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NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO
I - Introdução
Constantemente o cidadão se depara com diversas opções de pagamento, seja
para adquirir um bem ou para pagar suas contas e impostos. Como decidir qual a melhor
maneira de efetuar o pagamento: à vista ou a prazo? A resposta a essa pergunta depende
de diversos fatores: a taxa de juros cobrada, o número de prestações, a data dos
pagamentos e a taxa de atratividade, isto é, a taxa com a qual se consegue fazer render o
dinheiro. Por isso, a introdução ao estudo da Matemática Financeira é importante a
partir do Ensino Fundamental e principalmente no Ensino Médio: para desenvolver no
aluno a habilidade de analisar criticamente as situações financeiras que se apresentam
no seu dia-a-dia.
O principal objetivo deste mini-curso é fornecer ao professor do Ensino Médio e
aos licenciandos material de Matemática Financeira adequado, que desperte no aluno o
interesse pelo tema e que o prepare para exercer a cidadania criticamente e analisar
situações financeiras do seu cotidiano.
Um levantamento bibliográfico constatou que praticamente não existe pesquisa
sobre a aprendizagem de Matemática Financeira. A maioria dos livros didáticos aborda
o tema de forma tradicional, por meio da aplicação de fórmulas. Poucos relacionam o
tema com o estudo de funções ou de progressões aritméticas ou geométricas e também
não problematizam situações do cotidiano. Há ainda, no mercado, diversos livros de
Matemática Financeira destinados à preparação para concursos, que são inadequados
para o Ensino Médio.
Nossa proposta é uma abordagem visual e prática para o tema, levando em conta
os princípios básicos da Matemática Financeira: o uso da taxa de porcentagem como
fator e o deslocamento de quantias no tempo. O aspecto visual da abordagem é
alcançado por meio do eixo de setas e o prático, pela exploração de situações reais que
se apresentam no dia-a-dia dos investimentos e das vendas a prazo. As atividades do
mini-curso procuram reproduzir, numa linguagem acessível ao aluno, situações reais do
seu cotidiano. Por exemplo, calcular taxas de aumentos ou descontos sucessivos,
comparar aplicações a juros simples e compostos durante períodos variados, decidir se a
melhor maneira de pagar suas cotas de IPTU, IPVA, etc. é à vista com desconto ou a
prazo. Além disso, pretende-se desenvolver no aluno habilidades para analisar as
“vantagens” oferecidas por financeiras para empréstimos e identificar qual a taxa de
juros embutida em ofertas anunciadas no comércio, aparentemente vantajosas.
O uso da calculadora é incentivado, pois em algumas situações os cálculos não
são simples. Mesmo uma calculadora simples pode ser útil, se forem usados artifícios
adequados para efetuar os cálculos pretendidos.
3) Num financiamento, qual o tipo de juros que é mais vantajoso para uma
financeira: simples ou compostos? Isso vale sempre?
Por exemplo, para calcular o preço de uma mercadoria que sofreu um aumento de 15%,
basta multiplicar o preço original P por 1,15, já que:
No caso de um desconto de 20%, por exemplo, o novo preço é obtido por meio de uma
única operação, de multiplicação pelo fator 1 – i = 1 – 0,2 = 0,8.
De modo geral, para calcular o valor após um aumento de uma taxa i (na notação
decimal), basta multiplicar o valor original por (1 + i), e no caso de um desconto,
multiplica-se por (1 – i).
Exercícios:
6) A fim de atrair a clientela, uma loja anunciou um desconto de 20% na compra à vista
de qualquer mercadoria. No entanto, para não ter redução na margem de lucro, a loja
reajustou previamente seus preços, de forma que, com o desconto, os preços
retornassem aos seus valores iniciais. Determine a porcentagem do reajuste feito antes
do desconto anunciado.
(UFRJ-
1993)
7)
O trabalhador brasileiro, de acordo com o salário recebido mês a mês, está sujeito a uma
“mordida do leão”, conforme tabela a seguir:
Como exemplo, observe como o eixo das setas facilita a resolução do último problema
proposto:
IV- JUROS
Os juros podem ser simples ou compostos. Nos juros simples, em cada período
a taxa incide sobre o capital inicial, tornando o acréscimo constante e nos juros
compostos, a cada período os juros são calculados sobre o montante no início desse
período. Na prática, os juros usados pelas instituições financeiras são geralmente
compostos.
Juros Simples
O exemplo representado acima, no eixo das setas, é um exemplo de juros simples, já
que a cada mês foram acrescentados juros de 10% do capital inicial. Isto é, a cada
período o valor é acrescido de 0,1.C0.
C0 = 100
C n = C0 .
(1+ n i )
2) Qual o valor principal de uma aplicação, a juros simples, com prazo de 8 meses e
taxa de 1,5% ao mês cujo valor final atingiu R$ 3 800,00 ?
3) Qual a taxa mensal de juros simples de um investimento de R$2 500,00 pelo prazo
de 4 meses cujo montante atingiu R$ 3 000,00? E qual a taxa do período?
Juros compostos
No regime de juros compostos, os juros de cada período são calculados sobre o
saldo, que passará, então, a render novos juros. Juros compostos são também
chamados de juros sobre juros.
Imagine, por exemplo, que um capital de R$100,00 é aplicado por um período
de 3 meses, a juros compostos de 10% ao mês. Nesse caso:
C0 = 100
Cn = C0 . (1 + i ) n
No eixo das setas, a situação fica representada como segue e o gráfico que
representa a quantia obtida em função do tempo de aplicação em juros compostos
cresce de forma exponencial:
A partir dessas representações, fica claro porque sugerimos que o estudo de
Matemática Financeira seja sempre associado ao estudo das progressões, e das funções
exponenciais, além das funções de 1º grau já mencionadas.
Exercícios:
1) Marta tomou um empréstimo de R$ 200,00 a juros compostos de 12% ao mês. Qual
será a dívida de Marta 4 meses depois?
3) Tico e Teco são irmãos. Tico recebeu uma gratificação de R$1 000,00, que investiu
à taxa de juros de 3,5% ao mês. Na mesma data, Teco solicitou um empréstimo da
mesma quantia a uma financeira, com juros de 8% ao mês e prazo de vencimento de
90 dias.
a) Qual o montante do investimento de Tico ao fim de 3 meses?
b) Qual a dívida de Teco no vencimento do empréstimo?
c) Quanto Teco teria economizado se o irmão lhe emprestasse o dinheiro nas mesmas
condições do investimento?
4) João aplicou R$1 200,00 numa caderneta de poupança. No primeiro mês a taxa de
juros foi de 0,4%, no segundo foi de 0,5% e no terceiro foi de 0,3%.
Represente essa situação no “eixo das setas”, e calcule o rendimento total de João
ao final desse período. Qual a taxa no período?
Exemplo:
Um aparelho de DVD está anunciado em duas opções de pagamento: 3 prestações
mensais de R$180,00 cada, ou em 6 prestações mensais de R$100,00, ambos com
entrada.
Qual é a opção mais vantajosa, se posso fazer render meu dinheiro a uma taxa de 5% ao
mês?
Na 1ª opção:
V = 180 (1+0,05)2 + 180 (1 + 0,05) + 180 = 180 x 1,1025 + 180 x 1,05 + 180 =
= 198,45 + 189,00 + 180,00 = 567,05
Na 2ª opção:
100 100 100
V = 100⋅ 1,05 2+ 100⋅ 1,05+ 100+ + +2 =
1,05 1,05 1,05 3
Transferindo o valor das prestações (sem entrada) para a data inicial com taxa de 4% ao
mês, e usando a fórmula da soma dos termos de uma P.G.:
83,33 1 − 1
12
×
83,33 83,33 83,33 83,33 1,04 1,04 = 782,05
P= + + ............ + + =
1,04 1,04 2
1,04 11
1,04 12
1
−1
1,04
1) Para resolver esse problema é preciso saber a taxa de atratividade, isto é, qual a
taxa a que se consegue investir o dinheiro.
0,998 x . (1 + i) = 1,03 x
1,03
=
1 + i = 0,998 1,0320641
i = 0,0320641 ou 3,20641%
Exercícios:
1) O juro do cheque especial é de 12% ao mês. Se Vanda ficar com um saldo negativo
de R$120,00 durante um mês, quanto terá de pagar?
2) Pedro prometeu pagar a João R$ 200 reais no dia 1º de setembro. Mas, um mês
antes, no dia 1º de agosto, resolveu saldar sua dívida. Se o combinado tinha sido um
juro de 6% ao mês, quanto Pedro deverá pagar?
REFERÊNCIAS
Lima, EL, Carvalho, PCP, Wagner, E, Morgado, AC (2000): A Matemática do Ensino
Médio, vol. 2, Coleção do Professor de Matemática, SBM.