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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


Curso de Graduação em Engenharia Aeronáutica

Laboratório de Mecânica de Estruturas Prof. José Eduardo Tannús Reis

RELATÓRIO DA PRIMEIRA AULA PRÁTICA DA


DISCIPLINA ESTRUTURAS DE AERONAVES I (FEMEC43050)

Medidas de Deformações em Cilindro de Parede Fina Sujeito


à Pressão Interna

Profa. Núbia dos Santos Saad

Arthur Alex Akihiro Kano (11521EAR003)

Gustavo Rocha (11011EAR010)

Uberlândia, Outubro de 2017


UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


Curso de Graduação em Engenharia Aeronáutica

Laboratório de Mecânica de Estruturas Prof. José Eduardo Tannús Reis

RELATÓRIO DA PRIMEIRA AULA PRÁTICA DA


DISCIPLINA ESTRUTURAS DE AERONAVES I (FEMEC43050)

Medidas de Deformações em Cilindro de Parede Fina Sujeito


à Pressão Interna

Profa. Núbia dos Santos Saad

Relatório realizado por alunos do


Curso de Graduação em Engenharia
Aeronáutica da Universidade Federal de
Uberlândia, referente à disciplina Estruturas
de Aeronaves I.

Uberlândia, Outubro de 2017

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Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4

2. OBJETIVOS................................................................................................... 4

3. RESUMO TEÓRICO ..................................................................................... 5

3.1. CILINDROS DE PAREDE FINA PRESSURIZADOS ......................... 5

3.2. ANÁLISE DE DEFORMAÇÕES .......................................................... 6

4. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS............................................................... 7

4.1. CILINDRO DE PAREDE FINA ............................................................ 7

4.2. MANÔMETRO ANALÓGICO ............................................................. 8

4.3. EXTENSÔMETROS ELÉTRICOS ....................................................... 8

4.3.1. DEFINIÇÃO ....................................................................................... 8

4.3.2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ............................................... 9

4.3.3. APLICAÇÃO .................................................................................... 10

4.3.4. SISTEMA DE DECODIFICAÇÃO .................................................. 11

4.3.5. EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO (ADS 2000 – LYNX) ................ 12

5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ....................................................... 14

5.1. DESCRIÇÃO DO ENSAIO ................................................................. 14

6. ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................... 17

7. CONCLUSÃO ............................................................................................. 20

Referências ............................................................................................................ 21

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1. INTRODUÇÃO

O estudo do comportamento estrutural de diferentes tipos de sistemas exige que se

utilizem aparatos ferramentais de diferentes tipos e aplicações. Uma dessas ferramentas

são os extensômetros elétricos, que por meio da variação de sua resistência elétrica em

função de uma deformação sofrida, conseguem apresentar o valor da mesma deformação

no elemento estrutural ao qual está unida. Utilizando-se dessas ferramentas de fácil

manipulação e alta aplicabilidade, é possível analisar-se amplamente a dinâmica

estrutural de um material, a fim de conhecer suas propriedades, ou de uma estrutura, a

fim de dimensioná-la.

Nesse âmbito, o presente relatório traz um estudo de caso para um cilindro de

parede fina pressurizado, objetivando-se o aprendizado acerca do uso dos extensômetros

em análises estruturais e sua ampla aplicação na área de estruturas e análises estruturais.

A abordagem teórica utilizada será do Círculo de Mohr, que a partir da aferição das

tensões ou deformações em dadas direções, permite que avaliem-se estas para qualquer

direção no elemento estrutural. Uma averiguação clara e abrangente dos esforços aos

quais o material está exposto.

2. OBJETIVOS

• Aquisição de conhecimentos acerca do uso de extensômetros elétricos de

resistência (strain gages) para a medição de deformações em múltiplas direções

• Verificação do procedimento de cálculo de deformações de direções arbitrárias,

a partir do Círculo de Mohr.

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3. RESUMO TEÓRICO

3.1. CILINDROS DE PAREDE FINA

PRESSURIZADOS

Sob a ação de pressão interna, um cilindro fechado de parede fina, ilustrado na

Figura 1, fica sujeito, em sua superfície externa, a um estado biaxial de tensões, as quais

podem ser consideradas uniformemente distribuídas ao longo da espessura da parede.

Figura 1 - Representação do cilindro de parede fina e suas tensões.

A teoria desenvolvida no âmbito da Resistência dos Materiais permite calcular as

tensões nas direções longitudinal, l 𝜎1 , e circunferencial, c 𝜎2 , que são dadas por:

Onde p é a pressão interna, r é o raio interno do cilindro e t é a espessura da parede

do cilindro. As equações desenvolvidas para o estado plano de tensões permitem obter

as deformações normais nas direções longitudinal, circunferencial e radial, segundo:

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3.2. ANÁLISE DE DEFORMAÇÕES

O estudo das deformações em um dado plano x-y permite afirmar que, conhecidas

as deformações normais 𝜀𝑋 e 𝜀𝑌 e a deformação de cisalhamento 𝛾𝑋𝑌 , correspondentes a

duas direções ortogonais quaisquer, x e y, a deformação normal e a deformação de

cisalhamento em um plano orientado de um ângulo 𝜃 relação ao eixo x, são dadas por:

Sendo 𝜀1 e 𝜀2 deformações normais principais em um ponto arbitrário do cilindro,

então, com base na Equação (6), as deformações normais 𝜀𝜃 , 𝜀𝛼 , e 𝜀𝛽 , nas três direções

determinadas pelos ângulos 𝜃 , 𝛼 e 𝛽 são dadas por:

Assim, tem-se como uma das aplicações, a resolução da seguinte situação-

problema: se 𝜀𝜃 , 𝜀𝛼 , e 𝜀𝛽 , forem medidas, e os ângulos 𝛼 e 𝛽 forem conhecidos, as

Equações (8) podem ser resolvidas para determinar as deformações normais principais 𝜀1

e 𝜀2 , e o ângulo 𝜃, que determina suas direções em relação às direções em que as

deformações foram medidas.

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A partir das deformações normais principais, as tensões normais principais podem

ser obtidas da seguinte forma:

4. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Para a realização do experimento foram empregados alguns materiais e

equipamentos de auxílio e medição fundamentais na obtenção dos dados brutos. Os

equipamentos utilizados foram: um cilindro de parede fina, um manômetro analógico,

cinco extensômetros elétricos e um equipamento de medição (ADS 2000 – LYNX).

4.1. CILINDRO DE PAREDE FINA

Como definido em Resistência dos Materiais, tubo de parede fina corresponde a um

cilindro oco onde a espessura de sua parede é menor que 10% do valor do seu raio interno.

Outro fator que caracteriza este elemento é o fato de suas tensões estarem uniformemente

distribuídas ao longo do seu plano circunferencial, sem distinção entre sua face interna e

externa. O tubo utilizado na prática era fabricado em alumínio, cujo módulo de

elasticidade é de 0,7*106 [kgf/cm2].

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4.2. MANÔMETRO ANALÓGICO

O manômetro de Bordon é um dispositivo de medição de pressões manométricas

cujo funcionamento se dá de maneira simples, onde um tubo de seção elíptica aciona o

ponteiro de medição por meio de um mecanismo de alavanca e roda dentada, que por sua

vez, indica os valores de pressão em uma escala previamente calibrada. A Figura 2

demonstra o esquema do manômetro no experimento.

Figura 2 - Representação de um manômetro analógico.

4.3. EXTENSÔMETROS ELÉTRICOS

4.3.1. DEFINIÇÃO

A extensometria compreende no conjunto de técnicas utilizadas para a medição

direta de deformações. Os extensômetros utilizados na prática compreende à classe dos

extensômetros elétricos de resistência, que, por sua vez, compreende em um fino arame

disposto em forma de zig-zag que é colado diretamente na peça analisada por meio de

uma lâmina de papel ou resina epóxi. Aos extensômetros são ligados, por meio de solda,

cabos condutores, por onde serão retirados os valores de leitura.

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A Figura 3 mostra um exemplo de strain gage.

Figura 3: Extensômetro elétrico.

As principais vantagens destes dispositivos são:

• Os sinais elétricos capturados do strain gage podem ser facilmente processados

e analisados por um computador

• Podem ser utilizados em medições dinâmicas e que envolvem alteração na

temperatura;

• Devido pequeno tamanho, vário extensômetros podem ser acoplados

simultaneamente em uma mesma peça.

• Baixo custo.

4.3.2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O extensômetro elétrico funciona de uma maneira muito simples, onde, de acordo

com uma deformação sofrida ao longo do seu comprimento provoca uma variação na sua

resistência ôhmica, que pode ser analisada por um computador. Os sinais extraídos

seguem uma proporcionalidade linear desde que a deformação não ultrapasse o regime

elástico do material constituinte do strain gage.

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A linearidade entre a variação relativa da resistência elétrica (ΔR/R) e a variação

relativa do comprimento do extensômetro (ΔL/L) é dada pela equação 10:

Onde a constante K (gage factor) está relacionada diretamente com a sensitividade

da liga metálica utilizada no extensômetro. A maioria das ligas utilizadas possui um gage

factor que se aproxima de 2.

4.3.3. APLICAÇÃO

A superfície que recebe o extensômetro deve ser tratada previamente com uma boa

limpeza, uso de lixa grana 150 e acetona ou éter para desengordurar a região da colagem.

Uma boa fixação garante leituras mais precisas sem erros instrumentais. Deve-se aplicar

uma fina camada de cola especial ou resina epóxi na parte de baixo do extensômetro.

Coloca-se o sensor na posição desejada aplicando uma pressão homogênea com a ponta

dos dedos, afim de remover bolhas e excessos de cola/resina. As leituras de deformação

da peça são mais expressivas quando se fixa corretamente os extensômetros. A Figura 4

apresenta os extensômetros ligados ao tubo ensaiados no laboratório.

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Figura 4 - Extensômetros no cilindro.

4.3.4. SISTEMA DE DECODIFICAÇÃO

A codificação dos extensômetros elétricos é feita através de um padrão de letras e

números que seguem a sequência como mostrada na Figura 5.

Figura 5 - Codificação do extensômetro.

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4.3.5. EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO (ADS 2000 –

LYNX)

A aquisição dos valores dos extensômetros foi realizada com o uso de um

computador conectado ao condicionador de sinais ADS 2000 – LYNX, que converte a

leitura do sinal elétrico extraído dos extensômetros em valores de deformações.

O ADS 2000 – LYNX é um sistema de aquisição de dados completo e versátil que

pode ser ligado a qualquer computador através de interfaces de comunicação para captar

sinais digitais e analógicos. A Figura 6 apresenta o condicionador utilizado no laboratório.

Figura 6 - ADS 2000 – LYNX.

A aquisição de dados foi fornecida por um condicionador AI2161, onde suas

principais características são:

• 8 ou 16 canais amplificadores de instrumentação com ganho programável de x1 a

x5.000, com três faixas de ganho fixo na entrada (x1, x10, x100, selecionadas por chaves

tipo DIP) seguido de um estágio de ganho até x5.000, controlado por software na

sequência x1, x2, x5, ou com ajuste contínuo pelo usuário.

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• Ganho e offset calibrados em fábrica com precisão melhor que 0,5% para todas

as escalas.

• Configuração de entrada selecionável por chaves tipo DIP para: sensores

potenciométricos, termopares, entrada direta de tensão (desde ±2mV até ±10V) e corrente

(até ±40mA).

• Filtro passa-baixa de 2ª ordem tipo Butterworth com frequência de corte em 5Hz,

20Hz, 100Hz, 200Hz e 2kHz, selecionáveis por software.

• Filtro passa-altas de 1ª ordem com frequência de corte em 0,1Hz, habilitável por

jumper.

• Incorpora sensor de temperatura para compensação de junta fria (precisão de

±2°C), utilizando um dos canais de medição para sua leitura.

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5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.1. DESCRIÇÃO DO ENSAIO

O cilindro de parede fina de alumínio previamente preenchido com óleo é

pressurizado internamente pela aplicação de níveis de pressão e os valores da pressão

interna são lidos através de um manômetro acoplado ao mesmo.

Figura 7 - Cilindro de parede fina e sistema de pressurização.

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Figura 8 – Manômetro

Na parede externa do cilindro foi colado cinco extensômetros elétricos de

resistências modelo (PA – 13 – 250BA – 120LEN da Excel Sensores) identificados por

1, 2, 3, 4 e 5, orientados de acordo com os ângulos 𝜃, α e β, conforme apresentado da

Figura 7.

A Figura 9 demonstra o esquema de montagem do aparato experimental.

Figura 9 – Montagem do experimento.

Aplicou-se ao cilindro valores crescentes de pressão, e para cada indicação de

pressão no manômetro registrou-se os valores das deformações em todos os

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extensômetros por meio do aparelho de aquisição de sinal já mostrado (ADS 2000). A

partir disso realizou-se a análise dos resultados obtidos.

A Tabela 1 indica as propriedades físicas e geométricas do cilindro e dos

extensômetros.

Tabela 1 – Características do cilindro e extensômetro.

Por meio do equipamento ADS 2000 – LYNX, como indicado na Figura 6 foi

possível obter as medidas das deformações para os cinco extensômetros colados no tubo,

de acordo com a Figura 9. Dessa forma, têm-se os dados de deformação e pressão

experimentais, apresentado na Tabela 2.

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Tabela 2 – Dados obtidos no experimento.

6. ANÁLISE DE RESULTADOS

Com o intuito de comparação dos valores advindos da literatura com os dados

experimentais para um experimento de cilindro de parede fina sob pressão interna

uniforme foram realizados cálculos e concebidos gráficos e representações. A teoria

utilizada é a teoria da elasticidade apresentada por Megson1.

Tabela 3 – Dados obtidos.

P ε1 ε2 ε3 ε4 ε5
(kgf/cm²) (10-6 cm/cm) (10-6 cm/cm) (10-6 cm/cm) (10-6 cm/cm) (10-6 cm/cm)
10 211,30 40,21 70,67 49,63 166,69
15 314,59 60,38 108,14 75,25 248,73
20 411,12 78,32 144,68 99,70 324,91
25 515,52 100,47 185,46 126,79 407,38
30 618,47 120,90 226,95 153,96 489,08

Para entendimento do comportamento das deformações com a pressão, traçou-se as

curvas das mesmas pela pressão (Figura 10). Observa-se claramente o comportamento

linear da deformação linear com o aumento da pressão. A característica linear das curvas

corrobora com o comportamento previsto pela teoria segundo as equações (1) e (2).

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Figura 10 – Deformações por pressão.

Concebe-se também os círculos de Mohr para as deformações sob as pressões de

18 kgf/cm2 e 22 kgf/cm2 utilizando o modelo teórico e experimental respectivamente.

Figura 11 – Circulo de Mohr

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Novamente pode-se notar a característica crescente das deformações com o

aumento da pressão pelo incremento que ocorre no raio e posição do centro do círculo

quando se aumento a pressão de 18 para 22 kgf/cm2.

Tabela 4 – Tensões experimental e teórica.

Experimental Teórico Erro


ε3 1,4892 10-4 1,3339 10-4 11,64 %
ε4 -,090322 10-4 -1,2170 10-4 92,57 %
ε5 3,7251 10-4 3,3943 10-4 9,74 %

Experimental Teórico Erro


ϒ3 -2,9241 10-4 -2,6946 10-4 8,52 %
ϒ4 -1,9371 10-4 -1,7851 10-4 8,51 %
ϒ5 2,6099 10-4 2,4051 10-4 8,52 %

Calcula-se e compare-se os valores experimentais e teóricos das deformações para

pressão de 18 kgf/cm2.

Figura 12 – Círculo de Mohr das deformações.

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Usando o Círculo de Mohr é possível também descobrir os valores das

deformações lineares e angulares para qualquer plano, o que também permite encontrar o

ponto de máxima tensão cisalhante.

7. CONCLUSÃO

A partir da realização dos objetivos propostos e da análise dos dados conclui-se que

a discrepância dos valores experimentais e teóricos das deformações são clara, sendo em

sua maioria os valores experimentais superiores aos teóricos, indicando então que possa

existir um fator agravante à deformação que foi desconsiderado na teoria ou que algum

dos dados do cilindro estejam diferentes da realidade. O quarto extensômetro apresentou

um erro grande, podendo ser este fruto de mal fixação do mesmo na superfície.

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Referências

Megson, T. ( 2007 ). Aircraft structures for engineering students.

SAAD, N. (Maio de 2017). Medidas de deformação em cilindros de parede fina sujeito

à pressão interna.

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