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UNIVERSIDADE DO PORTO – FACULDADE DE DIREITO

Direito da União Europeia – 2.º ano


Exame da época normal – 02/01/2018

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

Regente: Marta Chantal Ribeiro


Duração: 2h30 (sem tolerância)
Estudantes com necessidades especiais: tempo de prova nos termos da legislação
aplicável
Nota: a apresentação e sistematização da resposta e a clareza de raciocínio são cotadas
em 1 valor. As respostas ‘sim’ ou ‘não’, se não forem acompanhadas de justificação,
não serão valorizadas.

I GRUPO
(10 valores)
De modo BREVE, mas fundamentado, responda às seguintes questões:

1. Critérios:
- Funcionalismo (David Mitrany; Taylor): o exercício conjunto de soberanias;
integração sectorial; o realismo quanto à possibilidade de retrocesso do processo
de integração; a possibilidade de integração diferenciada (exemplos: o Euro e a
cooperação reforçada); a possibilidade de secessão. Tese que melhor retrata a
atualidade da União Europeia (exemplos: artigo 20.º, artigo 48.º, n.º 2, e artigo
50.º, todos do TUE). (2 v.)
- Neofuncionalismo (Haas): o objetivo da federação europeia; as instituições
supranacionais e os grupos de interesses no processo de integração;
automaticidade do processo de integração (spillover). (1 v.)
2. Critérios:
- Maioria simples: artigo 238.º, n.º 1, do TFUE (0,5 v.)
- Maioria qualificada: regime regra (artigo 16.º, n.º 3, do TUE) sujeito a
procedimento distintos consoante se delibere ou não delibere sob proposta da
Comissão e/ou consoante estejam ou não presentes representantes de todos os
Estados-Membros (artigo 16.º, n.º 4, do TUE e artigo 238.º do TFUE). (2 v.)
- Unanimidade: artigo 238.º, n.º 4, do TFUE (0,5 v.)

3. Critérios:
- Noção de primado de Direito da União, alcance (condição existencial da UE;
primado interno) e consequências (no mínimo, inaplicabilidade). Distinção da
preempção. (1,5 v.)
- Fundamentos normativos: artigo 4.º, n.º 3, do TUE e Declaração n.º 17; artigos
258.º a 260.º, 288.º e 267.º do TFUE. (1,25 v.)
- Fundamentos jurisprudenciais: acórdãos Costa/Enel, de 15.07.64, Simmenthal,
de 09.03.78, Brasserie du pêcheur, de 05.03.1996, entre outros. (1,25 v.)

II GRUPO
(9 valores)

Leia o enunciado da situação HIPOTÉTICA e todas as questões. A seguir, resolva o


caso, FUNDAMENTANDO sempre as suas respostas:

(…)

1. Distinga a resolução do regulamento, ambos adotados pelo Parlamento


Europeu. (2 v.)

Critérios:

- Resolução: ato atípico de direito derivado, não vinculativo. (0,5 v.)

- Regulamento: ato típico de direito derivado, previsto no artigo 288.º do TFUE.


Explicação das características, designadamente, o carácter de lei
(uniformização), a aplicabilidade direta, imediata e o efeito direto. (1,5 v.)

2. Aprecie a validade do regulamento tendo em conta os seguintes princípios: o


princípio da atribuição de competências, o princípio das competências atributivas das
instituições e o princípio da publicidade dos atos. (3 v.)

Critérios:

- Princípio da atribuição de competências: explicação (artigo 5.º, n.º 1 e 2, do


TUE); o regulamento é válido face ao disposto no artigo 4.º, n.º 2, al. a), e no
artigo 114.º do TFUE (competência partilhada). Eventual discussão acerca do
princípio da subsidiariedade. (1 v.)

- Princípio das competências atributivas das instituições: explicação (artigo 13.º,


n.º 2, do TUE); o regulamento é inválido face ao disposto no artigo 114.º e no
artigo 289.º do TFUE (não foi respeitado o processo legislativo ordinário). (1 v.)

- Princípio da publicidade dos atos: explicação (artigo 297.º do TFUE); não se


trataria de um problema de validade e sim de falta de produção de efeitos, que
mesmo assim não procede face ao disposto no artigo 297.º, n.º 1, último
parágrafo, do TFUE). (1v.)

3. Suponha que um Estado-Membro ficou insatisfeito com as medidas


estabelecidas pelo regulamento. Como assessor jurídico do Governo desse Estado,
que estratégia de atuação recomendaria, e perante quem, com vista a impedir a
aplicação do regulamento na ordem interna? (2 v.)
Critérios:

- Enquanto requerente privilegiado o Estado-Membro poderia recorrer ao recurso


de anulação (a interpor perante o Tribunal de Justiça – artigo 51.º do Estatuto do
TJUE / 0,5 v.), com fundamento em incompetência do Parlamento Europeu para
a adoção do regulamento, no prazo de dois meses a contar da publicação,
conforme regulado no artigo 263.º do TFUE (1,5 v.).

4. E se o mesmo regulamento estivesse em apreciação, perante um juiz do dito


Estado-Membro, no âmbito de um processo que opunha normas do regulamento a
disposições constantes de uma lei interna permissivas da importação de quaisquer
produtos derivados de foca independentemente da proveniência? Colocando-se no
lugar do juiz como atuaria e perante quem? (2 v.)

Critérios:

- Reenvio prejudicial relativo a uma questão de validade. Aplicação do artigo


267.º do TFUE e da jurisprudência Foto-Frost (acórdão de 22.10.1987, proc.
314/85) (1,5 v.). Reenvio obrigatório para o Tribunal de Justiça (interpretação do
artigo 256.º, n.º 3, do TFUE) (0,5 v.).

BOA SORTE

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