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XXXVI Jornada Giulio Massarani

de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural UFRJ Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Código: 954 - Novas Formas de Amar no Mundo Contemporâneo;


ou para Não Dizer que Não Falei de Amor
PEDRO HENRIQUE LADISLAU LEITE (CNPq/PIBIC)
Área Temática: COMUNICAÇÃO Orientação: IEDA TUCHERMAN
A proposta deste trabalho é pensar a transmutação do discurso amoroso, tendo em vista as novas configurações
assumidas após a passagem da sociedade moderna à contemporânea. Para tal, devemos já de partida conceber o amor como
uma construção historicamente determinada. Assim, aliados à teoria biopolítica de Michel Foucault, podemos admitir a tran-
sição de um poder que era vigilante e disciplinador, a um mais sutil e extenso, cuja lógica está vinculada ao controle de riscos.
Deste modo, é possível verificar que o discurso amoroso, antes inserido na tradição romântica (resistente a uma racionali-
zação totalizante), também sofreu uma descontinuidade. Observando eventos como a popularização dos sites de relaciona-
mento e o sucesso de livros de auto-ajuda amorosa, podemos perceber que o discurso do amor vem sendo adaptado para que
não ameace a lógica predominante do controle de riscos. Tentando investigar até onde esta mudança no discurso amoroso
já se manifesta na representação popular deste, este trabalho desenvolve a análise de três canções da cantora e compositora
britânica Lily Allen. As músicas fazem parte de seu álbum It’s Not Me, It’s You, lançado em fevereiro de 2009. Segundo
a associação British Phonographic Industry, o álbum vendeu mais de 900 mil cópias em um ano, consolidando Lily Allen
como grande estrela no Reino Unido. As canções analisadas são I Could Say, Not Fair e Who’d Have Known, nas quais a
artista aparece como uma mulher comum, expondo suas opiniões de maneira transparente e natural. As letras destas músicas
são precisas em sua atualidade e abordam situações banais que emergem de um relacionamento. Em I Could Say, Lily Allen
canta sobre fim de um relacionamento no qual seus amigos não eram aprovados pelo namorado e, após a separação, diz que
se sente melhor e lembra que tem apenas 22 anos e toda vida pela frente. Já em Not Fair, ela faz um balanço de sua relação,
hesitando entre o carinho e segurança que seu parceiro a proporciona e a insatisfação dela com a vida sexual dos dois. Who’d
Have Kown começa com Lily tentando entrar escondida no quarto do amigo e descreve o início da relação deles. Podemos
apontar contrastes em relação ao amor romântico que cada uma destas canções indica: não há melodramas, arrependimentos
ou fatalismos na primeira; a estabilidade afetiva tem importância destacada na segunda; e não há, na terceira, o relato de
um encontro arrebatador mas a progressão realista do início de um relacionamento. O sucesso destas canções no mercado
fonográfico parece corroborar com a ideia de que a grande intensidade do amor romântico passou a significar uma possível
perturbação indesejável, a trazer uma imprevisibilidade ao agenciamento dos indivíduos. Baseados nos estudos de Eva Illouz,
podemos entender que, para neutralizar esta desestabilização, é introduzido no discurso amoroso contemporâneo um intenso
processo de racionalização. Processo que se faz presente na bem-sucedida abordagem de Lily Allen sobre o amor.

Código: 1568 - O Lugar do Sujeito na Transmissão da Linguagem


MARINA GORAYEB SERENO (CNPq/PIBIC)
Área Temática: SUBJETIVIDADES Orientação: ANNA CAROLINA LO BIANCO CLEMENTINO
O trabalho se dirige à questão da transmissão em psicanálise e procura ver como a transmissão de uma tradição
se articula à transmissão da linguagem. Parte do exame do que pôde ser identificado como uma “teoria da transmissão”
em Freud. Nela pôde-se verificar que a mesma não ocorre pela simples veiculação linear de conteúdos entre gerações.
Ao contrário, há pontos de ruptura, pontos de trauma, em relação aos quais a transmissão se torna impossível. O sujeito
tomará posição numa cadeia de transmissão a partir deste ponto traumático, deste ponto mesmo de impossibilidade de tudo
falar. Sua constituição como ser de fala se fará no encontro com esse impossível. Ele será sujeito (submetido) à estrutura
da linguagem, ou seja, irá se confrontar com esta estrutura no mesmo ponto de trauma. Sua articulação na linguagem será
sempre demonstrada pelos deslizes, pelos atos falhos, isto é, pelos pontos em que é impossível estar na linguagem em
sua totalidade. Concluímos que é apenas nessa condição que virá a tomar lugar de sujeito numa cadeia de transmissão,
seja a da tradição, seja a da linguagem.

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