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ESCOLA POLITÉCNICA
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA
Salvador
2016
i
Dissertação apresentada ao
mestrado em Engenharia Ambiental Urbana
como requisito parcial à obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA AMBIENTAL
URBANA
Salvador
2016
ii
DEDICATÓRIA
Henry Ford
vi
vii
viii
ix
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço aos meus pais, Lenni e Josenoel, por todo apoio
cedido durante todas as atividades realizadas ao longo da minha vida;
Agradeço aos meus irmãos Adler e Saulo pela convivência diária;
Ao Prof. Dr. Daniel Ribeiro e Prof. Dr. Sandro Machado pela orientação,
aprendizado e amizade que guardarei para sempre;
Aos colegas do LEDMa (Adriana, Bruna, Elisama, Nilson, Juliana, Tiago,
Raquel, Paulo, Bruno, Luciano, Raphael, Daniel e Guilherme) e aos que já
finalizaram suas atividades, mas que mantive fortemente a amizade (Thaís,
Felipe, Monique, Débhora e Rafaela);
Aos colegas do GEOAMB (Átila, Gustavo, Ritinha, Nicolle, Jonathan, Mário,
Jeová, Ricardo, Sr. Antônio, Zenite, Tarcísio, Raul, Adriano e David);
Ao CETA pelo todo apoio cedido em especial ao técnico Paulo César de
Jesus Sant’Anna;
Agradeço a Bianca Ferreira por toda paciência que teve ao longo dessa
caminhada. Muito obrigado mesmo;
À CIMPOR, Cimento MIZU, FERBASA e VEDACIT pela doação dos
insumos utilizados nesta pesquisa;
A FAPESB pela concessão da bolsa que contribuiu para execução deste
trabalho;
Aos professores e funcionários do MEAU pelo crescimento científico que
me forneceram;
Ao meu grande amigo e pai na engenharia Prof. José Marcílio, por permitir
que todo este trabalho fosse possível. Meus sinceros agradecimentos!
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este trabalho
se completasse.
x
xi
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................xi
ABSTRACT..........................................................................................................xiii
SUMÁRIO.............................................................................................................xv
LISTA DE TABELAS...........................................................................................xvii
LISTA DE FIGURAS............................................................................................xix
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
3. METODOLOGIA ......................................................................................... 41
5. CONCLUSÕES ........................................................................................... 81
7. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 85
xviii
xix
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 2.1 – Dimensões dos tipos de poros existentes nos materiais. Fonte:
Haung et al. (2015) ............................................................................................ 4
Tabela 2.4 – Classe de resistência à penetração dos íons cloretos. Fonte: GjØrv
(2014) .............................................................................................................. 12
Tabela 2.5 – Resumo dos fenômenos existentes nos ensaios de difusão ....... 28
Tabela 2.5 – Especificações para sílica ativa, segundo a NBR 13956/2012 .... 33
Tabela 4.3 – Determinação dos elementos químicos por FRX da Sílica Ativa. 63
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 2.1 – Distribuição dos tamanhos de poros. Fonte: CEB Nº 183 (1997).
Modificada ......................................................................................................... 4
Figura 2.17 – Modelo de vida útil para corrosão das armaduras. Fonte: Tuutti
(1982). ............................................................................................................. 39
Figura 3.11 – Montagem das câmaras. A) Câmara sem vazia; b) Câmara com
corpo de prova; c) câmara com corpo de prova envolvido pela membrana de
látex e fixada com elásticos; d) Câmara fechada. ............................................ 56
Figura 4.16 – Fluxo de íons cloreto (J), estimado a partir de ensaios de migração
de cloretos, em função do teor de Sílica Ativa adicionado ao concreto. ........... 74
Figura 4.17 – Fluxo de íons cloreto (J), estimado a partir de ensaios de migração
de cloretos, em função da variação do teor de argamassa. ............................. 74
Figura 4.21 – Variação da vida útil com acréscimo do teor de sílica ativa. ....... 80
Figura 4.22 – Variação da vida útil com acréscimo do teor de argamassa. ...... 80
Figura 4.24 – Correlação entre os parâmetros time lag e fator de retardo. ...... 82
1. INTRODUÇÃO
1
também, de outros parâmetros de transporte como, por exemplo, a tortuosidade
e a dispersão mecânica. Porém, poucos estudos tentam correlacionar os dados
obtidos por meio destas técnicas, visando validar os valores obtidos e
possibilitando representar este fenômeno com maior precisão.
Este trabalho visa a fornecer correlações entre os ensaios de migração
de cloreto e ensaio de coluna, com o intuito de confirmar a eficiência destes
métodos para matrizes cimentíceas, e, consequentemente, fornecer dados que
podem ser utilizados em pesquisas futuras. De forma complementar, será
avaliada a influência da adição de sílica ativa e da variação do teor de
argamassa do traço na durabilidade das estruturas de concreto armado diante a
penetração de íons cloro, além de verificar a influência da seção transversal dos
corpos de prova elaborados na execução dos ensaios de migração iônica,
verificando a possibilidade de execução de ensaios em qualquer seção
normatizada.
2
2. REVISÃO DA LITERATURA
3
tamanho, cujos valores, incluindo a variação dos poros capilares, são
apresentados na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Dimensões dos tipos de poros existentes nos materiais. Fonte:
Haung et al. (2015)
Figura 2.1 – Distribuição dos tamanhos de poros. Fonte: CEB Nº 183 (1997).
Modificada
4
O tamanho dos poros influencia diretamente o tipo de mecanismo que irá
transportar o agente externo ao interior do concreto. Esta distribuição dos
tamanhos de poros juntamente com o mecanismo de transporte preponderante
pode ser vista na Figura 2.2, na qual pode ser observada a importância dos
poros capilares e macroporos para a durabilidade já que, devido ao seu tamanho
e por formar caminhos intercomunicáveis, estes são os maiores responsáveis
por favorecer a entrada dos agentes externos. Estes poros possibilitam o
transporte através da permeabilidade, absorção capilar e difusão.
5
Figura 2.3 - Representação esquemática da porosidade capilar do concreto.
Fonte: Fusco (2008)
6
Figura 2.4 – Representação esquemática das zonas existentes no concreto.
Fonte: Mehta e Monteiro (2014).
7
determinado mecanismo. Segundo Zhang e Zhang (2014), fatores como a
relação água/cimento, a morfologia da zona de transição, a utilização de adições
minerais, a umidade relativa e o grau de saturação influenciam diretamente o
transporte de massa. Segundo os mesmos autores, o grau de saturação é um
parâmetro de elevada importância, pois será ele que tornará o ambiente dos
poros propícios à passagem dos contaminantes. A Tabela 2.2 correlaciona a
umidade relativa do concreto com os riscos de deterioração das estruturas.
8
2.2.1. Permeabilidade
𝑑ℎ
𝑣 = −𝑘. 𝑑𝑥 Equação (2.1)
9
2.2.2. Absorção capilar
2.𝜎𝑠 .𝑐𝑜𝑠Ɵ
ℎ𝑐 = Equação (2.2)
𝛾𝑤 .𝑟
10
Em que S é a absortividade (em kg/m²), A é o termo constante, i é o
volume de água acumulado por unidade de área e t é o tempo de ensaio.
2.2.3. Difusão
δ𝐶
𝐽𝐷 = 𝐷𝑒 ( δx ) Equação (2.4)
δC δ2 𝐶
= 𝐷𝑒 ( δx2 ) Equação (2.5)
δt
11
𝑥
𝐶 (𝑥, 𝑡 ) = 𝐶𝑠 (1 − 𝑒𝑟𝑓 2 ) Equação (2.6)
√𝐷𝑒 𝑡
Coef. de difusão de
Resistência à penetração de
cloretos - não
cloretos
estacionário (m²/s)
>15 x 10-12 Baixo
10-15 x 10-12 Moderado
5-10 x 10-12 Alta
2,5-5 x 10-12 Muito alta
<2,5 x 10-12 Extremamente alta
12
Como pode ser visto em trabalhos como o de Vilasboas (2013) e de
Nascentes (2006), a dispersão da solução contaminante em meios porosos é
dividida em dois fenômenos que são a dispersão por difusão e a dispersão
mecânica. A dispersão mecânica é predominante nos domínios de regimes de
fluxo de maiores velocidades, enquanto que a dispersão por difusão é
predominante do campo das baixas velocidades de percolação (v < 1x10-8 cm/s),
como se considera ser o caso do fluxo de fluidos em concreto.
De = W . D0 Equação (2.7)
13
Figura 2.6 - Fatores que causam dispersão longitudinal em escala microscópica.
(a) tamanho dos poros; (b) tortuosidade; (c) atrito nos poros. Fonte: FETTER,
1993 apud NASCENTES, 2006
Dm = α . vs Equação (2.8)
Equação (2.9)
14
concreto, estes coeficientes tendem a ser muito próximos, sendo considerados
iguais para modelagem do problema.
Uma maneira simplificada para estimar a dispersividade de um material,
considera seu valor como 10% da espessura da amostra estudada, como indica
a Equação 2.10.
Equação (2.10)
Dh = De + Dm Equação (2.11)
15
Reações de Sorção – Dessorção
Reações Ácido – Base
Reações de Dissolução – Precipitação
Reações de Óxido – Redução
Formação de Complexos
Reações Biológicas
16
Como visto por Huo et al. (2013), o fator de retardamento é diretamente
relacionado com o coeficiente de partição sólido-contaminante do material, como
apresentada na Equação 2.12, sendo este um valor dependente da isoterma
formada pelo sistema em estudo. Nota-se que quando o material em análise não
oferece condições de reter determinada substância, seu valor de retardo será o
valor mínimo igual a 1 (um).
𝜌𝑑 .𝐾𝑑
𝑅𝑑 = 1 + Equação (2.12)
𝜃
17
2.3 MÉTODOS DE ENSAIOS ASSOCIADOS AO TRANSPORTE DE CLORETOS
18
nas células. A célula catódica é preenchida por solução contendo cloreto de
sódio (NaCl) a uma concentração de 1M, no qual esta concentração equivale ao
encontrado na água do mar.
A migração de cloretos, no estado estacionário, é definida com base na
equação de Nernst-Plank (Equação 2.13) que modela uma equação geral para o
movimento de íons em eletrólitos, considerando todos os mecanismos
envolvidos:
zi F E ( x)
J i ( x) Di Ci Equação (2.15)
RT ( x)
19
cimento e outros íons existentes na solução dos poros, sendo caracterizada
como fase não estacionária. Assim quando os todos os aluminatos existentes no
cimento se encontram quimicamente ligados aos íons cloro, o fluxo destes ions
passa a ser constante, iniciando-se a fase estacionária. Dessa forma, o tempo
necessário para que se inicie o estado estacionário é chamado de time lag (τ),
que é obtido graficamente por meio da interseção entre o prolongamento da reta
que caracteriza o regime estacionário com a abscissa (tempo), de acordo com a
Figura 2.10.
jCl RTl
DS =
zFCCl γΔΦ Equação (2.16)
20
Para determinação do coeficiente de difusão no estado não-estacionário
(Dns) a partir de ensaios de migração, utiliza-se a Equação 2.17 proposta por
Castellote, Andrade e Alonso (2001).
2l ² v
Dns = .v.coth 2 Equação (2.17)
τv² 2
ze
Onde v kT , k é a constante de Boltzmann (1,38x10-23 J/K), e é a
21
a obtenção da curva de chegada experimental. A curva de chegada é ajustada a
uma curva teórica por intermédio do método dos mínimos quadrados, de forma
que forneça um coeficiente de determinação (R²) máximo.
22
Figura 2.11 – Determinação do fator de retardo (Rd). Fonte: MONCADA, 2004
∑𝑘
𝑖=1 𝛥𝑚𝑖
𝐶𝑀𝑅 = Equação (2.16)
𝑉𝑝.𝐶𝑜
23
Figura 2.12 – Exemplo de estimativa de Fator de retardo (Rd) com dados de
CMR em função do Número de Volume de Poros (T). Fonte: NASCENTES
(2006).
C ( x, t ) 1 Rd x vs t vs x Rd x vs t
erfc exp Dh erfc 2 Rd Dh t Equação (2.17)
C0 2 2 Rd Dh t
24
mm e, após a cura de 28 dias, ter as suas laterais seladas. Um pequeno tanque
deve ser posicionado na face superior, para conter a solução de NaCℓ a 3%, a
placa deve ser apoiada de forma a permitir a circulação de ar sob a face inferior
(Figura 2.13). O conjunto deve ser armazenado em um ambiente com umidade
relativa de 50% e temperatura 23ºC. Para evitar a evaporação da solução,
utiliza-se uma placa ou filme plástico.
25
Figura 2.14 – Cilindro de concreto cortado para obtenção do corpo de prova
(diâmetro = 10 cm e altura = 7,5 cm), à esquerda; corpo de prova imerso em
solução de NaCl, à direita. Fonte: Uchôa (2007).
Após o corte, o corpo de prova deve ser selado, ficando exposta apenas
a sua face superior. Em seguida, ele é submerso em uma solução saturada de
hidróxido de cálcio até atingir uma massa constante. Depois de retirado e lavado,
é submerso na solução de cloreto de sódio por, no mínimo, 35 dias para
concretos comuns; podendo chegar aos 90 dias, para concretos de alta
qualidade. Terminada a exposição, o corpo de prova é fatiado em finas camadas
de aproximadamente 1mm de espessura, e os teores de cloreto são
determinados de forma a se obter um perfil de penetração dos íons desse sal. A
partir do perfil obtido, o coeficiente de difusão pode ser calculado utilizando-se a
segunda Lei de Fick.
A grande diferença entre este método e o descrito no item 2.4.3 deste
trabalho está na saturação do corpo de prova antes de ele ser exposto aos
cloretos e a sua completa submersão, onde apenas uma face fica exposta, o que
elimina os processos de absorção e migração capilar garantindo que a
penetração ocorra apenas por difusão (STANISH et al, 2001). Apesar disso, o
coeficiente calculado ainda é chamado aparente, pois na determinação do teor
de cloretos total estão incluídos aqueles que haviam reagido com os materiais
cimentícios e os adsorvidos fisicamente (CASTELLOTE et al, 2001). Os autores
observam, ainda, que o tempo necessário para a realização do ensaio é
bastante longo e o valor do coeficiente de difusão calculado depende da
concentração de cloretos na solução. Com uma solução de NaCl igual a 3M por
26
35 dias, obtêm-se valores superiores aos valores obtidos com uma solução de
NaCl 0,5M por 90 dias.
𝑅𝑇 𝑥−𝛼 √𝑥
𝐷𝑛𝑠 = Equação (2.18)
𝑧𝐹𝐸 𝑡
𝑅𝑇 2𝐶𝑑
𝛼 = 2√ 𝑒𝑟𝑓 −1 (1 − ), no qual C0 é a concentração inicial (1M), e Cd
𝑧𝐹𝐸 𝐶𝑜
27
Figura 2.15 – Esquema de funcionamento do aparato o CTH method. Fonte:
AUDENAERT et al. (2010)
Condição do
Ensaio Fenômenos
corpo de prova
28
2.4 CORROSÃO POR ATAQUE DE CLORETOS
29
BOUNY; CAPRA; LAURENS, 2014). Ainda assim, em locais com a ocorrência de
respingos de maré a intensidade de penetração de cloretos tende a ser mais
elevada devido ao acúmulo de cloreto de sódio ocasionado pela deposição
contínua do spray marinho. Estas zonas podem ser vistas na Figura 2.16.
30
Figura 2.17 – Esquema de corrosão por ataque de cloretos. Fonte: BAROGHEL-
BOUNY; CAPRA; LAURENS (2014).
31
reduz a relação [Cl-]/[OH-] crítica devido a liberação de hidroxila. (KOUSA et al.,
2014; RAMEZANIANPOUR et al., 2014).
32
2SiO + O2 → 2SiO2 Equação (2.22)
33
De acordo com os dados do Governo Federal (Ministério de Minas e
Energia, 2002), atualmente no Brasil existem seis plantas operantes de silício-
metálico, localizadas na Bahia, Minas Gerais, Pará e São Paulo, e possui 11
plantas operantes de ferro sílicio 75%. Ainda, segundo Kulakowski (2002),
apenas três fabricas de silício metálico destinam parte de seus resíduos para a
construção civil.
Segundo o Sindicato da Industria Mineral do Estado de Minas Gerais
(SINDIEXTRA), o Brasil produziu em 2010 cerca de 247 mil toneladas de ferro
silício. Como proposto por Dastol (1984 apud VIEIRA, 2003), 1 tonelada de
silício metálico gera em torno 550 kg de sílica ativa, logo estimasse que foram
produzidas cerca de 136 toneladas de sílica ativa no ano de 2010.
A sílica ativa é um material altamente pozolânico devido a sua extrema
finura e alto teor de sílica amorfa. Esta pozolana reage com o hidróxido de cálcio
(Ca(OH)2) produzido durante a hidratação do cimento Portland tendo como
resultado o acréscimo de resistência devido à formação de silicatos de cálcio
hidratado, conforme a Equação 2.23 (SIDDIQUE, 2011).
34
cimento, vindo a reduzir em média até 91% do coeficiente de difusão de cloretos,
como pode ser visto na Figura 2.18.
35
diversos estudos sobre os mecanismos de degradação para auxiliar os
projetistas a produzir estruturas mais seguras (ANDRADE, 2005).
De acordo com a NBR 6118:2014 (“Projeto de estrutura de concreto –
Procedimento”) a durabilidade consiste na capacidade de a estrutura resistir às
influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto
estrutural e pelo contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto. A
American Concrete Institute, ACI, (2001) a define como a capacidade de resistir
à ação das intempéries, ataques químicos, abrasão ou qualquer outro processo
de deterioração.
Como pode ser visto em Helene (1993), a durabilidade de estruturas de
concreto é determinada através da regra dos 4C's, sendo em fundão de:
i. Composição ou traço do concreto;
ii. Compactação ou adensamento efetivo do concreto na estrutura;
iii. Cura efetiva do concreto na estrutura;
iv. Cobrimento ou espessura do concreto de cobrimento das
armaduras.
A durabilidade das estruturas é regida, então, por um conjunto de fatores
que buscam garantir um desempenho satisfatório em uma vida útil
predeterminada (RIBEIRO, 2013). Assim, a NBR 6118:2014 determina as
classes de agressividades existentes e uma espessura de cobrimento mínima
para atender uma vida útil de 50 anos, havendo manutenções planejadas e a
NBR 12655:2006 (“Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e
recebimento – Procedimento”) complementa informando os teores máximos de
cloretos aceitos na massa de cimento para que a despassivação da armadura
seja evitada. Estes dados são mostrados nas Tabelas 2.6, 2.7 e 2.8.
36
Tabela 2.6 – Classificação da agressividade ambiental. Fonte: NBR 6118:2014
Classificação geral
Classe de Risco de
do tipo de ambiente
agressividade Agressividade deterioração da
para efeito de
ambiental estrutura
projeto
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana1) 2) Pequeno
Marinha1)
III Forte Grande
Industrial1) 2)
Industrial1) 3)
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
1)
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível
acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de
serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto
revestido com argamassa e pintura).
2)
Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em
regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura
protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou regiões onde chove
raramente.
3)
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em
indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
37
Tabela 2.8 – Teores máximos de íons cloro no concreto. Fonte: NBR 12655:2015
Como pode ser visto, quando comentado sobre durabilidade, a vida útil
das estruturas é algo extremamente importante e é o que contribui para
determinação do tempo na qual uma estrutura se encontra em condições de
utilização. A própria NBR 6118:2014 define vida útil de projeto como o período
de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de
concreto, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção previstos pelo
projetista e pelo construtor, bem como de execução dos reparos necessários
decorrentes de danos acidentais. Ainda assim, outras definições são dadas para
diversos tipos de vida útil. Segundo Da Silva (1998), a vida útil, apesar de
diversos conceitos e estudos, é de difícil determinação, devido aos diversos
fatores envolvidos e da aleatoriedade dos fenômenos.
Conhecer o tempo máximo de utilização de um material é de
fundamental importância para analisar a durabilidade de estruturas que se
beneficiam destes materiais, pois, vida útil e durabilidade estão amplamente
correlacionadas.
Os modelos matemáticos possuem uma grande importância para a
estimativa da vida útil das estruturas e, consequentemente, contribuem para um
melhor entendimento por parte dos profissionais de engenharia a realizarem
suas atividades proporcionando maior segurança às estruturas e aos usuários.
Desta forma, dois modelos são bastante conhecidos e serão discutidos com
mais detalhes.
38
O primeiro e mais simples é o modelo proposto por Tuutti (1982), no qual
o processo de degradação é dividido em dois estágios: o de iniciação, em que
ocorre a penetração dos agentes agressivos para o interior do concreto, sem
causar danos efetivos ao elemento estrutural e o estágio de propagação, em que
as primeiras manifestações do dano começam a ser evidenciadas na estrutura
de concreto armado, como visto na Figura 2.17.
Figura 2.17 – Modelo de vida útil para corrosão das armaduras. Fonte: Tuutti
(1982).
39
Vida útil residual: Tempo entre a vida útil de serviço e total em que a
estrutura desempenha suas funções após intervenções.
Com base no proposto por Andrade (2005), a vida útil das estruturas
dependem do desempenho dos elementos estruturas bem como dos elementos
não estruturais (juntas, drenos etc.) que normalmente possuem vida útil menor
do que a do concreto, podendo, assim, acarretar em pontos de fragilidade
quanto a degradação do concreto. Desta forma, diversos métodos são
empregados com o intuito de prever a vida útil das estruturas, sendo elas:
experiências anteriores, ensaios acelerados e abordagens probabilísticas e
determinísticas.
40
3. METODOLOGIA
3.1 MATERIAIS
3.1.2 Areia
3.1.3 Brita
41
3.1.4 Sílica ativa
A sílica ativa utilizada neste trabalho foi fornecida pela empresa Ferbasa,
sendo oriunda da fabricação de ferrosilício.
3.1.5 Aditivo
3.1.6 Água
3.2 MÉTODOS
42
Figura 3.1 - Fluxograma do projeto experimental
a) Massa específica
43
Figura 3.2 – Picnômetro a gás hélio.
b) Massa unitária
c) Área específica
44
método de Blaine, bastante utilizado para cimento, e o
método BET (BRUNAUER; EMMETT; TELLER, 1938). Este torna-se
mais apropriado para aferição da superfície específica das adições minerais de
alto desempenho, pois é capaz de medir área específica de duas a três vezes
superiores àquelas medidas pelo método de Blaine. Skalny e Hearn (2001)
ressaltam ainda que o limite para o uso do método de Blaine é cerca de 500
m²/kg, muito abaixo dos valores usuais das adições minerais de alto
desempenho. Os mesmos autores também alertam que não há correspondência
direta entre os valores de Blaine e BET, apesar de possuírem a mesma unidade
de medida. Assim, tanto para o cimento CP V ARI-RS e a sílica ativa, foram
determinadas sua área especifica pelo método do BET.
Este ensaio foi realizado no Laboratório de Materiais Cerâmicos da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
45
sofreu agitação mecânica antes do início do ensaio de sedimentação em uma
proveta graduada de 1000cm³. Foi utilizado um densímetro calibrado, com
escala de 0,990 a 1,050 g/cm³, para determinação das densidades da solução
(água + sílica ativa + desfloculante) nos tempos de 0,5 min, 1 min, 2 min, 4 min,
8 min, 15 min, 30min, 1 h, 2 h, 4 h, 8 h e 24h. Com base nestes valores de
densidade, foram calculadas através da lei de Stokes os diâmetros das
particulas e suas porcentagens. Este ensaio foi realizado no Laboratório de
Geotecnia da Universidade Federal da Bahia.
Já para os agregados graúdo e miúdo foi empregado o conjunto de
peneira normatizado pela NBR NM 248:2003 (“Agregados - Determinação da
composição granulométrica”). Através deste ensaio foi obtido o módulo de finura
e a dimensão máxima característica.
e) Composição química
46
técnica mensura o comprimento de onda e a energia dos fótons de raios X
característicos da amostra (RIBEIRO, 2010; APOLINÁRIO, 2014).
47
interferências construtivas são refletidas com direções definidas pela lei de
Bragg, como pode ser visto na Equação 3.1.
g) Análise microestrutural
48
massa de cimento, para execução de todos os ensaios previstos. A elevada
relação água/cimento adotada se deve à dificuldade de realização de ensaio em
concretos com fatores a/c baixos, no método de coluna, conforme observado por
Vilasboas (2013). Além disso, houve uma variação no teor de argamassa, α, em
relação ao traço de referência, para simular um concreto de cobrimento, sendo
executados todos os ensaios de caracterização e o de migração iônica. Estes
teores foram de 54,4% (referência), 75% e 100%.
O traço utilizado para os ensaios, variando o teor de sílica ativa nas
concentrações já informadas foi de 1 : 1,83 : 2,37 : 0,6 (cimento : areia : brita :
água, em massa). Posteriormente, a quantidade de agregado graúdo foi
reduzida para atender os teores de argamassa já mencionados, sendo os traços,
os seguintes:
a) Resistência mecânica
49
Figura 3.5 – Prensa Contenco HD-120T utilizada pra os ensaios de compressão
axial.
𝑀𝑢− 𝑀𝑠
𝑃𝐴 = 100. Equação (3.2)
𝑀𝑢−𝑀𝑖
𝑀𝑠
𝐷𝐴 = ρ𝐿 . Equação (3.3)
𝑀𝑢−𝑀𝑖
50
Figura 3.6 – Aparato utilizado para determinação da porosidade e densidade
aparentes.
51
Figura 3.7 – Ensaio de capilaridade.
52
obtido é dividido pelo número total de nós, estimando a porcentagem da fase.
Um esquema deste processo é apresentado na Figura 3.8. Assim, são
calculados os valores da precisão relativa (%RA), conforme a referida Norma,
sendo que os corpos de prova escolhidos deverão possuir %RA < 10.
Para seleção dos corpos de prova foi utilizado o dobro de corpos de
prova, em fatias, necessários para a escolha dos exemplares a serem utilizados,
sendo 20 fatias com 40 mm de espessura e diâmetro de 100 mm, 8 fatias com
25 mm de espessura com diâmetro de 50 mm e 42,5 mm, cada.
53
Figura 3.9 – Condutivímetro digital de bolso, modelo 42 da marca Homis.
b) Migração de cloretos
54
esquema de funcionamento deste ensaio, conforme informado no item 2.3.1
deste trabalho. As leituras de concentração de íons cloro na célula anódica
foram verificadas em intervalos de tempos fixo (24h) com o auxílio do
condutivímetro digital de bolso, modelo 42 da marca Homis e de sua curva de
calibração.
c) Ensaio de coluna
55
pelo corpo de prova, o N2 pressurizado é fornecido para os reservatórios da
solução ou água utilizada com uma pressão de 6 kgf/cm². Assim, a pressão
externa é maior do que a interna, garantindo a vedação lateral. A montagem dos
corpos de prova, o esquema de funcionamento interno das câmaras e os
aparatos montados podem ser vistos nas Figuras 3.11, 3.12 e 3.13,
respectivamente.
a) b) c) d)
Figura 3.11 – Montagem das câmaras. a) Câmara vazia; b) Câmara com corpo
de prova; c) câmara com corpo de prova envolvido pela membrana de látex e
fixada com elásticos; d) Câmara fechada.
56
Figura 3.13 – Aparatos montados e conectados.
57
58
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
59
Dentre os materiais utilizados, temos o cimento CP V ARI RS e a sílica
ativa como os mais finos. Dentre eles, o que apresentou o menor diâmetro médio
das partículas (D50) foi a sílica ativa (0,0047 mm). Somente foi possível observar
este comportamento após realização do ensaio de sedimentação na sílica ativa
para determinação da curva granulométrica, pois neste ensaio, além de ser
utilizado um dispersante, é utilizado, também, um agitador mecânico para
separar as partículas.
A distribuição granulométrica de todos os materiais utilizados é mostrada
na Figura 4.1.
60
(a)
(b)
Figura 4.2 – Análise através de microscópio eletrônico de varredura em amostra
de cimento CP V ARI RS e sílica ativa. (a) Cimento CP V ARI RS; (b) Sílica ativa.
61
A composição química do cimento, determinada por fluorescência de
raios X (FRX), e os limites estabelecidos pela NBR 5733:1991 (Cimento Portland
de alta resistência inicial) são apresentados na Tabela 4.2.
62
contêm aluminatos no cimento CP V ARI RS utilizado nesta pesquisa, como visto
na Figura 4.3.
Tabela 4.3 – Determinação dos elementos químicos por FRX da Sílica Ativa.
63
Assim, através da análise por difração de raios X, foi possível verificar a
o grau de amorfização da sílica ativa que correspondeu a 71,4% do material
analisado, indicando um potencial para alta reatividade deste material e com
backgrouds mais evidenciados na faixa onde ocorre os picos principais da
Tridimita (polimorfo da sílica), indicando que há grande possibilidade da sílica
existente ser amorfa, como mostra a Figura 4.4.
64
ativa o que apresentou maior acréscimo de resistência com um aumento de
21,5%, enquanto os concretos com adição de sílica ativa nos teores de 5 e 10%
apresentaram crescimento de 1,1% e 14,3%, respectivamente, aos 28 dias
Ao avaliar a influência do teor de argamassa, nota-se que estes são
estatisticamente iguais devido ao desvio padrão obtido da amostra, indicando
que os valores se mantiveram constantes independe do teor de argamassa,
entretanto, há uma tendência de acréscimo nos valores de resistência. Isto se
encontra de acordo com os resultados obtidos por Neto Pompeu (2004) e Aticin
e Metha (1990) que, afirmam que por não se tratar de concreto de alto
desempenho, independente da redução da quantidade das zona de transição
existente, a região de menor resistência será a pasta ciementícea e por isto, o
teor de argamassa não influencia significativamente.
A Figura 4.5 e 4.6 mostram os valores de resistência à compressão dos
concretos elaborados.
40
Resistência à compressão (MPa)
35
30
25
Referência
20
5% Sílica ativa
15 10% Sílica ativa
15% Sílica ativa
10
3 7 28
Tempo (Dias)
Figura 4.5 – Evolução da resistência à compressão axial para concreto de
referência e concretos com adição de sílica ativa.
65
35
Resistência à compressão
30
(MPa) 25
20
Referência
15 75% Teor de Argamassa
100% Teor de Argamassa
10
3 7 28
Tempo (Dias)
Figura 4.6 – Evolução da resistência à compressão axial para concreto de
referência, concreto com 75% de teor de argamassa e argamassa.
16,00 2,2
15,00 2
14,00 1,8
13,00 1,6
12,00 Porosidade 1,4
11,00 Densidade 1,2
10,00 1
Referência 5% Sílica ativa 10% Sílica ativa 15% Sílica ativa
66
20,00 3
19,00 2,8
18,00 2,6
Densidade (g/cm³)
17,00 2,4
Porosidade (%)
16,00 2,2
15,00 2
14,00 1,8
13,00 1,6
12,00 Porosidade 1,4
11,00 Densidade 1,2
10,00 1
Referência (Teor de 75% Teor de Argamassa 100% Teor de Argamassa
argamassa 54%)
67
veículos para entrada de agentes agressivos, causadores de patologias nas
construções, tornando indispensável avaliar os coeficientes de absorção capilar
dos concretos, especialmente por este resultado fornecer um excelente indicador
aos resultados de migração iônica. (RIBEIRO, 2010)
Os resultados desse ensaio, realizado aos 28 dias, estão ilustrados nas
Figuras 4.9 e 4.10.
0,18
Coef. de absorção capilar
0,16
0,14
(kg/m².min0,5)
0,12
0,10
0,08
0,06
Referência 5% Sílica ativa10% Sílica ativa15% Sílica ativa
0,11
Coef. de absorção capilar
0,10
(kg/m².min0,5)
0,09
0,08
0,07
0,06
Referência (Teor de 75% Teor de 100% Teor de
argamassa 54%) Argamassa Argamassa
68
em função da adição de sílica ativa até 10%. Esse aumento é decorrente do
acréscimo de partículas finas à mistura, que promoverá um refinamento dos
poros e, consequentemente, aumentará a taxa de absorção capilar de água.
Com o acréscimo da adição para 15% de sílica ativa, houve uma estabilização
do coeficiente de absorção decorrente de um possível tamponamento e
desconexão dos poros capilares dos concretos produzidos. (GRIGOLI; HELENE,
2001).
Para análise dos corpos de provas com variados teores de argamassa, o
mesmo comportamento foi evidenciado, visto que houve uma maior
disponibilidade de poros de maiores dimensões por haver mais água livre em
excesso para hidratação do cimento, que antes era adsorvida pelo agregado
graúdo, bem como a redução das zonas de transição que contribuiu para a
redução do avanço por ascensão capilar. Este comportamento também foi
evidenciado por Vilasboas (2013).
69
2,0 2,0
y = 0,8919x y = 1,0219x
1,6 1,6 R² = 0,9535
R² = 0,9477
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
Coeficiente DS, (10-8 cm2/s), 50mm Coeficiente DS, (10-8 cm2/s), 100mm
(a) (b)
2,0
Coeficiente DS, (10-8 cm2/s), 100mm
1,8
y = 0,783x
1,6
R² = 0,8788
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
Coeficiente DS, (10-8 cm2/s), 50mm
(c)
Figura 4.11 – Correlação entre os valores de difusão obtidos para os diferentes
tipos de seção transversal trabalhadas. (a) Correlação ϕ42,5 mm e ϕ50 mm; (b)
Correlação ϕ42,5 mm e ϕ100 mm; (c) Correlação ϕ100 mm e ϕ50 mm;
70
0,12
Referência
0,1 5% Sílica ativa
10% Sílica ativa
Concentração Cl- (M)
0,06
0,04
0,02
0
0 110 220 330 440 550 660 770
Tempo (horas)
71
grande importância nos estudos de durabilidade, pois é através delas que
ocorrem a penetração preferencial dos íons cloro. (SHI et al., 2012; RIBEIRO,
2010)
0,12
Referência (54% Teor de argamssa)
0,1 80% Teor de Argamassa
Concentração Cl- (M)
0,06
0,04
0,02
0
0 110 220 330 440 550 660
Tempo (horas)
500
450
Time lag, Ϯ (hora)
400
350
300
250
200
150
Concreto Concreto 5%SA Concreto 10%SA Concreto 15%SA
Referência
72
310
290
270
Time lag, Ϯ (hora)
250
230
210
190
170
150
Referência (54% Teor de 75% Teor de Argamassa 100% Teor de Argamassa
argamassa)
73
7,00
Figura 4.16 – Fluxo de íons cloro (J), estimado a partir de ensaios de migração
de cloretos, em função do teor de sílica ativa adicionado ao concreto.
7,00
Fluxo de íon, J (x10-10 mol/s.cm2)
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
Referência (54% Teor 75% Teor de 100% Teor de
de argamassa) Argamassa Argamassa
Figura 4.17 – Fluxo de íons cloro (J), estimado a partir de ensaios de migração
de cloretos, em função da variação do teor de argamassa.
74
dos poros, decorrente das reações pozolânicas, que dificultam a movimentação
iônica. Além disso, devido à redução das zonas de transição agregado
graúdo/argamassa, como consequência de um maior teor de argamassa, o fluxo
de íons cloro também foi reduzido, já que o caminho preferencial para passagem
dos íons cloro é por esta zona. (HALAMICKOVA et al., 1995)
12,0
Coef. de difusão, x10-8 (cm²/s)
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Referência 5% Sílica 10% Sílica 15% Sílica Referência 75% Teor 100% Teor
Ativa Ativa Ativa (54% Teor de de
de Argamassa Argamassa
argmassa)
75
Visto que estes coeficientes dependem dos parâmetros já analisados
anteriormente, como o fluxo de íons e o time lag, era esperado que o
comportamento dos coeficientes de difusão nos estados estacionário e não-
estacionário apresentem similaridades. Assim, os dados obtidos encontram-se
em acordo com os observados por Ferahani et al. (2015), Neville (2000) e
Shekarchi et al. (2009), que indicaram que uma adição de sílica ativa de 10%
trariam melhoras nas propriedades. Porém, verificou-se que esta melhora
também ocorreu nos teores de 15% e com a redução do teor de argamassa.
Com base na Tabela 2.4, verifica-se que, com os valores de coeficiente
de difusão não estacionário, todos dados se encontram na faixa com alta
resistência a penetração a íons cloro (entre 5 a 10x10 -8 cm²/s), com exceção a
adição de 15% de sílica ativa e com a variação de 100% no teor de argamassa,
que possuem uma resistência a penetração de íons cloro considerada muito alta
(entre 2,5 a 5x10-8 cm²/s).
76
1
0,9
0,8
0,7
Referência (Experimental)
0,6
Referência (Ajuste)
C/Co
0,5
5% Sílica ativa (Experimental)
0,4 5% Sílica ativa (Ajuste)
0,3 10% Sílica ativa (Experimental)
1
0,9
0,8
0,7
Referência
0,6 (Experimental)
Referência (Ajuste)
C/Co
0,5
80% Teor de Argamassa
0,4
(Experimental)
0,3 80% Teor de Argamassa
(Ajuste)
0,2 100% Teor de Argamassa
(Experimental)
0,1 100% Teor de Argamassa
(Ajuste)
0
0 1 2 3 4 5
Nº de volume de poros, T
Figura 4.20 – Evolução da concentração de cloretos na solução coletada no
ensaio de coluna em concreto com variação do teor de argamassa.
77
Tabela 4.4 – Resumo dos parâmetros de transportes obtidos pelo ensaio de
coluna com concretos variando o teor de sílica ativa adicionada.
78
O coeficiente de dispersão mecânica (α) apresentou similaridade com os
resultados de porosidade apresentados. Eram esperados valores baixos deste
coeficiente, visto que a velocidade de percolação de fluidos no interior do
concreto é muito baixa, não sendo um fator preponderante para dispersão dos
contaminantes, já que a dispersão mecânica (Dm) é função da velocidade e do α.
Este coeficiente apresentou comportamento similar ao apresentado por
Vilasboas (2013).
PC 2( z ). Ds .t
Equação (4.1)
CCl Co
erf ( z ) 1 Equação (4.2)
C s Co
79
suficientemente nociva para iniciar o processo de corrosão. Assim, as Figuras
4.21 e 4.22 evidenciam a variação da vida útil do concreto em função da
espessura disponível.
Figura 4.21 – Variação da vida útil com acréscimo do teor de sílica ativa.
Assim sendo, a vida útil de uma estrutura, após não possuir mais
capacidade de retenção dos íons cloro em sua matriz cimentícea, possuiu
melhor desempenho, analisando a penetração referente quatro centímetros,
quando adicionou 15% de sílica ativa no qual correspondeu a um acréscimo de
109% da vida útil (acrescentou aproximadamente 12 anos) enquanto que a
variação de argamassa, apesar de ter gerado bons resultados, não superou a
80
utilização de sílica ativa gerando uma melhoria de 82% (gerou acréscimo de
aproximadamente 9 anos).
Ressalta-se que apesar de quantificar os valores de vida útil para estes
materiais, estes valores possuem erros por levar em consideração a difusão do
material e a concentração superficial como constantes. Sabe-se que estes são
valores que possuem variabilidade com o meio onde se encontram bem como a
idade do concreto e/ou argamassa analisada.
2,0
Difusão Estacionária, x10-8 (cm²/s)
1,5
Migração acelerada
1,0
y = 1,0068x
R² = 0,8091
0,5
0,5 1,0 1,5 2,0
Difusão Efetiva, x10-8 (cm²/s)
Ensaio de coluna
81
Conforme pode ser visto, os dados obtidos em ambos os ensaios
possuem correlações de forma linear expressa pela equação y = 1,0068x que
promove um coeficiente de determinação (R²) de 80,91%, indicando uma forte
correlação. Observa-se, também, que o coeficiente angular da reta se aproxima
muito de 1, que seria o valor de "correlação perfeita", sendo igual a 1,0068. Isto
quer dizer quer os valores obtidos, além de possuírem correlação, basicamente
possuem valor equivalente, indicando uma similaridade ainda maior entre os
resultados obtidos, mesmo que ambos os ensaios possuíssem fundamentações
físicas e metodologias bastante distintas.
Ainda, de forma complementar, é possível observar uma forte correlação
entre os valores obtidos de time lag e fator de retardo, que apesar de serem
numericamente e conceitualmente distintos, ambos informam sobre a
capacidade de retenção de contaminante no interior do material estudado, como
visto na Figura 4.24. Sendo assim, houve uma boa correlação dada pela
equação Ϯ = 159,11Rd – 27,762, com R² igual a 73,83%. Diferentemente da
correlação feita anteriormente, este ajuste pode vir a possuir coeficiente linear
diferente de 0 (zero), pois o valor mínimo de fator de retardo é igual a 1 (um) e
por serem parâmetros numericamente diferentes, o coeficiente angular da reta
não se aproxima de 1.
Ressalva-se que esta correlação é válida apenas quando o
contaminante em estudo for o Cl- e quando inserido em matrizes cimentíceas já
que os parâmetros obtidos são em função destes. (FREEZE; CHERRY, 1979).
600
500
400
Time Lag, Ϯ (h)
300
200
Ϯ = 159,11Rd - 27,762
100
R² = 0,7383
0
1,2 1,7 2,2 2,7 3,2
Fator de Retardo (Rd)
82
5. CONCLUSÕES
81
g) O ensaio de migração iônica, apesar de ser um método que induz a
passagem do íon cloro através de uma diferença de potencial, demonstrou ser
um ensaio eficaz e com um tempo menor de ensaio, sendo necessário apenas
28 dias de ensaio para a migração iônica e 2 a 3 meses para o ensaio de
coluna, por isso apresenta-se como uma alternativa mais viável para este tipo
de ensaio;
82
6. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
83
84
7. REFERÊNCIAS
85
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concreto de cobrimento. In: OLLIVIER, J.P., VICHOT, A. (Coor.). Durabilidade
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86
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93