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CAIO RUBENS GONÇALVES SANTOS, Engenheiro Civil da Planservi Engenharia Ltda. – São
Paulo/Brasil, Doutorando em Engenharia de Transportes pela EPUSP – Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo – São Paulo/Brasil, caiorubens@planservi.com.br.
SANTI FERRI, Engenheiro Civil da Planservi Engenharia Ltda. – São Paulo/Brasil, Mestrando em
Engenharia de Transportes pela EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – São
Paulo/Brasil, santi@planservi.com.br.
CARLOS YUKIO SUZUKI, Engenheiro Civil da Planservi Engenharia Ltda. – São Paulo/Brasil,
Professor Doutor na EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – São Paulo/Brasil,
suzuki@planservi.com.br.
RESUMO
No Brasil, os parâmetros da bacia de deflexão mais difundidos e utilizados para a interpretação das
condições estruturais de pavimentos são a deflexão máxima e o raio de curvatura. A obtenção de
parâmetros deflectométricos com a utilização de equipamentos tipo Viga Benkelman, largamente
difundida no país, impossibilita a rápida determinação da bacia deflectométrica de uma estrutura de
pavimento, ao contrário da utilização de equipamentos tipo defletômetros. Na literatura
internacional são inúmeros os estudos acerca de bem-sucedidas tentativas de caracterização
estrutural de um pavimento através de parâmetros deflectométricos e da forma da bacia
deflectométrica. Parâmetros deflectométricos como Área (A), SCI, BDI e o BCI vêm notadamente
apresentando em trabalhos internacionais uma ótima capacidade de fornecer informações mais
precisas a respeito das diversas camadas de um pavimento através do levantamento deflectométrico
com a caracterização da bacia através de geofones distribuídos adequadamente desde o ponto de
aplicação de carga até uma distância de 120 cm. Este trabalho tem por finalidade propor uma
metodologia de avaliação estrutural de pavimentos asfálticos através de correlações entre
parâmetros deflectométricos e deformações críticas na estrutura. A análise limitou-se ao universo de
pavimentos asfálticos flexíveis, compostos de base granular e revestimento em concreto asfáltico.
Diferentemente dos estudos internacionais, os parâmetros deflectométricos determinados foram
obtidos por simulação computacional através do software ELSYM-5 que utiliza o método das
diferenças finitas no cálculo das tensões e deformações. Atualmente este software é bastante
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difundido e utilizado no país. Verificou-se que a utilização dos parâmetros analisados pode
contribuir na determinação das deformações críticas de tração na base do revestimento e
deformação vertical de compressão no topo do subleito. Os modelos apresentados entre parâmetros
específicos resultantes das medições das bacias deflectométricas e as deformações demonstraram
uma boa correlação com os dados simulados e podem facilitar a caracterização estrutural de um
pavimento asfáltico.
ABSTRACT
In Brazil, the most widely deflection basin parameters used for pavement structural analysis are
maximum deflection and radius of curvature. The use of Benkelman Beam to obtain deflection
parameters is much known in Brazil, but this equipment could not offer a fast determination of
deflection basin parameters to a pavement structure, unlike the use of deflectometer equipments. In
international literature, there are numerous successful studies using deflection parameters and the
shape of a deflection basin to characterize the structural pavement. The deflection parameters, as
the area parameter (A), SCI, BDI and BCI, are showing a great capacity to provide reliable
information about the various layers of a pavement through deflection measurements with shape
characteristics using geophones that are distributed from the point of load application to a 120 cm
of distance. This paper aims to propose a methodology for assessing structural asphalt pavements
through correlations between deflection parameters and critical strains. The analysis was limited
only for asphalt pavements with granular base. Differently of international studies, the deflection
parameters used were obtained by computer simulation with the ELSYM-5 software, that uses the
finite difference method to determine stresses and strains. Currently this software is widespread
and used in the country. Based on parameters analysis, the deflection parameters can contribute to
predict the tensile strain at bottom of asphalt concrete layer and the compressive strains of
subgrade. The models presented between specific parameters resulting from measurements of the
deflection basin and strains, they have showed a good correlation with the simulated data and it
can facilitate the asphalt pavement structural characterization.
KEY WORDS: Asphalt Pavements, FWD, Deflection Basin Parameters, Structural Evaluation.
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INTRODUÇÃO
As informações obtidas pelo levantamento deflectométrico da bacia de deformação não têm sido
totalmente utilizadas para fins de avaliação estrutural de pavimentos existentes e conseqüentemente
diagnosticar sua condição.
Verifica-se a sensibilidade de outros parâmetros da bacia levantada pelo equipamento tipo FWD,
uma vez que somente a deflexão máxima (D0) no ponto de aplicação tem sido utilizada na avaliação
estrutural do pavimento assim como o raio de curvatura que emprega dados de D0 e D25. Pelo
equipamento tipo FWD são comumente levantadas sete deflexões, são elas: D0, D20, D30, D45, D60,
D90 e D120. Assim sendo, neste trabalho é sugerida uma alteração no cálculo do raio de curvatura, ou
seja, recomenda-se a troca de D25 por D30, obtendo a seguinte fórmula de cálculo:
4500
RSugerido = (1)
Do − D30
Onde:
RSugerido = raio sugerido de curvatura da bacia de deformação, m;
D0 = deflexão máxima, no centro de aplicação da carga, 10-2mm;
D30 = deflexão medida a 30 cm do ponto de aplicação da carga, 10-2 mm.
PARÂMETROS DE CURVATURA
A partir da bacia de deformação obtida pelo equipamento tipo FWD, é possível determinar os
módulos resilientes da estrutura através de programas computacionais que efetuam a retroanálise.
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Porém, esta análise é complexa, e se não for efetuada corretamente, pode levar a resultados
totalmente contrários à realidade.
Por este motivo, parâmetros de curvatura têm sido estudados por vários órgãos rodoviários a fim de
facilitar a tradução do comportamento estrutural de um pavimento, entre eles serão destacados:
deflexão recuperável máxima (D0), raio de curvatura (R), área da bacia deflectométrica (A), índice
da curvatura da superfície (SCI), índice de danos à base (BDI), índice da curvatura da base (BCI) e
fator de curvatura (CF).
A expressão de cálculo utilizada para a determinação do raio de curvatura é aquela preconizada pelo
DNIT em seu Método de Ensaio DNER – ME – 024/94.
6250
R = (2)
2(Do − D25 )
Onde:
R = raio de curvatura da bacia deflectométrica, m;
D0 = deflexão máxima, no centro de aplicação da carga, 10-2mm;
D25 = deflexão medida a 25 cm do ponto de aplicação da carga, 10-2 mm.
O parâmetro Área (A) da bacia de deformação foi calculado através da equação apresentada a
seguir, segundo as recomendações da AASHTO (1993).
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D D D
A = 15 ⋅ 1 + 2 ⋅ 30 + 2 ⋅ 60 + 90
D0 D0 D0
(3)
Onde:
A = Parâmetro Área, cm;
D0, D30, D60 e D90 = Deflexões às distâncias 0, 30, 60 e 90 cm respectivamente, do ponto de
aplicação da carga, em 10 −2 mm.
O valor numérico máximo que o parâmetro área pode atingir é aproximadamente 90 cm e isso
ocorrerá quando as medidas de deflexões D0, D30, D60 e D90 forem iguais, embora na prática isto
seja muito difícil de se verificar.
Uma estrutura constituída de três camadas elásticas que apresenta valor de área próxima do valor
mínimo corresponde a uma estrutura onde os módulos do revestimento, da base e do subleito são
praticamente iguais, situação esta indesejável para o bom desempenho real dos pavimentos. A
tabela 1 apresentada a seguir ilustra a faixa de valores de área para alguns tipos de pavimentos.
O parâmetro SCI (Surface Curvature Index), que em português significa Índice da Curvatura da
Superfície, é definido como a diferença entre as deflexões sob o ponto de aplicação da carga e a
deflexão a 30 cm de distância da mesma. Este parâmetro é conhecido como o indicador mais
sensível em relação à camada asfáltica (KIM et al., 2000 e 2002).
Onde:
SCI = Índice da Curvatura da Superfície, em 10 −2 mm;
D0 e D30 = Deflexões às distâncias 0 e 30 cm respectivamente, do ponto de aplicação da carga, em
10 −2 mm.
O parâmetro BDI (Base Damage Index), designado por Índice de Danos à Base, é definido com a
diferença entre as deflexões a 30 cm e a 60 cm de distância do ponto de aplicação da carga. Este
parâmetro é definido como um bom indicador da condição da base (KIM et al., 2000 e 2002).
Onde:
BDI = Índice de Danos à Base, em 10 −2 mm;
D30 e D60 = Deflexões às distâncias 30 e 60 cm respectivamente, do ponto de aplicação da carga, em
10 −2 mm.
O parâmetro BCI (Base Curvature Index), traduzido por Índice da Curvatura da Base, corresponde à
diferença entre as deflexões a 60 cm e a 90 cm de distância do ponto de aplicação da carga. KIM et
al., (2000 e 2002) define este parâmetro como um bom indicador da condição do subleito.
Onde:
BCI = Índice da Curvatura da Base, em 10 −2 mm;
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CF = D0 − D20 (7)
Onde:
CF = Fator de Curvatura, em 10 −2 mm;
D0 e D20 = Deflexões às distâncias 0 e 20 cm respectivamente, do ponto de aplicação da carga, em
10 −2 mm.
As características elásticas e espessuras das camadas dos materiais empregados nos estudos
paramétricos desenvolvidos são apresentadas na tabela 3.
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Onde:
D0 = Deflexão máxima, 10-2 mm;
R = Raio de curvatura da bacia de deformação, m;
RSugerido = Raio sugerido de curvatura da bacia de deformação, m;
A = Parâmetro área, cm;
SCI = Índice da curvatura da superfície, 10-2 mm;
BDI = Índice de danos à base, 10-2 mm;
BCI = Índice da curvatura da base, 10-2 mm;
D120 = Deflexão medida a 120 cm do ponto de aplicação da carga, 10-2 mm;
CF = Fator de curvatura, 10-2 mm;
Ecbuq = Módulo de resiliência do revestimento, MPa;
Ebase = Módulo de resiliência da base granular, MPa;
Esl = Módulo de resiliência do subleito, MPa;
Hcbuq = Espessura da camada de revestimento asfáltico, m;
Hbase = Espessura da camada de base granular, m.
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A partir das equações de correlação, é possível identificar pelos valores dos expoentes a relativa
importância das características geométricas e elásticas das camadas do pavimento flexível para cada
parâmetro de curvatura da bacia de deformação estudado neste trabalho.
Além das correlações com as características geométricas e elásticas, foram realizadas correlações
com a deformação específica normal de tração na fibra inferior da camada do revestimento (εt) e
deformação específica normal de compressão no topo do subleito (εv) com os parâmetros de
curvatura da bacia.
De acordo com KIM et al. (2002), medições de deflexões utilizando o equipamento tipo FWD
disponibilizam informações valiosas para a avaliação estrutural de pavimentos asfálticos.
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De acordo com o apresentado por KIM et al. (2000, 2002), a deformação horizontal de tração na
fibra inferior da camada do revestimento (εt) em pavimentos compostos por base granular é
fortemente correlacionada com o valor de BDI. O gráfico a seguir ilustra essa relação entre εt e
BDI.
100
εt = 0,2264(BDI)0,9747
R² = 0,9323
10
εt [10‐4 cm/cm]
0
1 10 100
BDI [10‐2mm]
No estudo de KIM et al. (2000, 2002) o BCI é o parâmetro que melhor se correlacionou com a εv,
apesar disto sua correlação direta resultou insatisfatória com εv, recorrendo a uma correlação que
envolvia além do BCI, as espessuras da camada de revestimento asfáltico e da camada da base.
Como este estudo visa utilizar diretamente parâmetros deflectométricos obtidos com equipamento
tipo FWD para obtenção das deformações específicas em pontos críticos da estrutura, optou-se por
não utilizar características geométricas da estrutura, já que em campo sua determinação pode ser de
difícil obtenção. Procurou-se, portanto as correlações entre εv e os parâmetros deflectométricos com
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O gráfico a seguir apresenta a correlação entre εv e os parâmetros D0 e D120. Pode ser observado que
quanto maior o valor de D0, maior será o valor da deformação específica normal de compressão no
topo do subleito.
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εv [10-4 cm/cm]
D120 [10-2 mm] D0 [10-2 mm]
A seguir são apresentados nas equações 8 e 9 os modelos de correlação obtidos para a determinação
de deformação específica normal de tração no revestimento e da deformação específica normal de
compressão no topo do subleito através de parâmetros deflectométricos.
Onde:
εt = deformação específica de tração na fibra inferior da camada do revestimento, em 10-4 cm/cm;
εv = deformação específica de compressão no topo do subleito, em 10-4 cm/cm.
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O SCI e o raio de curvatura apresentam praticamente a mesma sensibilidade frente às variações das
características geométricas e elásticas das camadas constituintes da estrutura.
O estudo teórico desenvolvido neste trabalho para pavimento asfálticos com base granular poderia
ser expandido para bases cimentadas, uma vez que estas também são amplamente utilizadas em
nosso país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Pavement Condition Assessment. Department of Transportation, Estonia, 2008.
AUSTROADS. Technical Basis of the Austroads Design Procedures for Flexible Overlays on
Flexible Pavements. Sydney, 2008.
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Pavement Structural Evaluations. In: 22nd ARRB Conference Proceedings, Australian Road
Research Board, 2006.
HUANG, Y. H. Pavement Analysis and Design. Prentice Hall Inc. New Jersey – Estados Unidos,
1993.
KIM, Y.R.; RANJITHAN, R.S.; TROXLER, J.D.; XU, B. Assessing Pavement Layer Condition
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Washington, D. C., 2000.
KIM, Y.R.; PARK, H. Use of Falling Weight Deflectometer Multi-Load Data for Pavement
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