Você está na página 1de 11

Direito Penal - 23.

05

Código de Transito Brasileiro (CTB) - Lei 9.503/97

1 – Dos crimes em espécie

O CTB prevê, dentre outras disposições, infrações de natureza


administrativa (infrações de trânsito) e infrações de natureza
penal (crimes de trânsito).

O código de transito brasileiro – lei 9.503/97 – contém uma


parte penal, essa parte consta nos artigos 291 a 302, essa parte
é subdividida em duas partes, parte geral e parte especial.

Aplicação da lei 9.099/95. Essa lei é destinada a infrações


de menor potencial ofensivo, essas são infrações e crimes com
pena máxima de prisão cominada até dois anos.

- Homicídio culposo na conduta de veículo automotor (art.302 da


lei)

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo


automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou


proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.

§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo


automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade,
se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014) (Vigência)

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de


Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
(Vigência)

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;


(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo


sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver


conduzindo veículo de transporte de passageiros.
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

- Protege o trafego.

- Intervenção mínima do direito penal.

- Crime culposo, material (de dano), comum, de forma livre,


comissivo (exceção do artigo 13, § 2 do CP*), instantâneo,
unissubjetivo, plurissubsistente, não admite a tentativa.

Obs.O crime culposo é aquele em que a conduta do agente é


marcada pela violação a um dever de cuidado, que por conta dessa
violação acaba por lesar um bem jurídico de terceiro. A violação
ao dever objetivo de cuidado pode se dar de três maneiras:
negligencia, imprudência e imperícia. A punibilidade da culpa se
fundamenta no desvalor do resultado praticado pelo agente. A
culpa pode ser de duas modalidades: culpa consciente e
inconsciente e culpa própria e imprópria. A culpa consciente se
aproxima muito do dolo eventual, pois em ambos o agente prevê o
resultado e mesmo assim age. Entretanto, a diferença reside no
fato de que no dolo eventual o agente assume o risco de produzir
o resultado, não se importando com a sua ocorrência, enquanto na
culpa consciente o agente não assume o risco de produzir o
resultado, pois acredita, sinceramente, que ele não ocorrerá. A
culpa própria é aquela na qual o agente não quer o resultado,
consciente quando o agente prevê o resultado como possível ou
inconsciente quando não há essa previsão. A culpa imprópria, o
agente quer o resultado, mas por erro inescusável, acredita que
o está fazendo amparado por uma causa excludente da ilicitude.

Obs. A caracterização da culpa nos delitos de transito, provem,


do desrespeito às normas disciplinares contidas no próprio
código de transito.

- § 1°, causas de aumento de pena: inciso III difere do artigo


304 da lei e difere do artigo 135 do CP.

Obs. Essa hipótese sé é aplicável ao condutor do veículo que


tenha agido de forma culposa. Caso não tenha agido com
imprudência, negligencia, ou imperícia e deixe de prestar
socorra a vítima, estará incurso no crime de omissão de socorro
no transito, previsto no artigo 304 do CTB. Importante ressaltar
que o aumento só terá aplicação quando o socorro for possível
sem risco pessoal para o condutor e quando o agente puder
concretiza-lo por possuir meios para tanto. Assim se o agente
não possui condições de efetuar o socorro ou quando também ficou
lesionado no acidente de forma não poder ajudar a vítima não
terá aplicação do dispositivo.

- Ação penal: Pública incondicionada (art.100 do CP).O homicídio


culposo tem pena máxima de 4 anos não se enquadrando no conceito
de infração de menor potencial ofensivo, tramitando, portanto,
no Juízo comum e sem benefícios da lei 9.099/95.Nem mesmo a
suspensão condicional do processo se mostra cabível, já que a
pena mínima prevista para o delito é de 2 anos.

Obs.Mediadas Despenalizadoras:

A Lei Federal nº. 9.099, criada em 26 de setembro de 1995, dispõe sobre os


Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e tem como objetivo criar nova forma de
aplicação da Justiça no sistema penal brasileiro, pois através desta lei surge um
novo modelo de Justiça Criminal, o qual é baseado no consenso.
A lei em comento veio introduzir no nosso ordenamento jurídico, medidas
despenalizadoras, forma consensual de resolução de conflitos, uma Justiça mais
célere, mais simples, e também maior acesso à Justiça.

“No lugar do tradicional e inflexível princípio da obrigatoriedade, segundo o qual o


representante do MP tem o dever de propor ação penal pública, só podendo deixar
de fazê-lo quando não verifica a hipótese de atuação, caso em que promovera o
arquivamento de modo fundamentado (artigo 28 do CPP), o procedimento
sumaríssimo dos juizados especiais é informado pela discricionariedade acusatória
do órgão ministerial. Com efeito, preenchidos os pressupostos legais, o
representante do MP pode, movido por critérios de conveniência e oportunidade,
deixar de oferecer denúncia e propor um acordo penal com o autor do fato ainda
não acusado (artigo 76 da Lei n° 9.099/95). Tal discricionariedade, contudo não é
plena, ilimitada, absoluta, pois depende de estarem preenchidos os requisitos legais
daí ser chamada pela doutrina de discricionariedade regrada. (Discricionariedade
Regrada).

---Composição dos danos civis: O MP não participa dessa fase, a não ser que o
ofendido seja incapaz. A composição dos danos civis somente e possível nas
infrações que acarretem prejuízos morais e materiais a vítima. A conciliação será
conduzida por juiz ou por conciliador sob sua orientação. Obtida a conciliação será
homologada pelo juiz togado, em sentença irrecorrível e terá eficácia de título
executivo a ser executada no juízo cível competente, sendo o valor até quarenta
vezes o salário mínimo, executa-se no próprio executa-se no próprio juizado
especial cível. Quando se tratar de ação penal de iniciativa privada ou pública
condicionada a representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito
de queixa ou representação, extinguindo-se a punibilidade do agente (artigo 74 §
Ú). Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido
a oportunidade de exercer o direito de representação verbal que será reduzida a
termo (artigo 75, caput).

---Da transação penal: Superada a fase da composição civil do dano, segue-se a


da transação penal. Consiste ela em um acordo celebrado entre o representante do
MP e o autor do fato, pelo qual o primeiro propõe ao segundo uma pena alternativa
(não privativa de liberdade), dispensando-se a instauração do processo. Amparada
pelo princípio da oportunidade ou discricionariedade, consiste na faculdade de o
órgão acusatório dispor da ação penal, isto é, de não promovê-la sob certas
condições, flexibilizando o princípio da obrigatoriedade, que assim deixa de ter
valor absoluto.

--Suspensão Condicional do Processo: Trata-se de instituto despenalizador,


criado como alternativa à pena privativa de liberdade, pelo qual se permite a
suspenção do processo, por determinado período e mediante certas condições.
Decorrido esse período sem que o réu tenha dado causa à revogação do benefício, o
processo será extinto, sem que tenha sido proferido sentença alguma. Esse
instituto é previsto no artigo 89 da Lei n° 9.099/95, pelo qual se admite a
possibilidade de o Ministério Público ao oferecer a denúncia, propor a suspenção
condicional do processo pelo prazo de dois a quatro anos, em crimes cuja pena
mínima cominada seja igual ou inferior a um ano, abrangidos ou não pela lei n°
9.099/95 desde que:

O acusado não pode estar sendo processado e nem ter sido condenado por outro
crime. É preciso ainda preencher os requisitos do artigo 77 do código penal. A
iniciativa para propor a suspenção condicional do processo é faculdade exclusiva do
MP, a quem cabe promover privativamente a ação penal pública, não podendo

Obs. Importante ressaltar que não cabe concurso na modalidade


culposa. A culpa imprópria (consciente) admite tentativa. Na
culpa consciente o agente não assume o risco de produzir o
resultado, pois acredita, sinceramente, que ele não ocorrerá.

- Lesão corporal culposa na condução do veículo automotor


(art.303 do CP).

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de


veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou


proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.

Art. 302, § 1°
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
(Vigência)

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;


(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo


sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver


conduzindo veículo de transporte de passageiros.
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

- Protege o tráfego.

- Crime culposo, material, comum, de forma livre, comissivo


(exceção art.13 § 2 do CP) instantâneo, unissubjetivo,
plurissubsistente, não admite a tentativa, pois é crime culposo.

Obs. A gravidade da lesão não altera a tipificação do delito,


mas deve ser levada em conta pelo juiz na fixação da pena-base.

- § Ú: causas de aumento de pena (idem ao art.302)


- Ação penal: Lei 9.099/95, art.88 – ação penal pública
condicionada a representação. Competência do JECRIM.
Art. 88 da Lei 9.099/95. Além das hipóteses do Código Penal
e da legislação especial, dependerá de representação a ação
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
lesões culposas.

Obs.Em regra é pública condicionada à representação cabendo


todos os benefícios previsto na lei 9.099/95 como as medidas
despenalizadoras como transação penal e composição de danos
civis como causa extintiva de punibilidade.
Art. 291 do CTB. Aos crimes cometidos na direção de
veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as
normas gerais do Código Penal e do Código de Processo
Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem
como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que
couber.

§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal


culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância


psicoativa que determine dependência; (Incluído
pela Lei nº 11.705, de 2008)

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou


competição automobilística, de exibição ou demonstração de
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada
pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº
11.705, de 2008)

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida


para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora).
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

Obs. A ação será incondicionada e não serão cabíveis os


benefícios da transação penal e da composição civil, nas
hipóteses contidas nos incisos do mencionada artigo 291, § 1°.
Nesses casos deverá ser instaurado inquérito policial para
investigação da infração penal.

- Culpa própria e imprópria, concurso de pessoas.

- Embriaguez ao volante (art.306 do CP)


Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
outra substância psicoativa que determine dependência:
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa


e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:


(Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool
por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de
álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído
pela Lei nº 12.760, de 2012)

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo


Contran, alteração da capacidade psicomotora.
(Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser


obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame
clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios
de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
2014) (Vigência)

§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os


distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito
de caracterização do crime tipificado neste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

- Protege o tráfego

- Crime doloso (dolo eventual), comum, formal (mera conduta), de


forma livre, comissivo (exceção artigo 13 § 2 do CP),
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente ou
unissubsistente, admite a tentativa tecnicamente na forma
plurissubsistente. Perigo abstrato.

- § 1°: Comprovação da alcoolemia

Obs. As formas de constatação de alteração psicomotora para


dirigir ocorre: Mediante constatação da concentração igual ou
superior de 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual
ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro e por presença
de sinais que indiquem referida alteração na forma disciplinada
pelo Contran(norma penal em branco).

- Perigo abstrato: A consumação se dá no momento em que o agente


dirige o veículo, estando com a capacidade psicomotora alterada
em razão do álcool ou outra substancia psicoativa que determine
dependência. Não é necessário que o motorista esteja conduzindo
o veículo de forma anormal ou que tenha causado risco a pessoas
determinadas, uma vez que se trata de crime de perigo abstrato.

“O crime de embriaguez ao volante é de perigo abstrato,


dispensando-se a demonstração da efetiva potencialidade lesiva
da conduta daquele que conduz veículo em via pública com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool
ou outra substancia psicoativa que determine dependência
precedentes”. Argumentar a tese defensiva de crime concreto,
atipicidade material.

- § 2°: Perícia
A própria Lei n. 12.760/2012, que deu redação ao art. 306, § 1º,
do Código de Trânsito, estabelece quea comprovação da existência
desses sinais poderá ser obtida mediante exame clínico, perícia,
vídeo,prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito àcontraprova.

Com isso, se uma pessoa for abordada dirigindo veículo automotor


e se recusar inicialmente a fornecersangue ou a passar pelo
exame do bafômetro, e a ela for dada voz de prisão em flagrante
por apresentarsinais que indiquem alteração na capacidade
psicomotora em razão da influência do álcool,embasada, por
exemplo, no testemunho de policiais ou de exame clínico, poderá
ela, de imediato, solicitara contraprova, que se dará exatamente
pela realização dos exames anteriores (de sangue ou bafômetro).

Se tais exames resultarem negativos, a prisão deverá ser


relaxada.
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser
obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame
clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios
de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
2014) (Vigência)

- § 3°: Determinação administrativa – norma penal em branco.

Obs.

§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os


distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito
de caracterização do crime tipificado neste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

Podemos compreender uma norma penal em branco como aquela em que


a conduta incriminadora desenhada em seu preceito primário traz
a definição do núcleo do tipo, cominando em seguida a sanção
penal respectiva (preceito secundário), porém o faz de maneira
incompleta, remetendo a suplementação a outro instituto
normativo.

- Ação penal: Ação penal pública incondicionada (art. 100 do


CP). O delito de embriaguez ao volante tem pena máxima de 3
anos, e por isso não constitui infração de menor potencial
ofensivo. Não é cabível a transação penal. A suspensão
condicional do processo, todavia, é cabível se o acusado for
primaria e de bons antecedentes, tendo em vista que a pena
mínima não supera 1 ano. A tramitação se dá no Juízo Comum.

Obs. Art. 165 da Lei – infração administrativa

- Art.303, § Ú: O art. 302, estabelecia em seu parágrafo único,


inciso V (revogado pela Lei 11.705/08), que quem praticar
homicídio culposo ou lesão corporal na direção de veículo
automotor teria a pena aumentada de um terço à metade se o
agente estivesse sob a influência de álcool ou substância tóxica
ou entorpecente de efeitos análogos. Tal previsão foi revogada
pela Lei 11.705/08.

O inciso V (revogado) induzia a autoridade policial (Delegado de


Polícia) a considerar o homicídio na condução de veículo
automotor, estando o agente sob influência do álcool, como um
crime culposo. Porém, com a sua revogação, torna-se mais fácil a
fundamentação e a tipificação do fato descrito como crime doloso
e não culposo, sendo coerente o entendimento da existência de
dolo eventual, ou seja, o condutor ao ingerir bebida alcoólica
acima dos níveis permitidos, assume o risco de produzir um
resultado danoso, qual seja, a morte.

Dessa observação, ainda não pacífica na doutrina e nem na


prática policial, decorreria que o condutor, sob influência de
álcool, baseado na aplicação do dolo eventual, responderia por
homicídio doloso, não tipificado no Código de Trânsito
Brasileiro, mas sim por homicídio (art.121 do Código Penal
Brasileiro), cuja competência do julgamento é do tribunal do
júri. Aplica-se, assim, a teoria da actio libera in causa, em
que há uma antecipação do dolo para o momento em que o agente
quis (voluntariamente) ingerir bebida alcoólica ou substância
psicoativa antes de dirigir veículo automotor, assumindo assim o
risco de produzir um resultado danoso.

Há entendimento de que em tais circunstâncias não haveria o dolo


eventual, mas sim culpa consciente, ou seja, quando o agente
prevê o resultado mas não aceita a possibilidade de sua
ocorrência. Neste caso, o mais lógico é a aplicação do crime
culposo, tipificado no art.302/CTB. Esse entendimento, a nosso
ver, é contrário a intenção do legislador, pois, o autor
responderia pelo art.302 do CTB e não incorreria no aumento de
pena no caso da embriaguez, pois este aumento (inciso V do art
302) foi revogado pela nova lei.

Corroborando as posições possíveis quanto a tipificação da


conduta descrita, Guilherme de Souza Nucci, registra: “é tênue a
linha divisória entre culpa consciente e dolo eventual. Em ambos
o agente prevê a ocorrência do resultado, mas somente no dolo o
agente admite a possibilidade do evento acontecer. Na culpa
consciente, ele acredita sinceramente que conseguirá evitar o
resultado, ainda que o tenha previsto”.

Continua o NUCCI salientando que tem sido posição adotada,


atualmente, na jurisprudência pátria considerar a atuação do
agente em determinados delitos cometidos no trânsito não mais
como culpa consciente, e sim como dolo eventual.
E assim sendo, o mesmo entendimento relativo ao dolo eventual
aplica-se a lesão corporal culposa (art.303, caput e parágrafo
único), pois o inciso V do artigo 302 aplicava-se também a lesão
corporal culposa, e onde existe a mesma razão deve-se aplicar o
mesmo direito.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor:

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à


metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
302.

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo


automotor:

§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo


automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade,
se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014) (Vigência)

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de


Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de
2014) (Vigência)

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;


(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo


sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver


conduzindo veículo de transporte de passageiros.
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)

V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica


ou entorpecente de efeitos análogos. (Incluído pela
Lei nº 11.275, de 2006) (Revogado pela Lei nº
11.705, de 2008)

- Art.302, §1, III: Nessa hipótese o agente está conduzindo o


veículo e deixa de prestar socorro à vítima do seu ato.

- Art.304: É envolvido no acidente.

- Art.135 CP: É uma 3° Pessoaa parte do acidente.

Obs. A lei 9.503/97 tipificou diversos crimes que se


caracterizam pela provação de uma situação de perigo (dano
potencial) e que ficam absorvidos quando ocorrer dano efetivo
(lesões corporais ou homicídio culposo na direção de veículo
automotor). É caso do crime de embriaguez ao volante, direção de
veículo sem habilitação e excesso de velocidade em determinados
locais (artigos 306, 309 e 311) que será absorvido pelo crime de
dano efetivo como homicídio culposo na conduta de veículo
automotor e lesão corporal culposa na condução de veículo
automotor. Princípio da consunção também conhecido como
Princípio da Absorção, é aplicado quando a intenção criminosa
alcança mais de um tipo penal, sendo que de acordo com a
proporcionalidade da pena e com a finalidade de afastar a dupla
incriminação de uma mesma conduta (bis in idem). Consoante o
princípio o crime fim absorve o crime meio ou o crime de fato
maior consome o de crime de menor graduação, é normal ocorrer
situações onde numa única ação acontecem mais de um tipo penal
incriminador.Diante disso, o agente responde só pelo último
delito pois o crime meio é absorvido pelo crime fim.

Por outro lado, se o agente com uma única conduta culposa,


provocar a morte ou lesões corporais em duas ou mais vítimas,
aplica-se a regra do concurso formal descrita no artigo 70 do
código penal, em que o juiz aplica a pena do crime mais grave,
aumentada de um sexto até a metade.

O concurso formal, o agente mediante uma única conduta pratica


dois ou mais crimes, idênticos ou não.

O concurso será forma perfeito ou próprio quando o agente com


uma única conduta acaba por produzir dois resultados, embora não
pretendesse realizar ambos, não há desígnios autônomos (intenção
de, com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um
crime). Nesse caso o magistrado aplicará a pena do crime mais
grave acrescida de 1/6 até a metade. Esse tipo de concurso só
ocorre entre crimes culposo ou entre um crime culposo e um
doloso.

Ainda é possível destacar o concurso formal imperfeito, nesse


caso o agente se vale de uma única conduta para, dolosamente
produzir mais de um crime. Como deriva de desígnios autônomas
será aplicada a penas de ambos os crimes cumulativamente, tal
como nos termos do artigo 70 do CP.

Obs.

Homicídio na condução de veículo automotor em estado de


embriaguez. Se a hipótese restar comprovada mediante indícios
suficientes o elemento subjetivo, dolo eventual, não há que se
falar em crime culposo e por conseguinte a absorção do delito de
embriaguez ao volante - artigo 306 do CTB -, crime de mera
conduta pelo tipo previsto no artigo 302 do CTB homicídio
culposo na conduta de veículo automotor, crime de dano. Nesse
caso deverá ser aplicado o disposto no artigo 121 do CP e
remetido os autos ao tribunal do júri tendo em vista a
competência material do juízo para apreciar crimes dolosos
contra a vida.
Por outro lado, a competência do júri restará ameaçada se houver
indícios suficientes que demonstrem que o agente não agiu com a
vontade dirigida à produção do resultado. Suprimindo assim o
dolo eventual e a culpa consciente e interpretando que o agente
não assumiu o risco de provocar o resultado mais gravoso,
devendo ser a conduta tipificada pelo artigo 302 do CTB –
homicídio culposo.

Você também pode gostar