperten- O tratamento deve ser individualizado e a escolha inicial do
são arterial, especialmente em populações de alto risco car- medicamento como monoterapia deve-se basear nos seguin-
diovascular ou com comorbidades proporcionam redução tes aspectos:
da morbidade e mortalidade cardiovascular14–20 (A). Estudos • capacidade de o agente escolhido reduzir morbidade e
também comprovam seu efeito benéfico em insuficiência mortalidade cardiovasculares;
cardíaca congestiva52–54 (A) e são úteis na prevenção do aci- • perfil de segurança do medicamento;
dente vascular cerebral14,15,55,56 (A). São nefroprotetores no • mecanismo fisiopatogênico predominante no paciente a
paciente com diabetes melito tipo 2 com nefropatia esta- ser tratado;
belecida57–59 (A) e incipiente60 (A). Metanálise recente apon- • características individuais;
ta equivalência entre BRA II e IECA na redução de eventos • doenças associadas;
coronarianos61 e superioridade dos BRA II na proteção cere- • condições socioeconômicas.
brovascular61, contrapondo-se a metanálises anteriores que
Com base nestes critérios, as classes de anti-hipertensivos
indicavam redução de eventos coronarianos apenas com os
atualmente consideradas preferenciais para o controle da
inibidores da ECA62,63. O tratamento com BRA II, assim como
pressão arterial em monoterapia inicial são:
o uso de IECA, vem sendo associado a uma menor incidência
• diuréticos3–6 (A);
de novos casos de diabetes melito tipo 214,16,18,64,65 (A).
• betabloqueadores3,4,7,8 (A) (com as ressalvas já apontadas
Principais reações adversas na seção 6.3);
Os bloqueadores do receptor AT1 apresentam bom perfil de • bloqueadores dos canais de cálcio6,9,13,21–25 (A);
tolerabilidade. • inibidores da ECA6,8–13 (A);
Foram relatadas tontura e, raramente, reação de hipersen- • bloqueadores do receptor AT114–20 (A).
sibilidade cutânea (“rash”). As precauções para seu uso são
Alisquireno pode ser considerado uma opção para o trata-
semelhantes às descritas para os IECA.
mento inicial em monoterapia dos pacientes com hiperten-
são estágio 1, com risco cardiovascular baixo a moderado72–74,
6.3.7 Inibidores diretos da renina ressalvando-se que até o presente momento não estão dis-
poníveis estudos que demonstrem redução de mortalidade
Alisquireno, único representante da classe atualmente dispo- cardiovascular com o seu uso.
nível para uso clínico, promove uma inibição direta da ação A posologia deve ser ajustada até que se consiga redu-
da renina com consequente diminuição da formação de an- ção da pressão arterial pelo menos a um nível inferior a
giotensina II66,67. Há ainda especulação sobre outras ações, 140/90 mmHg1,2,78 (A). Se o objetivo terapêutico não for
como redução da atividade plasmática de renina67, bloqueio conseguido com a monoterapia inicial, três condutas são
de um receptor celular próprio de renina/pró-renina67–69 e di- possíveis:
minuição da síntese intracelular de angiotensina II70,71. • se o resultado for parcial ou nulo, mas sem reação adversa,
Estudos de eficácia anti-hipertensiva comprovam sua capaci- recomenda-se aumentar a dose do medicamento em uso
dade, em monoterapia, de redução da pressão arterial de inten- ou associar anti-hipertensivo de outro grupo terapêutico;
sidade semelhante aos demais anti-hipertensivos72–74. Estudos • quando não se obtiver efeito terapêutico na dose máxima
clínicos de curta duração indicam efeito benéfico na redução preconizada, ou se surgirem eventos adversos não tole-
de morbidade cardiovascular e renal, hipertrofia de ventrículo ráveis, recomenda-se a substituição do anti-hipertensivo
esquerdo e proteinúria75–77. São aguardados os resultados de inicialmente utilizado;
estudos de desfecho com avaliação do impacto deste medica- • se, ainda assim, a resposta for inadequada, deve-se asso-
mento na mortalidade e morbidade cardiovascular e renal. ciar dois ou mais medicamentos (figura 1).

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6.4.2 Terapêutica anti-hipertensiva Tabela 5 – Associações reconhecidas como eficazes


combinada Diuréticos com outros diuréticos de diferentes mecanismos de ação
Diuréticos com simpatolíticos de ação central
Com base em evidências de vários estudos mostrando que
em cerca de 2/3 dos casos a monoterapia não foi suficiente Diuréticos com betabloqueadores
para atingir as reduções de pressão previstas, e diante da Diuréticos com inibidores da ECA
demonstração de que valores da pressão arterial mais baixos Diuréticos com bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II
(130/80 mmHg) podem ser benéficos para pacientes com ca- Diuréticos com inibidor direto da renina
racterísticas peculiares: Diuréticos com bloqueadores dos canais de cálcio
• de alto e muito alto risco cardiovascular14,16,78,79 (A);
Bloqueadores dos canais de cálcio com betabloqueadores
• diabéticos15,79–81 (A);
• com doença renal crônica57–59,82, mesmo que em fase inci- Bloqueadores dos canais de cálcio com inibidores da ECA
piente60 (A); Bloqueadores dos canais de cálcio com bloqueadores do receptor AT1
• em prevenção primária79,83 (B) e secundária12,56 (A) de aci- Bloqueadores dos canais de cálcio com inibidor da renina
dente vascular encefálico, há clara tendência atual para
a introdução mais precoce de terapêutica combinada de (BCC), tendo sido demonstrado que para o mesmo grau de
anti-hipertensivos, como primeira medida medicamento- redução de controle da pressão arterial a combinação do IECA
sa, sobretudo nos pacientes com hipertensão em estágios com o BCC foi mais eficaz em reduzir a morbidade e mortali-
2 e 3 e para aqueles com hipertensão arterial estágio 1, dade cardiovasculares84 e a progressão da doença renal85.
mas com risco cardiovascular alto e muito alto. O emprego da combinação de betabloqueadores e diuréticos
As associações de anti-hipertensivos (tabela 5) devem seguir deve ser cauteloso em pacientes com, ou altamente predis-
a lógica de não combinar medicamentos com mecanismos postos a apresentar, distúrbios metabólicos, especialmente
de ação similares, com exceção da combinação de diuréticos glicídicos.
tiazídicos e de alça com poupadores de potássio. Tais associa- O uso da combinação de inibidor da ECA e bloqueador do re-
ções de anti-hipertensivos podem ser feitas por meio de me- ceptor AT1 da angiotensina II em pacientes hipertensos, além
dicamentos em separado ou por associações em doses fixas. de não adicionar benefício cardiovascular em comparação
A eficácia anti-hipertensiva destas diferentes associações pa- com os medicamentos usados em separado, aumentou o ris-
rece ser semelhante, embora sejam escassos os estudos que co de eventos adversos20, não estando, portanto indicado o
avaliaram de forma comparativa direta o tratamento com seu uso. Exceção se faz em relação àqueles com insuficiência
cada uma destas combinações. cardíaca classes 3 e 4 da NYHA52,53 ou com proteinúria86,87 e,
Recentemente um estudo de desfechos relevantes avaliou de mesmo assim, devem ser usados com cautela.
forma comparativa, em pacientes de alto risco cardiovascular, Algumas associações destacadas na tabela 4 também estão
o impacto do tratamento com a combinação fixa de um IECA disponíveis no mercado em doses fixas. Seu emprego, desde
com um diurético e com um bloqueador dos canais de cálcio que criterioso, pode ser útil por simplificar o esquema poso-

Hipertensão Arterial Hipertensão Arterial


Estágio 1 Estágios 2 e 3

Risco CV baixo e moderado Risco CV alto e muito alto

Monoterapia
Combinações
Todas as classes de
Dois anti-hipertensivos de
anti-hipertensivos, com exceção
classes diferentes e em baixas doses
dos vasodilatadores diretos

Resposta inadequada ou eventos adversos não-toleráveis

Aumentar a dose Trocar a Acrescentar o Aumentar a dose Trocar a Acrescentar o


da monoterapia monoterapia 2o fármaco da combinação combinação 3o fármaco

Resposta inadequada

Acrescentar outros anti-hipertensivos


Figura 1
Fluxograma para o tratamento da hipertensão arterial.

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CAPÍTULO 6

Tabela 6 – Anti-hipertensivos: interações medicamentosas


Anti-hipertensivo Medicamentos Efeitos
Diuréticos
Digitálicos Intoxicação digitálica por hipopotassemia
Anti-inflamatórios esteroides e não-esteroides Antagonismo do efeito diurético
Tiazídicos e de alça
Hipoglicemiantes orais Efeito diminuído pelos tiazídicos
Lítio Aumento dos níveis séricos do lítio
Poupadores de potássio Suplementos de potássio e inibidores da ECA Hipercalemia
Inibidores adrenérgicos
Ação central Antidepressivos tricíclicos Redução do efeito anti-hipertensivo
Insulina e hipoglicemiantes orais Redução dos sinais de hipoglicemia e bloqueio
da mobilização de glicose
Amiodarona quinidina Bradicardia
Cimetidina Redução da depuração hepática de
propranolol e metoprolol
Cocaína Potencialização do efeito da cocaína
Betabloqueadores Vasoconstritores nasais Facilitação do aumento da pressão pelos
vasoconstritores nasais
Diltiazem, verapamil Bradicardia, depressão sinusal e atrioventricular
Dipiridamol Bradicardia
Anti-inflamatórios esteroides e não-esteroides Antagonismo do efeito hipotensor
Diltiazem, verapamil, betabloqueadores e Hipotensão
medicamentos de ação central
Inibidores da ECA
Suplementos e diuréticos poupadores de potássio Hipercalemia
Ciclosporina Aumento dos níveis de ciclosporina
Anti-inflamatórios esteroides e não-esteroides Antagonismo do efeito hipotensor
Lítio Diminuição da depuração do lítio
Antiácidos Redução da biodisponibilidade do captopril
Hipoglicemiantes da classe dos inibidores da Aumento do risco de angioedema associado
enzima DPP4 ao uso de IECA
Bloqueadores dos canais de cálcio
Digoxina Verapamil e diltiazem aumentam os níveis de
digoxina
Bloqueadores de H2 Aumento dos níveis dos bloqueadores dos
canais de cálcio
Ciclosporina Aumento do nível de ciclosporina, com
exceção de anlodipino e felodipino
Teofilina, prazosina Níveis aumentados com verapamil
Moxonidina Hipotensão
Bloqueadores do receptor AT1
Moxonidina Hipotensão com losartana
Suplementos e diuréticos poupadores de potássio Hipercalemia
Inibidor direto da renina
Ciclosporina e cetoconazol Aumento da concentração plasmática de
alisquireno
Furosemida Redução da biodisponibilidade da furosemida
– redução do efeito natriurético
Suplementos e diuréticos poupadores de potássio Hipercalemia

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lógico, reduzindo o número de comprimidos administrados 6.5 Interações Medicamentosas


e, assim, estimulando a adesão ao tratamento.
Se o objetivo terapêutico não for conseguido com a combina- É importante conhecer as principais interações de anti-hiper-
ção inicial, três condutas são possíveis: tensivos e medicamentos de uso contínuo que podem ser
• se o resultado for parcial ou nulo, mas sem reação adversa, prescritos para o paciente hipertenso (tabela 6).
recomenda-se aumentar a dose da combinação em uso ou
associar um terceiro anti-hipertensivo de outra classe;
• quando não se obtiver efeito terapêutico na dose máxima
6.6 Adesão ao Tratamento
preconizada, ou se surgirem eventos adversos não-tolerá-
A adesão ao tratamento é definida como o grau de coinci-
veis, recomenda-se a substituição da combinação;
dência entre a prescrição e o comportamento do paciente.
• se ainda assim a resposta for inadequada, deve-se associar
Vários são os determinantes para a não-adesão ao tratamen-
outros anti-hipertensivos (figura 1).
to90–92 (tabela 7).
Quando já estão sendo usados pelo menos dois medicamen-
tos, o uso de um diurético é fundamental. Tabela 7 – Principais determinantes da não-adesão ao
Pacientes aderentes ao tratamento e não-responsivos à trípli- tratamento anti-hipertensivo
ce terapia otimizada que inclua um diurético caracterizam a Falta de conhecimento por parte do paciente sobre a doença ou
situação clínica de hipertensão resistente. Nesta situação clí- de motivação para tratar uma doença assintomática e crônica
nica deverá ser avaliada a presença de fatores que dificultam Baixo nível socioeconômico, aspectos culturais e crenças erradas
o controle da pressão arterial, tais como ingestão excessiva adquiridas em experiências com a doença no contexto familiar, e
de sal, álcool, obesidade, uso de fármacos com potencial de baixa auto-estima
elevar a pressão arterial, síndrome de apneia obstrutiva do Relacionamento inadequado com a equipe de saúde
sono e formas secundárias de hipertensão arterial, proce- Tempo de atendimento prolongado, dificuldade na marcação de
dendo à correção destes fatores. Se ausentes ou se a pressão consultas, falta de contato com os faltosos e com aqueles que
arterial persistir elevada mesmo após a correção dos fatores deixam o serviço
de agravamento do quadro hipertensivo, a adição de espi- Custo elevado dos medicamentos e ocorrência de efeitos indesejáveis
ronolactona e de simpatolíticos centrais e betabloqueadores Interferência na qualidade de vida após início do tratamento
ao esquema terapêutico tem-se mostrado útil88. Reserva-se
para pacientes que não responderam adequadamente à es- Os percentuais de controle de pressão arterial são muito
tratégia proposta a adição de vasodilatadores diretos, como baixos, apesar das evidências de que o tratamento anti-hi-
hidralazina e minoxidil, que devem ser usados em combina- pertensivo é eficaz em diminuir a morbidade e mortalidade
ção com diuréticos e betabloqueadores. cardiovascular, devido à baixa adesão ao tratamento. Estu-
dos isolados apontam controle de 20% a 40%93,94. A taxa de
abandono, grau mais elevado de falta de adesão, é crescente
6.4.3 Outras considerações a respeito da
conforme o tempo decorrido após o início da terapêutica. A
terapêutica anti-hipertensiva
tabela 8 indica sugestões para melhorar a adesão às prescri-
ções para os hipertensos.
Com relação ao tratamento anti-hipertensivo deve-se tam- A relação médico/paciente deve ser a base de sustentação
bém considerar: para o sucesso do tratamento anti-hipertensivo. A partici-
• o esquema anti-hipertensivo deve manter a qualidade de pação de vários profissionais da área da saúde, com uma
vida do paciente, de modo a estimular a adesão às reco- abordagem multidisciplinar, pode facilitar a adesão ao tra-
mendações prescritas; tamento anti-hipertensivo e consequentemente aumentar o
• existem evidências de que para hipertensos com a pressão controle da hipertensão arterial (Tabela 8)95.
arterial controlada a prescrição de ácido acetilsalicílico em
baixas doses (75 mg) diminui a ocorrência de complica- Tabela 8 – Principais sugestões para a melhor adesão ao
ções cardiovasculares, desde que não haja contraindicação tratamento anti-hipertensivo
para o seu uso e que os benefícios superem os eventuais Educação em saúde com especial enfoque sobre conceitos de
riscos da sua administração79,89 (A); hipertensão e suas características
• dada a necessidade de tratamento crônico da hipertensão Orientações sobre os benefícios dos tratamentos, incluindo mu-
arterial, o Sistema Único de Saúde deve garantir o forne- danças de estilo de vida
cimento contínuo de, pelo menos, um representante de Informações detalhadas e compreensíveis aos pacientes sobre os
cada uma das cinco principais classes de anti-hipertensivos eventuais efeitos adversos dos medicamentos prescritos e neces-
comumente usados. sidades de ajustes posológicos com o passar do tempo
Cuidados e atenções particularizadas em conformidade com as
necessidades
Atendimento médico facilitado sobretudo no que se refere ao
agendamento de consultas

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CAPÍTULO 6

efeitos adversos graves com essa conduta. A dificuldade de


6.7 Complicações controlar o ritmo e o grau de redução da pressão arterial, so-
Hipertensivas Agudas bretudo quando intensa, pode ocasionar acidentes vasculares
encefálicos e coronarianos. O risco de importante estimulação
Pressão arterial muito elevada, acompanhada de simpática secundária e a existência de alternativas eficazes e
sintomas, caracteriza uma complicação hiperten- mais bem toleradas tornam o uso de nifedipino de curta dura-
siva aguda e requer avaliação clínica adequada, ção (cápsulas) não recomendável nessa situação. O uso desse
incluindo exame físico detalhado, fundoscopia e medicamento, sobretudo de forma abusiva, foi analisado em
exames complementares, solicitados para avalia- parecer técnico do Conselho Regional de Medicina do Estado
ção das lesões em órgãos-alvo. de São Paulo (http://www.cremesp.org.br) – clicar em parece-
res (parecer CREMESP 45922 de 2003).
6.7.1 Urgências hipertensivas
A elevação crítica da pressão arterial, em geral pressão arte- 6.7.2 Emergências hipertensivas
rial diastólica ≥ 120 mmHg, porém com estabilidade clínica,
sem comprometimento de órgãos-alvo, caracteriza o que se É condição em que há elevação crítica da pressão arterial
convencionou definir como urgência hipertensiva (UH). com quadro clínico grave, progressiva lesão de órgãos-alvo
Pacientes que cursam com UH estão expostos a maior ris- e risco de morte, exigindo imediata redução da pressão arte-
co futuro de eventos cardiovasculares comparados com hi- rial com agentes aplicados por via parenteral (D) (tabela 9).
pertensos que não a apresentam, fato que evidencia o seu Há elevação abrupta da pressão arterial ocasionando, em
impacto no risco cardiovascular de indivíduos hipertensos e território cerebral, perda da autorregulação do fluxo san-
enfatiza a necessidade de controle adequado da pressão ar- guíneo e evidências de lesão vascular, com quadro clínico
terial cronicamente96. A pressão arterial, nesses casos, deverá de encefalopatia hipertensiva, lesões hemorrágicas dos va-
ser tratada com medicamentos por via oral buscando-se re- sos da retina e papiledema. Habitualmente, apresentam-se com
dução da pressão arterial em até 24 horas (D). pressão arterial muito elevada em pacientes com hipertensão
Embora a administração sublingual de nifedipino de ação rá- crônica ou menos elevada em pacientes com doença aguda,
pida seja amplamente utilizada para esse fim, foram descritos como em eclâmpsia, glomerulonefrite aguda, e em uso de dro-

Tabela 9 – Medicamentos usados por via parenteral para o tratamento das emergências hipertensivas
Medicamentos Dose Início Duração Efeitos adversos e precauções Indicações
Nitroprussiato de 0,25 –10 mg/kg/min EV Imediato 1–2 min Náuseas, vômitos, intoxicação por Maioria das
sódio (vasodilatador cianeto. Cuidado na insuficiência renal emergências
arterial e venoso) e hepática e na pressão intracraniana hipertensivas
alta. Hipotensão grave
Nitroglicerina 5–100 mg/min EV 2–5 min 3–5 min Cefaleia, taquicardia reflexa, Insuficiência corona-
(vasodilatador taquifilaxia, flushing, riana, insuficiência
arterial e venoso) meta-hemoglobinemia ventricular esquerda
Hidralazina 10–20 mg EV ou 10–30 min 3–12 h Taquicardia, cefaleia, vômitos. Piora Eclâmpsia
(vasodilatador de 10–40 mg IM 6/6 h da angina e do infarto. Cuidado com
ação direta) pressão intracraniana elevada
Metoprolol 5 mg EV (repetir 10/10 5–10 min 3–4 h Bradicardia, bloqueio Insuficiência
(bloqueador min, se necessário até atrioventricular avançado, coronariana.
β-adrenérgico 20 mg) insuficiência cardíaca, Dissecção aguda de
seletivo) broncoespasmo aorta (em combina-
ção com NPS).
Esmolol Ataque: 500 μg/kg 1–2 min 1–20 min Náuseas, vômitos, BAV 1o grau, Dissecção aguda de
(bloqueador Infusão intermitente: espasmo brônquico, hipotensão aorta (em combina-
β-adrenérgico 25–50 μg/kg/min ção com NPS).
seletivo de ação ↑ 25 μg/kg/min cada Hipertensão pós-
ultrarrápida) 10–20 min operatória grave
Máximo: 300 μg/kg/min
Furosemida 20–60 mg 2–5 min 30–60 min Hipopotassemia Insuficiência ven-
(diurético) (repetir após 30 min) tricular esquerda.
Situações de hiper-
volemia
Fentolamina Infusão contínua: 1–5 mg 1–2 min 3–5 min Taquicardia reflexa, flushing, tontura, Excesso de
(bloqueador Máximo: 15 mg náuseas, vômitos catecolaminas
β-adrenérgico)
(NPS: nitroprussiato de sódio)

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gas ilícitas, como cocaína. Podem estar associadas a acidente bre o impacto orçamentário. Existem modelos econômicos
vascular encefálico, edema agudo dos pulmões, síndromes is- específicos para análise de impacto no orçamento, em que
quêmicas miocárdicas agudas e dissecção aguda da aorta. o financiador estima, a partir do número de pessoas benefi-
Nesses casos, há risco iminente à vida ou de lesão orgânica ciadas e da prevalência da doença em questão, qual será o
grave. comprometimento no seu orçamento. Esta análise permite
Depois de obtida a redução imediata da pressão arterial, complementar a tomada de decisão sobre o financiamento
deve-se iniciar a terapia anti-hipertensiva de manutenção da terapêutica para HAS.
e interromper a medicação parenteral. A hidralazina é con- Dib et al.97 utilizaram a prevalência de 28,5% (33,6 milhões
traindicada nos casos de síndromes isquêmicas miocárdicas de indivíduos hipertensos no ano de 2005). Os autores le-
agudas e de dissecção aguda de aorta por induzir ativação varam em consideração que aproximadamente 50% dos in-
simpática, com taquicardia e aumento da pressão de pulso. divíduos hipertensos não estão diagnosticados98 e somente
Em tais situações, indica-se o uso de betabloqueadores e de 52% encontram-se em tratamento medicamentoso [Projeto
nitroglicerina ou nitroprussiato de sódio (C). Corações do Brasil (online). Atlas Corações do Brasil]99.
Na fase aguda de acidente vascular encefálico, a redução da Os grupos de pacientes foram divididos em estágios 1, 2 e 3,
pressão arterial deve ser gradativa e cuidadosa, evitando-se com prevalência de 53,3%, 35,7% e 11% respectivamente.
reduções bruscas e excessivas, não havendo consenso para O custo anual para tratamento da HAS no Sistema Único de
se estabelecer a pressão arterial ideal a ser atingida. Saúde foi de aproximadamente R$ 969.231.436,00, e no Sis-
tema Suplementar de Saúde, de R$ 662.646.950,00 (Tabela 10).
O custo total com o tratamento da HAS representou 0,08% do
6.8 Análise Econômica do Tratamento produto interno bruto (PIB) Brasileiro em 2005 (Tabela 10).
da Hipertensão Arterial Sistêmica Para subsidiar políticas de saúde em hipertensão, estudo brasi-
no Brasil leiro que avaliou taxas de conhecimento e controle da hiperten-
são arterial e a relação custo-efetividade do tratamento anti-hi-
A análise de custo-efetividade do tratamento anti-hiperten- pertensivo em uma cidade de grande porte do Estado de São
sivo é útil para orientar a alocação de recursos dos financia- Paulo mostrou que o uso de betabloqueador em monoterapia
dores do sistema de saúde, tanto públicos como privados, proporcionou a melhor taxa de controle da pressão arterial,
porém não é capaz de responder as questões específicas so- mas que o uso de diurético foi o mais custo-efetivo100.

Tabela 10 – Estimativa dos recursos utilizados com o tratamento da hipertensão arterial sistêmica em 2005
SUS (80%) % total Suplementar (20%) % total Total (R$)
Consulta médica 200.349.916,47 21% 278.632.334,16 42% 478.982.250,63
Avaliação nutricional 21.116.137,91 2% 29.366.814,31 5% 50.482.952,22
Exames complementares 160.328.821,93 17% 113.551.681,99 17% 273.880.503,92
Medicamentos
507.754.332,05 52% 181.340.832,87 27% 689.095.164,92
anti-hipertensivos
Atendimento de urgência 79.682.228,48 8% 59.755.287,01 9% 139.437.515,49
Total 969.231.436,83 662.646.950,35 1.631.878.387,19

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
T R ATA M E N T O M E D I C A M E N T O S O

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DIRETRIZES BRASI LEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
CAPÍTULO 6 T R ATA M E N T O M E D I C A M E N T O S O

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 7

Hipertensão Arterial Sistêmica


Secundária

A hipertensão arterial sistêmica secundária (HAS-S) tem pre- As situações em que se deve investigar a possibilidade de
valência de 3% a 5%. Antes de se investigarem causas secun- HAS-S estão na tabela 1.
dárias de HAS deve-se excluir: A seguir, serão discutidas as principais causas de HAS-S.
• medida inadequada da PA;
• hipertensão do avental branco; 7.1 Hiperaldosteronismo Primário (HAP)
• tratamento inadequado;
• não-adesão ao tratamento; É um grupo de doenças nas quais a produção de aldosterona
• progressão das lesões nos órgãos-alvos da hipertensão; está aumentada de uma forma relativamente autônoma em
• presença de comorbidades; relação ao sistema renina-angiotensina, não sendo supressí-
• interação com medicamentos. vel por sobrecarga salina ou bloqueio do SRAA. Essas doen-

Tabela 1 – Achados que sugerem hipertensão arterial secundária


Achados Suspeita diagnóstica Estudos diagnósticos adicionais
Ronco, sonolência diurna, síndrome meta- Apneia obstrutiva do sono Polissonografia
bólica (ver item 7.10 do texto)
Hipertensão resistente ao tratamento e/ou Hiperaldosteronismo primário Relação aldosterona/atividade de renina
com hipocalemia e/ou com nódulo adrenal plasmática
Insuficiência renal, doença cardiovascular Doença renal parenquimatosa Taxa de filtração glomerular, ultrassonogra-
aterosclerótica, edema, ureia elevada, crea- fia renal, pesquisa de microalbuminúria ou
tinina elevada, proteinúria/hematúria proteinúria
Sopro sistólico/diastólico abdominal, edema Doença renovascular Angiografia por ressonância magnética ou
pulmonar súbito, alteração de função renal tomografia computadorizada, ultrassono-
por medicamentos que bloqueiam o sistema grafia com Doppler, renograma, arteriogra-
renina-angiotensina fia renal
Uso de simpaticomiméticos, perioperatório, Catecolaminas em excesso Confirmar normotensão em ausência de
estresse agudo, taquicardia catecolaminas
Pulsos em femorais reduzidos ou retarda- Coarctação da aorta Doppler ou tomografia computadorizada
dos, raios-x de tórax anormal de aorta
Ganho de peso, fadiga, fraqueza, hirsutis- Síndrome de Cushing Determinações: cortisol urinário de 24 horas
mo, amenorreia, face em “lua cheia”, “cor- e cortisol matinal (8h) basal e 8 horas após
cova” dorsal, estrias purpúricas, obesidade administração de 1 mg de dexametasona
central, hipopotassemia às 24h.
Hipertensão paroxística com cefaleia, sudo- Feocromocitoma Determinações de catecolaminas e seus
rese e palpitações metabólitos em sangue e urina
Fadiga, ganho de peso, perda de cabelo, Hipotireoidismo Determinações de T4 livre e TSH
hipertensão diastólica, fraqueza muscular
Intolerância ao calor, perda de peso, pal- Hipertireoidismo Determinações de T4 livre e TSH
pitações, hipertensão sistólica, exoftalmia,
tremores, taquicardia
Litíase urinária, osteoporose, depressão, Hiperparatireoidismo Determinações de cálcio sérico e PTH
letargia, fraqueza muscular
Cefaleias, fadiga, problemas visuais, aumen- Acromegalia Determinação IGF-1 e de hormônio do cres-
to de mãos, pés e língua cimento basal e durante teste de tolerância
oral à glicose

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CAPÍTULO 7

Hipertensão com hipopotassemia espontânea ou induzida por diurético ou


hipertensão estágio 3 resistente a tratamento ou hipertensão com nódulo adrenal

Dosar aldosterona (A) sérica (ng/dl) e atividade de renina (R) plasmática

Relação A/R > 30 + Relação A/R < 30


aldosterona sérica > 15 ng/dl

Provável hiperaldosteronismo primário Baixa probabilidade de hiperaldosteronismo primário

Teste sobrecarga salina – soro fisiológico 2 litros EV 4h

Aldosterona suprimida < 5 ng/dl Aldosterona não-suprimida > 5 ng/dl

Hipertensão primária Hiperaldosteronismo primário confirmado

Tomografia ou ressonância das adrenais

Adenoma unilateral Doença micro ou macronodular bilateral

Adenoma produtor de aldosterona – APA Coleta de amostra de veias adrenais

Cirurgia ou tratamento clínico Lateralização + Lateralização –

Hiperaldosteronismo idiopático - HAI

Tratamento clínico
Figura 1
Fluxograma para investigação e tratamento do hiperaldosteronismo primário (HAP).

ças são representadas, principalmente, pela hiperplasia bila- Tabela 2 – Percentuais de sensibilidade e especificidade
teral das adrenais (HBA) e pelo adenoma unilateral produtor com os respectivos intervalos de confiança dos
testes bioquímicos para diagnóstico do feocromocitoma
de aldosterona (APA), mas podem ser causadas por hiper-
plasia adrenal unilateral, carcinoma adrenal, tumores extra- Teste Bioquímico Sensibilidade Especificidade
adrenais produtores de aldosterona, ou ter origem genética. Plasma
A prevalência do HAP na população de hipertensos, de modo Metanefrinas livres 99 (96–100) 89 (87–92)
geral, está em torno de 6,1%, mas pode variar de 3% a 22%, Catecolaminas 84 (78–89) 81 (78–84)
sendo mais alta nos hipertensos em estágio 3 e/ou de difícil
Urina
controle. Sabe-se que a prevalência de hipopotassemia no
hiperaldosteronismo primário varia de 9% a 37%1–3. Metanefrinas fracionadas 97 (92–99) 69 (64–72)
As etapas para rastreamento, confirmação de diagnóstico e Catecolaminas 86 (80–91) 88 (85–91)
tratamento estão descritas na figura 1. Metanefrinas – Total 77 (68–85) 93 (89–97)
Ácido vanilmandélico 64 (55–71) 95 (93–97)
7.2 Feocromocitoma e Paragangliomas
São tumores de células argentafins que se localizam na me-
dula adrenal (feocromocitomas) ou em regiões extra-adre- Octreoscan, mapeamento ósseo e tomografia por emissão
nais (paragangliomas), que, em geral, produzem catecolami- de pósitrons (PET) com diferentes marcadores podem ser
nas e se associam a quadro clínico de HAS paroxística (30% decisivos quando os exames de localização anteriormente
dos casos) ou sustentada com ou sem paroxismos (50% a citados são negativos ou então na investigação de doença
60%). O diagnóstico laboratorial do tumor é baseado nas maligna4.
dosagens de catecolaminas e seus metabólitos no sangue e O tratamento preferencial é o cirúrgico.
na urina (tabela 2). No tratamento clínico, medicamentoso, pré-operatório ou
Para o diagnóstico topográfico dos tumores e de metásta- crônico são usados alfabloqueadores como prazosina ou
ses, os métodos de imagens recomendados são: tomogra- doxazocina, combinados ou não com outros agentes, como
fia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética inibidores da ECA, bloqueadores dos canais de cálcio e beta-
(RNM), ambas com sensibilidade próxima a 100% para tu- bloqueadores (utilizados, apenas, após alfabloqueio efetivo).
mores adrenais. Entretanto, a RNM mostra-se superior na Em tumores inoperáveis ou no preparo pré-operatório pode
identificação dos paragangliomas. O mapeamento de corpo ser utilizada, quando disponível, droga inibidora da síntese
inteiro com metaiodobenzilguanidina (MIBG) tem sensibili- de catecolaminas: a alfametiltirosina (Demser®). Para a inter-
dade de 56% para os tumores malignos a 85% para os tu- venção cirúrgica, recomenda-se controle da PA com o uso
mores benignos, com especificidade aproximada de 100%. endovenoso de nitroprussiato de sódio e reposição volêmica,

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HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA SECUNDÁRIA

se necessária. Em crises agudas e durante a cirurgia, nitro- 7.6 Síndrome de Cushing


prussiato de sódio e antiarrítmicos endovenosos (xylocaína)
são agentes frequentemente utilizados5,6. Hipertensão arterial sistêmica com obesidade central, fascies
O seguimento clínico, bioquímico e radiológico, contínuo em lua cheia, pletora, fraqueza muscular, cansaço fácil, hirsu-
dos pacientes é essencial para a detecção de recorrências ou tismo, estrias abdominais e distúrbios emocionais levantam
metástases na doença maligna e de um segundo tumor nas a suspeita clínica de HAS secundária à síndrome de Cushing.
síndromes familiares. Esta síndrome é devida ao excesso de cortisol, que aumenta
a retenção de sódio e água promovendo expansão de volu-
me, sendo esse fato um dos fatores da síndrome relacionados
7.3 Hipotireoidismo com o aparecimento de HAS em cerca de 80% dos casos. A
causa do excesso de cortisol pode ser exógena devido à ad-
A prevalência de hipotireoidismo no Brasil não é conhecida ministração de glicocorticoides ou do hormônio adrenocorti-
com precisão, mas, estima-se que esteja entre 5% e 10%, cotrópico (ACTH), ou endógena, por excesso de produção de
sendo mais frequente no sexo feminino7. A hipertensão arte- cortisol ou de ACTH. Teste de supressão com dexametasona e
rial sistêmica ocorre em 20% dos pacientes com hipotireoi- medida do cortisol livre na urina de 24h são os exames reco-
dismo8–10. O diagnóstico precoce é feito pela dosagem de mendados para a investigação para fins diagnósticos.
TSH aumentado e confirmado com a diminuição gradativa A escolha e o sucesso do tratamento dependem do diag-
de T4 livre. Achados clínicos mais comuns são ganhos de nóstico correto e da instituição do tratamento adequado. O
peso, queda de cabelo e fraqueza muscular. tratamento de escolha da síndrome de Cushing é a ressecção
O tratamento deve ser iniciado com a reposição de hormô- cirúrgica da pituitária, da fonte ectópica de ACTH ou, em
nio tireoidiano e caso persista a HAS está indicado o uso de alguns casos, a remoção do tumor adrenocortical produtor
medicamentos anti-hipertensivos (C). de cortisol. Para o controle da PA é fundamental o controle
hidrossalino com dieta e diuréticos, bem como associação
com outras classes de medicamentos, como os inibidores
7.4 Hipertireoidismo da angiotensina II, os antagonistas dos canais de cálcio e os
A prevalência de hipertireoidismo no Brasil está em torno simpatolíticos centrais13.
de 6,5%7, mas pelo excesso de iodo na dieta provavelmente
esta doença deve estar se tornando mais prevalente.
7.7 Acromegalia
A apresentação clínica mimetiza um quadro hiperadrenér-
gico. Os principais sintomas incluem palpitação, tremor, fa- A grande maioria dos casos de acromegalia decorre do ex-
diga, intolerância ao calor, hiperatividade, perda de peso e cesso de hormônio de crescimento (GH) produzido por um
labilidade emocional. Os sinais mais importantes são: exof- adenoma da glândula pituitária. Outras formas de acrome-
talmia, hipertermia, reflexos exaltados, primeira bulha com galia são liberações do GH em excesso devido a um tumor
acentuação do componente pulmonar e pele úmida11. hipotalâmico ou carcinoide localizado em outras áreas.
O diagnóstico é confirmado por nível baixo de TSH e elevado As alterações estruturais e funcionais da acromegalia res-
de T4 livre. O tratamento é geralmente acompanhado por pondem bem ao controle dos níveis sanguíneos de GH. Em
normalização da PA. Betabloqueadores são a primeira esco- muitos casos há cura com controle da PA, particularmente
lha para controlar os sintomas adrenérgicos (C). quando o diagnóstico e o tratamento da acromegalia são
realizados precocemente14.

7.5 Hiperparatireoidismo
7.8 Coarctação da Aorta15
O hiperparatireoidismo primário pode ser devido a um ade-
noma ou a hiperplasia da glândula paratireóide. O hiper- A coarctação da aorta (CoAo) é causa de HAS-S encontrada
paratireoidismo secundário geralmente surge em estágios especialmente em crianças e adultos jovens, sendo a quarta
avançados de insuficiência renal crônica. Existe ainda o pseu- causa mais frequente de cardiopatia congênita, correspon-
do-hiperparatireoidismo que é devido a uma resistência à dendo a 7% das doenças cardíacas inatas. É mais prevalente
ação do paratormônio. Em todas essas situações é frequente no sexo masculino requerendo tratamento cirúrgico no pri-
HAS com prevalências de 10% a 70% em hiperparatireoidis- meiro ano de vida.
mo primário e 40%–50% em pseudo-hiperparatireoidismo. Pode ocorrer em qualquer local da aorta, embora seja mais co-
As causas que levam ao aumento da PA são multifatoriais. O mum logo após a origem da subclávia esquerda. É muito impor-
quadro clínico manifesta-se, geralmente, por história de lití- tante o diagnóstico precoce, pois há uma relação inversa entre
ase renal, osteoporose, depressão, letargia e fraqueza mus- o tempo de exposição à HAS e a sua reversão após a correção.
cular. O diagnóstico é feito pela dosagem de cálcio e PTH. A O exame físico revela HAS em membros superiores com uma
correção cirúrgica do hiperparatireoidismo reduz a PA dos pressão arterial sistólica pelo menos 10 mmHg maior na ar-
hipertensos e não modifica a PA nos normotensos12. téria braquial em relação à artéria poplítea. A ausência ou

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CAPÍTULO 7

diminuição dos pulsos pediosos pode também re- Tabela 3 – Características sugestivas de hipertensão
presentar indício da CoAo. A ausculta pode revelar renovascular
sopro sistólico interescapular proveniente do local Início abrupto da hipertensão arterial, antes dos 30 ou após os 50 anos
da coarctação e também sopro sistólico amplo em Hipertensão estágio II ou III, acelerada ou maligna
crescendo-decrescendo em toda a parede toráci- Hipertensão refratária à múltipla terapia
ca por causa da dilatação das artérias intercostais Hipertensão estágio II ou III na presença de aterosclerose difusa
colaterais.
Presença de sopro epigástrico sistólico/diastólico
O tratamento da CoAo é sempre intervencionista,
podendo ser realizado por procedimento endo- Hipertensão estágio II ou III com insuficiência renal sem explicação
vascular em indivíduos mais jovens ou em crian- Azotemia significativa induzida por inibidor da enzima conversora
ças, ou cirurgia, nos casos de hipoplasia do arco aór- da angiotensina ou por bloqueador do receptor da angiotensina
tico e/ou necessidade de ressecção da coarctação. A Assimetria no tamanho renal
resposta sobre a PA ao tratamento intervencionis- Edema pulmonar sem causa aparente em paciente com hipertensão
ta da CoAo depende, em grande parte, da duração da hiper-
tensão no período pré-operatório e da idade do paciente. Há
cura da HAS em até 50% dos pacientes, mas pode recorrer Tabela 4 – Testes para detecção de hipertensão renovascular
tardiamente, especialmente se a intervenção foi feita em ida-
Tipo de teste Sensibilidade (%) Especificidade (%)
des mais avançadas.
Cintilografia com
92–94 95–75
captopril

7.9 Hipertensão Renovascular Ultrassom com Doppler 84–91 95–97


Angiografia digital 88 90
A hipertensão renovascular (HR) é definida como HAS decor-
Angiorressonância* 90–95 95
rente de uma isquemia renal, geralmente causada por uma * Na identificação de estenoses da artéria renal acima de 50%.
lesão obstrutiva parcial ou completa de uma ou ambas as
artérias renais. Sua prevalência atinge 5% dos pacientes com
HAS16,17–19.
A HR pode ser causada por aterosclerose, a causa mais
comum, com prevalência em torno de 90%, ou displasia plante de stents no vaso acometido e abordagem cirúrgica
fibromuscular20,21. A estenose aterosclerótica de artéria re- por revascularização ou autotransplante.
nal é geralmente progressiva. Cerca de 40% das obstruções
arteriais acima de 75% evoluem para obstrução total entre
um a cinco anos22–25. 7.9.2.1 Medicamentoso
A displasia fibromuscular, por sua vez, é mais frequentemen- O tratamento medicamentoso é uma opção terapêutica bas-
te encontrada em mulheres jovens de cor branca. Entre os tante aceitável na ausência de evidências sugestivas de que
vários tipos de lesões fibrodisplásicas a mais comum é aque- a estenose da artéria renal é causadora de HAS ou isquemia
la que envolve a camada média da parede do vaso. Geral- renal. A maior parte dos pacientes com estenose de artéria
mente seu acometimento é bilateral envolvendo as porções renal é formada por indivíduos com HAS primária preexisten-
distais da artéria renal. te e doença aterosclerótica concomitante. Não existe teste
que determine se existe uma relação causal entre esteno-
7.9.1 Diagnóstico se da artéria renal e hipertensão arterial. O estudo CORAL
(Cardiovascular Outcomes in Renal Atherosclerotic Lesions),
Devido à baixa incidência de HR em pacientes com hiper- ainda em andamento, tem por objetivo responder qual a
tensão não-complicada, o rastreamento aplicado a todos os abordagem mais apropriada para os casos de HR de causa
indivíduos não é custo-efetivo, nessas condições25. Algumas aterosclerótica26.
características clínicas (tabela 3) chamam a atenção para a Como a HAS secundária à estenose da artéria renal pode ser
possibilidade de hipertensão renovascular. dependente da ativação do SRAA, o uso de medicamentos
Os métodos disponíveis e mais comumente utilizados para o que o bloqueiem, como os inibidores da enzima converso-
diagnóstico de HR apresentam sensibilidade e especificidade ra da angiotensina (nível de evidência A) e os bloqueadores
diferentes (tabela 4) (nível de evidência B). dos receptores AT1 da angiotensina II (nível de evidência B)
podem ser especialmente eficazes27. Contudo, esses medica-
mentos são contraindicados em pacientes com estenose de
7.9.2 Tratamento artéria renal bilateral ou unilateral em rim único. No mesmo
nível de evidência em que estão os inibidores da enzima con-
Três são as possibilidades terapêuticas na HR: medicamen- versora da angiotensina estão os antagonistas dos canais de
tosa, dilatação da estenose da artéria renal com ou sem im- cálcio (nível de evidência A)28,29.

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HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA SECUNDÁRIA

7.9.2.2 Cirurgia x procedimento ativação simpática, diminuição da sensibilidade dos baror-


percutâneo receptores, aumento de marcadores inflamatórios, espécies
reativas de oxigênio, endotelina-1, além de disfunção endo-
Considera-se estenose significativa de artéria renal a que telial, dentre outros51.
oclui pelo menos 60% da luz do vaso estimada visualmente A suspeita clínica deve ser realizada especialmente se o paciente
com gradiente de lesão maior que 20 mmHg ou gradiente tiver diagnóstico concomitante de síndrome metabólica, pois
médio maior que 10 mmHg30. esta condição mostrou ser uma excelente preditora de AOS
Pacientes com lesões fibrodisplásicas e aparecimento recente em pacientes com HAS44. Deve-se, também, considerar essa
de HAS tendem a se beneficiar mais com a correção da es- possibilidade em pacientes hipertensos entre 40 e 70 anos, so-
tenose, podendo até mesmo evoluir para a normalização da bretudo se houver alta probabilidade estimada pela aplicação
PA31,32. Pacientes com lesões ateroscleróticas e longa história do questionário de Berlin51 ou quando o paciente apresentar
de HAS podem apresentar pouca ou nenhuma melhora após alterações no padrão de descenso fisiológico do sono53.
o procedimento33–36. Podem ocorrer complicações em decor- O diagnóstico é confirmado pelo achado de cinco ou mais
rência da intervenção percutânea para correção da estenose episódios de apneia e/ou hipopneia por hora – índice de ap-
de artéria renal. A tabela 5 mostra as possíveis complicações neia–hipopneia – na polissonografia37.
em decorrência da angioplastia. Para o tratamento da SAHOS, considerar sempre a perda de
peso, particularmente nos indivíduos com HAS associada a
Tabela 5 – Complicações possíveis da revascularização sobrepeso ou obesidade54. O tratamento de escolha para os
percutânea casos moderados e graves (índice de apneia–hipopneia ≥ 15
Formação de hematomas eventos por hora) é o uso da pressão positiva contínua em
vias aéreas superiores (CPAP) durante o sono52. Este trata-
Hemorragias
mento parece resultar em reduções da PA em hipertensos
Infecção
não-controlados e especialmente em hipertensos refratá-
Formação de pseudoaneurisma rios55–58. No que diz respeito ao tratamento anti-hipertensivo
Formação de fístula arteriovenosa medicamentoso, não há, até o momento, evidências de que
Nefropatia induzida por contraste uma classe anti-hipertensiva seja superior a outra58.
Insuficiência renal por microembolização de cristais de colesterol
Embolia para membros inferiores ou mesentério
7.11 Doença Renal Crônica (DRC)
Perfuração da artéria renal
Óbito (raramente) A associação entre HAS e DRC é bem conhecida, tendo em
vista que a doença renal é de longe a maior causa de HAS
secundária59–62. Sua prevalência é bastante elevada em pa-
7.10 Síndrome da Apneia e Hipopneia cientes com doença renal, situando-se entre 60%–100%, de
Obstrutiva do Sono (SAHOS) acordo com o tipo de população estudada59–62. Entretanto,
existem diferentes tipos de acometimento renal, sendo o
A SAHOS é definida como a obstrução recorrente das vias aé- diagnóstico causal importante para a escolha adequada do
reas superiores durante o sono, resultando em períodos de ap- tratamento anti-hipertensivo a ser instituído63,64.
neia, hipopneia, dessaturação de oxiemoglobina e despertares Os principais mecanismos patogênicos da HAS na DRC são a
frequentes com alteração da arquitetura do sono36. Diversas sobrecarga de volume e a maior ativação do SRAA60–62,64.
evidências clínicas e experimentais sugerem que a SAHOS está A meta a ser atingida com o tratamento da HAS em pacien-
relacionada ao desenvolvimento de HAS independentemente tes com DRC deve ser de PA ≤ 130/80 mmHg (B)63,65. Todas as
da obesidade37–41. O conjunto dessas e de outras evidências classes de anti-hipertensivos são eficazes na redução da PA
fez com que fosse incluída, em 2003, como uma causa de nesses pacientes63,65,66. Assim, o tratamento deve ser indivi-
HAS-S42. Estima-se que a prevalência da SAHOS em pacien- dualizado, tendo-se em mente a causa da DRC e a presença
tes com HAS e hipertensão arterial refratária gire em torno de doença cardiovascular preexistente. O tratamento anti-
de 30% a 56% e 71% a 82% respectivamente43–46. Evidências hipertensivo em pacientes com DRC deve visar não apenas a
sugerem também que a SAHOS pode contribuir para o surgi- redução da PA, mas também a redução da proteinúria63,65,66.
mento de lesões de órgãos-alvo47 e de aceleração do processo Os IECAs e os BRAs II reduzem a proteinúria e a progressão
de aterosclerose nos pacientes hipertensos68. No entanto, a da DRC independentemente da doença de base (A)63.
falta de diagnóstico de SAHOS é ainda muito frequente44,49,50. Os inibidores diretos de renina mostraram-se efetivos na re-
Embora os mecanismos precisos pelos quais promova o au- dução da PA e da albuminúria em pacientes diabéticos; con-
mento persistente da PA, não somente durante o período de tudo, pelo pequeno número de estudos, e pela não inclusão
sono, não sejam totalmente conhecidos, alguns importantes de pacientes com DRC estágios 4–5 nos estudos realizados, a
componentes que contribuem diretamente para o remode- importância desta classe de medicamentos nessas condições
lamento vascular já foram descritos. Entre eles incluem-se a ainda não está completamente estabelecida67,71.

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CAPÍTULO 7

Tabela 6 – Medicamentos e drogas, lícitas e ilícitas, relacionadas com o desenvolvimento ou agravamento da


hipertensão arterial sistêmica

Classe de medicamentos Efeito sobre a PA e frequência Ação sugerida


Imunossupressores
Ciclosporina, tacrolimus Intenso e frequente Inibidor de ECA e antagonista de
canal de cálcio (nifedipino/anlodipi-
no). Ajustar nível sérico. Reavaliar
opções
Glicocorticoide
Anti-inflamatórios não-esteroides
Inibidores da ciclooxigenase 1 e Eventual, muito relevante com uso contínuo Observar função renal e informar
ciclooxigenase 2 efeitos adversos
Anorexígenos/Sacietógenos
Anfepramona e outros Intenso e frequente Suspensão ou redução de dose
Sibutramina Moderado, mas pouco relevante Avaliar a redução da pressão arte-
rial obtida com a redução de peso
Vasoconstritores, incluindo deriva- Variável, mas transitório Usar por período determinado
dos do ergot
Hormônios
Eritropoietina humana Variável e frequente Avaliar hematócrito e dose
semanal
Anticoncepcionais orais Variável, prevalência de hipertensão até 5% Avaliar a substituição do método
com especialista
Terapia de reposição estrogênica Variável Avaliar risco e custo-benefício
(estrogênios conjugados e estradiol)
Hormônio de crescimento (adultos) Variável, uso cosmético Suspensão
Antidepressivos
Inibidores da monoaminoxidase Intenso, infrequente Abordar como crise adrenérgica
Tricíclicos Variável e frequente Abordar como crise adrenérgica
Vigiar interações medicamentosas
Drogas ilícitas e álcool
Anfetamina, cocaína e derivados Efeito agudo, intenso. Dose-dependente Abordar como crise adrenérgica
Álcool Variável e dose-dependente Vide tratamento
Muito prevalente não-medicamentoso

Tendo-se em mente que a hipervolemia é um importante de- atividade aumentada do sistema nervoso simpático, os alfa-
terminante da elevação da PA nesses pacientes, os diuréticos bloqueadores e os inibidores adrenérgicos de ação central são
devem ser incluídos na maioria dos esquemas anti-hiperten- medicamentos que podem ser utilizados, alternativamente,
sivos (A)63,65,73,74. Antagonistas dos canais de cálcio não-dihi- em associação com outras classes de anti-hipertensivos85,82.
dropirimidínicos são efetivos na redução da proteinúria em Por fim, antagonistas da aldosterona também se mostraram
pacientes com DRC secundária a nefropatia diabética63,74–76. efetivos na redução da proteinúria, mesmo em pacientes
Em contrapartida, os dihidropirimidínicos, além de terem que já se encontravam utilizando IECA e BRA em associação,
mostrado ser menos efetivos que outras classes de drogas em contudo com aumento do risco de hipercalemia63,83.
reduzir a progressão da doença renal, podem também agra- Em pacientes com DRC estágio 5 em terapia dialítica, a hi-
var a proteinúria em pacientes com DRC, diabéticos e não-dia- pervolemia tem papel preponderante na etiologia da HAS.
béticos. Por esta razão, em pacientes com DRC e proteinúria, Dessa forma, o ajuste adequado do “peso-seco” é a medida
recomenda-se o uso dos ACC dihidropirimidínicos apenas se primordial para controle da PA nessa população (A)84–95.
associados a um IECA ou BRA63,77–80. Como é grande a pre-
valência de doença coronariana em pacientes com DRC, os
betabloqueadores com frequência fazem parte do esquema 7.12 Medicamentos e Drogas
anti-hipertensivo desta população. Nesse sentido é interessan-
te notar que o carvedilol, especificamente, mostrou-se eficaz A tabela 6 apresenta os medicamentos e drogas, lícitas e ilí-
na redução da albuminúria em pacientes diabéticos tipo 263,81. citas, relacionadas com o desenvolvimento ou agravamento
Sabendo-se, também, que pacientes com DRC apresentam da HAS.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA SECUNDÁRIA

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53

Diretriz cap_07.indd 53 21/05/2010 10:41:29


CAPÍTULO 7

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JANEIRO / MARÇO 2010


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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA SECUNDÁRIA

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71. Lebovitz HE, Wiegmann TB, Cnaan A, RD, Whittier F, Cattran D, et al. Remission 91. Bakris GL, Fonseca V, Katholi RE, McGill
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74. Nielsen FS, Rossing P, Gall MA, Skott P, Dry-weight reduction in hypertensive
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hypertensive NIDDM subjects with dia- disease? Curr Opin Nephrol Hypertens 53(3): 500–507.
betic nephropathy. Diabetes 1994; 43(9): 2009; 18(5): 397–403.
1108–1113. 95. Horl MP, Horl WH. Dialysis: Normovolemia
84. Persson F, Rossing P, Schjoedt KJ, Juhl T, is a therapeutic target for hypertension.
Tarnow L, Stehouwer CD, et al. Time cour- Nat Rev Nephrol 2009; 5(8): 438–439.
se of the antiproteinuric and antihyper-
tensive effects of direct renin inhibition in
type 2 diabetes. Kidney Int 2008; 73(12):
1419–1425.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 8

Hipertensão em Situações Especiais

8.1 Afrodescendentes e Miscigenados (GR IIa, NE B)21. As evidências disponíveis sugerem redução
de eventos sem impacto sobre a mortalidade (GR IIa, NE
Os afrodescendentes em geral respondem menos à monote- B)22. Os idosos portadores de comorbidades múltiplas não-
rapia com betabloqueadores, IECA e BRA do que aos diuréti- cardiovasculares devem ter seu tratamento cuidadosamente
cos e ACC dihidropiridínicos (grau de recomendação [GR] II, individualizado.
nível de evidência [EV] B)1,2. A escolha do anti-hipertensivo
para tratar este grupo étnico é norteada pela presença de co-
morbidades e pela eficácia em atingir as metas pretendidas3. 8.3 Crianças e Adolescentes
O uso de terapia não-medicamentosa tem apresentado me-
lhores resultados em afrodescendentes do que em brancos Quanto mais altos forem os valores da PA e mais jovem o
(GRI, EVA)4–6. Em indivíduos com proteinúria o uso de IECA paciente, maior é a possibilidade de a HAS ser secundária,
está indicado, da mesma forma que ocorre em indivíduos de com maior prevalência das causas renais (GR 1, NE C). A in-
cor branca (GRI, NEA)7. gestão de álcool, o tabagismo, uso de drogas ilícitas, utili-
zação de hormônios esteroides, hormônio do crescimento,
anabolizantes e anticoncepcionais orais devem ser conside-
8.2 Idosos rados possíveis causas de hipertensão nesta população (GR
1, NE C). O objetivo do tratamento é atingir valores de PA
O objetivo do tratamento é a redução gradual da PA para sistólica e diastólica abaixo do percentil 95 para sexo, altura
valores abaixo de 140/90 mmHg. Em pacientes com valores e faixa etária na HAS não-complicada, e abaixo do percen-
muito elevados de PA sistólica, podem ser mantidos inicial- til 90 quando complicada por comorbidades. O tratamen-
mente níveis de até 160 mmHg (GR I, NE A). Não está bem to não-medicamentoso deve ser recomendado a partir do
estabelecido o nível mínimo tolerável da PA diastólica (GR I, percentil 90 de PA sistólica ou diastólica, correspondente
NE A)8,9. à hipertensão limítrofe (GR 1, NE C). O emprego de medi-
O tratamento não-medicamentoso é recomendado para camentos anti-hipertensivos deve ser considerado para os
os idosos (GR I, NE A)10, e a redução de sal moderada na que não respondem ao tratamento não-medicamentoso,
dieta é benéfica (GR I, NE B)11. Quando o tratamento me- naqueles com evidência de lesão em órgãos-alvo ou fatores
dicamentoso for necessário, a dose inicial deve ser mais de risco conhecidos, como diabetes, e na hipertensão arte-
baixa, e o incremento de doses ou a associação de novos rial secundária (GR 1, NE C). Não há estudos de longo prazo
medicamentos devem ser feitos com mais cuidado (GR sobre o uso de anti-hipertensivos na infância ou na adoles-
I, NE C). A presença de outros fatores de risco e lesões cência. A escolha dos medicamentos obedece aos mesmos
de órgão-alvo e doença cardiovascular associada devem critérios utilizados para adultos. Medicamentos das classes
nortear a escolha do anti-hipertensivo inicial (GR I, NE IECA e BRA II não devem ser utilizados em adolescentes do
C)12. A maioria, porém, necessita de terapia combinada, sexo feminino, exceto quando houver indicação absoluta,
principalmente para o controle adequado da PA sistólica em razão da possibilidade de graves efeitos associados à uti-
(GR I, NE C). lização desses medicamentos durante o período gestacional
Ocorre redução de morbidade e mortalidade com diferentes (GR 1, NE C)23.
agentes: diuréticos tiazídicos, betabloqueadores em combi-
nação, antagonistas de canais de cálcio de ação longa, IECA
e BRA (GR I, NE A)13–17. O tratamento da hipertensão no idoso 8.4 Hipertensão Arterial na Mulher
reduz a incidência de déficit cognitivo e demência (GR I, NE
C)12,18–20. A mulher se expõe a situações especiais que por si só con-
O tratamento de hipertensos com idade acima de 79 anos tribuem para o surgimento de HAS – o uso de contraceptivo
por meio da associação de IECA e diurético reduziu o de- oral (CO), a gestação e a própria menopausa, como exem-
senvolvimento de AVE e das taxas de insuficiência cardíaca plos.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
HIPERTENSÃO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

8.4.1 Contraceptivos orais (CO) categorias principais: pré-eclâmpsia, eclâmpsia; pré-eclâmp-


sia superposta à hipertensão crônica; hipertensão crônica;
Embora não seja frequente a HAS induzida por CO, os riscos hipertensão gestacional.
de complicações cardiovasculares associadas ao seu uso são
consistentemente maiores em mulheres fumantes, com ida-
8.4.4.1 Pré-eclâmpsia, eclâmpsia e
de superior a 35 anos. A prescrição de CO deverá levar em
pré-eclâmpsia sobreposta
conta as seguintes recomendações:
• a menor dose efetiva de estrogênio e progestágeno;
A pré-eclâmpsia é caracterizada pelo aparecimento de HAS e
• monitorizar a pressão arterial de seis em seis meses ou a
proteinúria (> 300 mg/24h) após a 20a semana de gestação
qualquer momento em que a mulher não se sentir bem;
em mulheres previamente normotensas. A eclâmpsia corres-
• suspender o uso se a PA se elevar significativamente, pro-
ponde à pré-eclâmpsia complicada por convulsões que não
vendo outro método anticoncepcional alternativo;
podem ser atribuídas a outras causas. Pré-eclâmpsia super-
• tratar apropriadamente e proceder à investigação diagnós-
posta à HAS crônica é definida pela elevação aguda da PA à
tica adequada caso a PA não retorne aos valores normais
qual se agregam proteinúria, trombocitopenia ou anormali-
dentro de três meses;
dades da função hepática, em gestantes portadoras de HAS
• manter o CO caso não haja outra forma de contracepção
crônica, com idade gestacional superior a 20 semanas.
aplicável e considerar o uso de anti-hipertensivos para
Para prevenção da pré-eclâmpsia não se recomenda pres-
controlar a PA;
crever ácido acetilsalicílico para gestantes normais (GR III,
• os CO não devem ser utilizados em mulheres fumantes
NE A)31–33, porém em mulheres com risco moderado e ele-
com mais de 35 anos, principalmente se portadoras de HA
vado de pré-eclâmpsia o uso de baixas doses pode ser útil,
não-controlada, lúpus eritematoso sistêmico, história pré-
sendo iniciado na 12a à 14a semana de gestação (GR IIa, NE
via de doença tromboembólica;
B)33–35. A suplementação de cálcio não é recomendável para
• devem ser usados com cautela em mulheres portadoras de
as gestantes que ingerem quantidades normais desse íon
enxaqueca, sendo contraindicados em casos de enxaqueca
(GR III, NE A)33, mas admite-se que a sua suplementação
com aura e sintomas neurológicos focais24–26.
oral possa ter efeitos favoráveis na prevenção entre gestan-
tes de moderado a alto risco e com baixa ingestão (GR IIa,
8.4.2 Hipertensão após a menopausa NE A)36–38.
O tratamento definitivo da pré-eclâmpsia é a interrupção da
O tratamento da HAS na mulher após a menopausa deve gestação, sempre benéfica para a mãe. Entretanto, a inter-
sempre começar por modificações no estilo de vida. Quando rupção da gestação pode não ser benéfica para o feto devido
necessário são introduzidas drogas anti-hipertensivas27. As às complicações inerentes à prematuridade. Embora o feto
decisões de se iniciar o tratamento medicamentoso a partir esteja também em risco, muitas vezes é instituído tratamen-
de valores de PA mais baixos, podem ser tomadas levando-se to conservador para assegurar maior grau de maturidade
em conta as mesmas indicações que norteiam o tratamento fetal30.
anti-hipertensivo nas mulheres em geral. O tempo para a interrupção da gravidez é baseado, sobre-
tudo na idade gestacional, nas condições maternas e fetais
e na gravidade da pré-eclâmpsia. Na gestação a termo não
8.4.3 Terapêutica de reposição hormonal (TRH) existem dúvidas e a indicação é feita no momento do diag-
nóstico. Recomenda-se, ainda, que a intervenção seja consi-
A TRH não é recomendada para prevenção primária ou se- derada em todos os casos a partir da 37a semana de gravidez
cundária de doença cardiovascular, podendo mesmo aumen- (GR IIa, NE C)39–41. No período pré-termo, inferior a 37 sema-
tar o risco cardiovascular ou outras doenças, como câncer nas, algumas considerações deverão ser feitas:
de mama, demência, tromboembolismo e colecistopatia. • mulheres com idade gestacional de 32 a 34 semanas e
Recomenda-se a TRH apenas para o tratamento de sintomas mais poderão ser consideradas para tratamento conserva-
pós-menopáusicos, enfatizando que ela deverá ser prescrita dor em unidades especializadas (GR IIa, NE C);
na menor dose efetiva e durante curto período de tempo28,29. • a administração de corticoide está indicada para grávidas
A simples presença de HAS não deve ser limitação para a TRH pré-eclâmpticas com idade gestacional entre 24 e 34 se-
se ela tiver que ser aplicada. manas (GR IIa, NE B)42;
• a interrupção da gestação deverá sempre ser considerada
nos casos de pré-eclâmpsia grave independentemente da
8.4.4 Hipertensão na gravidez
idade gestacional41.
A definição de hipertensão na gravidez considera os valores Recomenda-se o uso de sulfato de magnésio para prevenir
absolutos de PA sistólica > 140 mmHg e/ou diastólica > 90 eclâmpsia em mulheres com pré-eclâmpsia grave (GR I, NE A)
mmHg. A PA diastólica deve ser identificada pela fase V de e para a prevenção de eclâmpsia, se a pré-eclâmpsia é leve,
Korotkoff30. A HAS na gestação é classificada nas seguintes porém com impacto diferente (GR IIa, NE B)43.

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CAPÍTULO 8

As indicações para o tratamento anti-hipertensi- As opções de uso de anti-hipertensivos orais são as mesmas
vo não se baseiam em ensaios clínicos com desfe- apresentadas para as gestantes portadoras de HA crônica ou
chos claramente definidos, mas sim em padrões preexistente. A alfametildopa é a droga preferida por ser a
da prática clínica estabelecidos ao longo de mui- mais bem estudada e não haver evidência de efeitos deleté-
tos anos. rios para o feto (GR I, NE C)30. Outros ACC, como nifedipi-
Sugere-se que o tratamento seja instituído no, anlodipino e verapamil, podem ser considerados drogas
mais precocemente quando a PA for ≥ 150/100 alternativas44,48,49. Os betabloqueadores são considerados
mmHg44. Em situações especiais, como é o caso seguros na gravidez, embora se atribua a eles redução no
de gestantes adolescentes com PA anterior à gra- crescimento fetal50.
videz inferior a 90/75 mmHg e em grávidas com Na pré-eclâmpsia, a prescrição de diuréticos é geralmente
sintomas que podem ser atribuídos à HAS, admi- evitada, porém os tiazídicos podem ser continuados em ges-
te-se iniciar o tratamento mais precocemente30. O tantes com HA crônica, desde que não promovam depleção
objetivo do tratamento anti-hipertensivo na pré- de volume51,52. Os IECAs e os BRAs são contraindicados53,54.
eclâmpsia é alcançar PA sistólica entre 130 a 150 mmHg e PA
diastólica de 80 a 100 mmHg44.
8.4.4.2 Hipertensão arterial sistêmica
crônica
Quanto ao tratamento, dois cenários devem ser considera-
dos:
A HAS crônica é definida por hipertensão registrada antes da
• Tratamento agudo – Em urgência ou emergência hiper- gestação, no período que precede a 20a semana de gravidez,
tensiva requerendo hospitalização, monitoração intensi- ou além de doze semanas após o parto.
va, antecipação do parto e administração parenteral de Em relação à HAS crônica, recomenda-se o início ou a reinsti-
anti-hipertensivos; recomenda-se a administração endo- tuição do tratamento medicamentoso com PA sistólica ≥ 150
venosa de sulfato de magnésio considerado a droga de mmHg e PA diastólica de 95 a 99 mmHg ou sinais de lesão em
escolha para prevenção da eclâmpsia (GR I, NE A)41. Para órgão-alvo44. Para gestantes portadoras de HAS crônica que
o tratamento da HAS grave recomenda-se hidralazina en- estão em uso de anti-hipertensivos e PA < 120/80 mmHg,
dovenosa30. A escolha para o tratamento da emergência recomenda-se reduzir ou mesmo descontinuar o tratamento
hipertensiva dependerá da experiência e familiaridade com e iniciar monitorização cuidadosa da PA (GR II, NE C)44.
a medicação. Em situações excepcionais, principalmente
quando existe risco de edema pulmonar concomitante,
8.4.4.3 Hipertensão gestacional
admite-se o uso de nitroprussiato de sódio por período
inferior a quatro horas, como última opção para controle
É caracterizada por HA detectada após a 20a semana, sem
urgente da HAS grave e refratária30,45.
proteinúria, podendo ser definida como “transitória” quan-
A administração de nifedipino de ação rápida, por via oral
do ocorre normalização após o parto, ou “crônica”, quando
ou sublingual, deve ser evitada (GR III)46.
persistir a hipertensão.
• Tratamento de longo prazo – Em pacientes com pré-
eclâmpsia com quadro clínico estabilizado sem necessi- 8.5 Tratamento Anti-hipertensivo na
dade de parto imediato, está indicado tratamento anti-
Lactante
hipertensivo por via oral (GRI, NE B)44. Recomenda-se não
prescrever anti-hipertensivo para HAS com valores de PA < A utilização de anti-hipertensivos na mulher que está ama-
150/100 mmHg associada a pré-eclâmpsia (GR II, NE B)45 mentando merece alguns cuidados. É necessário considerar
ou a hipertensão crônica (GR II, NE B)44. Não há comprova- que todos os medicamentos, de alguma forma e com dife-
ção de benefícios para a mãe ou para o feto, exceto redu- rentes concentrações, passam para o leite materno. A tabe-
ção do risco de HAS grave, que é considerado insuficiente la 1 mostra as medicações anti-hipertensivas disponíveis no
diante da exposição do feto ao risco potencial de compro- Brasil consideradas seguras, moderadamente seguras e as
metimento do seu crescimento47. não-recomendadas para essa situação em particular55.

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
HIPERTENSÃO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

Tabela 1 – Segurança para o lactente com o uso de medicações anti-hipertensivas pela lactante55
Medicamentos Recomendação
Diuréticos: hidroclorotiazida, espironolactona
Inibidores adrenérgicos: alfametildopa, propranolol
Vasodilatadores: hidralazina, minoxidil Seguros
Antagonistas dos canais de cálcio: verapamil, nifedipino, nitrendipino
Inibidores da ECA: benazapril, captopril, enalapril, quinadril
Diuréticos: indapamida, furosemida, triantereno
Inibidores adrenérgicos: atenolol, bisoprolol, carvedilol, metoprolol
Antagonistas dos canais de cálcio: anlodipino, isradipino, nisoldipino Moderadamente seguros
Inibidores da ECA: fosinopril, lisinopril, ramipril
Bloqueadores do receptor AT1: candesartana, olmesartana, telmisartana
Inibidores adrenérgicos: reserpina, nadolol, prazosina, terazosina
Inibidores da ECA: fosinopril*, quinapril* Potencialmente perigosos
Bloqueadores do receptor AT1: telmisartana*, valsartana
* Uso no período perinatal.

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DIRETRIZES BRASI LEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
CAPÍTULO 8 HIPERTENSÃO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

CAPÍTULO 9

Hipertensão e Condições Clínicas


Associadas

9.1 Diabetes Melito em conjunto com o tratamento da hipertensão no indivíduo


obeso.
A medida da PA no consultório em pacientes com diabetes
melito (DM) deve ser feita nas posições supina e ortostática
em função da maior ocorrência de hipotensão ortostática1 9.3 Obesidade e Síndrome Metabólica
(C4). Por se tratar de pacientes de alto risco para eventos car-
diovasculares, as metas a serem atingidas devem ser 130/80
mmHg2,3 (A1). Estudos demonstraram não haver benefícios 9.3.1 Redução do peso
adicionais com redução da PA, em diabéticos, inferior a esses
valores4 (A1). A avaliação inicial pode ser estabelecida por A redução do peso corporal contribui para o controle da PA
meio da medição em duplicata da razão albumina/creatinina de forma consistente e significativa. Em metanálise publica-
em amostra de urina isolada (micrograma/mg de creatinina) da em 2008, que avaliou 38 estudos controlados e rando-
considerando-se normais valores menores que 30 e microal- mizados, registrou-se diminuição da média da PA de 6,3/3,4
buminúria aqueles entre 30 e 299 mg. Valores maiores que mmHg associada à perda de peso15 (A1).
300 mg estabelecem o diagnóstico de macroproteinúria e
determinam propensão adicional ao desenvolvimento de do-
9.3.2 Anti-hipertensivos
ença renal crônica5 (A1). Todos os agentes anti-hipertensivos
podem ser utilizados, sendo que na maioria das vezes dois
O uso de diuréticos tiazídicos em baixas doses deve ser o
ou mais deles precisam ser associados para que os objetivos
tratamento medicamentoso inicial preferido. IECA, BRA II e
do tratamento sejam atingidos. Existem vantagens no uso
ACC podem ser usados com segurança, isoladamente ou em
de bloqueadores do SRAA e na associação destes com um
associações. Deve-se enfatizar que mudanças no estilo de
antagonista dos canais de cálcio6–11 (A1,B2). A associação
vida constituem as medidas mais eficazes para a prevenção
de IECA com BRA II já se mostrou eficiente para promover
e para o tratamento da HAS, contribuindo para a redução do
maior redução da proteinúria10 (A1). Mais recentemente, a
risco cardiovascular.
associação do inibidor direto da renina, alisquireno, com o
BRA II losartan, também resultou em redução adicional da
albuminúria em pacientes com nefropatia diabética12 (A1).
9.4 Doença Renal Crônica (DRC)
Nos casos de hipotensão postural, a escolha da medicação
anti-hipertensiva e o ajuste das doses a serem utilizadas de- 9.4.1 Doença renal crônica estágios 1 e 2
vem levar em conta a hora do dia e a posição do paciente no
momento da medida da PA. Elevação da cabeceira da cama Em estágios iniciais da DRC, o controle da PA parece cons-
e uso de agentes que aumentem o volume plasmático, como tituir a medida mais eficaz para a prevenção de progressão
a fludrocortisona e o domperidone, constituem alternativas do dano renal, independentemente da classe da medicação
para evitar a hipotensão matutina e a consequente hiperten- anti-hipertensiva utilizada. No entanto, nos pacientes com
são vespertina e noturna13 (C4). perda proteica preconiza-se o bloqueio do SRAA, visando à
redução da hipertensão intraglomerular e à diminuição da
9.2 Síndrome Metabólica (SM) excreção urinária de proteínas.

O diagnóstico de SM identifica indivíduos com quadro car-


diometabólico extremamente adverso, que apresentam au- 9.4.2. Doença renal crônica estágios 3, 4 e 5
mento significativo do risco cardiovascular e que necessitarão (não-dialítica)
de intervenção agressiva para cada fator de risco específico14
(A1). Devido a sua associação frequente com a obesidade, a Tanto os IECAs quantos os BRAs têm comprovada eficácia,
abordagem da HAS nesses indivíduos deve ser considerada muitas vezes ultrapassando os benefícios gerados pela redu-

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CAPÍTULO 9

ção da pressão arterial per se16 (A1). Sua eficá- que bloqueiam o SRAA podem melhorar os resultados do
cia na nefroproteção é maior em pacientes com transplante29 (B2). Os diuréticos são medicamentos que
perda proteica11 (A1). Publicações recentes, em podem ser prescritos no controle da HAS de pacientes
hipertensos primários, mostram que o duplo submetidos a transplante renal, mas o seu uso requer mo-
bloqueio do SRAA em diferentes versões resul- nitorização cuidadosa dos eletrólitos séricos e da função
tou em maior redução da pressão arterial quan- renal30.
do comparado com monoterapia equivalente17,18
(B2). Uma publicação19 (B2) colocou o bloqueio
vigoroso do SRAA, por meio da combinação 9.5 Doença Arterial Coronariana
IECA e BRA, “sob suspeita”, já que, apesar do
Está claramente demonstrada a associação entre HAS e
bloqueio duplo comparado com a monoterapia
doença arterial coronariana (DAC), independentemente da
ter resultado em maior redução da PA, a espera-
idade. A redução adequada da PA é fundamental para a pre-
da diminuição de eventos cardiovasculares não
venção de eventos relacionados à DAC, independentemente
ocorreu. Em adição, a associação provocou maior queda da
do grupo de medicamentos anti-hipertensivos utilizados31,32
função renal, apesar de maior redução da microalbuminú-
(A1) objetivando-se metas de PA de 130 x 80 mmHg31,32
ria e, ainda, número superior de eventos adversos em com-
(A1). Especula-se sobre a possibilidade da redução excessiva
paração com monoterapia. Deste modo, o duplo boqueio
da PA diastólica (PAD) aumentar este risco, configurando a
do SRAA não está indicado para pacientes portadores de
chamada curva J33. Em pacientes idosos ou diabéticos com
DRC sem perda proteica ou com microalbuminúria. No que
DAC obstrutiva e evidência de isquemia, parece mais ade-
tange ao uso de inibidores diretos da renina observou-se
quado reduzir a PAD lentamente e evitar valores muito bai-
redução significativa da proteinúria em diabéticos quando
xos. Há controversias sobre até que nível reduzir a PAD sem
se associou alisquireno a losartana20 (A1). Do mesmo modo,
problemas32 (C2). Os betabloqueadores devem ser utiliza-
estudos iniciais em humanos têm demonstrado redução da
dos nos pacientes com angina ou com infarto do miocárdio
proteinúria com o uso de bloqueadores da aldosterona21
prévio, exceto se houver contraindicação formal34 (A1). Os
(B2). Normalmente, os diuréticos tiazídicos são mais efica-
IECA e os BRA II estão indicados para a prevenção primária
zes em pacientes nos estágios 1,2 e 3 da DRC, enquanto os
em pacientes de alto risco cardiovascular, em hipertensos
diuréticos de alça são preconizados para os estágios 4 e 5.
com DAC estável ou com infarto do miocárdio prévio35,36
Comprovadamente, os diuréticos reduzem a morbidade e
(A1). Os diuréticos tiazídicos demonstraram proteção con-
mortalidade cardiovascular22,23 (A1) e são a segunda opção
tra eventos coronarianos em estudos randomizados em pre-
para o tratamento da hipertensão na DRC, especialmente
venção primária37–39 (A1). Os bloqueadores dos canais len-
quando combinados com IECA ou BRA (B2). Para atingir as
tos do cálcio também demonstraram prevenção de eventos
metas de PA em pacientes com DRC, em geral é necessária
coronários40,41 (A1) e podem ser utilizados como alternativa
a combinação de três ou mais anti-hipertensivos, em doses
aos betabloqueadores para o tratamento da angina, porém
plenas24 (A1). Assim, os ACC25,26 (A1), são indicados como
não são recomendados para prevenção secundária.
terceira opção e seu uso combinado com IECA se associou a
maior redução de eventos CV9 (B2). Outras opções incluem
os betabloqueadores, os inibidores adrenérgicos de ação
9.6 Acidente Vascular Encefálico
central e, eventualmente, os vasodilatadores de ação direta
como o minoxidil e a hidralazina. O tratamento anti-hipertensivo está associado a uma redu-
ção de 35% a 44% na incidência de acidente vascular ence-
9.4.3 Doença renal crônica estágio 5 em fálico (AVE)42 (A1).
programa de diálise
9.6.1 Acidente vascular encefálico isquêmico
O controle da hipervolemia, a investigação de coronariopa-
tia e da disfunção ventricular e a identificação de arritmias
Uma resposta hipertensiva aguda ocorre em cerca de 80%
constituem estratégias para a abordagem terapêutica nestes
dos pacientes nas primeiras 48 horas após o AVE isquê-
pacientes.
mico43 (A1), reduzindo espontaneamente em algumas
semanas após o evento. Estudos mostram que os BRA II
9.4.4 Transplantados renais previnem a recorrência de eventos vasculares em pacientes
com AVE do tipo isquêmico44 (A1) enquanto outros rela-
Os ACC constituem a primeira escolha para o tratamento tam que o tratamento com labetolol ou lisinopril reduziu
da HAS em pacientes transplantados27 (A1). Pacientes em a mortalidade aos 90 dias, em comparação com placebo
uso de ciclosporina apresentam vasoconstrição arterio- em portadores de AVE isquêmico ou hemorrágico45 (A1).
lar, que pode ser revertida pelo uso de ACC 28 (C4). Nos Na ausência de evidências de ensaios clínicos, as diretrizes
transplantados, há evidências de que os medicamentos atuais sugerem que a PA não deve ser reduzida na fase

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
HIPERTENSÃO E CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS

aguda do AVE isquêmico, a não ser quando a PA sistólica 9.6.2 Hemorragia intracerebral
estiver em torno dos 200 mmHg e a PA diastólica, superior
a 120 mmHg, ou, ainda, na presença de complicações em Estudos observacionais sugerem que a HAS está relacionada
outros órgãos (C4). Nos pacientes candidatos a tratamen- com a expansão do hematoma nas primeiras 24 horas48 (B).
to trombolítico, a PA sistólica deve ser reduzida para va- O crescimento do hematoma foi menor no grupo de pacien-
lores abaixo de 185 mmHg e a PA diastólica para valores tes cuja PA sistólica-alvo foi de 140 mmHg do que no grupo
inferiores a 110 mmHg antes da infusão do trombolítico e cujo alvo foi de 180 mmHg, embora após a correção para o
mantidos nessa faixa nas primeiras 24 horas após a realiza- tamanho inicial do hematoma a diferença não tenha sido es-
ção da trombólise46,47 (B2). tatisticamente significante48,49. As diretrizes atuais sugerem
PA da ordem de 160 x 90 mmHg50,51 (C).

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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI
CAPÍTULO 9 HIPERTENSÃO E CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS

25. Hansson L, Hedner T, Lund- 34. Bangalore S, Messerli FH, Kostis JB, Pepine bolism Council; and the Quality of Care and
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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO VI

APÊNDICE 1

Declarações de Conflitos e Interesses dos Participantes das


Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI – DBH VI

Nos últimos três anos, o autor/colaborador das DBH VI:


Participou de
Foi palestrante
estudos clínicos e/ Foi (é) membro Participou
em eventos Elaborou textos
ou experimentais do conselho de comitês Recebeu auxílio
ou atividades científicos em Tem ações
subvencionados pela consultivo ou normativos de pessoal ou
Autores / Colaboradores patrocinadas periódicos da
indústria farmacêutica diretivo da indústria estudos científicos institucional da
pela indústria patrocinados indústria
ou de equipamentos farmacêutica ou de patrocinados pela indústria
relacionados à pela indústria
relacionados à diretriz equipamentos indústria
diretriz em questão
em questão

Adelaide A. Pereira (SP) não não não não não não não
Agostinho Tavares (SP) não não não não não não não
Alexandre Alessi (PR) não não não não sim sim não
Altamiro Reis da Costa (RS) não não não não não não não
Álvaro Avezum (SP) sim não não sim não sim não
Ana Maria Lotemberg (SP) não não não não não não não
Andréa A. Brandão (RJ) sim sim sim não não sim não
Angela Maria Geraldo Pierin (SP) não não não não não não não
Antonio Felipe Sanjuliani (RJ) não não não não não não não
Antônio Felipe Simão (SC) sim sim sim sim sim sim sim
Antonio Marmo Lucon (SP) não não não não não não não
Armando da Rocha Nogueira (RJ) não não não não sim não não
Armênio Costa Guimarães (BA) não não não não não não não
Artur Beltrame Ribeiro (SP) não sim não sim sim não não
Audes Magalhães Feitosa (PE) sim sim não não não não não
Ayrton Pires Brandão (RJ) não não não não não não não
Carlos Alberto Machado (SP) não não não não não sim não
Carlos E. Poli-de-Figueiredo (RS) não não não sim sim não não
Carlos Eduardo Negrão (SP) sim não não não não não não
Carlos Scherr (RJ) não não não não não sim não
Celso Amodeo (SP) sim sim sim não sim sim não
César Pontes (CE) não não não não não não não
Cibele I. Saad Rodrigues (SP) não não não não sim não não
Claudia Lucia de Moraes Forjaz (SP) não não não não não não não
Dante Marcelo Artigas Giorgi (SP) não não não não sim sim não
Décio Mion Júnior (SP) sim sim sim sim sim sim não
Denizar Vianna (RJ) não não não não sim sim não
Edgard Pessoa de Mello Jr. (PE) não sim sim não não não não
Eduardo B. Coelho (SP) sim não não não não não não
Eduardo Barbosa (RS) não não não não não não não
Eduardo Cantoni Rosa (SP) não não não não não não não
Eduardo Moacyr Krieger (SP) não não não não não não não
Eduardo Pimenta (SP-Austrália) não não não não sim sim não
Eliuden Galvão de Lima (ES) não não não não não não não
Elizabete Viana de Freitas (RJ) não não não não não não não
Emílio Francischetti (RJ) sim sim sim não não não não
Emilton de Lima (PR) não sim não não sim não não
Érika Maria Gonçalves Campana (RJ) sim sim não não não sim não
Fernanda Consolim-Colombo (SP) não sim não sim não sim não
Fernando Antonio Almeida (SP) não sim não não não não não
Fernando Nobre (SP) sim sim sim não não sim não
Flávio Antonio Borelli (SP) não não não não não não não
Frida Liane Plavnik (SP) não não não não não sim não
Gabriel R. de Freitas (SP) – ABN sim não não não sim sim não
Gilson Feitosa (BA) sim sim não não não sim não
Giovânio Vieira da Silva (SP) não não não não não não não
Heitor Moreno (SP) não não sim não não sim não
Heno Lopes (SP) não não não não sim sim não
Hilton Chaves (PE) sim sim não não não sim não

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Apendice.indd 65 21/05/2010 10:48:02


APÊNDICE 1

Ivan Luiz Cordovil de Oliveira (RJ) não não não não não não não
João Carlos Rocha (SP) sim sim não não não não não
Jorge Ilha Guimarães (RS) – SBC
Jorge Pinto Ribeiro (RS) sim sim sim não sim sim não
José Carlos Aidar Ayoub (SP) não não não não não sim não
José Ernesto dos Santos (SP) não não não não não não não
José Fernando Vilela Martins (SP) sim sim não não sim não não
José Gastão Rocha Carvalho (PR) não não não não não não não
José Márcio Ribeiro (MG) não sim não não sim sim não
José Xavier de Mello Filho (MA) não sim não não não não não
Josiane Lima Gusmão (SP) não não não não não sim não
Kátia Coelho Ortega (SP) sim não não não não sim não
Leda Lotaif (SP) não sim não não não não não
Lilian Soares da Costa (RJ) não não não não não não não
Lucélia C. Magalhães (BA) não não não não não não não
Luciana Ferreira Ângelo não não não não não não não
Luiz Aparecido Bortolotto (SP) sim não não não não sim não
Luiz Carlos Bodanese (RS) não não não não não não não
Luiz Cesar Scala (MT) não não não não sim sim não
Marcelo Batista (SP) não não não não não não não
Marcelo Lima Gusmão (SP) não não não não sim sim não
Marcio Kalil (MG) sim sim não não sim não não
Marco A. Mota Gomes (AL) sim sim sim sim sim sim não
Marcus Vinícius Bolívar Malachias (MG) não sim não não não sim não
Maria Eliane Campos Magalhães (RJ) sim sim não sim sim sim não
Maria Eliete Pinheiro (AL) não sim não não não não não
Maria Fátima de Azevedo (RN) não não não não sim não não
Maria Helena Catelli Carvalho (SP) não não não não não não não
Maria Tereza Zanella (SP) sim sim não não não sim não
Marilda Lipp (SP) não não não não não não não
Marília de Brito Gomes (RJ) – SBD não não não não sim não não
Mario Fritsch Neves (RJ) não não não não não não não
Maurício Wajngarten (SP) não sim não não não não não
Nárcia Elisa B. Kohlmann (SP) não não não não não não não
Nelson Sass (SP) não não não não não não não
Osvaldo Kohlmann Jr. (SP) sim sim sim sim não sim não
Oswaldo Passarelli (SP) não sim não não sim sim não
Otávio Rizzi Coelho (SP) sim sim sim não sim sim não
Paulo César Veiga Jardim (GO) sim sim sim não não não não
Paulo Roberto B. Toscano (PA) não não não não não não não
Pedro Jabur (SP) não não não não não não não
Rafael Leite Luna (RJ) não não não não não não não
Rita de Cássia Gengo e Silva (SP) não não não não não não não
Roberto Jorge da Silva Franco (SP) não não não não não não não
Roberto Miranda (SP) sim sim não sim sim sim sim
Robson Augusto S. dos Santos (MG) não não não não não não não
Rogério A. Mulinari (PR)
Rogério Baumgratz de Paula (MG) não não não não não não não
Romero Bezerra (DF) não não não não não não não
Rosa Sampaio (DF)
não não não não não não não
Ministério da Saúde
Rui Póvoa (SP) não não não não não não não
Sandra Fuchs (RS) não não não não não não não
Sarkis Joud Bayeh – SOBRAMFA não não não não não não não
Sebastião Ferreira Filho (MG) não não não não sim não não
Sérgio Baiochi (GO) não não não não sim não não
Thales Carvalho (SC) não não não não não não não
Tufik José Magalhães Geleilete (SP) não não não não não não não
Vera Koch (SP) não não não não não não não
Virginia Genelhu Fagundes (RJ) sim não não não não não não
Weimar Kunz Sebba B. de Souza (GO) sim sim não não sim sim não
Wille Oigman (RJ) sim sim sim não não sim não

JANEIRO / MARÇO 2010


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