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DIREITO EMPRESARIAL II

DIREITO SOCIETÁRIO 1
Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida para servir de material
de apoio aos alunos da cadeira “Direito Empresarial”

* O conteúdo da presente apostila não afasta a necessidade de leitura, pelo


aluno, da bibliografia básica sobre os termos abordados em aula e que
fazem parte do conteúdo programático do curso, devendo esta apostila
servir tão somente como uma forma de apoio no desenvolvimento dos
estudos e pesquisas necessários ao aproveitamento do curso. Não se afasta,
também, a existência de entendimentos diversos dos constantes nessa
apostila.

* As interpretações apresentadas nesta apostila podem conflitar com


interpretações adotadas por outros autores.

* A presente apostila pode conter erros de digitação, o que impõe o seu


conflito com os textos legais.
1
Na elaboração deste resumo constam informações das seguintes obras : “Curso de Direito Comercial” de
Rubens Requião (São Paulo:Editora Saraiva, 25a edição revista e atualizada, 2003), “Direito de Empresa
no Novo Código Civil” de Láudio Camargo Fabretti (São Paulo: Editora Atlas, 2003), “Curso de Direito
Comercial” de Fábio Ulhoa Coelho (São Paulo: Editora Saraiva, 2004, 8a edição, revista e atualizada),
“Novo Código Civil Comentado” sob coordenação de Ricardo Fiúza (São Paulo : Saraiva, 1a edição, 10a
tiragem, 2003)
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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
autor desta apostila. Para realização do download dessa apostila acesse
www.denishermida.com.br.
I – O CONCEITO DE SOCIEDADE

- a atividade econômica empresarial pode ser exercida pelo empresário


solitariamente (que é denominado “empresário individual” ou “empresário em
firma individual”) ou através de sociedades empresárias.

a)O conceito de sociedade em contraposição ao conceito de associação

- Rubens Requião aponta que o código comercial de 1850 não definiu sociedade
comercial. Já o antigo código civil (de 1916) conceituava genericamente, no seu
artigo 1.363, que “celebram contrato de sociedade as pessoas que mutuamente se
obrigam a combinar seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns”

- Importante é que se destaque que o código civil de 1916 não fazia distinção
entre sociedade e associação, mesmo porque, a Seção III do Capítulo II de seu
livro I é intitulada como “Das Sociedades ou Associações civis”, utilizando esses
dois vocábulos como sinônimos

- Se de um lado o termo genérico “sociedade” nos remete invariavelmente para a


existência de união de esforços de um grupo de pessoas para a realização e um
fim comum, de outro lado temos que o termo “sociedade” é utilizado pelo atual
código civil com um significado específico, significado esse que deve ser
compreendido frente à diferenciação com o instituto da “associação”.

- Fazer a comparação entre “sociedade” e “associação” no código civil de 2002 é


proceder a análise conjunta do constante dos seus artigos 53 e 981, que abaixo
transcrevemos:

“Art. 53. Constituem-se as associações pela união de


pessoas que se organizem para fins não econômicos.”

“Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas


que reciprocamente se obrigam a contribuir, com
bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados”

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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- Da leitura dos artigos acima transcritos, resta claro que a formação e
funcionamento da sociedade e da associação estão baseados na união de esforços
entre pessoas para a realização de um fim comum. No entanto, enquanto na
associação esse fim é “não econômico” (isto é, não objetiva lucro, não objetiva
“ganhar dinheiro para ser dividido entre os sócios” mas, sim, fins filantrópicos,
culturais, sociais, políticos ou de qualquer outro gênero), na sociedade o fim da
união de esforços entre as pessoas é “econômico” (isto é, a aquisição de lucro
para ser repartido entre todos os sócios).

- Sociedade é, assim, para o atual código civil, a agregação de pessoas que


possuem um objetivo em comum e se reúnem (contribuindo com bens ou
serviços) para consegui-lo com menor dificuldade, objetivando um conteúdo
econômico.

b)Espécies de sociedade

- As sociedades previstas no direito civil podem ser qualificadas de acordo com


a atividade econômica que desenvolvem, surgindo, a partir daí, 2(duas)
categorias de sociedade: as sociedades simples e as sociedades empresárias.

- Como “sociedades”, ambas as categorias se enquadram na descrição abstrata do


artigo 981 do Código Civil, isto é, ambas são reuniões de pessoas com o objetivo
de, contribuindo com bens ou serviços, realizarem uma atividade econômica, isto
é, obter lucro através da realização de uma atividade econômica.

- O que diferencia essas duas categorias é a atividade econômica que exercem.


Faremos a diferenciação entre sociedades simples e sociedades empresárias
conceituando esta última.

- Sociedade empresária é a espécie de sociedade que explora uma atividade de


empresa, isto é, que tem como objeto o exercício de atividade própria de
empresário.

- Lembremos que o artigo 966 considera empresário quem exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação
de bens ou de serviços, excluindo, em seu parágrafo único, da condição de
empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica ou artística,
com ou sem auxiliares ou colaboradores (salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa).
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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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- Incluem-se como sociedade empresária, independentemente de exercerem ou
não atividade empresarial, as sociedades anônimas, por expressa disposição do
parágrafo único do artigo 982 do Código Civil (“Independentemente de seu
objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a
cooperativa”).

- Dessa forma, sociedade empresária é aquela que exerce atividade


econômica de produção ou circulação de bens ou de serviços, atividade essa
que não seja o exercício de profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística que não seja elemento de empresa. Por disposição legal
(artigo 982 do CC), toda sociedade anônima, independentemente de seu
objeto, são sociedades empresárias.

- Como exemplo de sociedade empresária, podemos citar 2(duas) pessoas que se


unem (com bens ou serviços) para a atividade econômica de produção ou
comercialização de roupas.

- Outro exemplo que podemos citar é a união de um advogado e um contador


para a prestação de serviços de assessoria empresarial (nesse caso, apesar de
serem a advocacia e a contabilidade profissões intelectuais de natureza científica,
estão sendo exercidas como elemento de uma empresa, que é, no caso, a
atividade organizada de assessoria jurídico-contábil a empresas.

- Já na categoria de sociedade simples se enquadram todas as sociedades que


não exercem atividade econômica típica de empresário. Isto é, todas as
sociedades que não forem empresárias são, por exclusão, sociedades simples.
Incluem-se na categoria de sociedade simples, por disposição expressa do
parágrafo único do artigo 982 do CC, as cooperativas, independentemente
de seu objeto.

- Como ensina Rubens Requião, o perfil jurídico da sociedade simples se faz por
exclusão ou por determinação legal no ritmo do artigo 982 do Código Civil

- Como exemplo de sociedade simples, podemos citar 2(dois) advogados que


unem seus esforços para a prestação de serviço de advocacia. Como a advocacia
é uma profissão intelectual de natureza científica, e não está servindo como
elemento de empresa (enquadrando-se no parágrafo único do artigo 966 do CC),
a sociedade não é empresária e, portanto, é simples.
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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
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não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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- Essa diferenciação entre sociedade empresária e sociedade simples consta do
artigo 982 do Código Civil:

“ Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se


empresária a sociedade que tem por objeto o exercício
de atividade própria de empresário sujeito a registro
(art. 967); e, simples, as demais.”

- A forma como o código civil trata as sociedades simples e empresárias é


totalmente compatível com a adoção do sistema italiano de direito comercial que,
numa tentativa de unificação do direito obrigacional, não faz diferenciação entre
atividades comerciais e civis, mas adota a teoria da empresa como forma de
reagrupar as sociedades, destinando tratamento diferenciado a algumas atividades
de importância econômica marginal (não empresárias), que são aquelas que
constituem as sociedades simples.

II – A PERSONALIZAÇÃO DAS SOCIEDADES

- as sociedades podem ser personalizadas e, assim, são pessoas distintas dos


sócios, titularizam os seus próprios direitos e obrigações

a) Natureza e conceito de pessoa Jurídica

- Conceito :a pessoa jurídica é o sujeito de direito inanimado e personalizado.

- a natureza jurídica da “pessoa jurídica” é objeto de várias teorias, destacando-se


2(duas) : a teoria orgânica e a teoria da ficção ou realidade objetiva.

- a “teoria orgânica” defende que a pessoa jurídica tem uma preexistência ao


direito. Isto é, para esta teoria, o direito não cria a pessoa jurídica, somente a
reconhece.

- a “teoria da ficção” afirma que a pessoa jurídica é criação do direito, não


preexistindo ao direito.

- Fabio Ulhoa Coelho aponta que a pessoa jurídica não preexiste ao direito, é
apenas uma idéia, conhecida dos advogados, juízes e demais membros da
comunidade jurídica, que auxilia a composição de interesses ou a solução de
conflitos.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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- O sujeito de direito personalizado tem aptidão para a prática de qualquer ato,
exceto o expressamente proibido; já o sujeito de direito despersonalizado (do
qual são exemplos a massa falida – universalidade formada pelos direitos e
obrigações de falido - e o espólio - universalidade formada pelos direitos e
obrigações de pessoa falecida -) somente pode praticar ato essencial ao
cumprimento de sua função ou o expressamente autorizado.

- a sociedade personificada empresária e a sociedade personificada simples


são, assim, sujeitos de direito, tendo aptidão para a prática de qualquer ato,
à exceção daqueles expressamente proibidos pelo direito positivo, possuindo
autonomia obrigacional, patrimonial e processual, não se confundido com a
pessoa dos seus sócios.

b) Quadro geral das pessoas jurídicas

- as pessoas jurídicas são divididas em 2(dois) grandes grupos, que são : as


pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado

- o que diferencia esses grupos é o regime jurídico a que se encontram


submetidos. Enquanto as pessoas jurídicas de direito público estão submetidas ao
regime jurídico de direito público (que tem como fundamental o princípio da
supremacia do interesse público; neste regime as normas estabelecem
desigualdade nas relações jurídicas, para que o interesse geral prepondere sobre o
particular) e, por óbvio, as pessoas jurídicas de direito privado se submetem ao
regime jurídico de direito privado (cujos princípios vigentes são os da autonomia
da vontade e o da igualdade).

- como pessoas jurídicas de direito público, temos as entidades estatais (da


administração pública direta e indireta e fundacionais) e as empresas particulares
concessionárias de serviços públicos).

- como pessoas jurídicas de direito privado, temos as fundações (nas fundações o


instituidor destaca do seu patrimônio um ou mais bens e manifesta a vontade no sentido
de que os frutos da administração deles sejam empregados na concretização de
determinado fim, normalmente de relevância social ou cultural), as associações (a
agregação de pessoas que possuem um objetivo em comum e se reúnem para consegui-
lo com menor dificuldade, objetivando um conteúdo não-econômico) e as sociedades (
agregação de pessoas que possuem um objetivo em comum e se reúnem -contribuindo
com bens ou serviços - para consegui-lo com menor dificuldade, objetivando um
conteúdo econômico).

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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c) Efeitos da personalização

- o fato de serem pessoas jurídicas faz com que as sociedades empresária e


simples adquiram certas características, quais sejam :

- titularidade obrigacional : é sujeito ativo ou passivo de obrigações e


direitos. Isto é, as obrigações e direitos da sociedade não se confundem
com as obrigações e direitos dos seus sócios

- titularidade processual : possui legitimidade para demandar e ser


demandada em juízo. Isto é, ser Autora ou Ré em ações judiciais

- responsabilidade patrimonial : há separação entre o patrimônio da


sociedade e os patrimônios de seus sócios. Respondem pelas
obrigações da sociedade, em princípio, apenas os bens sociais (bens da
sociedade)

- Princípio da autonomia patrimonial : esse princípio tem como base a separação


patrimonial entre os bens da sociedade e os bens dos sócios; respondem pelas
obrigações da sociedade, em princípio, apenas os bens da sociedade.

- Como exceção ao princípio da autonomia patrimonial, temos o instituto da


“desconsideração da personalidade jurídica” que permite que, em casos
específicos previstos em lei, os sócios respondam pessoalmente pelas obrigações
da sociedade.

d) Início e término da personalização das sociedades

- Início : a personalização das sociedades empresarial e simples se inicia com o


registro do contrato ou estatuto social no registro público competente  artigo
45 do Código Civil.

- O registro competente para as sociedades simples é o Registro Civil das Pessoas


Jurídicas do local de sua sede  artigo 998 do Código Civil e artigo 1.150 do
Código Civil.

- O registro competente para as sociedades empresárias é o Registro Público das


Empresas Mercantis do local de sua sede  artigo 1.150 do Código Civil.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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- Término : através de procedimento dissolutório, que pode ser extrajudicial (por
ato dos sócios) ou Judicial (por decisão judicial). O processo dissolutório tem
basicamente 2(duas) fases : a liquidação (que visa a solução das pendências
negociais da sociedade) e a partilha (que visa distribuir o acervo patrimonial, se
houver, aos sócios

III – CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

- Existem várias classificações para as sociedades, sendo que daremos destaca


para as seguintes classificações: a) em sociedades de pessoas e sociedades de
capital; b) em sociedades contratuais e sociedades institucionais e c) em
sociedades de responsabilidade limitada, de responsabilidade ilimitada e de
responsabilidade mista d) em sociedades irregulares e sociedades de fato.

a) Sociedades de pessoas e sociedades de capital

- essa classificação leva em consideração o grau de dependência da sociedade em


relação às qualidades subjetivas dos sócios.

- Sociedades de pessoas: são aquelas em que a realização do objeto depende mais


dos atributos individuais dos sócios que da contribuição material que eles dão.
São sociedades de pessoas: as sociedades em nome coletivo (arts. 1.039 a
1.044/CC), as sociedades em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051/CC), em
razão de a elas ser aplicável o artigo 1.003 do CC (aplicação subsidiária em razão
do disposto nos artigos 1.040 e 1.046/CC).

- Sociedades de capital: aquelas em que a contribuição material é mais


importante que as características subjetivas dos sócios. São exemplos de
sociedades de capital : a sociedade anônima (art. 1.088/CC) e as sociedades em
comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092/CC).

- A sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087/CC) pode ser tanto de pessoas como
de capitais, dependendo do que constar no contrato social (ato constitutivo),
conforme artigo 1.053/CC.

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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b) Sociedades contratuais e sociedades institucionais

- essa classificação leva em consideração o regime legal de constituição e


dissolução do vínculo societário.

- Sociedades contratuais: são constituídas por contrato entre os sócios; são de


origem contratual. São sociedades contratuais : a sociedade em nome coletivo, a
sociedade em comandita simples e a sociedade limitada.

- Sociedades institucionais: também se constituem por manifestação dos sócios,


mas não são revestidas de natureza contratual em razão da forma de vinculação
que o direito positivo impõe a essas sociedades. São sociedades institucionais: a
sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações.

- As sociedades contratuais são regidas pelo código civil e as sociedades


institucionais são regidas pela lei das sociedades anônimas (Lei 6.404/76)

c) Sociedades de responsabilidade limitada, de responsabilidade ilimitada e de


responsabilidade mista

- leva em consideração a limitação ou não da responsabilidade dos sócios em


relação às obrigações da sociedade.

- em razão da personalização (titularidade obrigacional, legitimidade processual e


responsabilidade patrimonial), o patrimônio dos sócios não se confunde com o da
sociedade.

- responsabilidade subsidiária: enquanto não exaurido o patrimônio social, não


se pode cogitar de comprometimento do patrimônio do sócio (benefício de ordem
- art. 1.024/CC), à exceção da hipótese da parte final do artigo 990 do CC.

- além de subsidiária, a responsabilidade do sócio pode ser LIMITADA ou


ILIMITADA.

- é ilimitada a responsabilidade quando os sócios respondem pelas obrigações


sociais, sem qualquer limitação, arcando com o valor integral da dívida da
sociedade.

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- é limitada quando a responsabilidade quando os sócios respondem pelas
obrigações sociais dentro de um limite, relacionado ao valor do investimento que
se propuseram a realizar.

- sociedades de responsabilidade ilimitada: aquelas em que todos os sócios


respondem integralmente pelas obrigações sociais. Exemplo: sociedade em nome
coletivo (art.1.039/CC).

- sociedades de responsabilidade mista: aquelas em que apenas parte dos sócios


responde de forma ilimitada. Ex: sociedade em comandita simples (art.
1.045/CC) e sociedade em comandita por ações (art. 1.090/CC).

- sociedades de responsabilidade limitada: aquelas em que todos os sócios


respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. Ex: sociedade limitada
(art. 1.052/CC) e a sociedade anônima.

d) Sociedades regulares, sociedades irregulares e sociedades de fato :

- Essa classificação leva em consideração o preenchimento das imposições legais


para a aquisição, pela sociedade, de personalidade jurídica própria

- Sociedades regulares: são aquelas que têm os seus respectivos atos constitutivos
devidamente registrados no órgão registral competente, conforme determina os
artigos 45 e 1.150 do CC

- Sociedades irregulares: são aquelas que não tem o seu ato constitutivo
registrado no órgão registral competente, não adquirindo, assim, personalidade
jurídica própria

- Sociedades de fato: são aquelas que não possuem sequer um ato constitutivo
(contrato social), deixando os sócios de reduzir a escrito seu ajuste

- Tanto as sociedades irregulares quanto as sociedades de fato são regidas pelas


normas da “sociedade em comum”, constantes nos artigos 986 a 990 do CC,
conforme determina o artigo 986 do CC.

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IV – AS SOCIEDADES EM ESPÉCIE
- As sociedades dividem-se em sociedades simples e sociedades empresárias

- Sociedades simples são aquelas que não exercem atividade empresária, isto é, não se
enquadram na atividade econômica empresária conceituada no artigo 966 do CC. As
sociedades cooperativas são, por disposição legal (art. 982, parágrafo único,CC),
sempre sociedades simples, independentemente de seu objeto

- Sociedades empresárias são aquelas que exercem atividade empresária, isto é, que se
enquadram na atividade econômica empresária conceituada no artigo 966 do CC. As
sociedades por ações (sociedades anônimas e sociedades em comandita por ações) são,
por disposição legal (art. 982, parágrafo único, CC), sempre sociedades empresárias,
independentemente de seu objeto.

Pessoas Jurídicas de Direito Privado

Soc.Não
personificadas :

- Soc. em Comum
- soc. em conta de
participação
Associações Fundações Sociedades

personificadas

Simples Empresárias

Soc. em nome coletivo

Soc. em comandita simples

Soc. Limitada

Soc. em comandita por


ações

Soc. Anônima

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- O artigo 983 do CC impõe que as sociedades empresárias devem ser
constituídas sob um dos tipos previstos nos artigo 1.039 a 1.092, ou seja :
Sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044), Sociedade em comandita
simples (arts. 1.045 a 1.048), Sociedade Limitada (arts. 1.052 a 1.086),
Sociedade Anônima (art.1.088 e 1.089/CC e Lei 6.385/76) ou Sociedade em
comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092/CC e Lei 6.385/76)

- O mesmo artigo 983 do CC também determina que as sociedades simples


podem (faculdade) se constituir sob a forma de um dos tipos de sociedades
empresárias previstos nos artigos 1.039 a 1.092 do CC ou sob a forma própria de
sociedade simples

- A despeito do campo de estudo do direito comercial se limita à regulação da


atividade econômica de natureza empresarial, o estudo da regulamentação sobre
as sociedades simples é importante em razão de sua aplicação subsidiária em
relação aos diversos tipos de sociedades empresárias, como consta dos artigos
1.040/CC (para a sociedade em nome coletivo), 1.046/CC (para a sociedade em
comandita simples) e 1.053/CC (para a sociedade limitada)

- Para as sociedades, sejam simples, sejam empresárias, que não têm inscritos os
seus atos constitutivos (contrato social) nos órgãos competentes (Junta Comercial
para as sociedades empresárias e Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas para
as sociedades simples), isto é, as sociedades irregulares e as sociedades de fato
(vide classificação das sociedades), são regidas pelas regras das “Sociedades em
comum” previstas nos artigos 986 a 990/CC.

1- Sociedades não personificadas

- O artigo 45, caput, do CC determina que a existência legal das pessoas jurídicas
de direito privado (associações, fundações e sociedades) se inicia com o registro
dos respectivos atos constitutivos nos competentes órgãos registrais.

- Para as associações e fundações o órgão competente para o registro dos


respectivos atos constitutivos no registro civil das pessoas jurídicas.

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não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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- Para sociedades simples a competência é do registro civil das pessoas jurídicas
e para as sociedades empresárias o registro público das empresas mercantis
(Junta Comercial), conforme artigo 1.150 do CC.

- Uma vez não registrados os atos constitutivos, a sociedade será considerada não
personificada e será regido pelas regras inerentes à Sociedade em Comum (arts.
986 a 990 do CC).

- As sociedades em conta de participação também são consideradas sociedades


não personificadas e regidas por regras específicas constantes dos artigos 991 a
996 do CC.

a) Sociedade em comum

- Enquanto não inscritos seus atos constitutivos no registro próprio, a sociedade


não adquire personalidade jurídica e será regida pelas disposições referentes à
sociedade de fato denominada pelo CC de sociedade em comum (art.986/CC).

- Não estando a sociedade personificada juridicamente, ela não tem capacidade


jurídica para adquirir direitos e assumir obrigações, não sendo, portanto, uma
pessoa jurídica e, conseqüentemente, não lhe é aplicável a autonomia
patrimonial, isto é, não é possível separar o patrimônio da sociedade do
patrimônio particular dos sócios.

- Prova da existência da sociedade: os sócios, entre si ou em relação a terceiros,


só pode fazer prova da existência da sociedade através de documento escrito. Já
terceiros podem fazer prova da existência da sociedade por qualquer forma (por
escrito ou por provas orais)  art. 987 do CC.

- Titularidade dos bens e dívidas: os sócios são considerados titulares dos bens
destinados à atividade da sociedade e das dívidas contraídas pela sociedade 
art. 989 do CC.

- Responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade:

- os bens sociais (bens destinados ao exercício da atividade econômica)


respondem pelos atos de gestão (atos de gerir a atividade, atos que tem
por objetivo que a sociedade exerça os seus objetivos) de qualquer dos
sócios;
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- benefício de ordem  art. 1.024/CC  os bens pessoais dos sócios só
responderão pelas dívidas da sociedade em comum se os bens sociais
não forem suficientes para garantir toda a dívida.

- Exceção ao benefício de ordem  art. 990, parte final, do CC  o


sócio que pactuou contratos pela sociedade se responsabilizará
pessoalmente pela dívida independentemente de prévia verificação de
capacidade dos bens sociais de suprir a dívida.

- Todos os sócios respondem solidária (qualquer um pode ser


demandado por todo o valor da dívida) e ilimitadamente (sem qualquer
limitação de valor) pelas dívidas (obrigações) da sociedade, se os bens
sociais não forem suficientes para cumprir a dívida (benefício de
ordem)  art.990/CC.

- Já o sócio que contratou pela sociedade não terá sequer o benefício de


ordem (art. 1.024/CC), podendo ter diretamente consumido o seu
patrimônio particular para o pagamento de dívida (obrigação) da
sociedade.

- A administração da sociedade é comum a todos os sócios, mas podem os sócios


pactuar expressamente limitação de poderes a algum ou a vários sócios. Os bens
da sociedade respondem pelas obrigações contraídas com afronta à limitação de
poderes, desde que o terceiro contratante conheça tal limitação ou deva conhece-
la. Se o terceiro conhecia a limitação de poderes e assim mesmo pactou o
contrato com afronta a essa limitação (isto é, o sócio contratante não tinha o
poder de contratar pela sociedade), somente o sócio que contratou será
responsável pela dívida, não podendo o terceiro atingir os bens sociais da
sociedade ou os bens pessoais dos demais sócios  art. 989 /CC.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
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não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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SOCIEDADE EM COMUM Sem registro do ato constitutivo (art. 986)

BENS

E REGRA : os sócios são TITULARES em comum (são co-


proprietários dos bens e co-responsáveis pelas dívidas)  art.
988/CC
DÍVIDAS
Exceção:dívidas contraídas com afronta à expressa limitação de
poderes e em que o terceiro que contratou tinha ou deveria
ter conhecimento da limitação  art. 989 do CC

Dívida

Responsabilidade direta do OU Bens da sociedade respondem


Sócio que contratou pela pela dívida (art. 1.024 e 990/CC)
Sociedade

(art. 990, parte final, do CC)

Se bens da sociedade forem


insuficientes

Opção do credor

Responsabilidade solidária e
ilimitada de todos os sócios
 podem ser
responsabilizados com os
patrimônios pessoais por
toda a dívida e sem limitação
de valor
(art. 999, parte final, do
CC)

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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b) Sociedade em conta de participação

- é também uma das espécies de sociedade não personificada

- é caracterizada por um contrato de participação (que independe de qualquer


formalidade e pode provar-se por todos os meios de prova admitidos em direito
 art. 992) que vincula o sócio “ostensivo” e o sócio “participante”

- sócio ostensivo : - é aquele que se apresenta ao mercado, regularmente


estabelecido, inscrito no registro público e repartições competentes na forma da
lei e com documentos livros contáveis e fiscais. Isto é, é o sócio que exerce o
objeto social (o objetivo, a finalidade, a atividade econômica) da sociedade em
seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade.

- o sócio ostensivo é aquele que realiza todos os negócios


ligados à atividade, em seu próprio nome, respondendo por eles de forma pessoal
e ilimitada

- sócio participante : - são investidores. Investem na atividade econômica


exercida pelo sócio ostensivo, mas não exercem a referida atividade econômica,
não podendo tomar parte nas relações entre o sócio ostensivo e terceiros.

- perante terceiros que contratam com o sócio ostensivo, o


sócio participante não aparece, sendo somente um investidor na exploração da
atividade econômica

- Objeto da sociedade : o sócio ostensivo tem contrato (art. 992/CC) com o sócio
participante pelo qual este (o sócio participante) se obriga a prestar determinada
soma a serem empregadas na atividade econômica do sócio ostensivo e, em
contrapartida, o sócio participante é credor em eventual resultado positivo (lucro)
da atividade econômica do sócio ostensivo

- Características do contrato :

- natureza secreta : o ato constititivo (contrato de participação) não


precisa ser levado a registro (art. 992/CC)

- contrato de participação pode ser provado por qualquer meio de prova


admitido em direito (art. 992/CC)

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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- contrato de participação produz efeito somente entre os sócios (art.
992/CC)

- Eventual registro do contrato de participação em qualquer órgão


registral não confere personalidade jurídica à sociedade, que será
sempre despersonificada (art. 993/CC)

- Responsabilidades dos sócios :

- Sócio Ostensivo : tem responsabilidade pessoal e ilimitada em relação


a terceiros  art. 991/CC

- Sócio Participante : obriga-se exclusivamente com o sócio ostensivo,


na forma prevista no contrato de participação. Não tem
responsabilidade em relação a terceiros  art.991, parágrafo único, do
CC

- Exceção : o sócio participante não pode tomar parte nas relações do


sócio ostensivo com terceiros. Mas, se tomar parte nessas relações
(interferindo de qualquer forma perante terceiros) passa a responder
solidariamente com o sócio ostensivo em face das obrigações
contraídas em razão de tal relação com terceiro  art. 993, par. único,
CC

- Salvo se houver previsão diferente no contrato de participação, o sócio


ostensivo não poderá admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos
demais sócios participantes  art. 996/CC.

- na hipótese de eventual omissão, aplica-se às sociedades em conta de


participação as normas jurídicas destinadas às sociedades simples, naquilo em
que com ela for compatível. Isto é, para determinada matéria referente às
sociedades em conta de participação que não possuir regra específica nos artigos
991 a 996 do CC (capítulo destinado às sociedades em conta de participação), vai
se aplicar o constante nos artigos 997 a 1.038 do CC (capítulo destinado às
sociedades simples), desde que não incompatível com as normas específicas à
sociedade em conta de participação  art. 996/CC.

- Patrimônio da sociedade em conta de participação: na forma do artigo 994 do


CC, a contribuição do sócio participante, com a contribuição do sócio ostensivo,
constitui patrimônio especial (que é objeto da conta de participação relativa aos

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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negócios da sociedade), sendo certo que esta especialização do patrimônio
produz efeitos somente em relação aos sócios, não a terceiros

- Falência dos sócios :

- do sócio ostensivo : acarretará a dissolução da sociedade em conta de


participação com a liquidação (comparação entre o ativo e o passivo a
fim de se verificar se há alguma sobra) da conta, sendo que em
havendo algum saldo na liquidação, este se constituirá em crédito
quirografário (isto é, crédito simples, sem preferência no juízo de
falência)  art. 994, par. 2o, CC

- do sócio participante : contrato social fica sujeito às normas que


regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido  art.
994, par. 3o, CC

- Dissolução : liquidação pela medida judicial de prestação de contas (arts. 914 a


919 do Código de Processo Civil) e não por ação de dissolução de sociedade

- Nome : a sociedade em conta de participação não possui nome empresarial

2 – As sociedades Personificadas

- As sociedades personificadas são aquelas que têm os seus respectivos atos


constitutivos registrados nos competentes órgãos registrais.

- O artigo 45, caput, do CC determina que a existência legal das pessoas jurídicas
de direito privado (associações, fundações e sociedades) se inicia com o registro
dos respectivos atos constitutivos nos competentes órgãos registrais.

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- Uma vez personificada (isto é, uma vez sendo pessoa jurídica), aplicam-se às
sociedades as características de :

- titularidade obrigacional : é sujeito ativo ou passivo de obrigações e


direitos. Isto é, as obrigações e direitos da sociedade não se confundem
com as obrigações e direitos dos seus sócios.

- titularidade processual : possui legitimidade para demandar e ser


demandada em juízo. Isto é, ser Autora ou Ré em ações judiciais.

- responsabilidade patrimonial : há separação entre o patrimônio da


sociedade e os patrimônios de seus sócios. Respondem pelas
obrigações da sociedade, em princípio, apenas os bens sociais (bens da
sociedade).

- Para sociedades simples (aquelas que não tem como finalidade o exercício de atividade
empresária nos moldes do artigo 966 do CC e as sociedades cooperativas independentemente de
seus objetivos, conforme determina o artigo 982, caput e parágrafo único) a competência é
do registro civil das pessoas jurídicas.

- Para as sociedades empresárias (aquelas que tem como finalidade o exercício de


atividade empresária nos moldes do artigo 966 do CC e as sociedades por ações
independentemente de seus objetos, também conforme determina o artigo 982 do CC), a
competência é do registro público das empresas mercantis (Junta Comercial),
conforme artigo 1.150 do CC.

- Como determina o artigo 983 do CC, a sociedade empresária deve constituir-se,


necessariamente, sob uma das formas (tipos) previstos nos artigos 1.039 a
1.092/CC, isto é : sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples,
sociedade limitada, sociedade anônima ou sociedade em comandita por ações.
Trata-se de rol taxativo (não exemplificativo), não havendo como se cogitar na
existência de sociedade empresária personificada sob forma diferente das acima
citadas.

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2.1) SOCIEDADE SIMPLES

a) Conceito

- é uma categoria de sociedade.

- Sociedade é, conforme artigo 981 do Código Civil, a agregação de pessoas que


possuem um objetivo em comum, de conteúdo econômico e se reúnem
(contribuindo com bens ou serviços) para alcançá-lo com menor dificuldade.

- como já vimos, as sociedades personalizadas (que possuem personalidade


jurídica, conforme artigo 45, caput, do Código Civil) dividem-se em 2(duas)
categorias, as sociedades simples e as sociedades empresárias.

- as sociedades empresárias são aquelas que, conforme artigo 982 do Código


Civil, têm como objeto o exercício de uma atividade típica de empresário sujeito
a registro, isto é, atividade econômica profissional de produção ou circulação de
bens ou serviços (excetuando-se o exercício de atividades profissionais
intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, desde que o exercício da
profissão n”ao constitua elemento de empresa) artigo 966, caput e parágrafo
único, do CC. Ressalte-se que, independentemente do objeto, as sociedades por
ações (sociedade anônima e sociedade em comandita por ações) são, por
determinação legal (art. 982, parágrafo único, do CC), sempre empresárias.

- Já as sociedades simples são, por exclusão, todas as sociedades personalizadas


que não se enquadrarem no conceito de sociedades empresárias  artigo 982,
caput, parte final, do CC.

- Por determinação legal (art.982, parágrafo único, do CC), todas as cooperativas


(aquelas criadas por pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com
bens ou sérvios para o exercício de uma atividade de proveito comum e sem
objetivo de lucro, havendo, na realidade o proveito comum resultante do esforço
solidário dos cooperados  Lei 5.764/71, art. 3o) são sociedades simples.

b) Forma de constituição

- As sociedades simples se constituem através de contrato escrito, sob a forma


particular ou pública. Exige-se, assim, uma constituição formal  art. 997/CC

- o contrato social (ato constitutivo da sociedade simples) tem, conforme parte


final do caput do artigo 997 do CC, o seguinte conteúdo obrigatório:
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- se os sócios forem pessoas físicas: nome, nacionalidade, estado civil,
profissão e residência dos sócios;

- se os sócios forem pessoas jurídicas: a firma ou denominação,


nacionalidade e sede;

- denominação, sede e prazo da sociedade;

- capital da sociedade, expresso em moeda corrente;

- a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la (forma de


integralização, de pagamento de sua participação societária);

- as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em


serviços;

- as pessoas naturais (físicas) incumbidas da administração da sociedade, e


seus poderes e atribuições;

- participação de cada sócio nos lucros e nas perdas (o art. 1.008 do CC


determina que é nula a cláusula que exclua qualquer sócio de participar
dos lucros e das perdas);

- se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente (vide art. 1.024/CC),


pelas obrigações sociais.

- vinculação ao contrato social: o artigo 997, parágrafo único, do CC determina


que não gera efeitos em relação a terceiros qualquer pacto separado que seja
contrário ao disposto no instrumento de contrato.

- o ato constitutivo (contrato social) deve ser levado a registro, no prazo de


30(trinta) dias a partir da data de sua constituição, no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas do local da sede da sociedade  art. 998, caput, do CC.  sobre as
conseqüências do registro fora do prazo, analisar o item “III - O Registro dos
Empresários” na apostila de “Direito Empresarial I”.

- Se a sociedade simples também instituir sucursal, filial ou agência na


circunscrição de outro Registro Civil das Pessoas Jurídicas, deverá também
proceder ao registro da filial (sucursal ou agência) no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas do local onde se encontra estabelecida a filial  art.1.000/CC 
Sempre constituição de filial (sucursal ou agência) deve ser averbada no Registro
Civil da sede da sociedade  art. 1.000, parágrafo único, do CC.
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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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b) Forma clássica x adoção de forma de um dos tipos de sociedade
empresária:

- o artigo 983 do CC permite que a sociedade simples se constitua em


conformidade com um dos tipos de sociedades empresárias (sociedade em
nome coletivo, sociedade limitada, sociedade em comandita simples,
sociedade anônima e sociedades por ações) ou mantenha a forma clássica
de sociedade simples (disciplinada pelos artigos 997 a 1.038 do CC).

- se a sociedade simples optar por se constituir sob a forma de um dos


tipos de sociedade empresária, então deverá subordinar-se às regras que
são próprias ao tipo que escolheu.

- independentemente da forma como se constituir, o contrato social deverá


ser sempre registrado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de
sua sede art. 998/CC  há, entretanto, opiniões no sentido de que,
adotando a forma de um dos tipos de sociedade empresária, o registro
deveria ser procedido no Registro Público das Empresas Mercantis.

c) Modificação no contrato social

- Quorum: art. 999/CC

- para as modificações que tenham por objetivo matéria indicado no artigo


997/CC, deve haver consentimento (concordância) de todos os sócios

- para demais modificações, é necessária maioria absoluta de votos


(art.1.010, par. 1o , CC -> para a formação da maioria absoluta são
necessários votos correspondentes a mais de metade do capital), salvo se o
contrato social determinar a necessidade de concordância da unanimidade
dos sócios;

- Formalidade das modificações: todas modificação no contrato social deverá ser


averbada no registro da sociedade, também no prazo de 30(trinta) dias a partir da
data de realização da alteração  art. 999, parágrafo único, do CC.

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d) Direitos e Obrigações dos sócios:

- Obrigações: as obrigações dos sócios iniciam-se imediatamente com a


assinatura do contrato social (se o contrato social não fixar outra data) e
terminam quando, liquidada a sociedade (arts.1.033 a 1.038/CC), se extinguirem
as responsabilidades sociais  art.1.001/CC.

- Cessão das quotas sociais: para que se realize a cessão, total ou parcial, das
quotas sociais, deve haver o consentimento de todos os sócios e a correspondente
modificação do contrato social, com a averbação no registro  art. 1.003 e 999,
parágrafo único, ambos do CC.

- Responsabilidade do sócio cessionário de quotas: o sócio cedente responde


solidariamente com o cessionário pelas obrigações que tinha como sócio, perante
a sociedade e terceiros, por até dois anos a partir da averbação da modificação
contratual  art. 1.003, parágrafo único, do CC.

- Contribuição do sócio: o sócio pode contribuir com capital ou com serviço


(conforme se extrai dos artigos 1.005 e 1.006 do CC), com as seguintes
características:

- o sócio que, com o objetivo de integralizar (pagar) as quotas que


subscreveu (quotas a que se comprometeu o sócio a adquirir) no contrato
social, transmitiu à sociedade o domínio (propriedade), a posse ou o uso
de um bem, responde pela evicção (isto é, pela perda do direito sobre o
imóvel por motivo fundado em ato anterior à transmissão desse direito à
sociedade)  art. 1.005/CC

- o sócio que, com o objetivo de integralizar as quotas que subscreveu no


contrato social, cede crédito de que é possuidor, responde pela solvência
do devedor (se o devedor do crédito que foi transmitido não possuir bens
para responder pela obrigação, então o sócio que cedeu tal crédito é
responsável pelo valor do crédito cedido)  art. 1.005, parte final, do CC

- o sócio cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo previsão


em contrário no contrato social, empregar-se em atividade estranha à
sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e de ser excluído da
sociedade  art. 1.006/CC

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e) Não cumprimento da obrigação pelo sócio

- Caso o sócio não cumpra com a obrigação estabelecida no contrato social,


deverá a sociedade notifica-lo, sendo que, deixando de cumprir a obrigação nos
trinta (30) dias seguintes à notificação, o sócio responderá perante a sociedade
pelo dano ocorrido em razão da mora  art.1.004/CC.

-Verificada a mora (isto é, o não cumprimento da obrigação pelo sócio no prazo


de 30 dias a partir da notificação), poderá a maioria dos demais sócios preferir,
ao invés da indenização prevista no artigo 1.004/CC, a exclusão do sócio remisso
(sócio em mora) ou reduzir as suas quotas ao montante já realizado (reduzir à
quantidade de obrigação que o sócio já cumpriu), aplicando-se a correspondente
redução do capital social da sociedade, salvo se os demais sócios suprirem o
valor da quota (conforme art. 1.031, par. 1o, CC).

f) Participação do sócio

- o sócio participa dos lucros e das perdas na proporção de suas respectivas


quotas, salvo previsão diferente no contrato social art. 1.007, parte inicial, do
CC  Ex. o sócio que é detentor de metade das quotas sociais terá direito à 50%
dos lucros.

- o sócio cuja contribuição consista em serviços somente participa dos lucros na


proporção da média do valor das quotas,salvo previsão diferente no contrato
social  art.1.007, parte final,do CC  Ex.: Numa sociedade de 4 sócios, com 3
sócios capitalistas e 1 sócio de serviços, em que o sócio “A” tem direito a 60%
dos lucros, o sócio “B” tem direito a 30% e o sócio “C” a 10%, o sócio de
serviços, quando único,deverá receber 33,33% dos lucros distribuídos ( 60 + 30 +
10 / 3 = 33,33) , cuja participação deverá ser debitada, também
proporcionalmente, do quinhão dos demais sócios.

- Previsão em contrário no contrato social é capaz de afastar as regras constantes


no artigo 1.007/CC, no entanto, conforme artigo 1.088/CC, é nula a estipulação
contratual que exclua qualquer sócio dos lucros e das perdas.

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g) Responsabilidade do sócio pelas obrigações sociais:

- se a sociedade simples adotar a forma clássica (isto é, se não optar por se


constituir sob um dos tipos de sociedades empresárias) e os bens da sociedade
forem insuficientes para cobrir a dívida (ver artigo 1.024/CC, que trata do
benefício de ordem), então os sócios respondem pelo saldo (diferença entre o
valor total das dívidas e o valor dos bens da sociedade) na proporção em que
participem das perdas sociais, salvo se houver, no contrato social, cláusula de
responsabilidade solidário (quando, então, qualquer sócio poderá ser cobrado
pela totalidade do saldo)  art. 1.023/CC

- no entanto, se a sociedade optar por se constituir sob um dos tipos de


sociedades empresárias, então aplicar-se-á a regra de responsabilidade típica do
tipo que foi escolhido (já que o artigo 983 prevê que a sociedade simples, uma
vez optando por se constituir sob a forma de determinado tipo de sociedade
empresária, subordina-se às normas que são próprias do tipo escolhido)

- Na forma clássica :

- o sócio admitido em sociedade já constituída, também é responsável


por dívidas da sociedade anteriores à sua admissão, conforme artigo
1.025/CC (vide também a regra constante do parágrafo único do art.
1.003 do CC)

- Sendo o sócio devedor de terceira pessoa (credor), o credor poderá:

- Requerer que a execução da dívida recaia sobre o valor que


couber ao sócio devedor nos lucros da sociedade 
art.1.026, caput, do CC

- requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor será


levantado com base na situação patrimonial da sociedade
(verificada através de balanço especialmente levantado) na
data da liquidação da quota  art. 1.027, parágrafo único,
do CC

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g) Administração da sociedade simples

- o(s) administrador(es) de uma sociedade simples pode ser ou não sócio.

- Observação: caso a sociedade simples opte, na forma da parte final do caput do


artigo 983/CC, pela constituição sob a forma de um dos tipos de sociedade
empresária, então irá se subordinar às normas que são próprias ao tipo que
escolheu. Se, por exemplo, escolheu a forma de sociedade limitada (arts.1.052 a
1.087/CC),caso não haja permissão expressa no contrato, a administração
somente poderá ser feita por sócio (art. 1.061/CC).

- Não especificando de forma diversa o contrato social, a administração da


sociedade compete separadamente a cada um dos sócios  art. 1.013/CC.

- Quando, em razão de lei ou de contrato social, competir aos sócios,


conjuntamente, decidir sobre os negócios da sociedade, então as deliberações
(decisões) serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das
quotas de cada um, com as seguintes peculiaridades:  art. 1.010/CC.

- para a formação da maioria absoluta são necessários votos


correspondentes a mais de metade do capital social.

- se houver empate, então prevalece a vontade do maior número de sócios


(isto ocorre porque, por exemplo, 50% do capital social pertence a 1 só
sócio e os outros 50% pertencem a 3 sócios. Assim, havendo empate no
cômputo da quantidade de capital social, então prevalecerá a vontade da
maioria (em termos de quantidade de sócios e não de capital) dos sócios.

- se persistir o empate, então a decisão deverá ser dada por um Juiz.

- Responde por perdas e danos (indenização), o sócio que, tendo em algum


negócio (operação) interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação
que aprove o negócio que lhe interessava (contrário aos interesses da sociedade)
graças ao seu voto art.1.011/CC.

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- Formalidade da nomeação do Administrador :

- a designação do administrador deve ser feita no contrato social


(conforme artigo 997, VI, do CC).

- no entanto, o artigo 1.012/CC permite também que o administrador


seja nomeado através de instrumento em separado (fora do contrato
social), devendo o administrador nomeado averbar o instrumento de
nomeação à margem da inscrição da sociedade no registro
competente, sob pena de responsabilidade do administrador, pessoal
e solidária com a sociedade, em relação aos atos praticados antes de
requerer a averbação.

- Obrigações do Administrador:

- averbar o instrumento de nomeação à margem da inscrição da


sociedade  art. 1.012 do CC.

- ter o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma


empregar na administração de seus próprios negócios  art.
1.011/CC.

- Responde por perdas e danos (indenização) perante a sociedade o


administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que
estava agindo em desacordo com a maioria  art. 1.013, parágrafo
2o, do CC .

- Atos do(s) Administrador(es):

- No silêncio do contrato social, os administradores podem praticar


todos os atos pertinentes à gestão da sociedade  art. 1.015/CC

- No que couber (isto é, no que não for incompatível), aplicam-se à


atividades dos administradores as normas jurídicas referentes ao
contrato de mandato (arts. 653 a 691/CC).

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- Excesso por parte dos Administradores (art. 1.015, par. único, CC): o excesso
por parte dos administradores (praticar atos além daqueles para os quais foram
nomeados) somente pode ser oposto em relação a terceiros (afastando, dessa
forma, a validade do ato praticado) em uma das seguintes hipóteses:

- se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro


próprio da sociedade

- provando-se que a limitação de poderes era conhecida do terceiro

- tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da


sociedade

- Multiplicidade de administradores:

- Podem existir vários administradores da sociedade, inclusive na


hipótese do caput do artigo 1.013/CC (inexistência de previsão
quanto a administrador no contrato social, levando à administração
de cada sócio separadamente)

- Se a administração competir separadamente a vários


administradores, cada um pode impugnar operação pretendida por
outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos  art.
1.013, parágrafo 1o, do CC

h) Resolução da sociedade em relação a um sócio:

- No caso de morte de sócio (art.1.028/CC): será procedida a liquidação da sua


quota e destinado o valor respectivo ao espólio (universalidade formada pelos
direitos e obrigações deixados pelo falecido), a não ser que :

- o contrato social disponha de forma diferente;


- os sócios remanescentes optem pela dissolução da sociedade
- se, por acordo com os herdeiros, proceda-se a substituição do sócio
falecido

- Retirada voluntária de qualquer sócio (art. 1.029/CC):

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- se a sociedade for de prazo determinado: deverá o sócio demonstrar
judicialmente a existência de justa causa para a sua retirada voluntária

- se a sociedade for de prazo indeterminado: o sócio poderá retirar-se,


sem necessidade de demonstração de justa causa, mediante notificação
aos demais sócios, com antecedência mínima de 60 dias.

- Obs.: Na hipótese de sociedade por prazo indeterminado, os demais


sócios poderão, no prazo de 30 dias subseqüentes à notificação, optar
pela dissolução da sociedade  art. 1.029, parágrafo único, do CC

- Retirada compulsória do sócio (art. 1.004, par. único, do CC e art. 1.030/CC):

- Hipóteses: mora no cumprimento das obrigações pelo Credor,


judicialmente através da demonstração de falta grave do sócio no
cumprimento de suas obrigações ou de demonstração de incapacidade
superveniente do sócio, se o sócio for declarado falido ou que a sua
quota tenha sido liquidada na forma do artigo 1.026, parágrafo único,
do CC

- Hipótese do artigo 1.004, par. único, do CC : verificada a mora (isto é,


o não cumprimento da obrigação pelo sócio no prazo de 30 dias a
partir da notificação), poderá a maioria dos demais sócios preferir, ao
invés da indenização prevista no artigo 1.004/CC, a exclusão do sócio
remisso (sócio em mora) ou reduzir as suas quotas ao montante já
realizado (reduzir à quantidade de obrigação que o sócio já cumpriu),
aplicando-se a correspondente redução do capital social da sociedade,
salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota (conforme art.
1.031, par. 1o, CC).

- Hipótese do artigo 1.030/CC : poderá também ser o sócio excluído


judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por
falta grave no cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade
superveniente.

- Hipótese do artigo 1.030, par. único, do CC : é considerado excluído o


sócio falido e aquele que tiver as suas quotas liquidadas a pedido de
credor na forma do artigo 1.026, parágrafo único, do CC.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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- Liquidação da quota (art. 1.031/CC):

- será levado em consideração o valor da quota no momento da retirada


do sócio, considerado com base no montante efetivamente
integralizado pelo sócio, e levando em consideração a situação
patrimonial da sociedade verificada através de balanço especialmente
levantado (salvo se houver disposição diferente no contrato social)

- a quota liquidada será paga em dinheiro no prazo de 90(noventa) dias a


partir da liquidação (salvo acordo ou estipulação contratual em
contrário)

- Responsabilidade do sócio retirante/excluído: a retirada, a exclusão ou a morte


do sócio não afasta a sua responsabilidade (ou de seus herdeiros) pelas
obrigações sociais anteriores, até 2(dois) anos após averbada a resolução na
sociedade  art. 1.032/CC

i) Dissolução da sociedade simples (clássica):

- Hipóteses de dissolução (art. 1.033/CC):

- se vencido o prazo de duração (para as sociedades por prazo


determinado)  se vencer o prazo e, sem oposição de sócio, não entrar
a sociedade em liquidação, a sociedade passará a ser por prazo
indeterminado;

- por consenso unânime dos sócios;

- por deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de


prazo indeterminado;

- a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 dias;

- a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar;

- judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando anulada


a sua constituição (art. 1.034/CC, inciso I, do CC);

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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- judicialmente, a requerimento de qualquer sócio, quando exaurido o
fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade (art. 1.034/CC, inciso
II, do CC);

- o contrato social pode prever outras causas de dissolução, a serem


verificadas judicialmente quando contestadas (art. 1.035/CC).

- Liquidante :

- Ocorrida a dissolução, cabe aos administradores providenciar


imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos
negócios inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão (os
administradores) solidária e ilimitadamente  art. 1.035/CC.

- Se não houver designação no contrato social, o liquidante será eleito por


deliberação dos sócios, podendo o liquidante não ser sócio  art.
1.038/CC.

- o liquidante pode ser destituído a qualquer tempo, nas seguintes


hipóteses:

- mediante deliberação dos sócios (se eleito por deliberação dos


sócios).

- judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, ocorrendo


justa causa.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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2.2) SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

- Artigos 1.039 a 1.044 do CC

a) Conceito

- união de 2(duas) ou mais pessoas para a realização de uma atividade empresária


em comum, debaixo de uma firma social (art. 1156/CC -> firma : “ O
empresário opera sob firma constituída por seu nome, complete ou abreviado,
aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa de sua pessoa ou do gênero de
atividade”).

b) Sócios

- somente pessoas físicas (naturais) podem ser sócias de sociedade em nome


coletivo. Não há como se cogitar na existência de sócio que seja pessoa jurídica.
 art. 1.039/CC.

c) Responsabilidade dos sócios

- todos os sócios respondem, solidária (qualquer sócio pode ser demandado por
toda a dívida) e ilimitadamente (não há limitação para a responsabilidade), pelas
obrigações sociais  art. 1.039/CC

- a responsabilidade é solidária e ilimitada, mas subsidiária, isto é, o patrimônio


pessoal dos sócios somente pode ser atingido após se esgotarem todos os bens da
sociedade  benefício de ordem previsto no artigo 1.024/CC

- Observação: o parágrafo único do artigo 1.039/CC determina que “sem


prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato
constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a
responsabilidade de cada um”. Isso significa que, em relação a terceiros, a
responsabilidade de cada um dos sócios é solidária e ilimitada, no entanto, os
sócios podem proceder à limitação de responsabilidade para alguns sócios,
quando, então, o sócio que foi responsabilizado em relação a terceiro por valor
superior à sua limitação perante a sociedade (lembremos que em relação a 3os a
responsabilidade é ilimitada) poderá reivindicar dos demais sócios a diferença
(entre o que teve que despender e o valor da sua limitação).
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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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d) Aplicação subsidiária das normas dirigidas à sociedade simples

- o artigo 1.040/CC prevê que, na omissão, serão aplicadas as regras destinadas à


disciplina das sociedades simples (art. 997 a 1.038/CC).

e) Contrato

- Forma e registro:

- deve ser escrito e registrado junto ao Registro Público das Empresas


Mercantis (Junta Comercial), por ser uma sociedade empresária art.
1.150/CC.

- na hipótese da parte final do artigo 983/CC (hipótese da sociedade


simples optar pela constituição sob a forma de um dos tipos de
sociedade empresária), a competência para registro será do Registro
Civil das Pessoas Jurídicas  apesar de haver entendimentos
contrários a esse respeito.
-

- Conteúdo : além das indicações contidas no artigo 997 do CC, deve conter a
firma social  art. 1.041/CC. Firma social é espécie de nome empresarial que é
constituída pelos nomes dos sócios (completo ou abreviado) ou o nome de alguns
dos sócios acompanhado da expressão “e Companhia” (ou a abreviação “Cia”)
 artigo 1.157/CC.

f) Administração

- A administração da sociedade compete exclusivamente a sócio (não-sócios não


podem exercer a função de administrador da sociedade)  art. 1.042/CC

- Caso não haja especificação no contrato social de quem será o administrador,


aplicar-se-á (em razão da omissão, conforme artigo 1.040/CC ) o artigo 1.013, no
sentido de que a administração competirá separadamente a cada um dos sócios.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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g) Impossibilidade de liquidação de quota de sócio devedor requerida por
credor

- Ao contrário do que acontece com as sociedades simples (art. 1.026, parágrafo


único, do CC), na sociedade em nome coletivo, o credor não pode, antes de
dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da quota do devedor  art.
1.043/CC  a não ser quando:

- a sociedade houver sido prorrogada tacitamente.

- tendo ocorrido a prorrogação contratual, for acolhida judicialmente a


oposição do credor, levantada no prazo de noventa dias, contado da
publicação do ato dilatório.

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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2.3 – SOCIEDADES EM COMANDITA SIMPLES

- Arts. 1.045 a 1.051 do CC

a) Conceito

- tipo de sociedade empresária em que coexistem 2(duas) espécies de sócios, os


sócios comanditados (com responsabilidade ilimitada e solidária em relação às
obrigações sociais) e os sócios comanditários (com responsabilidade limitada às
suas contribuições de capital).

b) Aplicação subsidiária das normas dirigidas à sociedade em nome coletivo


e, por conseqüência, as normas destinadas às sociedades simples

- o artigo 1.046/CC prevê que, na omissão, serão aplicadas as regras destinadas à


disciplina das sociedades em nome coletivo (art. 1.039 a 1.044/CC).

- como o artigo 1.040/CC (que se refere às sociedades em nome coletivo)


determina a aplicação às sociedades em nome coletivo, na hipótese de omissão,
das normas destinadas às sociedades simples, então, em razão do artigo
1.046/CC, também são aplicáveis às sociedades em comandita simples, na
hipótese de omissão, as normas destinadas às sociedades simples.

c) Sócios

- Sócio Comanditado: art. 1.045/CC  é sempre pessoa física (natural, jamais


pessoa jurídica), tendo responsabilidade ilimitada e solidária em relação às
obrigações sociais. A responsabilidade é solidária entre os sócios, mas
subsidiária em relação aos bens da sociedade, aplicando-se o artigo 1.024/CC (os
bens dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão
depois de executados os bens sociais).

- Sócio Comanditário: art. 1.045, parte final, do CC -> pode ser pessoa física ou
pessoa jurídica, tendo responsabilidade limitada ao valor de suas quotas (isto é,
limitada à sua contribuição de capital).
- não pode praticar atos de gestão, nem ter seu nome na
firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades típicas dos sócios
comanditados (ilimitada e solidária)  art. 1.047/CC.
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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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d) Contrato

- Forma e registro:

- deve ser escrito e registrado junto ao Registro Público das Empresas


Mercantis (Junta Comercial), por ser uma sociedade empresária art.
1.150/CC.

- na hipótese da parte final do artigo 983/CC (hipótese da sociedade


simples optar pela constituição sob a forma de um dos tipos de
sociedade empresária), a competência para registro será do Registro
Civil das Pessoas Jurídicas  apesar de haver entendimentos
contrários a esse respeito.

- Conteúdo:

- além das indicações contidas no artigo 997 do CC, deve conter a firma
social  art. 1.041/CC. Firma social é espécie de nome empresarial
que é constituída pelos nomes dos sócios (completo ou abreviado) ou o
nome de alguns dos sócios acompanhado da expressão “e Companhia”
(ou a abreviação “Cia”)  artigo 1.157/CC.

- o contrato social deve discriminar os sócios comanditados e os sócios


comanditários  art. 1.045, parágrafo único, do CC.

- a firma social não pode conter o nome dos sócios comanditários. Isto é,
consta somente dos nomes dos comanditados  art. 1.047, caput, do
CC.

e) Administração

- A administração somente pode ser exercida por sócios comanditados, estando


proibidos os sócios comanditários de praticar atos de gestão  art. 1.047, caput,
do CC.

- O sócio comanditário pode ser constituído procurador da sociedade, para


negócio determinado e com poderes especiais  art. 1.047, parágrafo único, do
CC.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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f) Morte de sócio comanditário

- Salvo previsão contrária no contrato social, no caso de morte de sócio


comanditário, a sociedade continuará com os seus sucessores, que designarão
quem os represente  art. 1.050/CC.

g) Dissolução

- Art. 1.051/CC . Dissolve-se a sociedade em comandita simples quando:

- por qualquer das causas do artigo 1.044/CC e 1.033/CC;

- quando por mais de 180 dias perdurar a falta de uma das categorias de
sócio;

- pela falência, se for empresária (art. 1.044, parte final, do CC);

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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2.4 – SOCIEDADE LIMITADA

- Arts. 1.052 a 1.087

a) Conceito :

- é o tipo de sociedade personificada caracterizada pela responsabilidade dos


sócios limitada ao valor de suas quotas (ao valor de sua contribuição para o
capital social)  art. 1.052/CC.

- todos os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital social


 art. 1.052, parte final, do CC  os sócios, no contrato social, subscrevem
determinada quantidade de quotas (isto é, comprometem-se a contribuir com
determinado valor para o capital social), sendo que a integralização (pagamento
da contribuição para o capital social) pode já estar feita quando da elaboração do
contrato social ou pode ser postergado para determinada data  assim, em
relação aos valores ainda não integralizados, todos os sócios são solidariamente
responsáveis

- sócios  podem ser pessoas físicas ou jurídicas.

b) Aplicação subsidiária na hipótese de omissão

- REGRA  art. 1.053/CC : a sociedade limitada se rege, nas omissões, pelas


normas das sociedades simples.

- EXCEÇÃO  art.1.053/CC : o contrato social poderá prever que, na omissão,


apliquem-se as regras inerentes às sociedades anônimas.

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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c) Nome empresarial

- FIRMA ou DENOMINAÇÃO, conforme se conclui da análise dos artigos


1.064 e 1.158 do Código Civil.

- Tanto a firma quanto a denominação devem ter ao final a palavra “limitada” ou


a sua abreviatura “Ltda”. Se omitida a palavra “Limitada” ou a sua abreviação, os
sócios passam a ter responsabilidade solidária e ilimitada  art. 1.158, caput e
parágrafo 3o, do CC.

- Na hipótese de opção pela utilização de firma, somente poderão nela constar


nomes de sócios que sejam pessoas físicas  art. 1.158/CC.

- Na hipótese de opção pela utilização de denominação, deve constar expressão


que designe o objeto da sociedade  art. 1.158, par. 3o, CC.

d) Contrato

- Forma e registro:

- deve ser escrito e registrado junto ao Registro Público das Empresas


Mercantis (Junta Comercial), por ser uma sociedade empresária art.
1.150/CC.

- na hipótese da parte final do artigo 983/CC (hipótese da sociedade


simples optar pela constituição sob a forma de um dos tipos de
sociedade empresária), a competência para registro será do Registro
Civil das Pessoas Jurídicas  apesar de haver entendimentos
contrários a esse respeito.

- Conteúdo: as indicações que couberem contidas no artigo 997 do CC e


também deve conter a firma social (ou a denominação)  art.
1.054/CC.

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e) Contribuição do sócio

- o capital social é dividido em quotas, cabendo uma ou diversas a cada sócio 


art. 1.055/CC.

- é proibida a contribuição que consista em prestação de serviços  art.


1.056/CC  ao contrário do que acontece com a sociedade simples (art. 997, V,
e art. 1.007, ambos do CC).

- o sócio subscreve determinado número de quotas sociais (isto é, compromete-se


a contribuir com determinada quantidade do capital social) e integraliza tais
quotas (isto é, procede ao pagamento da contribuição a que se comprometeu).

- a integralização pode ser feita através de entrega de dinheiro ou de outros bens,


conforme artigo 1.055, par. 1o, CC. E, com base no dispositivo legal citado, pela
correta estimação do valor dos bens conferidos ao capital social, respondem
solidariamente todos os sócios, até o prazo de 5(cinco) anos contados da data do
registro da sociedade.

- Todos os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital social.


Assim, se um sócio subscreveu determinada quantidade de quotas e não
integraliza tais quotas integralmente, todos os sócios serão responsáveis
solidários pela parte não integralizada.

f) Cessão de quota

- REGRA:  art. 1.057/CC

- o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio,
independentemente da concordância dos outros sócios.

- o sócio pode ceder sua quota a estranho ao quadro societário, total ou


parcialmente, desde que não haja oposição dos titulares de mais de ¼
(um quarto) do capital social.

- EXCEÇÃO : se houver alguma previsão em contrário no contrato social, como


consta na parte inicial do artigo 1.057/CC.

- Formalidade : a cessão somente terá efeitos entre os sócios e em relação a


terceiros após a averbação do respectivo instrumento no registro da sociedade,
subscrito pelos sócios anuentes  art. 1.057, parágrafo único, do CC.
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f) Falta de integralização e transferência para terceiros

- O artigo 1.058 do CC permite que, sem prejuízo do constante no artigo


1.004/CC (sociedade pode pleitear indenização do sócio remisso – não cumpridor de
sua obrigação de integralizar as suas quotas – ou, por vontade da maioria dos demais
sócios, preferir expulsar o sócio remisso ou reduzir-lhe a quota ao montante já
integralizado), os outros sócios podem tomar as quotas do sócio remisso para si ou
transferi-la a terceiro, devolvendo-lhe o que houver pago.

g) Administração

- A quem cabe  art. 1.061/CC

- REGRA : somente sócios podem administrar a sociedade limitada.

- EXCEÇÃO: se o contrato social permitir administradores não sócios.

- Se o contrato social atribuir a administração a todos os sócios, tal direito não se


estenderá aos que posteriormente adentrarem na sociedade  art. 1.061/CC.

- A designação de administrador pode ser feita no contrato social ou em ato


separado.

- Se o contrato social permitir a designação de administrador não sócio, tal


designação dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios se o capital social
não estiver integralizado, e de no mínimo 2/3 (dois terços) do capital social se a
designação for feita após a integralização  art. 1.062/CC.

- O administrador designado em ato separado ao contrato social será investido no


cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração, sendo que, se o
termo de posse não for assinado 30(trinta) dias seguintes à designação, esta se
tornará sem efeito  art. 1.062, par. 1o, do CC.

- Averbação da nomeação : no prazo de 10(dez) dias contados a partir do dia da


investidura (posse), deve o administrador requerer que seja averbada a sua
nomeação no registro competente  1.063/CC.

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- Responsabilidade do administrador: conforme artigo 1.016/CC (que se refere ao
administrador na sociedade simples e é aplicado na sociedade limitada de forma
subsidiária com base no artigo 1.053/CC), os administradores respondem
solidariamente perante a sociedade e a terceiros prejudicados, por culpa no
desempenho de suas funções.

- Cessação da condição de administrador: pode ocorrer pela destituição, pelo


término do prazo da nomeação (se fixado no contrato social ou no ato em
separado) se não houver recondução ou pela renúncia  art. 1.063/CC.

- Pela destituição, a sociedade decide pela cessação da condição de


administrador. Se o administrador é sócio e foi nomeado no contrato
social, a sua destituição somente pode ocorrer pela aprovação de 2/3
do capital social, salvo disposição diversa no contrato social. Se o
administrador não é sócio, sua destituição se opera com votos de mais
da metade do capital social  artigos 1.063, 1.071 e inciso II do artigo
1.076 do CC.

- Pelo término do prazo da nomeação: A nomeação feita no contrato


social ou em ato separado pode ser por prazo determinado ou
indeterminado. Se for por prazo determinado e uma vez alçado o fim
do referido prazo, a cessação da condição de administrador acontece, a
não ser que o administrador seja reconduzido ao seu cargo.

- Pela renúncia: a renúncia do administrador (ato através do qual ele


próprio decide afastar-se do cargo para o qual foi nomeado) gera
efeitos em relação à sociedade desde o momento em que esta toma
conhecimento da comunicação escrita do renunciante. Em relação a
terceiros, os efeitos somente se iniciam após a averbação e publicação.

- os administradores podem ser remunerados, conforme disciplina o artigo 1.071,


inciso IV, do CC. Sendo que o modo de remuneração pode ser fixado no contrato
social ou então decidido por deliberação dos sócios, exigindo-se para tanto
aprovação através dos votos de mais da metade do capital social (art. 1.071, IV, e
art. 1.076, II, ambos do CC).

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h) Conselho Fiscal

- art. 1.066/CC  sem prejuízo dos poderes da Assembléia dos sócios, pode o
contrato instituir Conselho Fiscal de 3 ou mais membros e respectivos suplentes,
sócios ou não.

- membros do Conselho Fiscal : - podem ser ou não sócios


- são em número mínimo de 3
- devem ser residentes no Brasil
- eleitos pela Assembléia anual

- não podem fazer parte do Conselho Fiscal, além dos inelegíveis previstos no
parágrafo 1o do artigo 1.011, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de
outra por ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos
administradores, o cônjuge ou parente até 3o grau dos administradores  art.
1.066, parágrafo 1o, do CC .

- é assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos 1/5 do


capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho
fiscal e seu respectivo suplente  art. 1.066, par. 2o, do CC.

- Deveres dos membros do Conselho Fiscal  art. 1.069/CC :

- examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade;


- lavrar no livre de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos
exames;
- exarar no livro de atas e pareceres e apresentar à assembléia anual dos
sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício,
tomando por base o balanço patrimonial e o demonstrativo de
resultado do exercício;
- denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem;
- convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de
trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos
graves e urgentes.

- Os membros do Conselho fiscal, na forma do artigo 1.068 do CC, são


remunerados, sendo que tal remuneração será fixada, anualmente, pela
assembléia dos sócios que os eleger.

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- A investidura de membro do conselho fiscal tem duração até a próxima
assembléia anual, salvo se houver cessação anterior  art. 1.067, caput, do CC

- O Conselho Fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos livros, dos
balanços e das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração
aprovada pela Assembléia dos sócios  art. 1.070, par. Único, do CC

i) DELIBERAÇÃO DOS SÓCIOS

Conceito de deliberação

- Deliberação = ato através do qual os sócios debate determinado assunto de


interesse da sociedade e tomam uma decisão a respeito

Casos de deliberação

- Art. 1.071/CC -> dependem da deliberação dos sócios:

- a aprovação das contas da administração;


- a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
- a destituição dos administradores;
- o modo de remuneração dos administradores, se não previsto no
contrato social;
- modificação do contrato social;
- a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do
estado de liquidação;
- nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
- o pedido de concordata (recuperação de empresa*).

- o rol do artigo 1.071/CC não é taxativo (numerus clausus), mas


exemplificativo, podendo o contrato social fixar outras matérias que somente
podem ser decididas através de deliberação.

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Formas de deliberação:

- As deliberações podem ser tomadas em reuniões ou em assembléia, conforme


previsto no contrato social  art. 1.072/CC.

- As reuniões exigem procedimentos menos solenes e formais que as


assembléias. Na hipótese de omissão no contrato social, aplicam-se às reuniões o
disposto para as assembléias nos artigos 1.071 a 1.080 do CC  art. 1.072, par.
6o, do CC.

- A deliberação em assembléia é obrigatória se o número de sócios for superior a


10 (dez)  art. 1.072, par. 1o, do CC.

- A reunião ou assembléia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios


decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas  art. 1.072, par.
3o, do CC.

Formalidade para convocação de Assembléia de sócios

- O anúncio da convocação da assembléia de sócios será publicado por pelo


menos 3(três) vezes, devendo mediar, entre a data da primeira publicação e a data
da realização da assembléia, o prazo mínimo de 8(oito) dias para a primeira
convocação e de 5(cinco) dias para as demais convocações  art.
1.152, par. 3o, do CC.

- A publicação será feita no órgão oficial da União ou do Estado (Diário Oficial


da União ou no Diário Oficial do Estado) e em jornal de grande circulação  art.
1.152, par. 1o, do CC.

- Se for sociedade estrangeira, as publicações devem ser feitas nos órgãos oficiais
da União e do Estado (Diário Oficial da União e Diário Oficial do Estado)  art.
1.152, par. 2o, do CC.

- Dispensam-se as formalidades de convocação de assembléia de sócios quando


todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local,
data, hora e ordem do dia.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
não façam parte do corpo discente das instituições de ensino das quais é professor o
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Quorum mínimo para instalação das assembléias

- Para a instalação de assembléia em 1a convocação exige-se a presença dos


titulares de, no mínimo, ¾ do capital social. Em 2a convocação, a assembléia
instala-se com qualquer número de sócios  1.074, caput, do CC

Quorum mínimo para aprovação de deliberações

- Quorum para deliberações  art. 1.076/CC

1) votos correspondentes a, no mínimo, 3/4 do capital social para:

- modificação do contrato social;


- a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do
estado de liquidação.

2) votos correspondentes a mais da 1/2 do capital social para:

- a designação dos administradores, quando feita em ato separado;


- a destituição dos administradores;
- o modo de remuneração dos administradores, se não previsto no
contrato social;
- pedido de concordata (recuperação de empresa*).

3) votos da maioria dos presentes para os demais casos previstos na lei ou


no contrato, se este não exigir maioria mais elevada

- Na forma do artigo 1.010 do CC, os votos serão contados segundo o valor das
quotas de cada um, sendo que para a formação da maioria absoluta são
necessários votos correspondentes a mais da metade do capital social. Se ocorrer
empate, a decisão se dará por cabeça, independentemente do valor das quotas
detidas por cada sócio. Permanecendo o empate, a decisão dependerá de
processo judicial.

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*Apostila elaborada por Denis Domingues Hermida, sendo proibida a sua
reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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Deliberações e seus efeitos

- As deliberações tomadas em conformidade com a lei e com o contrato social


vinculam todos os sócios, ainda que ausentes (aqueles que não compareceram na
reunião ou na assembléia) ou dissidentes (aqueles que, presentes na reunião ou
na assembléia, não votaram a favor da deliberação vencedora)  art. 1.070,
par. 5o, CC

- As deliberações que infringirem o contrato social ou a lei tornam ilimitada a


responsabilidade dos sócios que expressamente as aprovaram  art. 1.080/CC

- Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de


outra, o sócio que dissentiu da respectiva deliberação terá o direito de retirar-se
da sociedade, nos 30(trinta) dias subseqüentes à reunião ou à assembléia onde
ocorreu a deliberação, liquidando-se as suas quotas na forma do artigo 1.031 do
CC, salvo se outra forma for fixada no contrato social  art. 1.077/CC

Deliberação e eticidade

- Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar matéria que lhe
diga respeito  art. 1.074, par. 2o, do CC.

Periodicidade da Assembléia Anual e matérias de discussão obrigatória:

- a assembléia deve se realizar pelo menos 1(uma) vez por ano, nos
quatro meses seguintes ao término do exercício social  art. 1.078/CC

- matérias de discussão obrigatória na assembléia anual  art.


1.078/CC:

- tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o


balanço patrimonial;

- designar administradores, quando for o caso;

- tratar de qualquer assunto constante da ordem do dia.

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A quem cabe convocar assembléia de sócios ou reunião

- Aos administradores cabe convocar reunião ou assembléia de sócios dentro do


prazo imposto no artigo 1.078 do CC  art. 1.072, caput parte final, do CC

- por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de 60


(sessenta) dias, nos casos previstos em lei ou no contrato  art. 1.073, I, do CC

- por sócios titulares de mais de 1/5 do capital social, quando não atendido, no
prazo de 8 dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das
matérias a serem tratadas art. 1.073, I, do CC
- pelo Conselho Fiscal, se houver, se a diretoria retardar por mais de 30 dias a sua
convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves ou urgentes art.
1.069, V, e artigo 1.073, II, do CC

Ata e registro de deliberações

- Art. 1.075 do CC.

- As assembléias serão presididas por sócios escolhidos entre os presentes.

- Dos trabalhos e das deliberações será lavrada, no livro de atas da assembléia,


ata assinada pelos membros da mesa e por sócios participantes da reunião,
quantos bastem à validade das deliberações, mas sem prejuízo dos que queiram
assina-la.

- Cópia da ata autenticada pelos administradores, ou pela mesa, será, nos 20


(vinte) dias subseqüentes à assembléia ou à reunião, apresentada ao Registro
Público das Empresas Mercantis para arquivamento e averbação.

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j) DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

- O artigo 1.065 do Código Civil impõe 2(dois) demonstrativos contábeis para as


sociedades limitadas: o balanço patrimonial do exercício e a demonstração de
resultado de exercício (balanço de resultado econômico).

- O mesmo artigo 1.065/CC também obriga que a sociedade proceda a elaboração


de inventário físico dos bens do ativo da sociedade.

- balanço patrimonial  seu conteúdo é fixado no artigo 178 da Lei


6404/76

Lei 6.404/76. Art. 178. “No balanço, as contas serão classificadas


segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo
a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da
companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de
grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
a) ativo circulante;
b) ativo realizável a longo prazo;
c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e
ativo diferido.
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
a) passivo circulante;
b) passivo exigível a longo prazo;
c) resultados de exercícios futuros;
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de
capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos
acumulados.”

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- resultado do exercício  seu conteúdo é fixado no artigo 187 da Lei
6404/76

Lei 6.404/76. Art. 187. “A demonstração do resultado do exercício


discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os


abatimentos e os impostos;

II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e


serviços vendidos e o lucro bruto;

III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das


receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas
operacionais;

IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não


operacionais e o saldo da conta de correção monetária (artigo 185, § 3º);

V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão


para o imposto;

VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e


partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de
assistência ou previdência de empregados;

VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do


capital social.”

k) AUMENTO E REDUÇÃO DE CAPITAL

- Artigos 1.081 a 1.084 do Código Civil.

Aumento do capital social

- Art. 1.081/CC  Após integralizadas as quotas sociais, pode o capital social ser
aumentado, com a correspondente modificação do contrato social  conforme
artigo 1.076, I, do CC, para a modificação do contrato social é necessária
aprovação de, pelo menos, ¾ do capital social.

- até 30 dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do


aumento (adquirindo mais quotas), na proporção das quotas de que sejam
titulares  art. 1.081, par. 1o, CC.

- Para a cessão do direito de preferência acima citado, aplica-se o constante do


artigo 1.057 do CC, isto é, não pode haver oposição de titulares de mais de ¼
do capital social  art. 1.081, par. 2o, CC.
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Redução do capital social

- O artigo 1.082 do CC apresenta as hipóteses em que a sociedade, mediante a


competente modificação contratual, pode reduzir o capital social. São as
hipóteses previstas no artigo 1.082/CC:

- se houver perdas irreparáveis, depois de integralizado o capital social;

- se o capital social se tornar excessivo em relação ao objeto da


sociedade.

- no caso de redução do capital social em decorrência de perdas irreparáveis, a


redução será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das
quotas  art. 1.083/CC.

- na hipótese de redução do capital social pelo fato do mesmo ser excessivo em


relação ao objeto da sociedade, a redução do capital será feita restituindo-se parte
do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se prestações ainda devidas, com
a diminuição, em ambos os casos, do valor nominal das quotas  art. 1.084/CC.

- na hipótese de redução pelo fato do capital social ser excessivo em relação ao


objeto da sociedade, o credor quirografário por título anterior à data da redução
do capital poderá, no prazo de 90(noventa) dias contado da data da publicação da
ata da assembléia que aprovar a redução, opor-se ao deliberado. A redução
somente se tornará eficaz se nenhum credor quirografário apresentar oposição à
redução, quando, então, proceder-se-á a averbação da ata que tenha aprovado a
redução, no Registro Público das Empresas Mercantis art. 1.084, parágrafos
1o a 3o, do CC.

l) REDUÇÃO DO CAPITAL EM RELAÇÃO A SÓCIOS MINORITÁRIOS

- Artigos 1.085 a 1.086/CC

- A maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social,


entendendo que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da
empresa em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da
sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista a exclusão
por justa causa1.085/CC

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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- Para que se possa proceder na forma do artigo 1.085 do CC, deve haver
previsão no contrato social de possibilidade de exclusão por justa causa,
conforme se pode interpretar da parte final do caput do artigo 1.085 do CC.

- A possibilidade de exclusão prevista no artigo 1.085 do CC não afasta a


possibilidade de exclusão com base no artigo 1.030 do CC (onde consta previsão
de exclusão, mediante ação judicial de iniciativa da maioria dos demais sócios,
por falta grave no cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade
superveniente  devemos nos atentar ao fato de que a redação do artigo
1.085/CC já se inicia como “ Ressalvado o disposto no artigo 1.030”.

- Importante ressaltar que a exclusão sob o fundamento do artigo 1.030/CC


impõe decisão judicial, já em relação ao artigo 1.085 do CC não se exige ação
judicial devendo, entretanto, no nosso entendimento, ser o artigo 1.085 do CC
interpretado levando em consideração o princípio constitucional do amplo
direito de defesa.

- A exclusão na forma do artigo 1.085/CC deve ser feita em reunião ou


assembléia especialmente convocada para o fim de “exclusão”, devendo o sócio
“acusado” ser cientificado da reunião/assembléia em tempo hábil para permitir
seu comparecimento e o exercício do direito de defesa. art. 1.085, par. único,
do CC.

- Efetuado o registro da alteração contratual (com a exclusão do sócio), aplicar-


se-á o disposto nos artigos 1.031 e 1.032 do CC, que se referem à forma de
liquidação das quotas com as seguintes regras:

- será levado em consideração o valor da quota no momento da retirada


do sócio, considerado com base no montante efetivamente
integralizado pelo sócio, e levando em consideração a situação
patrimonial da sociedade verificada através de balanço especialmente
levantado (salvo se houver disposição diferente no contrato social).

- a quota liquidada será paga em dinheiro no prazo de 90(noventa) dias a


partir da liquidação (salvo acordo ou estipulação contratual em
contrário).

- Responsabilidade do sócio retirante/excluído: a retirada, a exclusão ou


a morte do sócio não afasta a sua responsabilidade (ou de seus
herdeiros) pelas obrigações sociais anteriores, até 2(dois) anos após
averbada a resolução na sociedade  art. 1.032/CC.

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m) DISSOLUÇÃO

- Art. 1.087/CC

- A dissolução da sociedade limitada ocorre pelos mesmos fundamentos em que


ocorre a dissolução da sociedade em nome coletivo (art. 1.044/CC), isto é, em
razão de uma das hipóteses previstas no artigo 1.033/CC (que trata da dissolução
da sociedade simples) ou da decretação de falência

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2.5 – SOCIEDADES ANÔNIMAS

I) Introdução
- é uma sociedade por ações (categoria que envolve a “sociedade anônima” e a
“sociedade em comandita por ações”).

- além de “sociedade anônima”, também tem a denominação de “companhia” e


as abreviaturas “S/A” e “Cia” .

- os sócios da sociedade anônima são denominados “acionistas”.

- é a forma de sociedade mais apropriada aos grandes investimentos em razão da


limitação da responsabilidade dos acionistas, a negociabilidade da participação
societária e a possibilidade de emissão de títulos que, não conferindo
necessariamente participação societária, contribuem para o financiamento dos
recursos necessários ao exercício da atividade da sociedade.

a) Histórico e modelos de normatização

- as sociedades por ações dedicaram-se, desde a origem, à exploração de


empreendimentos de expressiva importância para a economia e para o Estado.

- a normatização dessas sociedades passou por 3(três) fases ou períodos


históricos, que podem ser analisados como verdadeiros modelos de normatização
das sociedades anônimas: da outorga (quando a personalização e a limitação de
responsabilidade eram privilégio concedidos pelo monarca, e em geral ligavam-
se a monopólios colonialistas”), de autorização (quando a personalização e a
limitação de responsabilidade decorriam de autorização governamental) e de
regulamentação (quando a personalização e a limitação de responsabilidade
decorrem da observância do regime legal específico).

- No Brasil, a normatização das sociedades anônimas é feita com o convívio entre


o sistema de regulamentação (aplicado às sociedades anônimas de praticam
emissão particular de valores mobiliários) e de autorização (aplicado às
sociedades anônimas que procedem a captação pública de recursos (emissão
pública de valores mobiliários).

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b) Normatização

- o Código Civil, no seu artigo 1.088, conceitua “sociedade anônima”, e, no seu


artigo 1.089, determina que as sociedades anônimas são regidas por lei especial.

- é regida por lei especial – Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976 -, também


chamada de “lei das sociedades anônimas”.

- a normatização das sociedades anônimas também, entre outros, é feita pela Lei
6.385, de 7 de dezembro de 1976 (que dispõe sobre o mercado de valores
mobiliários e cria a “Comissão de Valores Mobiliários – CVM”), por resoluções
do Banco Central do Brasil (como a resolução 2.690 que consolida as normas
que disciplinam a constituição, a organização e o funcionamento das bolsas de
valores) e por instruções da CVM.

- Na hipótese de omissão da legislação específica das sociedades anônimas,


aplicando-se o Código Civil  art. 1.089/CC.

c) Conceito

- Sociedade por ações é toda aquela que tem o seu capital social dividido em
“ações”.

- As sociedades por ações podem ser de 2(duas) espécies : sociedade anônima e


sociedade em comandita por ações.

- O que diferencia a sociedade anônima da sociedade em comandita por ações é a


forma de responsabilidade dos sócios (acionistas):

- na sociedade anônima, conforme artigo 1088 do Código Civil, a


responsabilidade do sócio (acionista) em relação às obrigações sociais limita-se
ao valor de emissão das ações que subscreveu ou adquiriu;

- na sociedade em comandita por ações, conforme artigos 1.090 a 1.092 do


Código Civil, há 2(dois) tipos de acionistas : os acionistas administradores (ou
diretores), que tem responsabilidade solidária e ilimitada em relação às
obrigações sociais e os acionistas não administradores (ou não diretores), que
têm responsabilidade limitada às ações subscritas ou adquiridas

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- Em razão de expressa disposição legal (art. 982, par. único, do CC), toda
sociedade por ações (sociedade anônima ou sociedade em comandita por ações) é
uma sociedade empresária, independentemente de seu objeto

- Em conclusão, podemos conceituar sociedade anônima como : sociedade


empresária cujo capital social é dividido em ações e cuja responsabilidade
dos acionistas em relação às obrigações sociais limita-se ao valor de emissão
das ações que subscreveu ou adquiriu

d)Conceitos acessórios para compreensão do conceito de sociedade anônima:

- Valores mobiliários : são instrumentos de captação de recursos pelas sociedades


anônimas emissoras e representam, para quem os subscreve ou adquire, um
investimento. São exemplos de valores mobiliários as ações, as debêntures, os
bônus de subscrição, as partes beneficiárias e os commercial papers

- Preço de emissão : valor desembolsado pelo subscritor de determinado valor


mobiliário em favor da companhia emitente, para fim de titularizar referido valor
mobiliário (que pode ser uma ação ou algum outro tipo de valor mobiliário)

e) Mercados primário e secundário de valores mobiliários

- mercado primário:

- é a aquisição de valor mobiliário quando ele é colocado no mercado


pela companhia emissora.

- quem adquirir esse valor mobiliário será o 1o acionista titular do valor


mobiliário adquirido (se for ação) ou o 1o titular do valor mobiliário
(se for outro valor mobiliário que não ação).

- na aquisição de valores mobiliários no mercado primário, o valor pago


por quem adquire o valor mobiliário é destinado à companhia
emissora.

- a operação (negócio) é denominado “subscrição”.


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- mercado secundário:

- é a aquisição de valor mobiliário quando ele é colocado a venda por


um acionista (quando for ação) ou pelo titular do valor mobiliário (se
for outro valor mobiliário que não a ação).

- a sociedade emissora não faz parte do negócio jurídico (operação) e


não recebe nada.

- o negócio é denominado compra e venda, aquisição ou alienação.

OBS : Como exceção à regra de que uma companhia não pode negociar no
mercado secundário valores mobiliários por ela emitidos, uma companhia
pode em casos específicos (manutenção de ações em tesouraria, por exemplo)
realizar operação no mercado secundário em relação a valores mobiliários de sua
emissão, adquirindo de alguma forma esses valores e os negociando com
terceiros

f) Mercado de capitais

- Mercado de capitais: local onde se desenvolvem operações de compra e venda


de valores mobiliários emitidos por companhias abertas. Esse local pode ser:
bolsa de valores, mercado de balcão ou mercado de balcão organizado.

- Bolsas de valores: são pessoas jurídicas de direito privado (associações ou


sociedades anônimas) que, mediante autorização da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), prestam serviço público.

- a consolidação das normas que disciplinam a constituição, a


organização e o funcionamento das bolsas de valores consta da
Resolução 2.690 (de 28/01/2000) do BACEN, sendo que a CVM tem o
poder de regulamentar essas normas.

- não integram a administração pública direta ou indireta.

- tem como objeto social manter local ou sistema adequado à realização


de operações de compra e venda de títulos ou valores mobiliários
emitidos por companhias abertas.

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- pregão : é o encontro diário dos representantes das sociedades filiadas
à bolsa (sociedades corretoras).

- as negociações realizadas na bolsa são todas do “mercado secundário”


(o mercado primário, no mercado de capitais, só se realiza no mercado
de balcão).

- sociedades corretoras: atuam no pregão como portadoras do interesse


de seus clientes (investidores), materializado em ordens de compra ou
venda, no sentido de tentarem a aquisição ou alienação de ações e
demais valores mobiliários.

- Mercado de balcão: compreende todas as operações do mercado de capitais


realizadas fora da bolsa de valores. É dividido em: mercado de balcão não
organizado e mercado de balcão organizado.

- Mercado de balcão não organizado:

- são geralmente instituições financeiras e outras entidades participantes


do sistema de distribuição de valores mobiliários, que atuam sob
autorização da CVM.

- operação típica : colocação de novos valores mobiliários emitidos por


companhias abertas junto aos investidores por meio de banco.

- o mercado de balcão envolve tanto operações de mercado primário


quanto operações do mercado secundário.

- São agentes do mercado de balcão (art. 21, par. 3o, Lei 6385/76):

- instituições financeiras e demais sociedades de distribuição


de emissão de valores mobiliários, atuantes em conta própria
ou na qualidade de agentes da companhia emissora.

- sociedades com objeto voltado para a compra, para a


revenda, de valores mobiliários em circulação.

- corretoras de valores mobiliários.

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- Mercado de balcão organizado:

- exercido por entidades do mercado de balcão organizado (EMBOs),


que são sociedades autorizadas a funcionar mediante registro na CVM
(art. 21, par. 5o, da Lei 6385/76), cujo objeto é a prestação de
serviços a investidores e outros agentes do mercado de capitais, similar
ao que as bolsas prestam aos corretores filiados.

- a EMBO (entidade do mercado de balcão organizado) deve manter


sistema eletrônico que viabilize adequadamente a realização de
operações de compra e venda de valores mobiliários.

- é o segmento do mercado de capitais que compreende as operações


realizadas por meio de um sistema mantido e normatizado por uma
entidade autorizada a operar pela CVM.

g) Normatização do mercado de capitais

- A competência legislativa para tratar de matéria atinente ao mercado de capitais


é da União (art. 22, incisos I, VII e XIX, da CF/88), sendo que a União, através
da Lei 6.385/76, delega a competência para normatização de alguns temas ao
Conselho Monetário Nacional (CMN) e ao Banco Central ( art. 3o da Lei
6.385/76) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM – arts 5o a 9o da Lei
6.385/76).

- Normas estruturais (que constituem órgãos, delegam competência e impõem a


estrutura básica do mercado de capitais) são de competência de Lei Federal. Ex.:
Lei 6.385/76 que, além de conceituar valores mobiliários (art. 2o), cria a CVM
(art. 5o) apresentando a competência (art. 8o) e apresenta a competência do CMN
(art. 3o).

- Normas conjunturais (definição de política econômica a ser observada na


organização e no funcionamento do mercado de valores mobiliários) são de
competência do Conselho Monetário Nacional (CMN). Importante ressaltar que
as decisões do Conselho Monetário Nacional são formalizadas através de
resoluções do Banco Central do Brasil (BACEN).

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- Normas de fiscalização são de competência da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), através de instruções e do BACEN (Banco Central do Brasil). As
instruções da CVM são os atos através dos quais a CVM regulamenta, com
abrangência da política definida pelo Conselho Monetário Nacional, as matérias
expressamente previstas pelas leis 6385/76 e 6404/76.

- CVM (Comissão de Valores Mobiliários): tem natureza jurídica de autarquia


federal vinculada (subordinada) ou Ministério da Fazenda

- foi criada pela Lei 6.385/76 (art. 3o).

- é subordinada ao Ministério da Fazenda.

- é um órgão colegiado formado por 5(cinco) membros (1 presidente e 4


diretores) nomeados pelo Presidente da República e aprovados pelo
Senado Federal, com mandato de 5 anos, sendo vedada a recondução.

- tem competência autorizante, regulamentar e fiscalizante:

- normatizar as operações com valores mobiliários, autorizar sua


emissão e negociação, bem como fiscalizar as S/As abertas e os
agentes que operam no mercado de capitais.

- na regulamentação, cabe regulamentar o funcionamento do


mercado de capitais.

- na autorização, por meio de atos de registros, legitima a


constituição de S/As abertas, a emissão e negociação de valores
mobiliários no mercado de capitais (art. 19 da Lei 6385/76).

- na fiscalização, acompanha, de modo permanente, as S/As


abertas e os demais agentes ligados ao mercado de capitais, de
modo direto ou indireto.

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reprodução sem a indicação de sua fonte, bem como a sua utilização por aqueles que
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II - Classificação das sociedades anônimas

- art. 4o da Lei das S/A (Lei 6.404/76)

- podem ser ABERTAS ou FECHADAS

- o que diferencia as companhias abertas das companhias fechadas é a negociação


ou não de valores mobiliários no mercado de capitais (isto é, na bolsa de valores,
no mercado de balcão não organizado ou no mercado de balcão organizado)

- Sociedades Anônimas abertas: são as sociedades anônimas cujos valores


mobiliários são admitidos à negociação nas bolsas de valores ou mercado de
balcão (não organizado ou organizado)

- pode captar recursos junto aos investidores em geral (emissão


pública que é caracterizada por uma das formas previstas no
parágrafo 3o do artigo 19 da Lei 6.385/76), de forma pública .

- quando uma companhia aberta emite valores mobiliários (como ações,


por exemplo) e os negocia no mercado de capitais (bolsa de valores,
mercado de balcão organizado ou mercado de balcão não organizado),
essa emissão é denominada “emissão pública” e o investidor que
subscreve algum desses valores exerce uma “subscrição pública”.

- para proceder a essa captação pública de recursos, deve ter prévia


autorização do governo federal, o que se materializa com o seu registro
e o lançamento de seus valores mobiliários na CVM. Se houver
emissão pública sem prévia autorização, configurado está crime
previsto no artigo 7o da Lei 7.492/86 (com pena de reclusão de 2 a 8
anos).

- Sociedades anônimas fechadas: não emitem valores mobiliários negociáveis no


mercado de capitais (bolsa de valores, mercado de balcão não organizado ou
mercado de balcão organizado).

- a negociação de valores imobiliários emitidos por companhia fechada


é denominada “emissão privada” e os investidores que adquirem tais
valores mobiliários praticam “subscrição privada”.

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III - Nome empresarial da Sociedade Anônima

- previsão do artigo 3o da LSA (Lei 6.404/76).

- nome empresarial será sempre sob a forma de DENOMINAÇÃO (art.3o, caput).

- a denominação deve estar acompanhada da expressão “Companhia” ou


“Sociedade Anônima” ou pelas abreviaturas “S/A” ou “Cia”.

- se utilizar a expressão “Companhia” ou a abreviatura “Cia”, não poderá a


expressão estar no final do nome empresarial.

- se utilizar a expressão “Sociedade Anônima” ou a abreviatura “S/A”, a


expressão pode se localizar em qualquer local do nome empresarial.

- nome de fundador, acionista, ou pessoa que, por qualquer modo tenha


concorrido para o êxito da sociedade, poderá figurar na denominação (art. 3o,
par.1o).

- Se a denominação for idêntica ou semelhante a de Companhia já existente,


assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação por via administrativa
ou em juízo, e demandar as perdas e danos existentes (art. 3o, par. 2o).

- A Lei 8.934/94, no seu artigo 34, aplica o “Princípio da novidade”, Isto é, a


Junta Comercial não pode registrar nome idêntico ou semelhante aos que já se
encontram registrados, quer coincidam ou não os ramos de atividade a que se
dedicam o titular do registro e o pretendente.

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IV – A AÇÃO
a) Conceito

- Ação é o valor mobiliário representativo de uma parcela do capital social da


S/A emissora que atribui ao seu titular a condição sócio (acionista) da S/A

b) Valor das ações

- o valor da ação varia de acordo com o contexto em que é necessário atribuir


valor à participação societária, isto é, depende dos objetivos da avaliação

- Existem 5(cinco) espécies de valores de ação : valor nominal, valor patrimonial,


valor de negociação, valor econômico e valor de emissão.

- Valor nominal

- é o primeiro valor da ação.

- resulta da divisão do capital social da S/A pelo número de ações por ela
emitida, independentemente da espécie ou da classe. Ex: se o capital social é
de R$ 3.000.000,00 e há 1.000.000 de ações, o valor nominal de cada uma
será de R$ 3,00.

- o valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia  LSA,


art. 11, par. 2º.

- o valor nominal garante, em termos relativos, o acionista contra a diluição de


seu patrimônio acionário na hipótese de aumento de capital com emissão de
novas ações  LSA, art. 13 (“É vedada a emissão de ações por preço
inferior ao seu valor nominal”).

- as ações podem não ter valor nominal – o estatuto é que indicará se as


ações terão ou não valor nominal  LSA, art. 11  se não tiver valor
nominal, para todos os fins será levado em consideração o “valor-quociente”
( que é o valor do capital social dividido pelo número de ações emitidas.

- na hipótese de redução do capital social, será pago ao acionista com base no


“valor nominal” ou no “valor quociente” .

- na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá criar uma ou
mais classes preferenciais com valor nominal  LSA, art. 11, par. 1o
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- Valor patrimonial

- é a parcela do patrimônio líquido da sociedade anônima


correspondente a cada ação.

- obtido através da divisão do patrimônio líquido pelo número de ações.

- patrimônio líquido : patrimônio bruto (ativo) – obrigações devidas pela


sociedade (passivo).

- pode ser maior ou menor que o valor nominal.

- valor nominal e valor patrimonial se igualam somente no momento da


constituição da sociedade.

- Valor patrimonial contábil x Valor patrimonial real:

- V.P. Contábil : tem por dividendo o patrimônio líquido constante


das demonstrações financeiras ordinárias ou especiais da S/A em que
os bens são apropriados por seu valor de entrada (custo da
aquisição), i.e., com base no balanço patrimonial historio (no final do
exercício) ou atual (calculado com base em balanço especial
levantado durante o exercício social).

- V.P. Real : tem por dividendo o patrimônio líquido calculado com


base em balanço especial (que não tem repercussões tributárias),
levando em cona o valor de mercado do patrimônio da sociedade.

- na liquidação, é pago com base no valor patrimonial.

- na amortização (operação pela qual se antecipa ao acionista no todo


ou em parte o quanto ele deveria receber caso a sociedade fosse
dissolvida – LSA, art. 44) também é considerado o valor patrimonial.

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- Valor de negociação

- é o montante pago pela ação, quando adquirida – ou, o que é o mesmo,


o recebido, quando vendida -.
-
- não é igual ao valor nominal, nem ao valor patrimonial.

- fixado com base na negociação entre comprador e vendedor.

- é o valor contratado, por livre manifestação de vontade, entre quem


aliena a ação e quem adquire.

- principal elemento levado em consideração na fixação do valor é a


perspectiva de rentabilidade da empresa.

- varia segundo a espécie de ação (ordinárias ou preferenciais  já que


os seus respectivos acionistas têm direitos diferentes).

- o valor de negociação classifica-se em “valor de mercado” e “valor de


negociação privada”:

- valor de mercado : valor da ação na bolsa de valores ou no


mercado de balcão (valor de cotação).

- valor de negociação privada : valor transacionado em operação


fora do mercado de capitais.

- Valor econômico

- é o valor que objetiva mensurar o preço que provavelmente um


negociador pagaria pela ação, caso ela fosse vendida.

- resulta de uma complexa avaliação, procedida segundo critérios


técnicos e realizada por profissionais especializados.

- busca encontrar o número que reflete o negócio vantajoso de compra e venda


de determinadas ações.

- do ponto de visa dos investidores, a definição do valor econômico é


importante na preparação das propostas ou na delimitação das transigências
interessantes durante as negociações para a aquisição da ação

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- Há grande divergência quanto aos métodos de apuração desse valor,
sendo que um dos métodos mais utilizados é o “método do fluxo
descontado”, nele, estimam-se, em valor presente, os fluxos de caixa
futuros, correspondentes à participação acionária.

- valor de emissão :

- é o valor pago pela ação no ato da subscrição. Também é chamado de


“preço de emissão”.

c) Preço de emissão

- é o valor para a compra da ação no ato da subscrição.

- é o montante gasto pelo investidor (subscritor), à vista ou a prazo, em favor da


S/A em troca da ação.

- Há 2(duas) formas de alguém se tornar acionista, através da subscrição ou


através da compra de ações :

- subscrição: operação do mercado primário. Nesse caso se subscreve


ações recém emitidas. O valor pago destina-se à Cia emissora. O valor
pago é o “preço de emissão” ou “valor de emissão

- compra: operação do mercado secundário é a aquisição de ação quando


ela é colocada a venda por um acionista. A sociedade emissora não faz
parte do negócio jurídico (operação) e não recebe nada.

- quem define o preço de emissão é unilateralmente a companhia


criadora(emissora) da ação (ou outro valor mobiliário), o mesmo acontecendo
com a forma de pagamento.

- é o valor atribuído pela Cia emissora à ação, a ser pago, à vista ou a prazo, pelo
subscritor.

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- São 2(duas) as oportunidades em que a S/A fixa o preço de emissão: na
Constituição da sociedade (fixado pelos fundadores; se tiver valor nominal, o
preço de emissão deve ser igual ou menor ao valor nominal) e no aumento de
capital com o lançamento de novas ações (fixado pela Assembléia Geral).

- se o preço de emissão for igual ao valor nominal da ação, a totalidade do valor


arrecadado será destinado à formação do capital social. Se o preço de emissão for
maior que o valor nominal da ação, a diferença deverá ser contabilizada em conta
especial denominada “reserva de capital” (art. 182, par. 1o, da LSA).

- se for ações sem valor nominal, os fundadores (na hipótese de constituição) ou


a Assembléia Geral (na hipótese de aumento de capital) deverão definir se todo o
valor arrecadado com a venda das ações será destinado ao Capital Social ou se
parte se destinará à “Reserva de Capital”.

- o preço de emissão deve ser fixado levando em consideração as seguintes


regras:
- o preço de emissão não pode ser inferior ao valor nominal das ações,
se existente (LSA, art. 13).

- não pode ocorrer diluição injustificada da participação dos antigos


acionistas (LSA, art. 170, par. 1o).

- deve levar em conta a perspectiva de rentabilidade da companhia; o


valor do patrimônio líquido da ação; a cotação das ações na Bolsa de
Valores ou no mercado de balcão organizado (art. 170, par.1o, LSA).

d) Diluição da participação societária

- ocorre sempre que a companhia lança novas ações com preço de emissão
inferior ao valor patrimonial das existentes.

- se o preço de emissão das novas ações for igual ao valor patrimonial das
existentes, este não variará; se for maio, aumentará; se for menor, diminuirá.

- se o preço de emissão das novas ações emitidas for superior ao valor


patrimonial das já existentes, haverá um gasto patrimonial dos antigos acionistas,
em detrimento dos ingressantes (preço de emissão será menor que o valor
patrimonial das ações emitidas).

- o valor nominal representa uma garantia contra a diluição.


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2.6 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

- arts. 1.090 a 1.092/CC

a) Conceito

- é a sociedade cujo capital social se divide em ações, sendo que o acionista, se


não participa da administração da sociedade, tem responsabilidade limitada ao
preço da emissão das ações que subscreveu ou adquiriu; se o acionista exerce
funções de direito ou administrador, responde pelas obrigações sociais de forma
subsidiária e ilimitada e solidária com os demais membros da diretoria

b) Tipos de acionistas e suas responsabilidades

- Existem 2(duas) categorias de acionistas : os acionistas administradores (ou


diretores) e os acionistas não administradores (ou não diretores)

- acionistas administradores : têm responsabilidade solidária e ilimitada

- acionistas não administradores : têm responsabilidade limitada às ações


subscritas ou adquiridas

c) Administração

- art. 1.091/CC  só acionistas podem ser administradores

d) Aplicação da Lei das S/As

- art. 1.090/CC  rege-se pelas normas relativas às sociedades por ações

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