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ADRIANA DE ALMEIDA BEZERRA

A CARACTERIZAÇÃO DO VIBRATO NOS GÊNEROS LÍRICO E


SERTANEJO: ASPECTOS ACÚSTICOS E PERCEPTIVO-AUDITIVOS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO


SÃO PAULO
2006
Livros Grátis
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ADRIANA DE ALMEIDA BEZERRA

A CARACTERIZAÇÃO DO VIBRATO NOS GÊNEROS LÍRICO E


SERTANEJO: ASPECTOS ACÚSTICOS E PERCEPTIVO-AUDITIVOS

Dissertação apresentada ao Curso de


Pós-Graduação da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo para obtenção do Título de
Mestre em Ciências da Saúde.

Área de concentração: Ciências da


Saúde

Orientador: Prof. Dr. Lídio Granato

Co-orientadora: Profa Dra Zuleica


Camargo

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO


SÃO PAULO
2006
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Emiliano e Maria Alegria e minha irmã Guiga por me ensinarem

o valor da palavra amor e respeito.

Ao meu noivo, futuro marido Renato Amatto meu “porto seguro” e maior

incentivador na minha difícil profissão.


AGRADECIMENTOS
Ao Meu Deus por me guiar em tudo o que vivi até esse momento, por me trazer

paz em todos os momentos de desespero e angústia e por iluminar o meu

caminho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Lídio Granato, pelo respeito, pela generosidade,

pelo acolhimento, pela atenção e pelo exemplo de profissional.

À minha co-orientadora, Profa Dra Zuleica Camargo pelo envolvimento, por todo

o conhecimento acerca da análise acústica e pela leitura atenta do trabalho.

Ao Dr. André Duprat pelo incentivo e atenção no desenvolvimento do trabalho.

Por sempre acreditar com respeito no meu potencial.

À Profa Dra Marta Assumpção de Andrada e Silva por despertar em mim o

instinto da pesquisa e o encantamento da voz cantada, pelas discussões e

questionamentos.

À Dra Samantha Dutra pela disposição em realizar TODOS os exames

otorrinolaringológicos e pela sua incontestável doçura no atendimento aos

pacientes e pela total disponibilidade em ajudar sempre.

À Dra Cláudia Alessandra Eckley pelas valiosas contribuições e muitas

discussões durante o desenvolvimento do trabalho.


À Profa Dra Sílvia Pinho pelas preciosas contribuições na qualificação do

trabalho.

À minha amiga Fonoaudióloga Sabrina Cukier, “melhor analista acústica” que

conheci, pelas aulas, pelo incentivo, pelo respeito; sem dúvida muito desse

trabalho se deve a você!!!

Ao Prof. Dr. Maurílio Nunes Vieira, pelo suporte á extração de medidas e leitura

a cerca da inspeção de dados acústicos.

Ao Prof. Dr. Leonardo Fucks pela disponibilidade na leitura e valorosas idéias.

Ao Aderbal Soares, meu professor de inglês por toda a ajuda nas difíceis e

complexas traduções, por estar sempre disponível nas horas de maior

desespero.

À minha secretária Angélica, meu anjo da guarda, pela palavra amiga nos

momentos de desespero, pela sua impecável organização e incentivo.

À Rita, secretária da Pós Graduação em Ciências da Saúde, por “segurar a

barra” literalmente e ter sempre uma solução para os problemas.

À Yara Gustavo de Castro, consultora estatística do LIIAC (PUC-SP) por toda

paciência e disponibilidade na realização da análise estatística.


Às juízas (professora de canto popular, professora de canto lírico e

fonoaudióloga) pela valiosa contribuição a esta pesquisa.

Ao Sérgio Casoy, meu “professor” de história da ópera pela enorme

contribuição e por despertar em mim a paixão pela ópera.

À soprano Solange Siqueirolli, querida paciente e amiga, pelo enorme

conhecimento da técnica lírica e por disponibilizar as partituras.

Ao tenor Miguel Geraldi por todo conhecimento no canto lírico, por todas

sugestões e pela humildade.

À cantora Meire Galvão, minha paciente linda pela ajuda constante na escassa

literatura sertaneja e por acima de tudo defender o canto sertanejo com muita

dignidade e coração.

À Fonoaudióloga e amiga Thays Vaiano por de alguma forma sempre querer

ajudar.

A todos os residentes do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa

de São Paulo pela disponibilidade e ajuda ao trabalho.

À todos os cantores que participaram da pesquisa com interesse e

disponibilidade.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 01

1.1. OBJETIVO ........................................................................................ 06

1.1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................... 06

2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 07

2.1. O VIBRATO ............................................................................................. 08

3. MATERIAL E MÉTODO ............................................................................ 17

4. RESULTADOS .......................................................................................... 25

5. DISCUSSÃO ............................................................................................. 40

6. CONCLUSÃO ........................................................................................... 46

ANEXOS ........................................................................................................ 48

7.1 ANEXO 1 ........................................................................................ 49

7.2 ANEXO 2 ........................................................................................ 50

7.3 ANEXO 3 ........................................................................................ 51

7.4 ANEXO 4 ........................................................................................ 52

7.5 ANEXO 5 ........................................................................................ 53

7.6 ANEXO 6 ....................................................................................... 54

7.7 ANEXO 7 ........................................................................................ 55

7. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 56

FONTES CONSULTADAS

RESUMO

ABSTRACT
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Estrofe 8 da partitura da ópera L’Elisir d’Amore , Ária “Una fortiva

lágrima..”_____________________________________________________ 21

Figura 2. Forma de onda (I) e espectrograma de banda estreita (II) de amostra

de emissão do cantor lírico da vogal sustentada [a] com vibrato__________ 23

Figura 3. Nuvem de pontos referente à avaliação perceptivo-auditiva realizada

pelos juízes nas emissões de voz cantada nos gêneros lírico e

sertanejo_____________________________________________________ 30

Figura 4. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 1 _____________________ 33

Figura 5. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 2 _____________________ 33

Figura 6. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 3 _____________________ 33

Figura 7. Espectrograma de banda estreita deamostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 4 _____________________ 34

Figura 8. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 4 _____________________ 34


Figura 9. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 6 _____________________ 34

Figura 10. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 7 _____________________ 35

Figura 11. . Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 8 _____________________ 35

Figura 12. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 9 _____________________ 35

Figura 13. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero lírico Sujeito 10 ____________________ 36

Figura 14. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 1 _________________ 36

Figura 15. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 2 __________________ 36

Figura 16. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 3 __________________ 37


Figura 17. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 4 __________________ 37

Figura 18. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 5 __________________ 37

Figura 19. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 6 __________________ 38

Figura 20. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 7 __________________ 38

Figura 21. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 8 __________________ 39

Figura 22. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 9 __________________ 39

Figura 23. Espectrograma de banda estreita de amostra de emissão da vogal

sustentada [a] no canto do gênero sertanejo Sujeito 10 _________________ 39


ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Respostas do questionário de formação do cantor e auto-percepção

do vibrato no gênero lírico _______________________________________ 27

Tabela 2. Respostas do questionário de formação do cantor e auto-percepção

do vibrato no gênero sertanejo ____________________________________ 28

Tabela 3. Avaliação perceptivo-auditiva do vibrato, na emissão da vogal

sustentada [a] no canto, pelos juízes para os gêneros lírico e sertanejo

_____________________________________________________________ 29

Tabela 4. Resultados da taxa de vibrato na emissão da vogal sustentada [a] no

canto, nos gêneros lírico e sertanejo _______________________________ 31

Tabela 5. Resultados estatísticos em relação à taxa do vibrato na emissão da

vogal sustentada [a] no canto, nos gêneros lírico e sertanejo ____________ 31

Tabela 6. Resultados da extensão do vibrato, na emissão da vogal sustentada

[a] no canto, nos gêneros lírico e sertanejo __________________________ 32

Tabela 6. Resultados estatísticos em relação à extensão do vibrato, na

emissão da vogal sustentada [a] no canto, nos gêneros lírico e sertanejo __ 32


1. INTRODUÇÃO
A voz cantada nas últimas décadas tem sido amplamente estudada pela

Fonoaudiologia, Otorrinolaringologia, Música, Engenharia e Física pensando-se

não apenas no produto final e sim nas etapas de produção e no mecanismo do

trato vocal necessário para o canto trazendo com isso boas contribuições para

o aperfeiçoamento da técnica vocal.

A arte de cantar nasceu há séculos atrás e vem se aperfeiçoando nas

diferentes escolas de música. Com isso novas técnicas tem sido criadas e

desenvolvidas para o canto. A maior parte da literatura sobre voz cantada

baseia-se na técnica lírica, na qual cantores extremamente treinados realizam

grandes estudos acerca de sua técnica. É valido ressaltar que esse grupo de

cantores líricos extremamente treinados é pequeno, uma vez que outros

estilos, entre eles o popular, o gospel, o pop, o rock e o sertanejo representam

a grande massa da população de cantores. Assim novos estilos de voz cantada

também surgiram demandando um estudo apurado e cada vez mais técnico.

O vibrato é um ornamento vocal bastante encontrado não só na voz

como também em instrumentos de sopro e cordas. Em muitos gêneros de voz

cantada, o vibrato é característico entre eles o lírico, o sertanejo, o rock e o

gospel. O vibrato varia de acordo com o gênero de voz cantada, ou seja, o

gênero é determinante para a produção do vibrato Sataloff (1987).


Em alguns gêneros de canto o seu aparecimento é condenado e

antiestético como em outros o seu aparecimento caracteriza o estilo de canto.

Poucos estudos sobre o vibrato em diferentes gêneros de canto foram feitos

com isso o vibrato lírico foi o que mais se estudou e dessa forma acabou sendo

a maior referência para o aperfeiçoamento da técnica.

O vibrato lírico vem sendo estudado, tanto do ponto de vista acústico,

quanto da fisiologia do trato vocal já há muito tempo. Seashore (1937) foi o

primeiro a definir o vibrato como sendo uma pulsação do pitch, geralmente

acompanhado de uma variação do loudness e do timbre, afirma que a extensão

e o pulso do vibrato garantem a flexibilidade, a firmeza e a riqueza do tom.

Também é definido como um tremor vocal fisiológico e ordenado, com uma

modulação regular da freqüência fundamental (Hirano et al, 1995).

Desde a primeira publicação científica realizada por Seashore (1937)

duas medidas em relação ao vibrato são consistentes: a taxa e a extensão.

Defini-se como taxa do vibrato, o número de ciclos por segundo, sendo medida

em hertz (Hz) enquanto que a extensão do vibrato é definida como o quanto a

freqüência de fonação afasta-se acima e abaixo da sua média durante um ciclo

do vibrato, medida em semitons Sundberg (1995).

Já o vibrato sertanejo começou a ser estudado por CURCIO (1999) que

em seu trabalho, comparou o vibrato em diferentes gêneros de canto: o

sertanejo, o lírico e o rock, observando que os valores médios da taxa do

vibrato no estilo lírico e no estilo sertanejo se mostraram equivalentes e mais


elevados quando comparados com o estilo rock. ROSA (2003) estudou o

vibrato sertanejo do ponto de vista acústico e fisiológico e concluiu que a taxa

do vibrato no canto variou entre 5,2 e 7,8 Hz; enquanto que a extensão do

vibrato no canto variou entre 0,03 e 1,57 semitons. Esses achados não

diferiram dos valores descritos na literatura para o vibrato lírico.

No canto lírico a utilização do vibrato é bastante controversa na

formação do cantor em virtude do amadurecimento vocal. Muitos professores

referem que no início da formação do cantor o vibrato não é “bem vindo”, pois

ainda não se tem técnica para a produção relaxada do vibrato. Sendo assim o

cantor em formação lírica costuma “prender” o vibrato na tentativa de fortalecer

a produção da voz. Já com a técnica incorporada, o vibrato deve aparecer

mostrando o relaxamento do trato vocal e a firmeza da voz.

A técnica de como adquirir o vibrato também é bastante controversa,

muitos cantores referem que o aparecimento se dá com o amadurecimento

vocal aliado a técnica, outros referem certos facilitadores, como

posicionamento da base de língua e da mandíbula e sustentação da

musculatura abdominal.

Houve com o tempo um refinamento dos estudos a cerca da produção

do vibrato avaliando não somente o trato vocal como também a

Eletroglotografia (EEG), a Eletromiografia (EMG) e análise acústica.


A análise acústica tem fundamental importância uma vez que o

aprofundamento do plano acústico media a relação entre a percepção e a

produção do sinal vocal. Com isso traz grandes contribuições dos aspectos

impressos no sinal sonoro os quais desencadeiam a sensação auditiva.

Dessa forma o presente estudo tem como objetivo analisar o vibrato

lírico e sertanejo no que diz respeito aos correlatos acústicos e perceptivo-

auditivos, traçando com isso as diferenças e semelhanças observadas nos dois

gêneros.

Sendo assim a caracterização do vibrato nos gêneros lírico e sertanejo,

poderá trazer contribuições não somente aos intérpretes e professores desses

gêneros, como também a fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas os quais

atuam no atendimento à profissionais da voz despertando o interesse de novas

pesquisas a fim de conhecer melhor o universo do canto.


1.1 OBJETIVO

Analisar, do ponto de vista acústico e perceptivo-auditivo, a produção do

vibrato na voz cantada, no gênero lírico e no gênero sertanejo.

1.1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Descrever do ponto de vista acústico as emissões do vibrato no

gênero lírico e no gênero sertanejo.

- Descrever do ponto de vista perceptivo-auditivo as emissões do

vibrato no gênero lírico e no gênero sertanejo.

- Comparar as percepções dos cantores, os achados acústicos e

perceptivo-auditivos nos dois gêneros de voz cantada, o lírico e o

sertanejo e definir diferenças e semelhanças entre os dois gêneros.


2. REVISÃO DE LITERATURA
O canto vem sendo estudado há alguns séculos; escolas foram criadas

na tentativa de se conseguir estabelecer técnicas facilitadoras do canto lírico

em diferentes línguas entre elas, as de maior nome, são: a italiana, a francesa

e a alemã.

Conservatórios e escolas de música surgiram fazendo do canto uma arte

cada vez mais técnica. Atualmente, o canto popular tem um grande destaque,

com surgimento de cursos de graduação destinados a esse estilo de canto.

Alguns ornamentos vocais, entre eles o vibrato, são objetos de estudo

desde o século passado até os dias atuais, desenvolvendo-se algumas teorias

e provocando muitas discussões.

SEASHORE (1938) foi o grande precursor do estudo do vibrato, e refere

que o vibrato é o “mais importante ornamento musical tanto na voz como nos

instrumentos”. Em sua pesquisa relata que o vibrato é uma pulsação do pitch e

do loudness ocorrida em toda extensão vocal e capaz de proporcionar à voz

flexibilidade, firmeza e riqueza. Em estudo realizado com 29 cantores líricos

observou valores da taxa do vibrato variando de 5,9 a 7,8 Hz e da extensão do

vibrato variando de 0,31 a 0,98 semitom.

VENNARD (1967) em seu trabalho relata que o vibrato é um fenômeno

natural e perfeito embora sua origem seja no centro nervoso e sua taxa seja a

mesma encontrada nos tremores vocais oriundos de alterações neurológicas.

Refere que os músculos envolvidos na produção do vibrato são respiratórios,


ressonadores e laríngeos. Os músculos ressonadores são os músculos do véu

palatino e da mandíbula, os músculos laríngeos especialmente o músculo

cricotireoideo e o músculo respiratório é o epigastrium e não o diafragma, como

muitos autores referem, pois o diafragma apenas se movimenta na mudança

do tom e não na produção do vibrato especificamente. Em sua pesquisa

realizada com cantores líricos da época, encontrou valores para a taxa do

vibrato entre 6 e 7 Hz e extensão maior ou igual a 0,5 semitom.

ROSENTHAL (1974) afirma que o vibrato é uma oscilação de altura e de

intensidade da voz, agradável se empregada com propriedade, para manter

"viva" uma nota, mas quando utilizado em demasia é frequentemente

associado a ocasiões de abuso vocal.

HICKS, TEAS (1987) em seu estudo com utilização da eletroglotografia

com foco na produção do vibrato em cantores treinados do gênero lírico

observou que muitos cantores não conseguem inibir a produção do vibrato

quando solicitado, mostrando o quanto o vibrato está incorporado na

performance do cantor. Sugere que o sexo não age como uma variável

diferenciadora na produção do vibrato. A Eletro-gloto-grafia (EGG) não mostrou

diferença alguma nas ondulações envolvendo a presença ou ausência de

vibrato, ou seja, as ondulações não se alteraram, não havendo mudança na

vibração das pregas vocais percebida pelo exame.

SUNDBERG (1987) define dois tipos de vibrato, o de amplitude e o de

freqüência. Sendo ambos modificações periódicas da modulação de uma


destas duas características físicas. Relata ainda que o vibrato seja fruto de

uma contração alternada da musculatura diafragmática e laríngea,

principalmente o músculo cricotireoideo, podendo haver envolvimento de outras

estruturas do trato vocal como os músculos milohioídeo, véu palatino, língua,

paredes laterais da faringe e até mesmo a mandíbula. Refere que a taxa do

vibrato varia de 5,5 Hz a 7,5 Hz e a extensão do vibrato varia de 1 a 2

semitons. Taxas maiores que 7,5 indicam a presença do tremolo o qual é

caracterizado por uma modulação mais rápida e menos regular que o vibrato

enquanto que o trillo é caracterizado por uma extensão maior que 2 semitons.

Extensões maiores que 2 semitons e com taxas de vibrato muito baixas tendem

a ter uma qualidade acústica ruim e geralmente estão associadas a vozes com

senilidade enquanto que extensões menores que 0,5 são típicas no vibrato de

instrumentos de sopro.

RAMIG, SHIPP (1987) realizaram estudo comparando o tremor vocal

característico em doenças neurológicas com o vibrato vocal produzido por

cantores do gênero lírico. Foram executadas análises do vibrato vocal

produzido por nove cantores de óperas e do tremor vocal na fonação

sustentada de pacientes com Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, atrofia

muscular espinhal, tremor essencial e disfonia espasmódica adutora. O autor

observou que o tremor vocal teve uma taxa de oscilação mais rápida e uma

extensão de amplitude maior que o vibrato. A taxa média do vibrato vocal em

cantores foi de 5,52 Hz enquanto que a taxa média de tremor vocal foi de 6,77

Hz. O autor cria a hipótese de que o vibrato em cantores e o tremor vocal em

pacientes possam ser originados pela mesma estrutura.


ROTHMAN et al (1990) em seu trabalho tentaram relacionar correlatos

acústicos e perceptuais do vibrato em amostras cantadas produzidas por

cantores diferentes em estágios inicias e tardios em relação á carreira desses

cantores. A análise dos dados revelou que alguns parâmetros podem distinguir

entre bom e mau vibrato apesar da variação de julgamentos dos ouvintes. Os

autores referiram ainda que o declínio vocal não seja sempre devido ao vibrato

dos cantores, dessa forma muitos cantores em estágios de dificuldade vocal

podem manter um bom e saudável vibrato.

SHIPP et al (1990) em sua pesquisa com quatro cantores sendo três

profissionais e um amador, estudou o vibrato durante a emissão da vogal

sustentada [a] em nota reta, com vibrato e com vibrato exagerado utilizando a

Eletromiografia (EMG) do músculo cricotireoideo. Observaram que o sinal do

músculo sofreu relativa mudança durante ambas as produções de vibrato. Os

autores propuseram duas classes de vibrato: 1) mediado pelo abdômen, ou

seja, produzido por contrações dos músculos abdominais para modular a

freqüência fundamental. Este tipo de vibrato está sob controle voluntário e há

um movimento de modulação de intensidade sincrônico com a oscilação da

freqüência fundamental já que as variações subglóticas de pressão de ar são

intimamente relacionadas à intensidade vocal 2) mediado pela laringe, o mais

comum dos vibratos na qual a modulação da freqüência fundamental resulta da

atividade do músculo cricotireoideo. Este tipo de vibrato está sob controle

involuntário e aparece apenas quando um equilíbrio de força adutória e

abdutora é aplicado sobre as pregas vocais.


SATALOFF (1991) caracteriza o vibrato como uma variação da

freqüência e da intensidade que variam de acordo com o tipo de voz e o estilo

de música. Algumas partes do trato vocal, entre elas véu palatino, base de

língua e paredes lateral e posterior da faringe, podem produzir movimentos

sincrônicos de oscilação durante a produção do vibrato.

SCHUTTE, MILLER (1991) realizaram pesquisa sobre os detalhes

acústicos do ciclo de vibrato nos agudos de tenor e observaram que o impacto

dos formantes do trato vocal nos harmônicos da fonte de voz durante a

modulação de freqüência do vibrato, resulta em um padrão de som com

harmônicos de grande complexidade, particularmente nos agudos de tenor,

onde a F1 e F2 e o formante do cantor podem cada um fazer substanciais

contribuições separadas ao nível de pressão de som total.

WARRACK (1992) descreve o vibrato como sendo a flutuação do pitch,

da intensidade e do timbre da voz. A taxa da flutuação aumenta com o volume

e com a dramaticidade da interpretação, mudando o brilho do tom produzido.

DINVILLE (1993) afirma que o vibrato só se adquire à medida que o

cantor domina sua técnica e realiza da melhor maneira possível o apoio

respiratório e a resistência glótica sem tensão.

MIOLI (1993) refere que o vibrato é um efeito e também embelezamento

muito usado no canto e na música instrumental, principalmente nos


instrumentos de corda e sopro. Na música vocal, acontece como

recomendação expressiva para que a voz alcance o brilho desejado.

HIRANO et al (1995) estuda três parâmetros que caracterizam o vibrato,

a modulação de pitch, a variação de intensidade e o número de ondulações por

segundo. Um vibrato normal apresenta 6 ondulações por segundo e se o

número de ondulações for maior do que 7 à 8 por segundo, resultará um som

trêmulo. Refere também que a presença de vibrato na voz caracteriza um bom

timbre e o vibrato deve ser produzido sem nenhum movimento de laringe.

MILLER (1996) classifica o wobble como sendo uma taxa lenta de

vibrato oriunda de uma fraqueza na musculatura das pregas vocais e

insuficiente resistência subglótica. Normalmente encontrado em cantores

idosos, em função da diminuição do tônus do aparelho fonador, e também em

cantores com dificuldade na sustentação do apoio respiratório, uma vez que a

pressão subglótica fica diminuída. Com relação ao tremolo, o autor o define

como sendo uma taxa muito rápida de vibrato em torno de 8 a 10 Hz e uma

pequena variação de extensão normalmente ocasionando uma desafinação.

Associado a uma hiperfunção fonatória da respiração e da musculatura

laríngea, o tremolo se parece com o tremor patológico encontrado nos

pacientes neurológicos. Em relação ao trill, o autor o define como uma

exagerada forma de vibrato, enquanto que para o vibrato o cantor necessita de

uma exatidão na movimentação laríngea, no trill o cantor depende de uma

habilidade na oscilação da caixa de ressonância.


COSTA, ANDRADA E SILVA (1998) refere que o trinado é uma

modificação periódica da freqüência de 6 a 8 Hz assim como o vibrato, porém o

nível de oscilação da extensão é muito maior até 2 semitons, enquanto que no

vibrato é menor que um semitom. Os autores relatam ainda que o trinado é

bastante característico na música country americana.

CALLAGHAN (2000) define o vibrato como sendo uma ondulação da

freqüência fundamental e utilizado no canto clássico ocidental. Os mecanismos

responsáveis pela sua produção são o respiratório e o fonatório. Pode ser

analisado em quatro parâmetros: taxa, extensão, regularidade e forma da onda

nas ondulações. Refere que a taxa e extensão são os parâmetros mais

estudados em pesquisas. A taxa de vibrato ao longo dos anos sofreu

mudanças com relação à sua aceitabilidade, no início do século passado os

valores esperados eram de 6 a 7 Hz, atualmente os valores podem ser de 5 a

7Hz.

CURCIO (2000) em sua pesquisa estudou o vibrato em três estilos de

canto: ópera, rock e sertanejo a partir de amostras extraídas de CDs musicais

comercialmente disponíveis e foram analisadas ao todo 423 emissões em

vibrato. A autora observou que tanto os cantores de ópera como os cantores

sertanejos apresentaram valores equivalentes da taxa do vibrato e mais

elevados em relação aos cantores de rock, apesar de referir maior estabilidade

do vibrato no canto operístico.

BEHLAU (2001) refere que o vibrato é caracterizado por uma variação

sincrônica de pitch e loudness incluindo a oscilação de partes do trato vocal,


entre elas: mandíbula, véu palatino, base de língua, epiglote e paredes lateral e

posterior da faringe. É mais estável em vozes treinadas no canto lírico apesar

de ser característico em alguns estilos populares como o country e o sertanejo.

Refere também que o vibrato de maior flutuação, chamado pelos professores

de canto como wobble costumam indicar fadiga muscular ou contração

muscular insuficiente.

DIAZ, ROTHMAN (2003) desenvolveram estudo de comparação

acústica entre amostras de bom e mau vibrato em cantores. Utilizaram 80

amostras de 8 cantores, sendo 10 amostras por cantor, nas quais cinco

amostras eram de bom vibrato e cinco de mau vibrato. Concluíram que o maior

número de resultados significativos foi encontrado na variabilidade de extensão

do vibrato, sugerindo que a qualidade do vibrato provem da variabilidade da

extensão. Os resultados mostraram uma relação direta entre a periodicidade da

onda do vibrato e sua percebida qualidade.

ESTIENNE (2003) relata que o vibrato é uma variação de altura

resultante dos impulsos nervosos produzidos na presença de uma

coordenação correta entre o mecanismo da respiração e da fonação. É o

resultado de uma ponderação dinâmica entre a passagem do ar e a

aproximação das pregas vocais.

FUSSI (2003) define o vibrato como sendo uma flutuação no tempo da

freqüência, da intensidade e do timbre da voz. Sendo encontrado em diversos

estilos de canto e freqüente no canto de várias espécies de pássaros; utilizado


também nos instrumentos de arco e sopro. Refere que há dois tipos de vibrato:

o de amplitude ou intensidade e o de freqüência, este último mais constante e

presente em todos os cantores. O vibrato oscila entre valores de ¼ de tom e

pouco mais de ½ tom. A freqüência se situa entre 5 e 7 Hz. Se apresenta em

forma de onda senoidal regular. Aparece sempre com leve atraso com relação

ao ataque do som.

ROSA (2003) em seu estudo com o vibrato sertanejo correlacionou a

análise acústica à fisiologia do trato vocal em 11 cantores nas amostras da

vogal prolongada [i], com e sem vibrato e em intensidade habitual e forte, em

25%, 50% e 75% do registro modal de cada cantor. Além da emissão da vogal

prolongada, foi analisado o vibrato no contexto do canto em uma música pré-

estabelecida. Observou que há atividade de faringe e do complexo ariepiglótico

sincrônicos ao vibrato. Os valores médios da taxa do vibrato no canto (6,4 Hz)

e da extensão do vibrato no canto (0,36 semitons) não diferiram

significativamente dos valores apresentados na literatura para o vibrato lírico,

enquanto que a regularidade se mostrou bastante variável e pareceu ser a

distinção para o estilo sertanejo quando comparado com o estilo lírico.


3. MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa teve início após ser aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa em Seres Humanos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de

São Paulo, sob o número 021/04 (Anexo 1).

3.1 Seleção dos sujeitos

Fizeram parte do grupo inicial dessa pesquisa, 28 cantores do sexo

masculino, sendo 10 cantores líricos e 18 cantores sertanejos.

Os cantores líricos faziam parte do Coral Lírico do Teatro Municipal de

São Paulo e eram classificados como tenores; os cantores sertanejos faziam

parte do X Festival de Música Sertaneja realizado na Rede Biroska (casa

noturna freqüentada por cantores sertanejos) e se apresentavam na forma de

duplas sertanejas. No gênero sertanejo tanto as primeiras vozes, como as

segundas vozes foram selecionadas.

A carta de informação ao paciente (Anexo 2) foi lida a todos os sujeitos

explicando sobre a pesquisa, seus riscos, o sigilo dos dados obtidos e a

possibilidade da desistência dos sujeitos na participação em qualquer

momento do estudo. Todos os sujeitos, após devidamente orientados sobre a

pesquisa, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 3).

3.1.1 Critérios de exclusão

• Não realizar o vibrato

• Apresentar alteração estrutural em pregas vocais


O fato de realizar o vibrato foi avaliado pela fonoaudióloga e autora da

pesquisa juntamente com a otorrinolaringologista responsável pela execução

dos exames de laringoscopia a fim de verificar a existência de alteração

estrutural em pregas vocais.

Foram selecionados do grupo inicial apenas 20 cantores que estavam

dentro dos pré-requisitos para a realização da pesquisa, sendo 10 do gênero

lírico e 10 do gênero sertanejo. Os cantores excluídos foram encaminhados

para tratamento médico e fonoaudiológico no Ambulatório de Artes Vocais da

Santa Casa de São Paulo por apresentarem doenças laríngeas.

3.2 Coleta de dados

Os sujeitos realizaram uma entrevista fonoaudiológica, gravação em

áudio digital da voz cantada e posteriormente foi realizada análise acústica com

medição da taxa do vibrato e da extensão do vibrato.

3.2.1 Entrevista Fonoaudiológica

Os cantores primeiramente realizaram o exame otorrinolaringológico já

que o fator de exclusão da pesquisa era a presença de alterações laríngeas.

Após o exame os cantores que não apresentaram alterações realizaram

entrevista fonoaudiológica no Departamento de Otorrinolaringologia da Santa

Casa de São Paulo. A entrevista consistiu de perguntas sobre idade, tempo de

profissão, profissão paralela ao canto e formação no canto.


3.2.2 Gravação da voz

Feita a entrevista, os cantores se dirigiram à cabine acústica, com

metragem de 2 metros por 2 metros, do Setor de Audiologia Clínica da Santa

Casa de São Paulo para gravação das amostras vocais no canto.

Na cabine acústica, apenas o sujeito, a fonoaudióloga pesquisadora e a

otorrinolaringologista responsável pela execução dos exames de laringoscopia

estavam presentes.

Os cantores líricos tiveram acesso ao diapasão e os cantores sertanejos

tiveram acesso ao teclado a fim de melhorar a afinação.

As gravações das amostras vocais foram realizadas com os sujeitos

posicionados de pé, mantendo postura ereta com base alargada, ou seja, pés

paralelos fixados ao chão, e encaixe de quadril. As emissões foram gravadas

em gravador digital modelo HI MD SONY MZ RH910 e registradas em mini

compact disc SONY por meio de um microfone head set da marca SHURE

profissional, unidirecional, posicionado uma distância de dez centímetros e

angulação inferior de 45 graus em relação à boca dos sujeitos.

Em seguida, os sujeitos receberam uma ária (uma música) para cantá-la

durante a gravação digital e foi pedido a cada cantor que executasse a ária

escolhida uma única vez em tom confortável. A ária escolhida para os cantores

líricos foi “Una fortiva lágrima” da ópera L’Elisir d’Amore de Gaetano Donizetti,

abaixo na figura 1 está a estrofe em que o vibrato foi avaliado [Ma---ma],


segundo verificação da ocorrência do vibrato em gravações comerciais

disponíveis. Para os cantores sertanejos a música escolhida foi “É o amor” de

Zezé de Camargo e interpretada pela dupla Zezé de Camargo e Luciano.

Figura 1 Estrofe 8 da partitura da ópera L’Elisir d’Amore , Ária “Una fortiva lágrima..”

3.3 Análise dos dados

3.3.1 Avaliação perceptivo-auditiva

Foi realizada avaliação perceptivo-auditiva das vozes nos dois gêneros,

com professor de canto lírico, professor de canto popular e fonoaudióloga

especialista em Voz com experiência em voz cantada.

As juízas receberam o material separadamente com edição das vozes

feita de modo aleatório em relação aos dois gêneros de voz cantada. Foi

definido a qualidade da emissão do vibrato como sendo ausente, ou seja, não

havendo vibrato, assimétrica, ou seja, quando o vibrato acontece de forma

inconstante durante sua emissão ou simétrica, ou seja, quando o vibrato

acontece de forma constante durante sua emissão.

Cada jurado atribuiu nota zero para ausência de vibrato, nota um para

emissão assimétrica e dois para emissão simétrica.


3.3.2 Analise acústica

A análise acústica consistiu na inspeção acústica e extração de medidas

com mensuração da taxa do vibrato e extensão do vibrato. A medição foi feita

manualmente conforme proposto por Vieira, Rosa in Pinho et al (2006)

utilizando o software de análise acústica Praat a partir da criação dos arquivos

em .wav.

Os parâmetros do Praat foram detalhados com extensão de janela em

0,03 segundos, faixa dinâmica de 40 dB e faixa de análise de freqüência de

3500 a 5000 Hz.

Foi medido no espectrograma de banda estreita durante a emissão da

vogal [a] com vibrato, para isso contou-se cerca de 10 ciclos e obteve-se a

média da duração. Para amostras com duração menor que 10 ciclos, foi

realizada média a partir do número de ciclos apresentados pelo sujeito e foi

utilizado cálculo estatístico com análise do desvio padrão. O valor da taxa do

vibrato é expresso em Hz, a duração do ciclo é dada em segundo e a taxa do

vibrato é:
1
Taxa do =
vibrato
Duração de 10 ciclos

O valor da extensão do vibrato é dado em semitom através da fórmula:

Extensão 1 2Fs
= x 34,62 x ln
do vibrato
2 (Fs + Fi)
A extensão fornecida pelo cálculo é de “pico-a-pico”, assim uma nota F

com uma extensão de vibrato de um semitom “pico-a-pico”, a altura vai de F -

½ semitom até F + ½ semitom. Dessa forma o valor estará antecedido pelos

dois sinais matemáticos.

Fs

Fi
II

T = duração de 10 ciclos
Figura 2. Forma de onda (I) e espectrograma de banda estreita (II) em amostra de emissão do cantor
lírico da vogal sustentada [a] com vibrato

Foram comparadas as taxas de vibrato e a extensão ou profundidade do

vibrato em ambos os gêneros, caracterizando-se com isso as diferenças e

semelhanças do vibrato no gênero lírico e sertanejo. Também foram analisadas

as oscilações de freqüência se qualificando como regular ou irregular, nos

espectrogramas de banda estreita dos dois gêneros de canto.

A avaliação estatística foi realizada utilizando o nível de significância 5%

(p ≤ 0,05) para determinar quais dados foram estatisticamente significantes. Foi

utilizado para obtenção dos resultados o programa SPSS (Statistical Package

for Social Sciences) em sua versão 13.0.


Os testes estatísticos aplicados foram: Teste Levene’s para comparação

de variâncias, Teste t para comparação de médias para amostras

independentes, Teste exato de Fisher para pequenas amostras e para medir a

relação entre as variáveis qualitativas referentes à auto-percepção do vibrato e

análise fatorial de correspondências múltiplas para verificar se houve

concordância nas análises perceptivo-auditiva dos juízes para os dois gêneros

de voz cantada.

Em relação ao cálculo, P é a profundidade ou extensão, ln é o logarítimo

de n, Fs é a freqüência superior e Fi a freqüência inferior de um harmônico

qualquer entre 3500 Hz e 5500Hz, conforme Figura 2.


4. RESULTADOS
Os resultados serão apresentados em tabelas e espectrogramas conforme

o gênero da voz cantada e a classificação de cada sujeito, na ordem em que

foram coletados, a saber:

• Os dados relacionados ao protocolo de formação do cantor e auto-

percepção do vibrato (referente ao Anexo 4) estão apresentados nas

Tabelas 1 e 2.

• Os dados relacionados ao protocolo de análise perceptivo-auditiva das

vozes (referente ao Anexo 7) estão apresentados nas Tabelas 3 e 4.

• Os resultados da análise acústica com medição da taxa e extensão do

vibrato nos dois gêneros de voz cantada (referente ao Anexo 9 e 10)

estão apresentados nas Tabelas 5 a 8.

• Os espectrogramas de banda estreita da emissão com vibrato da vogal

sustentada [a] grave, [a] aguda, [a] no canto estão apresentados nas

Figuras de 4 a 63.

• Os resultados da análise estatística estão apresentados na Figura 3 e

nas Tabelas 9 e 10.


Apresentação das respostas do gênero lírico sobre a idade, formação no canto,

utilização da voz cantada e percepção do vibrato

Como
Aula de Duração do Como o Vibrato
Sujeito Idade Uso da Voz desenvolveu o Onde o vibrato mais aparece ?
canto espetáculo é produzido ?
Vibrato ?

Lírico 1 39 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório aumento da intensidade

Lírico 2 45 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório aumento da intensidade

Lírico 3 35 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório aumento da intensidade

Lírico 4 38 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório sustentação de uma nota

Lírico 5 69 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório sustentação de uma nota

Lírico 6 47 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório aumento da intensidade

Lírico 7 46 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório sustentação de uma nota

Lírico 8 33 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório sustentação de uma nota

Lírico 9 37 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório sustentação de uma nota

Lírico 10 38 anos Sim 5x semana 2 horas aula de canto apoio respiratório sustentação de uma nota

Tabela 1 Respostas do questionário de formação do cantor e auto-percepção do vibrato no gênero lírico


Apresentação das respostas do gênero sertanejo sobre a idade, formação no canto,

utilização da voz cantada e percepção do vibrato

Como
Duração do Como o Vibrato é
Sujeito Idade Aula de canto Uso da Voz desenvolveu Onde o vibrato mais aparece ?
espetáculo produzido ?
o Vibrato ?

Sertanejo 1 18 anos Não 3x semana 2 horas imitação apoio respiratório final da frase

Sertanejo 2 44 anos Não 3x semana 2 horas imitação apoio respiratório final da frase

Sertanejo 3 30 anos Sim 3x semana 3 horas aula de canto apoio respiratório final da frase

Sertanejo 4 32 anos Não 5x semana 4 horas imitação pregas vocais final da frase

Sertanejo 5 21 anos Não 5x semana 4 horas imitação apoio respiratório final da frase

Sertanejo 6 29 anos Sim 5x semana 3 horas imitação pregas vocais final da frase

Sertanejo 7 35 anos Não 4x semana 3 horas imitação pregas vocais sustentação de uma nota

Sertanejo 8 34 anos Não 4x semana 3 horas imitação apoio respiratório sustentação de uma nota

Sertanejo 9 25 anos Sim 3x semana 3 horas imitação pregas vocais final da frase

Sertanejo 10 41 anos Não 5x semana 4 horas imitação pregas vocais final da frase

Tabela 2 Respostas do questionário de formação do cantor e auto-percepção do vibrato no gênero


sertanejo
Apresentação das notas atribuídas pelos juízes (Professor de canto popular,

Professor de canto lírico e Fonoaudiólogo) na análise perceptivo-auditiva das

vozes com vibrato na vogal sustentada [a] no canto nos gêneros lírico e

sertanejo

Sujeitos Vibrato Gênero Lírico Vibrato Gênero Sertanejo

Juízes Popular/Lírico/ Fonoaudiólogo Popular/Lírico/ Fonoaudiólogo

Sujeito 1 2/1/2 2/2/2


Sujeito 2 2/2/2 2/2/2
Sujeito 3 2/2/2 2/1/1
Sujeito 4 2/1/2 2/1/1
Sujeito 5 2/1/1 2/2/1
Sujeito 6 2/2/2 1/2/1
Sujeito 7 1/2/1 1/1/1
Sujeito 8 2/2/2 1/1/1
Sujeito 9 2/2/2 2/2/1
Sujeito 10 2/2/2 2/2/1
Tabela 3 Notas atribuídas à qualidade do vibrato, na emissão da vogal
sustentada [a] canto, pelos juízes para o gênero lírico

Legenda:

0: vibrato ausente 1: vibrato presente e assimétrico 2: vibrato presente e simétrico


Análise estatística das notas atribuídas pelos juízes (Professor de canto

popular, Professor de canto lírico e Fonoaudiólogo) na análise perceptivo-

auditiva do vibrato na vogal sustentada [a] no canto nos dois gêneros de voz

cantada com utilização da análise fatorial através do agrupamento na nuvem

de pontos.
Taxa do vibrato

Sujeitos Gênero lírico Gênero Sertanejo


Sujeito 1 5,26 * 6,54*
Sujeito 2 4,95 * 5,05*
Sujeito 3 5,32 * 5,38/n=7
Sujeito 4 4,95 * 5,00/n=7
Sujeito 5 4,76 * 5,10/n=5
Sujeito 6 6,25 * 5,71/n=4
Sujeito 7 4,55 * 6,16/n=9
Sujeito 8 4,88 * 6,17/n=5
Sujeito 9 4,88 * 6,56/n=4
Sujeito 10 5,15 * 6,56/n=4
Tabela 4 Resultados à medição da taxa de vibrato lírico

Legenda:

----: a taxa não pode ser medida pela ausência de ciclos ou pela irregularidade dos ciclos.

*: duração de 10 ciclos (n=10)

n: número de ciclos obtidos

Análise estatística dos valores da taxa do vibrato, na vogal sustentada [a]

grave, vogal sustentada [a] aguda e vogal sustentada [a] no canto, nos dois

gêneros de voz cantada, com utilização do Teste Lovane’s e Teste t

Desvio Erro
Gênero n Média t p
Padrão Padrão

Lírico 10 5,095 0,467 0,148 -2,874 0,01

Sertanejo 10 5,823 0,652 0,206

Tabela Resultados estatísticos em relação à taxa do vibrato nos dois gêneros


Extensão do vibrato no canto em semitom no gênero lírico e no g~enero

sertanejo

Extensão do vibrato

Sujeitos Gênero Lírico Gênero Sertanejo


Sujeito 1 0,78 0,68
Sujeito 2 0,99 0,65
Sujeito 3 0,88 0,92
Sujeito 4 1,39 0,58
Sujeito 5 1,65 0,54
Sujeito 6 0,54 0,72
Sujeito 7 0,75 0,72
Sujeito 8 1,08 0,95
Sujeito 9 1,24 0,70
Sujeito 10 1,66 0,69
Tabela 5 Resultados da extensão do vibrato no gênero lírico

Análise estatística dos valores de extensão do vibrato, na vogal sustentada [a]

grave, vogal sustentada [a] aguda e vogal sustentada [a] no canto, nos dois

gêneros de voz cantada, com utilização do Teste Lovane’s e Teste t

Desvio Erro
Gênero n Média* t p
Padrão Padrão

Lírico 10 1,096 0,384 0,121 2,884 0,14

Sertanejo 10 0,716 0,146 0,052

Tabela Resultados estatísticos em relação à extensão do vibrato nos dois gêneros


5. DISCUSSÃO
O vibrato é sem dúvida o mais importante dos ornamentos vocais e tem

sido considerado uma das características mais expressivas da voz no canto

lírico. Já se sabe que esse ornamento não é exclusivo do canto lírico,

aparecendo também em outros gêneros de voz cantada, tais como o sertanejo,

rock e gospel (SUNDBERG, 1987, COSTA, 1998, CURCIO, 1999).

Esta pesquisa teve como objetivo comparar o vibrato, na sua taxa,

extensão e qualidade, em dois gêneros de voz cantada: o lírico e o sertanejo.

Conforme muitos autores relatam, o vibrato pode ser qualificado por três

formas distintas: sua freqüência (taxa), sua amplitude (extensão) e a sua

regularidade em relação aos ciclos (HIRANO, 1995; SUNDBERG,1987; FUSSI,

2003).

O tema dessa pesquisa gera alguns conflitos e diferentes argumentos de

forma que alguns autores acreditam que o vibrato é produzido por contração

dos músculos laríngeos, em especial o cricotireoídeo, e a musculatura

respiratória (VENNARD, 1967, HIRANO,1995); enquanto que outros autores

atribuem a produção do vibrato à uma ordem neurológica desencadeada pelo

tronco cerebral (SHIPP, 1990).

As idades dos sujeitos estudados no gênero lírico variaram entre 33 e 69

anos, com média de 42,7 anos enquanto que as idades dos sujeitos no gênero

sertanejo variaram entre 18 e 41 anos; com média de 30,9 anos. A média do

tempo de profissão no gênero lírico foi de 16,2 anos e no gênero sertanejo foi

de 12,4 anos.
Quanto à formação técnica dos sujeitos, há uma incrível diferença entre

os dois estilos, nos cantores líricos todos fizeram e ainda fazem aulas de canto

enquanto que os cantores sertanejos apenas três dos dez sujeitos fizeram aula

de canto, esse dado mostra como a formação técnica é diferente sendo

imprescindível para o gênero lírico o aprimoramento do estudo. Com relação à

percepção da produção do vibrato, todos os sujeitos (100%) do gênero lírico

acreditam que a produção se deva ao apoio respiratório enquanto que no

gênero sertanejo todos os sujeitos (100%) acreditam que a produção se deva à

vibração das pregas vocais. Acredito que essa diferença possa estar

relacionada à formação e preparação dos cantores do gênero sertanejo, uma

vez que a grande maioria nunca fez aula de canto e possivelmente não domina

a técnica vocal do apoio respiratório, produzindo o vibrato “na garganta” com

tensão.

Os cantores sertanejos referiram que o vibrato foi desenvolvido por

imitação de outros cantores do mesmo gênero, isso mostra que por se

basearem somente no som do vibrato há maior chance de produzirem força e

tensão. Nos cantores sertanejos todos os cantores referiram que o vibrato foi

desenvolvido nas aulas de canto, dessa forma o auto-conhecimento e a

percepção foram fundamentais para o domínio desse ornamento vocal.

Com relação à utilização da voz cantada, todos os cantores do gênero

lírico, por serem de um mesmo coral, fazem uso da voz cantada durante cinco

dias da semana. Os cantores sertanejos, por sua vez, utilizam-na em média

três dias da semana, pois a grande maioria apresenta outra profissão. A


duração dos espetáculos no gênero sertanejo é maior em relação ao gênero

lírico, alguns cantores sertanejos (Sujeito 4, Sujeito 5 e Sujeito 10) se

apresentam por quatro horas seguidas enquanto que todos os cantores líricos

se apresentam por duas horas seguidas.

Para os dados de formação no canto e auto-percepção do vibrato as

respostas foram estatisticamente significativas (p ≤ 0,05) com relação aos dois

gêneros de voz cantada.

Na avaliação perceptivo-auditiva feita pelos juízes houve relevância

entre juízes e intra juízes. Todos os três juízes (professora de canto popular,

professora de canto lírico e fonoaudióloga) atribuíram notas para a ausência do

vibrato, irregularidade do vibrato e regularidade. Foi aplicada a análise fatorial

observando-se na nuvem de pontos (Figura 3) o cruzamento das notas

atribuídas pelos juízes, mostrando que as notas foram muito semelhantes e se

agruparam.

Quanto aos valores da taxa do vibrato na emissão da vogal sustentada

[a] no canto, no gênero lírico a média foi de 5,09 Hz enquanto que no gênero

sertanejo a média foi de 5,82 Hz. Em relação aos valores de extensão do

vibrato na emissão da vogal sustentada [a] no canto, no gênero lírico a média

foi de 1,09 semitons enquanto que no gênero sertanejo a média foi de 0,72

semitom.
Houve significância estatística entre os dois gêneros de voz cantada no

que se refere aos valores de taxa e extensão na produção do vibrato na

emissão da vogal [a] sustentada aguda e no canto. Na emissão da vogal

sustentada [a] grave com vibrato não se pode realizar análise estatística uma

vez que no gênero sertanejo apenas em um sujeito se conseguiu medir o valor

da extensão e mesmo no gênero sertanejo 50% dos sujeitos também não foi

possível medir o valor da extensão.

É possível perceber que no gênero lírico os juízes atribuíram maior

regularidade ao vibrato do que no gênero sertanejo (CURCIO, 2001; COSTA E

ROSA, 2004). Na emissão com vibrato da vogal sustentada [a] grave tanto os

cantores líricos como os sertanejos apresentaram dificuldade na produção do

vibrato, isso condiz com VENARD (1967) e HIRANO (1995) o qual referiu que o

vibrato é produzido com mais facilidade e perfeição nas notas agudas.

Dessa forma se nas freqüências mais agudas o vibrato foi maior

encontrado, se mostrando mais regular, esses dados condizem com as

referências da literatura existente, quando os autores referem que os músculos

cricotireóideos são os maiores responsáveis pela produção do vibrato e a

função desses músculos esta ligada justamente a emissão do tom agudo

(VENNARD,1967; HIRANO, 1995; SUNDBERG, 1987).

Observa-se que a carga interpretativa da música é muito importante para

o cantor por isso a diferença no vibrato entre o canto e a vogal sustentada,


principalmente no gênero sertanejo no qual há grande apelo para a

interpretação.
6. CONCLUSÃO
No que diz respeito à produção do vibrato houve diferença entre os dois

gêneros de voz cantada, o lírico e o sertanejo. O vibrato para o gênero lírico é

produzido pelo uso do apoio respiratório e para o gênero sertanejo é produzido

pela vibração das pregas vocais.

Quanto aos valores da taxa do vibrato na emissão da vogal sustentada

[a] no canto, no gênero lírico a média foi de 5,09 Hz enquanto que no gênero

sertanejo a média foi de 5,82 Hz. Em relação aos valores de extensão do

vibrato na emissão da vogal sustentada [a] no canto, no gênero lírico a média

foi de 1,09 semitons enquanto que no gênero sertanejo a média foi de 0,72

semitom.

Com relação à análise da forma da onda do vibrato, no gênero lírico se

apresentou mais regular e obteve maior tempo de duração quando comparado

com o gênero sertanejo.


7. ANEXOS
7.1 ANEXO 1
7.2 ANEXO 2

CARTA DE INFORMAÇÃO AO PACIENTE

Prezado Senhor:_______________________________________________

Esta pesquisa será parte integrante da dissertação de Mestrado do


Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo, desenvolvida pela Fonoaudióloga
Adriana de Almeida Bezerra sob a orientação do Prof. Dr. Lídio Granato.
No canto, a voz é o instrumento principal. Muitas técnicas são usadas
com o objetivo de se conseguir a melhor performance ao cantar. O vibrato é
uma técnica bastante utilizada em diversos gêneros de voz cantada e pode ser
produzido de formas distintas. Com isso essa pesquisa estudará como se
caracteriza a produção do vibrato em diferentes gêneros de canto.
A participação dos cantores na pesquisa se resumirá em uma entrevista
com enfoque na Saúde Vocal e na percepção da produção do vibrato e na
realização de uma laringoscopia, que é um exame no qual se usará uma micro
câmera acoplada a uma fibra ótica de pequeno diâmetro colocada a um ângulo
de 70o na boca até a laringe, a fim de verificar as estruturas da cavidade nasal,
faringe e laringe, podendo provocar leve desconforto respiratório ou náusea.
Será também realizada com os sujeitos, gravação visual e áudio digital da voz
cantada e da vogal /a/ sustentada, com vibrato, em duas freqüências
confortáveis (grave e aguda). Todos esses procedimentos serão gravados em
DVD e gravação digital MD para posterior avaliação e análise acústica, de
acordo com protocolos previamente estabelecidos.
Por meio dessa pesquisa, estaremos contribuindo na prevenção e
reabilitação das alterações vocais do cantor, auxiliando em seu maior
conhecimento sobre as questões da voz, principalmente relacionada ao uso,
aperfeiçoamento e cuidados necessários para manter uma produção vocal
adequada.
Em hipótese alguma o participante da pesquisa será identificado. A
identificação será apenas de conhecimento do entrevistador, que nada
revelará, por questões éticas.
O material gravado será utilizado somente para fins de pesquisa e
atividade acadêmica, fazendo parte do banco de dados do Laboratório
Integrado de Análise Acústica e Cognição (LIAAC-PUC) cujos responsáveis
zelarão pelo uso e aplicabilidade das amostras exclusivamente para fins
científicos, apenas consentindo o seu uso futuro em projetos que atestem pelo
cumprimento dos preceitos étnicos em pesquisas envolvendo seres humanos.
Em caso de dúvida o participante poderá entrar em contato com os
responsáveis pelo banco de dados do LIAAC (Prof.a Zuleica Camargo e Prof.
Mário Fontes) no telefone 3670-8333.
O participante fica livre para, em qualquer momento, retirar o seu
consentimento e deixar de participar da pesquisa.
Em caso de qualquer dúvida ou intercorrência, o pesquisador poderá ser
procurado na própria Instituição, que se localiza na Rua Cesáreo Motta Júnior,
61, ou pelo telefone 3257-2686 ou 9618-0988.

São Paulo, ___ de ________________ de 2005.

_______________ ___________
Sujeito da pesquisa Pesquisador
7.3 ANEXO 3

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu__________________________________________________________,RG
______________________, declaro ter sido informado (a), verbalmente e por
escrito, a respeito da pesquisa e concordo em participar espontaneamente, por
meio de uma entrevista que será gravada, além da realização de uma
nasofibrolaringoscopia, uma vez que será mantido o meu anonimato e que todo
material gravado não será utilizado para fins comerciais, financeiros ou
veiculados em meios de comunicação de massa.

São Paulo, ____ de _______________ de 2005.

________________________ ________________
Sujeito da pesquisa Pesquisador
7.4 ANEXO 4

PROTOCOLO PERCEPÇÂO DO VIBRATO


A Caracterização do vibrato em dois gêneros de voz cantada

Sujeito ________
Estilo _________
Tempo de profissão__________

Você fez ou faz aula de canto?


( ) sim ( ) não

Em média, quantos dias por semana você canta?


( ) todos os dias ( ) 5 x na semana ( ) 3x na semana

Quanto tempo dura sua apresentação?


( ) 2 horas ( ) 3 horas ( ) 4 horas

Como você adquiriu o vibrato?


( ) imitação ( ) com aula de canto

Como o vibrato é produzido?


( ) apoio respiratório ( ) pregas vocais

Onde o vibrato mais aparece?


( ) no final das frases ( ) no aumento de intensidade ( ) na sustentação de
uma nota
7.5 ANEXO 5

PROTOCOLO ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA


A Caracterização do vibrato em dois gêneros de voz cantada

Juiz:
Data:

Sujeitos Vogal sustentada Vogal sustentada Canto


Gênero Lírico /a/ grave /a/ aguda Gênero Lírico
Sujeito 1
Sujeito 2
Sujeito 3
Sujeito 4
Sujeito 5
Sujeito 6
Sujeito 7
Sujeito 8
Sujeito 9
Sujeito 10

Sujeitos Vogal sustentada Vogal sustentada Canto


Gênero Sertanejo /a/ grave /a/ aguda Gênero Sertanejo
Sujeito 1
Sujeito 2
Sujeito 3
Sujeito 4
Sujeito 5
Sujeito 6
Sujeito 7
Sujeito 8
Sujeito 9
Sujeito 10
8. BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, M. – Dicionário musical brasileiro. São Paulo, Edusp, 1989.

CALDAS, W. – O que é música sertaneja. Revinter, São Paulo, 1999.

CALLAGHAN, J. – Singing and Voice Science. Singular, San Diego, 2000.

CASOY, S.; FEIST, H. – O Livro de Ouro da Ópera. Tradução de Edgard de


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RESUMO
O vibrato é um dos ornamentos vocais mais utilizados na voz cantada e
pode ser encontrado em diferentes estilos de canto, entre eles o lírico e o
sertanejo. Dessa forma o objetivo deste trabalho foi o de caracterizar o vibrato
em dois gêneros de voz cantada: o lírico e o sertanejo; comparando-os sob o
ponto de vista da aquisição do vibrato, da análise perceptivo-auditiva e
acústica. Fizeram parte desta pesquisa 20 cantores do sexo masculino sem
doenças laríngeas e que produziam o vibrato, sendo 10 cantores do gênero
lírico e 10 do gênero sertanejo. Os sujeitos de cada gênero cantaram uma
música estabelecida pela grande quantidade de momentos de vibrato. Foi
realizada avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica com comparação dos
harmônicos e medição da taxa e da extensão do vibrato para cada emissão. Os
resultados mostraram que no gênero lírico os valores da taxa do vibrato
variaram de 4,55 a 6,25 Hz e da extensão do vibrato variaram de 0,54 a 1,66
semitons enquanto que no gênero sertanejo os valores da taxa do vibrato
variaram de 5,0 a 6,56 Hz e da extensão do vibrato variaram de 0,54 a 0,95
semitons. Considerando-se a extensão medida de “pico-a-pico”, houve
diferença estatística entre os dois gêneros de voz cantada. No espectrograma
houve regularidade em relação à oscilação de freqüência no gênero lírico
enquanto que no gênero sertanejo não houve regularidade. Dessa forma, os
valores de taxa e extensão do vibrato diferiram significativamente entre os dois
grupos, mas não diferiram dos descritos na literatura, e houve regularidade nas
oscilações de freqüência apenas no gênero lírico. Sem dúvida com este
trabalho um outro olhar para a técnica do canto foi lançado despertando o
interesse por estudar o vibrato em outros gêneros de voz cantada.
ABSTRACT
The vibrato is one of the embellishments most frequently used in the
singing voice and it can be found in different singing styles, among those, lyric
and Sertanejo (Brazilian country western-like singing style). Considering these
two styles, the objective of the present study was to characterize the vibrato in
them, comparing them in the light of vibrato acquisition through auditory-
perceptual and acoustic analyses. Twenty male singers—10 classical (operatic)
singers and 10 sertanejo singers— reportedly in perfect laryngeal health,
served as subjects for this study. The subjects phonated and sustained the
vowel /a/ with vibrato at low and high pitches. For each phonation, perceptual-
auditory evaluation and acoustic analysis were carried out together with
comparison of overtones and vibrato rate and extension measurements. The
results have shown that the mean values for vibrato rate and extension in lyric
singers were 4,55 to 6,25 Hz and 0,54 to 1,66 semitone, whereas for sertanejo
they were 5,0 to 6,56 Hz and 0,54 to 0,95 semitone. Taking into consideration
the extension measured peak-to-peak, there was statistical difference between
these two modes of the singing voice. In the spectrogram there was regularity in
terms of frequency oscillation in the lyric genre while in the sertanejo style there
was no regularity. The vibrato rate and extension values between the two
groups differed significantly, but did not differ from those described in the
literature; moreover, there was regularity in frequency oscillation only in the lyric
singing style. Doubtlessly, with this study, a new standpoint on singing
technique has been contrived, thus arousing the interest of studying the vibrato
in other singing voice genres.
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