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DOCUMENTO ORIENTADOR

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL


Índice

1. Porquê uma Campanha sobre Quedas ao Mesmo Nível? .....................................................................3

1.1 Caraterização da situação em Portugal .................................................................................................4

1.1.1 Os setores com maior sinistralidade .............................................................................................7

1.2 Quedas ao Mesmo Nível..........................................................................................................................9

1.3 Medidas de prevenção ......................................................................................................................... 11

1.4 Enquadramento legal ........................................................................................................................... 15

2. A Campanha Quedas ao mesmo nível .................................................................................................... 16

2.1. Objetivos da campanha ....................................................................................................................... 16

2.2 Organização e desenvolvimento da Campanha ................................................................................... 17

2.2.1 Organização ....................................................................................................................................... 17

2.2.2 Âmbito geográfico e temporal .......................................................................................................... 17

2.2.3 Destinatários...................................................................................................................................... 18

2.2.4 Desenvolvimento ............................................................................................................................... 18

3. Recursos a serem disponibilizados ......................................................................................................... 19

4. Cronograma das atividades .................................................................................................................... 20

5. Programa de ação ................................................................................................................................... 21

Anexo .......................................................................................................................................................... 22

Referências ................................................................................................................................................. 25

I – Legislação ............................................................................................................................................... 25

II – Estatísticas ............................................................................................................................................ 26

III - Bibliografia............................................................................................................................................ 26

IV – Ligações úteis ...................................................................................................................................... 26

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1. Porquê uma Campanha sobre Quedas ao Mesmo Nível?

Segundo dados do Eurostat, as quedas ao mesmo nível representaram em relação ao


total dos acidentes de trabalho que deram origem a mais de 3 dias de ausência:

cerca de 14% em 2005;


cerca de 15% em 2010.
Tendo presente esta realidade, o Comité dos Altos Responsáveis da Inspeção do
Trabalho (CARIT) decidiu realizar uma campanha sobre quedas ao mesmo nível em
2014.
A Campanha é coordenada pela Estónia.

Enquadramento europeu e dados estatísticos


A percentagem de acidentes de trabalho causados por quedas face ao número total de
acidentes, em 2010, nos países da EU encontra-se ilustrada no gráfico seguinte.
Como evidenciado no gráfico n.º 1, a maioria das quedas ocorre no mesmo nível.
Queda para um nível inferior
Queda no mesmo nível (escorregamento e tropeção)
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
AT BE BG CZ CY DE DK EE ES FI FR HR HU IE IT LT LU LV MT NL PL PT RO SE SI SK UK

Gráfico n.º 1 – Acidentes de trabalho na Europa


com origem em quedas, em 2010.

Se analisarmos as áreas de atividade em que ocorreram os acidentes, verificamos que


o número de acidentes de trabalho devido a quedas ao mesmo nível se distribuiu:
24% na indústria;
15% na construção;
14% no comércio.

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As quedas ao mesmo nível são a causa mais frequente de acidentes de trabalho.

De todos os acidentes de trabalho registados em 2010 a nível europeu, as quedas ao


mesmo nível afetaram:
27% pessoas de 45-54 anos de idade;
33% pessoas de 55-64;
45% pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.

Salienta-se que 35% dos casos de acidentes trabalho ao mesmo nível originaram
incapacidade de trabalho por período igual ou superior a um mês.

1.1 Caraterização da situação em Portugal

No ano de 2013, a ACT teve conhecimento de 519 acidentes de trabalho graves e


mortais (378 graves e 141 mortais).

Destes, 21% tiveram na sua origem uma queda.

O quadro infra apresenta a distribuição de acidentes de trabalho mortais e graves


comunicados e objeto de inquérito pela ACT em 2013, cujo desvio é queda em altura
(Código EEAT – 51) e queda ao nível (Código EEAT – 52 - Escorregamento ou hesitação
com queda, queda de pessoa - ao mesmo nível)1.

Quadro 1 – Acidentes de trabalho mortais e graves por quedas em 2013(*)

Mortais Graves
Secção 2013 2013
Designação
CAE
Altura Ao nível Altura Ao nível

Agricultura, produção animal, 1 2


A 3 2
caça, floresta e pesca

B Indústrias extrativas 0 0 1 3

1
Metodologia estatística europeia de acidentes de trabalho acessível em
https://infoeuropa.eurocid.pt/registo/000031090/

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Mortais Graves
Secção 2013 2013
Designação
CAE
Altura Ao nível Altura Ao nível

C Indústrias transformadoras 2 0 7 11

Eletricidade, gás, vapor, água 1 0


D 0 0
quente e fria e ar frio

Captação, tratamento e 0 0
distribuição de água;
E 0 1
saneamento, gestão de
resíduos e despoluição

F Construção 1 3 8 27

Comércio por grosso e a 0 1


G retalho; reparação de veículos 2 8
automóveis e motociclos

H Transportes e armazenagem 0 0 0 3

Alojamento, restauração e 0 0
I 0 2
similares

Atividades de informação e de 0 0
J 0 0
comunicação

Atividades financeiras e de 0 0
K 0 0
seguros

L Atividades imobiliárias 0 0 0 0

Atividades de consultoria, 0 0
M 0 2
científicas, técnicas e similares

Atividades administrativas e 1 1
N 1 7
dos serviços de apoio

Administração Pública e 0 0
O defesa; Segurança Social 0 4
obrigatória

P Educação 0 0 0 1

Atividades de saúde humana e 0 0


Q 0 0
apoio social

Atividades artísticas, de 0 0
R espetáculos, desportivas e 0 1
recreativas

S Outras atividades de serviços 0 0 0 0

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Mortais Graves
Secção 2013 2013
Designação
CAE
Altura Ao nível Altura Ao nível

Atividades das famílias 0 0


empregadoras de pessoal
T doméstico e atividades de 0 1
produção das famílias para uso
próprio

Atividades dos organismos 0 0


U internacionais e outras 0 0
instituições extraterritoriais

TOTAL 6 7 22 73

Em averiguação: 54 33 21

(*) – os dados foram retirados da base de dados da ACT no dia 14 de março de 2014

Se atendermos apenas aos acidentes com quedas ao mesmo nível, constatamos que,
no mesmo período, as quedas ao mesmo nível foram responsáveis por 19% dos
acidentes de trabalho graves e por 5% dos acidentes mortais.

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519

108
80
28

Quedas em altura Quedas ao mesmo Total acidentes Total acidentes


nível quedas graves e mortais

Gráfico n.º 2 – Número total de acidentes de trabalho, graves e mortais,


inquiridos pela ACT em 2013

Do total de acidentes de trabalho graves ou mortais relacionados com quedas 74%


tiveram na sua origem uma queda ao mesmo nível.

Do total de acidentes de trabalho associados a quedas ao mesmo nível


inquiridos pela ACT, em 2013, 9% (7, num total de 80) foram mortais e os
restantes (73) graves.

1.1.1 Os setores com maior sinistralidade

Em termos de setores de atividade com maior ocorrência de acidentes de trabalho


graves e mortais originados por quedas (incluindo quedas em altura e quedas ao
mesmo nível)2 podemos verificar que a construção é aquele onde este tipo de acidentes
ocorreu em maior número, em 2013, seguido das indústrias transformadoras e do
comércio:

2
Informação atualizada, disponível em http://www.act.gov.pt/(pt-
PT)/CentroInformacao/Estatistica/Paginas/default.aspx.

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36% ocorreram na construção civil;

19% na indústria transformadora;

10% no comércio.

40

35

30

25

20

15

10

Gráfico n.º 3 – Número de acidentes de trabalho com origem em quedas,


inquiridos pela ACT em 2013, por setor de atividade

Se analisarmos os acidentes de trabalho inquiridos pela ACT, com origem em quedas


em altura e em quedas ao mesmo nível, constatamos que os setores com maior
sinistralidade são coincidentes, embora a construção civil se destaque claramente no
caso das quedas ao mesmo nível, com 36% deste tipo de acidentes.

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30

25

20

15

10

Altura Ao nível

Gráfico n.º 4 – Número de acidentes de trabalho relativos a quedas em altura


e ao mesmo nível, inquiridos pela ACT em 2013, por setor de atividade.

Atendendo à incidência dos acidentes ocorridos, o desenvolvimento da campanha será


feito nos seguintes setores:

 Construção civil;
 Indústria transformadora - indústria metalúrgica / indústria produtos metálicos e
material elétrico;
 Indústria alimentar;
 Comércio por grosso e a retalho.

1.2 Quedas ao Mesmo Nível

As quedas ao mesmo nível, nomeadamente escorregões e tropeções, podem acontecer


com qualquer um de nós e em qualquer lugar, independentemente da idade, profissão
e estado de saúde.

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As quedas são muitas vezes encaradas como uma situação cómica, especialmente se
das mesmas não resultarem ferimentos graves, não sendo assumidas, por vezes, como
um verdadeiro acidente de trabalho.

As quedas ao mesmo nível podem subdividir-se em:

Escorregões
Os escorregões ocorrem quando a aderência entre o chão e a pessoa diminui, de
repente, e os pés começam a mover mais rápido do que a parte superior do
corpo.
As causas mais comuns dos escorregões são pavimento molhado ou
escorregadio.
Tropeções
Os tropeções ocorrem quando um pé fica preso durante o movimento, mas a
parte superior do corpo continua a tentar mover-se para a frente devido à força
de inércia.

Podemos identificar como principais causas para a ocorrência das quedas ao


mesmo nível:

Desnivelamento no piso (buracos, lombas, irregularidades);

Desorganização / desarrumação de objetos (máquinas e equipamentos de


trabalho, ferramentas de trabalho, cordas);

Solo escorregadio (óleo, gasolina, água);

Solo instável (lamacento, inclinado, encostas com areia ou gravilha);

Obstáculos ou instalações em vias de circulação (elétricas ou outras);

Insuficiente manutenção dos locais de trabalho;

Falta de regras de circulação e caminhos separados para equipamentos e


trabalhadores (e delimitação de velocidades e cargas);

Falta de identificação / perceção do risco.

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1.3 Medidas de prevenção

Todos os empregadores devem assegurar aos trabalhadores condições de segurança e


saúde no trabalho, devendo observar os “princípios gerais de prevenção” previstos na
Diretiva-Quadro de Segurança e Saúde no Trabalho (Diretiva 89/391/CEE), transposta
pela Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro.

1.º Evitar os riscos

2.º Avaliar os riscos que não possam ser evitados

3.º Combater os riscos na origem

4.º Adaptar o trabalho ao homem, especialmente no que se refere à conceção


dos postos de trabalho, bem como à escolha dos equipamentos de trabalho
e dos métodos de trabalho e de produção, tendo em vista, nomeadamente,
atenuar o trabalho monótono e o trabalho cadenciado e reduzir os efeitos
destes sobre a saúde

5.º Ter em conta o estádio de evolução da técnica

6.º Substituir o que é perigosa pelo que é isento de perigo ou menos perigoso

7.º Planificar a prevenção com um sistema coerente que integre a técnica, a


organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações sociais e a
influência dos fatores ambientais no trabalho

8.º Dar prioridade às medidas de proteção coletiva em relação às medidas de


proteção individual

9.º Dar instruções adequadas aos trabalhadores

Para tal, os empregadores devem organizar os serviços e as atividades de segurança e


saúde no trabalho do modo mais adequado à sua dimensão, estrutura e riscos a que os
trabalhadores estão sujeitos.

A avaliação de riscos é a peça chave para uma eficaz prevenção das quedas ao mesmo
nível.

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De facto, só se este risco estiver verdadeiramente avaliado é que a organização estará
preparada para o controlar devidamente.

Para evitar escorregões e tropeções, é importante ter em conta:


Superfície de áreas de circulação (incluindo cais, escadarias e rampas):
o pavimentos;
o piso escorregadio (incluindo áreas ao ar livre);
Contaminação e os obstáculos:
o obstáculos em zonas de circulação;
o piso escorregadio potencial relacionado com o processo de trabalho;
o riscos e perigos de escorregar e tropeçar;
o água, neve, lama ou humidade trazida do exterior;
Pessoas:
o movimentação manual de cargas;
o cumprimento das regras;
Equipamentos de trabalho:
o movimentação mecânica de cargas;
o observância de regras de circulação (vias próprias e delimitadas);
Ambiente de trabalho:
o Iluminação;
o Sinalização de segurança;
Calçado;
Limpeza.

Todos estes aspetos devem ser abrangidos pela gestão da segurança e saúde e
previstos na avaliação de riscos do local de trabalho.

Existem medidas simples que podem ser facilmente adotadas para reduzir o risco de
lesões resultantes de quedas ao mesmo nível:

1.º Sempre que possível, eliminar os riscos, por exemplo, nivelando pavimentos
irregulares;
2.º Substituir o que é perigoso, designadamente, pisos e materiais de limpeza;
3.º Organizar os processos ou métodos de trabalho, nomeadamente, utilizando
barreiras para vedar o acesso dos trabalhadores a pavimentos molhados,

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sinalizar locais de risco e/ou demarcar vias de circulação ou distância de
segurança;
4.º Proteger os trabalhadores, por exemplo, usando calçado de proteção com
solas antiderrapantes, tendo presente que os equipamentos de proteção
individual devem ser utilizados após se terem esgotado todas as medidas
técnicas e de proteção coletiva.

Para uma prevenção eficaz, é necessário:

Organização e arrumação — qualquer espaço de trabalho deve ser mantido


limpo e arrumado, com pavimentos e vias de acesso isentos de obstáculos. Os
resíduos devem ser removidos regularmente, de modo a que não se acumulem.

Limpeza e manutenção — os resíduos e objetos fora de uso devem ser


removidos regularmente e as áreas de trabalho devem estar desobstruídas. Os
métodos e os equipamentos de limpeza devem estar adaptados à superfície a
tratar.

Iluminação — devem ser assegurados bons níveis de iluminação e o


posicionamento das luzes para uma distribuição homogénea da iluminação em
toda a superfície dos pavimentos – incluindo zonas de passagem - e para que
todos os potenciais perigos, obstruções, irregularidades e derramamentos
possam ser facilmente reconhecidos.

Pavimentos - A superfície dos pavimentos deve ser verificada com regularidade


para detetar possíveis deficiências e, sempre que necessário, deve proceder-se à
sua manutenção. Constituem potenciais perigos os buracos, fissuras, alcatifas e
tapetes soltos, entre outros. A superfície dos pavimentos deve ser adaptada ao
trabalho a executar; pode, por exemplo, ter de ser resistente aos óleos e
produtos químicos utilizados nos processos de produção. Os revestimentos ou
tratamentos químicos de pavimentos podem melhorar as suas caraterísticas
antiderrapantes.

Locais de trabalho exteriores – Atenta a sua natureza, os locais de trabalho


exteriores devem ser organizados de modo a minimizar os riscos,
nomeadamente, em caso de piso escorregadio, através de medidas
antiderrapantes e da utilização de calçado adequado.

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Escadarias — os corrimãos, os revestimentos antiderrapantes de degraus,
marcações antiderrapantes facilmente visíveis das arestas dos degraus, bem
como uma boa iluminação, ajudam a prevenir os escorregões e tropeções em
escadas.

Derrames — qualquer derrame deve ser imediatamente limpo com um método


de limpeza adequado. Sinalizar onde o pavimento está molhado e organizar vias
de circulação alternativas.

Obstruções — sempre que possível devem ser removidas. Caso não seja
possível removê-las, devem ser utilizadas barreiras adequadas e afixados avisos
de perigo.

Cabos de instalações (elétricas, dados, etc.) — os equipamentos devem ser


colocados de modo a que os cabos não atravessem as vias de circulação. Os
cabos devem ser cobertos e presos aos pavimentos de forma a não apresentar
saliências.

Calçado — os trabalhadores devem dispor de calçado adequado. Deve ser tido


em consideração o tipo de trabalho, a superfície dos pavimentos, as condições
habituais do pavimento e as propriedades antiderrapantes das solas.

Formação, informação e consulta – é essencial a participação dos


trabalhadores no processo de identificação dos perigos e implementação de
medidas preventivas de forma a garantir gestos profissionais seguros e
minimização de riscos.

Máquinas e Equipamentos de Trabalho – assegurar uma correta utilização,


manutenção e arrumação.

Para além disso, devem, naturalmente, estar implementadas e divulgadas as


medidas a adotar em caso de emergência, nomeadamente em matéria de primeiros
socorros, combate a incêndios e evacuação. Devem igualmente estar identificados
os trabalhadores responsáveis pela aplicação das medidas.

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1.4 Enquadramento legal

A diretiva comunitária “Locais de Trabalho”, relativa às prescrições mínimas de


segurança e saúde nos locais de trabalho (Diretiva n.º 89/654/CEE, do Conselho, de 30
de novembro), constitui a primeira diretiva especial na aceção do n.º 1 do artigo 16º
da Diretiva-Quadro, atrás mencionada.

O Decreto-Lei n.º 347/93, de 1 de outubro, transpôs para o direito português a diretiva


“Locais de Trabalho”, juntamente com a Portaria n.º 987/93, de 6 de outubro, que
regulamenta as normas técnicas de execução das prescrições previstas no referido
Decreto-Lei n.º 347/93.

Para efeitos de aplicação do Decreto-Lei n.º 347/93, entende-se por local de trabalho
todo o local destinado à implantação de postos de trabalho situados em edifícios, quer
noutros locais da empresa ou do estabelecimento, a que o trabalhador tenha acesso no
desempenho das suas funções.

A Portaria n.º 987/93 elenca um conjunto de normas técnicas que, entre outros
objetivos, se destinam a prevenir os riscos de quedas, incluindo as quedas ao mesmo
nível. De entre estas normas técnicas, algumas são especialmente relevantes quanto à
prevenção de escorregões e tropeções, designadamente as que se dirigem a condições
que devem ser observadas quanto às vias normais e de emergência (Ponto 4.º),
iluminação (Ponto 8.º), pavimentos e divisórias (Ponto 10.º), vias de circulação (Ponto
13.º), escadas e passadeiras rolantes (Ponto 14.º) e cais e rampas (Ponto 15.º). São
de destacar:

As vias normais e de emergência têm de estar permanentemente desobstruídas


e em condições de utilização;

Os locais de trabalho devem dispor de iluminação adequada (natural e/ou


artificial), que garanta condições de segurança e saúde aos trabalhadores;

Os pavimentos dos locais de trabalho devem ser fixos, estáveis, antiderrapantes,


sem inclinações perigosas, saliências e cavidades;

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As vias de circulação, incluindo escadarias e escadas fixas, devem permitir a
circulação fácil e segura das pessoas. Havendo zonas de perigo, as vias de
circulação devem estar sinalizadas de forma bem visível, mantendo distâncias de
segurança adequadas.

Relativamente aos estaleiros temporários e móveis a estes locais de trabalho é


aplicável o Decreto-Lei n.º 273/2003, de 29 de outubro, que transpõe a Diretiva n.º
92/57/CEE, do Conselho, de 24 de junho, relativa às prescrições mínimas de segurança
e saúde no trabalho a aplicar nos estaleiros temporários ou móveis, que adiante se irá
expor.

Este diploma estabelece regras gerais de planeamento, organização, coordenação e


registo para promover a segurança e saúde naqueles locais de trabalho tão
particulares.

O Decreto-Lei n.º 273/2003 mantém em vigor a Portaria n.º 101/96, de 3 de abril, que
regulamenta as prescrições mínimas de segurança e saúde dos locais e postos de
trabalho dos estaleiros temporários ou móveis, e o Decreto n.º 41.821, de 11 de
agosto de 1958, Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção Civil,
considerando, ainda, o Regulamento das Instalações Sociais Provisórias dos Estaleiros,
estabelecido pelo Decreto n.º 46 427, de 10 de julho de 1965.

A Portaria n.º 101/96 e o Decreto n.º 41.821 estabelecem regras específicas para os
trabalhos de construção civil, entre as quais, regras técnicas que se destinam a
prevenir os riscos de quedas ao mesmo nível, semelhantes às regras acima referidas,
existindo assim, também no âmbito deste setor, suporte legal adequado para o
desenvolvimento da campanha que se propõe realizar.

2. A Campanha Quedas ao mesmo nível

2.1. Objetivos da campanha

Esta Campanha, inserida no “Plano de Atividades da Autoridade para as Condições do


Trabalho” de 2014, tem como objetivos estratégicos:

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL 16


 Diminuição dos acidentes de trabalho, em geral, e dos acidentes relacionados
com quedas ao mesmo nível, em particular;

 Dinamização de uma cultura de segurança nos locais de trabalho;

 Promoção de locais de trabalho seguros e saudáveis.

Estes objetivos estratégicos consubstanciam-se nos seguintes objetivos operacionais:

 Promoção de avaliação de riscos nos locais de trabalho;

 Informação e consciencialização dos vários atores do mundo laboral sobre os


acidentes relacionados com quedas ao mesmo nível;

 Promoção da participação e envolvimento de empregadores, trabalhadores e


seus representantes na prevenção dos acidentes de trabalho;

 Promoção da participação das empresas prestadoras de serviços externos de SST


e respetivas associações, bem como técnicos de segurança no trabalho na
disseminação da informação e na avaliação do risco de quedas ao mesmo nível
nos locais de trabalho.

2.2 Organização e desenvolvimento da Campanha

2.2.1 Organização

A organização da Campanha incumbe ao grupo de trabalho constituído por inspetores e


técnicos da ACT (Despacho n.º 76, de 8 de outubro de 2013).

2.2.2 Âmbito geográfico e temporal

A Campanha será desenvolvida em todo o território de Portugal continental.

Os setores alvo de intervenção serão:

Indústria transformadora - indústria metalúrgica / indústria de produtos metálicos e


material elétrico / indústria alimentar;

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Comércio por grosso e retalho;

Construção civil.

A Campanha decorrerá durante o ano de 2014.

2.2.3 Destinatários

Os destinatários da campanha são:

Trabalhadores, seus representantes e associações;

Representantes de SST;

Empregadores, seus representantes e associações;

Empresas prestadoras de serviços externos de SST e técnicos de segurança no


trabalho.

2.2.4 Desenvolvimento

A Campanha estrutura-se em dois eixos de atuação:

(i) Informação / Sensibilização / Educação;

(ii) Intervenção inspetiva.

A Campanha será desenvolvida através de:

a) Ações de informação e sensibilização sobre quedas ao mesmo nível, suas causas,


frequência de ocorrências, gravidade, medidas de prevenção;

b) Ações de educação em escolas e centros de formação profissional;

c) Ações inspetivas com vista a:

o Promover avaliações de risco nos locais de trabalho, que incluam a


avaliação do risco de quedas ao mesmo nível;

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o Promover a regularização de eventuais situações irregulares detetadas;

o Diminuir o número de acidentes de trabalho.

Atendendo à matéria objeto da campanha, esta deverá ser integrada pelos Inspetores
no âmbito das ações inspetivas desenvolvidas, não sendo necessário realizar visitas
inspetivas específicas para o efeito.

A atividade desenvolvida será enquadrada no Programa de Ação em anexo.

3. Recursos a serem disponibilizados

Vídeo Napo, elaborado em 2013 pela UE-OHSA sobre escorregões e tropeções


Guião inspetivo para desenvolvimento da campanha;
Lista de verificação destinada aos Inspetores sobre avaliação de riscos de
quedas ao mesmo nível;
Folheto de divulgação sobre quedas ao mesmo nível genérico - digital para
ser descarregado do site da ACT;
Autodiagnóstico para empregadores sobre quedas ao mesmo nível;
Autodiagnóstico para trabalhadores sobre quedas ao mesmo nível;
Autodiagnóstico para trabalhadores, genérico sobre SST;
Apresentação sobre quedas ao mesmo nível destinada a estabelecimentos de
ensino;
Jogo online com situações de risco de quedas ao mesmo nível – tropeções e
escorregões – disponível em http://ti.ee.

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL 19


4. Cronograma das atividades

2014
ATIVIDADES
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Elaboração de suportes
de comunicação

Desenvolvimento de área
destinada à Campanha no
site da ACT

Divulgação de material e
informação sobre a
Campanha a parceiros
sociais

Divulgação de material e
informação sobre a
Campanha a associações
de empregadores e de
trabalhadores através de
email

Participação em ações de
informação e
sensibilização

Ações inspetivas

Avaliação da Campanha

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL 20


5. Programa de ação

Subprograma Designação Indicador(es) Metas


de avaliação

Subprograma 1 Informação, sensibilização e


educação

Ação 1.1 Disponibilização de informação N.º instrumentos 3


técnica sobre quedas ao mesmo divulgados no
nível site da ACT

Ação 1.2 Sensibilização de empregadores, N.º destinatários 1.000


trabalhadores, associações,
representantes de SST e
empresas prestadoras de serviços
de SST

Subprograma 2 Promoção da avaliação de


riscos nos locais de trabalho

Ação 2.1 Ações inspetivas para promoção N.º de locais de 160


da realização de avaliações de trabalho
risco dos locais de trabalho visitados

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL 21


Anexo

Subprograma 1 – Informação, sensibilização e educação

Ação 1.1 – Disponibilização de informação técnica sobre quedas ao mesmo


nível

OBJETIVOS

 Divulgar informação técnica sobre o risco de quedas ao mesmo nível nos locais
de trabalho

CONTEÚDO

 Riscos de quedas ao mesmo nível: causas, caraterísticas, gravidade, frequência


de ocorrência, medidas de prevenção
DESTINATÁRIOS

 Empregadores e gestores
 Entidades beneficiárias ou utilizadoras de prestações de serviços
 Trabalhadores
 Representantes SST
 Associação de trabalhadores e empregadores
 Prestadores de serviço externo SST
 Estabelecimentos de ensino superior e profissional
AÇÕES - INSTRUMENTOS – MEDIDAS

 Folheto digital, vídeo NAPO e informação no site da ACT


 Autodiagnóstico para empregadores
 Autodiagnóstico para trabalhadores
PROMOTORES

 ACT
NATUREZA DOS APOIOS

 Técnico-documental
ANO DE EXECUÇÃO: 2014

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL 22


Subprograma 1 – Informação, sensibilização e educação

Ação 1.2 – Sensibilização de empregadores, trabalhadores, associações,


representantes de SST e empresas prestadoras de serviços de SST

OBJETIVOS

 Alertar os agentes do mundo laboral para o risco de quedas ao mesmo nível e


para a elevada sinistralidade associada

CONTEÚDO

 Avaliação de riscos
 Riscos de quedas ao mesmo nível: causas, caraterísticas, gravidade, frequência
de ocorrência, medidas de prevenção

DESTINATÁRIOS

 Empregadores e gestores
 Entidades beneficiárias ou utilizadoras de prestações de serviços
 Trabalhadores
 Representantes SST
 Associação de trabalhadores e empregadores
 Prestadores de serviço externo SST
 Estabelecimentos de ensino

AÇÕES - INSTRUMENTOS – MEDIDAS

 Participação em ações de sensibilização

PROMOTORES

 ACT

NATUREZA DOS APOIOS

 técnico-documental

ANO DE EXECUÇÃO: 2014

CAMPANHA CARIT 2014 – QUEDAS AO MESMO NÍVEL 23


Subprograma 2 – Promoção da avaliação de riscos nos locais de trabalho

Ação 2.1 – Ações inspetivas nos locais de trabalho para promoção da


realização de avaliações de risco por parte dos empregadores

OBJETIVOS

 Promover avaliações de risco nos locais de trabalho, que incluam,


nomeadamente, a avaliação do risco de quedas ao mesmo nível;
 Promover a regularização das situações irregulares detetadas;
 Contribuir para a redução do número de acidentes de trabalho.

CONTEÚDO

 Ações inspetivas

DESTINATÁRIOS

 Empregadores e gestores
 Entidades beneficiárias ou utilizadoras de prestações de serviços
 Trabalhadores
 Representantes SST
 Prestadores de serviço externo SST
AÇÕES - INSTRUMENTOS – MEDIDAS

 Autodiagnóstico para empregadores


 Autodiagnóstico para trabalhadores
 Guião inspetivo para desenvolvimento da campanha
 Lista de verificação destinada aos Inspetores sobre avaliação de riscos de quedas
ao mesmo nível
PROMOTORES

 ACT

ANO DE EXECUÇÃO: 2014

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Referências

I – Legislação

Organização Internacional do Trabalho


o Convenção n.º 155 da OIT sobre a segurança, a saúde dos trabalhadores
e o ambiente de trabalho, ratificada pelo Decreto do Governo n.º 1/85, de
16 de Janeiro

Europeia
o Diretiva 89/391/CEE, relativa à aplicação de medidas para a promoção da
melhoria da segurança, higiene e saúde dos trabalhadores no trabalho) -
vigência condicional
o Diretiva n.º 89/654/CEE do Conselho, de 30 de Novembro, que estabelece
as prescrições mínimas de segurança e de saúde para os locais de trabalho
o Diretiva n.º 92/57/CEE do Conselho, de 24 de junho, que estabelece as
prescrições mínimas de segurança e saúde aplicáveis aos estaleiros temporários ou
móveis
o Mais legislação europeia sobre segurança e saúde no trabalho disponível
em http://osha.europa.eu/legislation

Nacional
o Decreto n.º 41 821, de 11 de agosto de 1958, que aprovou o regulamento
de segurança no trabalho da construção civil
o Decreto n.º 46 427, de 10 de julho de 1965, que aprovou o regulamento
das instalações provisórias destinadas ao pessoal empregado nas obras
o Decreto-Lei n.º 347/93, de 1 de Outubro, e Portaria n.º 987/93, de 6 de
Outubro, que estabelecem as prescrições mínimas de segurança e de
saúde nos locais de trabalho
o Portaria n.º 101/96, de 3 de abril, que estabelece as regras gerais
relativas a prescrições mínimas de segurança e saúde no trabalho, a
aplicar nos estaleiros

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o Decreto-Lei n.º 273/2003, de 29 de outubro, que regulamenta as
condições de segurança e de saúde no trabalho em estaleiros temporários
ou móveis
o Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, na redação dada pela Lei n.º
3/2014, de 28 de janeiro, retificada pela Declaração de Retificação n.º
20/2014, de 27/03, que aprovou o regime jurídico da promoção da
segurança e saúde no trabalho
o Encontra-se disponível em www.act.gov.pt mais informação atualizada
sobre legislação laboral e de segurança e saúde do trabalho.

II – Estatísticas

Encontra-se acessível informação sobre sinistralidade laboral em:

Gabinete de Estudos e Planeamento


Eurostat
INE
ACT

III - Bibliografia

Agência Europeia para a Segurança e a Saúde


o Fichas técnicas n.ºs 14, 20, 43, 46, 48, 49, 55, 66, 69, 79, 86, 88, 89 e 99
o E-FACTS n.ºs 36 e 54
Health and Safety Executive
o Preventing slips and trips at work
OSHA - https://osha.europa.eu/pt/topics/accident_prevention/slips

IV – Ligações úteis

Encontram-se disponíveis em www.act.gov.pt ligações a organismos nacionais


e internacionais, onde pode ser encontrada mais informação sobre este tema.
Vídeo Napo, elaborado em 2013 pela UE-OHSA sobre escorregões e tropeções

o https://osha.europa.eu/pt/teaser/napo-latest-film-stimulates-
awareness-of-slips-and-trips-at-work

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