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EXPLOSÕES E INCÊNDIOS_PÓS EM SUSPENSÃO

Hoje sabemos que o açúcar e o milho estão entre os produtos de


destaque no mercado internacional, em especial no Brasil, no que se refere a
indústria alimentícia.

O que as pessoas não sabem é que durante o processamento destes


cereais a formação de pós que ao atingirem determinadas concentrações podem
gerar uma atmosfera explosiva e causar violentas explosões

Em 18 de outubro de 2013, houve uma explosão no terminal da


Copersucar no Porto de Santos (SP), resultando em um incêndio que atingiu 06
armazéns onde estavam estocadas 180 mil toneladas de açúcar. O combate foi feito
por embarcações do Corpo de Bombeiros.

Este incêndio impulsionou o preço do açúcar na bolsa de New York para


os níveis mais altos já presenciados. Facilmente justificado em razão do Porto de
Santos ser responsável por 60% da produção brasileira.

Em 25 de dezembro de 2013, ocorreu uma explosão em dois


depósitos de açúcar da empresa de logística AGOVIA, em Santa Adélia (SP). Perda
calculada em 28 mil toneladas de açúcar, cerca de 12 milhões de dólares.

No local é movimentado 2 milhões de toneladas de açúcar o que


corresponde algo em torno de 10% da produção da região Centro-Sul do Brasil.

Este incêndio consumiu mais de 100 horas de trabalho do Corpo de


Bombeiros. Com o calor, o açúcar se liquefez, atingindo temperaturas de 80º C,
atingindo as ruas da cidade e a remoção da população. Para piorar, o xarope atingiu
um afluente. Apesar de não ser toxico ocasionou a mortandade de cerca de duas
toneladas de peixes em razão da diminuição do oxigênio na agua devido a
dissolução do açúcar. Em razão do açúcar ser solúvel, não foi possível colocar
barreiras de contenção, tendo o melaço alcançado a marca de 7km por dia.

Em 18 de novembro de 2013, outra explosão em silo de milho da


ATT Armazenagem Transporte e Transbordo, sediada em Londrina (PR), que
resultou em três empregados mortos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, trabalhadores estavam limpando o silo
e que o atrito das ferramentas gerou um centelhamento.

Infelizmente os riscos de explosões nestes ambientes são


negligenciados. Durante o processamento os pós podem formar nuvens de poeira,
gerando eletricidade estática, sendo este a ignição que faltava para ocorrer a
explosão. Além do citado, temos efeitos termoelétricos, como curtos-circuitos e
centelhamento gerado mecanicamente por equipamentos.

Estas explosões alcançam pressões altíssimas, chegando à faixa de 8 a


10 bar.

A análise das ocorrências de explosões nestes ambientes, por meio de


relatórios permite conhecer os fenômenos ocorridos a fim de evitar novas explosões.
Esta análise é complexa e demorada e consiste em entrevistas com sobreviventes,
documentação de manutenção de equipamentos, estudo de plantas, quem era
autorizado a estar no local, dentre outros.

Estas análises proporcionaram a chegar em uma conclusão: As não


conformidades encontradas são a falta de classificação de áreas quanto ao risco;
Precária especificação de equipamentos elétricos/eletrônicos; Falta de sinalização de
áreas classificadas e falta de manutenção dos equipamentos elétricos nas áreas
classificadas.

Em relação aos equipamentos elétricos e eletrônicos destinados as


funções de comando, monitoração, distribuição de força que estejam instalados em
ambientes que proporcionem uma atmosfera explosiva devem estar em
conformidade com a NR 10, os quais são conhecidos como ”equipamentos Ex”.

Nos Estados Unidos, que estudam as explosões de poeira de grãos há mais tempo,
recomenda-se que a concentração máxima de poeira de grãos no ambiente de
trabalho seja de 4 g/m3 de ar. A faixa mais perigosa para gerar uma explosão, varia
entre 20 e 4.000 g/m3 de ar.

PARÂMETROS CRÍTICOS PARA A EXPLOSÃO DE POEIRAS

1. tamanho da partícula: < 0,1 mm;


2. concentração da poeira: 40 a 4.000 g/m3;
3. teor de umidade do grão: <11 %;
4. índice de oxigênio no ar: > 12%;
5. energia de ignição: > 10 a 100 mJ (mega Joule); e
6. temperatura de ignição: 410 a 600oC

Outras temperaturas de ignição da núvem, adotadas nos EUA (NFPA, Revista


Proteção N.181) para poeiras agrícolas, em graus centígrados (oC) são:
> açúcar em pó = 400
> amido de milho = 350
> arroz = 450
> cacau 19% gordura = 240
> café instantâneo = 350
> café torrado = 270
> canela = 230
> casca de amêndoa = 210
> casca de amendoim = 210
> casca de arroz = 220
> casca de coco = 220
> casca de noz de cacau = 370
> casca de semente de pêssego = 210
> casca de noz preta = 220
> celoluse = 270; e
> celulose alfa = 300

Para diminuir o risco de explosões, deve-se:


1 - proceder à limpeza frequente do local;
2 - evitar fontes de ignição (solda, fumo, etc.);
3 - manutenção periódica dos equipamentos;
4 - peças girantes devem trabalhar sem pó;
5 - instalar bom sistema de aterramento (eletricidade estática);
6 -nunca varrer o armazém; usar o aspirador de pó;
7 - equipar elevadores, balanças e coletores de alívios contra pressões;
8 - usar sistemas corta-fogo em dutos de transporte, e outros;
9 - cuidados com ventiladores e peças girantes (faíscas); e
10 - manter umidade do local => 50% (ambiente sêco é explosivo).

Recomenda-se, sempre que possível, a VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA,


que é a solução ideal. Ela tem como objetivo principal a proteção da saúde
do trabalhador, uma vez que capta os poluentes da fonte, antes que os
mesmos se dispersem no ar do ambiente de trabalho, ou seja, antes que
atinjam a zona de respiração do trabalhador. Os sistemas de controle de
particulados para a atmosfera, são compostos basicamente de:
> captores no ponto de entrada ou de captação;
> dutos para o transporte do produto granulado;
> ventiladores industriais para mover os gases; e
> equipamentos de coleta de poeiras (filtros, ciclones, lavadores e outros).
http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/silo.htm

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