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PISOS AUTONIVELANTES.
PROPRIEDADES E INSTALAÇÃO
RESUMO
Na construção de pisos industriais ou residenciais, o hiato entre o nível da estrutura
bruta de concreto e o nível da superfície acabada é preenchido parcialmente com
uma camada denominada de “regularização” ou contrapiso. Esta camada é fonte de
inúmeras patologias e inconvenientes. Modernamente ela está sendo substituída por
uma camada extremamente fina, altamente aderente e de grande resistência à
solicitação dos esforços. Além do seu baixo peso próprio, o piso autonivelante tem
a vantagem da rapidez de instalação pelo fato da sua consistência líquida não
requerer nenhum tipo de acabamento mecânico.
ABSTRACT
In industrial or building construction, the difference in high between the raw
concrete base and the finished level surface is mostly filled with a layer of some
“levelling” mortar. This layer is the origin of several construction defects and
problems. In modern construction techniques it is being replaced by a very thin,
highly adherent and extremely resistant layer of mortar. In addition to its low
weight this selflevelling mortar has the advantage of its rapid installation owing to
his very low consistency which require merely pouring a viscous liquid without any
need to further screeding.
1. INTRODUÇÃO
Pisos servem basicamente a dois objetivos: suportar cargas estáticas ou resistir à
ação abrasiva ou puncionante de cargas em movimento. Em ambos os casos é
necessário dimensionar o piso estruturalmente e prescrever as propriedades
necessárias para resistir à abrasão. A estas duas condições, nos últimos anos tem
sido incorporada uma terceira: os requisitos de planeza ou rugosidade superficial.
Estas três características dão origem a uma multiplicidade de combinações que, na
prática, se materializam em pisos para indústria pesada ou leve, para armazéns, para
corredores de locais públicos, para áreas de residências, etc. Dependendo dos
requisitos estéticos ou funcionais, a superfície de acabamento destes pisos pode ser
diretamente um concreto ou uma argamassa à base de cimento portland, um
revestimento monolítico sintético à base de resinas de reação, um carpete de tecido,
madeira colada, etc.
Tradicionalmente, no caso das tolerâncias com relação à planeza ou à abrasão forem
muito rigorosas, a execução é realizada em duas etapas: primeiro, faz-se a base
bruta de suporte estrutural e, em seguida, a camada de revestimento, tanto fresco
sobre fresco, como de fresco sobre endurecido. Em ambos os casos deve ser
preliminarmente montado um sistema de mestras ou guias de nível e, a seguir devem
ser realizados o lançamento, o adensamento e acabamento manual da camada final.
Todas estas operações são realizadas manualmente, com baixa produtividade, com
longas esperas entre uma etapa e a seguinte, cuidadosas curas e proteções para evitar
o risco de fissuração na fase plástica, com demora para colocar o piso em serviço,
etc. As principais desvantagens do sistema tradicional são:
a) elevada espessura e, conseqüentemente, elevado peso próprio;
b) alto índice de patologias ou defeitos como descolamentos, fissuração, ondulações,
desníveis, etc.;
c) baixo rendimento de instalação (5 a 10m2 .h -1 por homem); e
d) demora na colocação em serviço.
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2. PISOS AUTONIVELANTES
As desvantagens anotadas anteriormente podem ser remediadas com os sistemas de
argamassas autonivelantes introduzidas na última década no mercado da construção
civil. Neles, a espessura fica reduzida a apenas 5 a 10mm; a tendência à fissuração é
reduzida praticamente a zero com aditivos químicos retentores de água e fibras
orgânicas; o descolamento é inexistente pela introdução de uma ponte de aderência
polimérica; as ondulações ficam reduzidas apenas às que podem ocorrer na
superfície de um líquido viscoso e, pela ação da gravidade sobre um líquido a
horizontalidade fica plenamente garantida. Por último, a utilização da argamassa
fluida, produzida de modo contínuo numa dosadora/misturadora; permite
literalmente “esguichar” o material sobre o substrato, sem necessidade de
desempenar, operação que correntemente pode ser executada a um ritmo de 50 a
100m2 .h -1 por homem. A superfície pode ser pisada por uma pessoa após decorridas
2 a 3 horas da sua instalação e pode ser posta em serviço com a idade de 8 (serviço
leve) a 24 horas (serviço previsto). Como o agregado miúdo é areia com grãos de
dimensão máxima característica inferior a 0,600mm, inserida numa matriz rica em
cimento, a textura superficial do piso endurecido é extremamente fina, ao ponto de
não requerer selantes adicionais. O material em estado fresco apresenta uma
consistência tão fluida que os métodos tradicionais de medir esta propriedade (cone
de Abrams, mesa de sacudidas DIN 1048, bola de Kelly, etc.) não têm utilidade e
são substituídos pelos destinados a natas.
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Há diversos tipos de formulações de acordo com as solicitações a que estará exposto
o piso:
4. PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS
4.1 Consistência
As argamassas autonivelantes devem atingir uma determinada consistência no
instante da sua instalação, de modo que a sua viscosidade permita uma deformação
conveniente pela ação do seu próprio peso. Desta maneira, a nata se espalhará sobre
o substrato, formando uma superfície com a planeza adequada à finalidade da
camada: regularização ou acabamento. A medição da consistência pode ser
realizada no laboratório, mediante o cone de Kantro [1] e na obra, por meio do anel
sueco descrito na norma SS923519 [2] .
Na obra, a consistência para material de regularização deve estar compreendida
entre 130 a 140mm de espalhamento e, no caso de argamassa para acabamento o
espalhamento deve ficar entre 160 a 165mm. Testes comparativos realizados na
ABCP mostram que os resultados de espalhamentos com o cone de Kantro e com o
anel sueco são praticamente idênticos quando realizados com o mesmo material
(Tabela 2).
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retirada a força solicitante. O diâmetro médio da identação fornece uma medida
indireta da resistência à compressão do material do piso instalado na obra.
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As especificações definem uma resistência mínima de 1,0 MPa (apenas cura de 28
dias) ou de 0,5 MPa (cura de 28 dias seguida de 10.000 passagens de rodízio de 25
N para pisos de áreas residenciais). Para pisos de locais públicos e indústrias leves, é
exigida uma resistência ao arrancamento por tração mínima de 2,0 MPa (após 28
dias de cura ao ar) e de 1,0 MPa para os corpos-de-prova submetidos a 28 dias de
cura e mais 10.000 aplicações de carga com rodízios. Em pisos industriais
submetidos à ação de rodas maciças de carregadeiras, a resistência ao arrancamento
deve ser superior a 3,0 MPa após tratamento de 2.000 N.
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A norma DIN 18.560, Parte 5, subdivide a solicitação dos pisos em três classes:
I - Uso pesado:
ação principal de rodas, freagens, golpes, pressão estática e atrito.Acima de 200
passagens de rodas por dia, com cargas de até 0,6 t por eixo, com rodas maciças,ou
de até 5 t por eixo, com rodas pneumáticas.
II - Uso médio:
ação principal de rodas girando, patinando por freagens, atrito, pressão, golpes.
Até 200 passagens por dia de eixo de 0,6 t com roda maciça ou de 5 t com roda
pneumática ou acima de 200 passagens por dia de rodas com 2 t por eixo com
rodas pneumáticas. Arrasto de peças metálicas.
III - Uso leve:
ação principal de rodas girando, patinando por freagens, atrito pressão golpe.
Descarga e arrasto de volumes leves. Até 200 passagens por dia de eixos de 2 t
com pneumáticos.
De acordo com esta classificação, as argamassas autonivelantes deveriam ter uma
espessura média ≥ 15mm para a classe I (10 mm), ≥ 10mm para a classe II e ≥ 8mm
para a classe III [5]. O valor entre parêntese se refere ao mínimo individual.
6. RESULTADOS DE ENSAIOS
Ensaios realizados na ABCP para avaliar 3 produtos comerciais revelam que os
materiais atendem razoavelmente as prescrições correntes descritas na seção 4. No
Tabela 2 estão resumidas as principais características das amostras de materiais
para pisos autonivelantes para acabamento de classe industrial (material 1), classe
industrial leve (material 2) e de nivelamento (material 3).
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TABELA 2 - Propriedades
Classe de Material
Ensaio de 1 2 3
Consistência anel sueco 165 mm 142 mm 130 mm
cone Kantro 164 mm 142 mm 129 mm
Tempo de pega (Vicat com 1kg de
sobrecarga):
Início (h : min) 2 : 45 2 : 25 3 : 16
Fim (h : min) 3 : 20 3 : 28 4 : 51
Resistência a tração na flexão na
idade de (MPa):
6h 1,4 0,9 0,7
1d 2,1 1,4 1,5
3d 2,0 1,4 1,3
7d 2,1 0,8 1,8
28 d 2,4 1,1 2,3
Resistência à compressão na idade
de (MPa)
6h 4,8 2,5 1,5
1d 7,9 4,7 4,7
3d 10,3 5,2 6,0
7d 9,3 3,6 8,5
28 d 12,0 5,2 10,7
Desgaste abrasivo mediante roseta
ASTM C 944
(g/rotação) 0,002 (0,8) 0,038 (0,8) 0,112 (0,8)
Desgaste abrasivo mediante escova
L.C.P.C.
(g/rotação) 9,6x10-5 (0,14) 1,2x10-3 (0,14) 7,4x10-2 (0,14)
Retração por secagem
s/ASTM (%) aos:
2 dias 0,025 0,040 0,033
7 dias 0,056 0,061 0,041
28 dias 0,057 0,061 0,043
7 CONCLUSÃO
Os pisos autonivelantes são materiais de construção extremamente versáteis (podem
ser instalados em diversos ambientes de solicitação) e são rápidos de serem
instalados (rendimentos de até 500m2 por homem-dia) e de rápida liberação para o
serviço (dentro de 24 horas podem ficar expostos às cargas definitivas). O seu
preparo mecanizado e o transporte por bombeamento fazem com que a qualidade do
material instalado seja altamente homogênea.
8 BIBLIOGRAFIA
[1] Kantro, D.L.: “Influence of water-reducing admixtures ou properties of cemente
paste - A miniature slump test”, Cement, Concrete anual Aggregates, vol. 2, no
2, 1982, pág. 95-102.
[2] SS92 35 19 “Flooring materials - determination of flow rate of stopper material
and levelling material”.
[3] Zens, K. : “Prüfungen des Verschleisses von Industriefussböden”,
Industriefussböden, Internationales Kolloquium, P. Seidler editor, 1987, pág.
395-398.
[4] ABS: “Flooring Manual” - Volume 1, ABS, Suécia.
[5] Nguyen Cong Phy e Ray, M.: “L’érodabilité des materiaux de la couche de
fondation et de la couche de forne des chaussées en beton”, Bull. hiaison lab. P.
et Ch, vol. esp. VIII Chaussées en béton, jul. 79, pág. 32-46.
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FIGURA 1 - Evolução da pressão média nos vários materiais
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FIGURA 2 - Efeito da tensão de compressão ao longo da espessura do piso
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