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O Cinema Na Pratica PDF
O Cinema Na Pratica PDF
JUAZEIRO – BA
2008
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JUAZEIRO
2008
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SUMÁRIO
1. Apresentação............................................................................................................ ...1
2.Campo Problemático................................................................................................ ...2
3. Processo de pesquisa................................................................................................ ...5
4. O cinema na prática pedagógica.............................................................................. ...7
4.1.O cinema na escola e seus efeitos ...................................................................... ...12
5. Considerações finais................................................................................................ ...15
6. Referências Bibliográficas....................................................................................... ...17
7. Anexos
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RESUMO
1. Apresentação
Ao observar a escola enquanto espaço favorável a uma compreensão crítica das formas
culturais e dos processos de comunicação. Percebendo a múltipla capacidade de vinculação
cultural, informacional e educacional por meio das imagens é que surgiu o desejo por estudar
o cinema na prática pedagógica. Buscou-se compreender qual a articulação existente entre as
práticas pedagógicas e o cinema, com o registro de imagens e som configurando-se como
mídia em comunicação e cultura, que atualmente circula o ambiente escolar.
O cinema na prática pedagógica: Projeto Cine Modelo realizado no Colégio Modelo
Luiz Eduardo Magalhães – CMLEM- é um relatório de pesquisa que aborda os dilemas
enfrentados pelos docentes para articular educação e novas tecnologias, mais especificamente
o cinema, tendo em vista que este faz parte dos novos parâmetros para educação do século
XXI.
Encontrar-se-á neste relatório a descrição do campo de pesquisa e do projeto Cine
Modelo: Cinema para ler e reler o mundo, trazendo o relato sistemático dos percalços
encontrados no processo de investigação.
Pesquisamos a relação do cinema com a prática pedagógica, partindo do olhar dos três
segmentos: discentes, docentes e coordenação, envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem com obras cinematográficas, que buscou uma interdisciplinaridade, reforçada
pela presença de convidados, que discutiam os temas relacionados aos filmes exibidos. Em
sua parte final serão apresentados os efeitos de um projeto que trabalha com cinema na escola
e algumas considerações sobre como nós educadores do século XXI, poderemos desenvolver
atividades envolvendo os recursos digitais e audiovisuais que vem transformando a educação.
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2. Campo Problemático
conteúdo por meio da imagem. Porém, é preciso avaliar o modo como são utilizadas as mídias
que circulam no ambiente escolar como: a televisão, o rádio, o jornal, a fotografia, em
particular, o cinema enquanto veículos para os conteúdos didáticos.
Com este olhar voltado para a “invasão” tecnológica nas práticas pedagógicas, é que
esta pesquisa se propõe estudar o cinema na escola, procurando investigar se está sendo
utilizado e como isso acontece e se estão sendo desenvolvidos métodos didáticos e
interdisciplinares no uso de obras cinematográficas. Buscar-se-à compreender que relações
estão sendo estabelecidas entre a didática e as produções cinematográficas dentro do ambiente
escolar. Como a mídia cinema pode ser trabalhada nos múltiplos campos do conhecimento
dentro da escola, visando compreender a relação de múltiplas obras, que circulam em um
espaço informativo e educacional, enquanto vetor de possibilidades didáticas e
multidisciplinares.
Tendo por objetivo discutir cinema enquanto componente curricular, como conteúdo
conectado nos quatro cantos da sala de aula e mergulhando para além dela, busca-se encontrar
novas possibilidades de ver, perceber e fazer a leitura do mundo fora do ambiente escolar.
Vivemos atualmente numa sociedade que diariamente é bombardeada por meios de
comunicação, que se armam com imagens visando atingir o espectador. Essas imagens
desenham e expressam valores, que conseqüentemente implicam em conceitos ideológicos,
sociológicos ou econômicos. Portanto, conhecer essas imagens implica em compreender as
múltiplas possibilidades de reflexão e visão crítica de tudo aquilo que vemos e ouvimos. É
preciso pesquisar as novas práticas, que vêm sendo implementadas nas escolas, para entender
como a educação do olhar vem se processando no sentido de conseguir-se interpretar
criticamente as mensagens produzidas pelo cinema, de aprender-se a linguagem audiovisual.
Pierre Bourdieu compartilha esse pensamento ao afirmar que:
(...) a experiência das pessoas com o cinema contribui para desenvolver o que se pode
chamar de “competência para ver”, isto é, uma certa disposição valorizada
socialmente, para analisar, compreender e apreciar qualquer história contada em
linguagem cinematográfica. Entretanto, o autor assinala que essa “competência” não é
adquirida apenas vendo filmes; a atmosfera cultural em que as pessoas estão imersas –
que inclui, além da experiência escolar, o grau de afinidade que elas mantêm com as
artes e a mídia – é o que lhes permite desenvolver determinadas maneiras de lidar com
os produtos culturais, incluindo o cinema. (apud Duarte, 2002, p.13)
Cabe, então, à escola como espaço educacional público ou privado, que tem por
primordial função ministrar ensino coletivo conectado a competências metodológicas, propor
uma capacitação em “educação cinematográfica”. Poderá propiciar, assim, à comunidade
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3. Processo de Pesquisa
confirmação da escola trabalhar com a linguagem fílmica, definindo-se, desse modo, como
campo desta pesquisa.
Este projeto de pesquisa foi desenvolvido durante a segunda quinzena do mês de
março até a terceira semana do mês de junho, atendendo aos prazos definidos pela
coordenação de Trabalho de Conclusão de Curso.
Ao longo do percurso para elaboração desta pesquisa, surgiram algumas dificuldades,
como por exemplo, diversos contatos com um dos idealizadores do projeto, professor Paulo
Henrique, e não realização de entrevista com ele, devido aos desencontros durante o processo
de estudo para composição deste relatório. Uma outra dificuldade encontrada para fazer esse
levantamento esteve presente no contato com os estudantes, pois todos haviam concluído os
estudos, tendo em vista que o projeto Cine Modelo foi realizado com os alunos dos terceiros
anos do ensino médio.
É preciso ainda assinalar um último percalço enfrentado para fazer este trabalho, que
se refere à própria organização do curso de pedagogia, ou seja, um prazo de tempo curto para
finalização da pesquisa e, paralelamente, cursar as disciplinas e estágio durante o semestre
letivo.
Utilizou-se como método de pesquisa o estudo de caso do projeto Cine Modelo:
Cinema para ler e reler o mundo que foi criado, planejado, executado e avaliado no
CMLEM, Juazeiro – Bahia. Para levantar o material empírico utilizou-se um roteiro de
entrevista de caráter exploratório, triangulando informações com perguntas voltadas para os
três segmentos: docentes, discentes e coordenação pedagógica.
Boa parte do material utilizado para análise do projeto foi obtido junto à
coordenadora: CD-ROM (contendo imagens dos encontros semestrais no auditório e a relação
dos filmes projetados no Cine Modelo); o texto do projeto desenvolvido na escola; uma
revista A escola vai ao Cinema, produzida pelo SESC 2006. Elementos estes que deram
suporte para elaboração do projeto Cinema para ler e reler o mundo.
Uma revisão bibliográfica deu suporte para desenvolver-se a problemática proposta e a
análise do material obtido no decorrer da pesquisa.
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gerais ele objetiva despertar o interesse pela arte cinematográfica, ressaltando sua importância
como veículo de comunicação e expressão da sensibilidade humana.
No que diz respeito aos objetivos específicos, o projeto propõe discutir os filmes
exibidos, ampliando o conhecimento das relações humanas, históricas e sociais e promover
reflexões a partir do cinema e de suas diversas possibilidades educativas. O procedimento
metodológico adotado foi uma exibição mensal de filmes e um debate promovido por
professores da instituição e convidados.
O projeto tem uma proposta interdisciplinar de trabalho, estabelecida, inicialmente,
para envolver todas as disciplinas da instituição, como relata a coordenadora pedagógica do
colégio, Ivete Macedo, ao dizer:
A proposta do projeto (...) seria com todos os professores, então a gente
escalou um cronograma. A partir de mês tal, a seção de cinema seria na
segunda-feira, no outro mês seria na quarta-feira. Justamente para não ficar
comprometendo as mesmas disciplinas, durante os mesmos dias e também
essa era uma forma de estar envolvendo todos os professores.
Em entrevista com a professora de história, Márcia Galvão, que também foi uma das
docentes envolvidas diretamente com a execução do projeto Cine Modelo, ela conta como
essa proposta foi idealizada:
(...) o cinema ainda não é visto pelos meios educacionais como fonte de
conhecimento. Sabemos que a arte é conhecimento, mas temos dificuldade em
reconhecer o cinema como arte (com uma produção de qualidade variável, como todas
as demais formas de arte), pois estamos impregnados da idéia de que cinema é
diversão e entretenimento, principalmente se comparado a artes “mais nobres”.
Imersos em numa cultura que vê a produção audiovisual como espetáculo de diversão,
a maioria de nós, professores, faz uso dos filmes apenas como recurso didático de
segunda ordem, ou seja, para “ilustrar”, de forma lúdica e atraente, o saber que
acreditamos estar contido em fontes mais confiáveis.
projeto traz na formação do aluno?; que possibilidades de ler e reler o mundo se abrem a
partir do projeto?; como o projeto contribui na formação do leitor? e de que forma a leitura
está presente no projeto?
Após dois anos de realização o projeto foi suspenso em decorrência das dificuldades
encontradas no processo de execução. De acordo com a coordenadora pedagógica:
Ah! O contexto e principalmente do filme Menina de Ouro, porque ela era uma
menina assim, que estava lutando pelos seus ideais e quando no final teve um
problema de saúde e ficou muito complicado pra ela conseguir alcançar seus
objetivos. Mais ai ela sempre estava lutando. Esse filme destaca a eutanásia. Ai a
família dela teve que, lá no hospital quando ela esteve doente, mandar os médicos
desligar os aparelhos e foi um abalo assim, mais foi ótimo esse filme.
Os efeitos foram 70 % positivo para eles, por ter elaborado esse projeto, que era
muito interessante e contribuía para o conhecimento dos alunos. E 30 % negativo,
porque a gente não estava tão integrada. Não disseram: ah! Vamos convocar os
alunos para elaborar isso, até para elaborar o nome do projeto do programa. Sei lá
enfim!
É ótimo, porque ajuda a gente bastante. Até facilita mais, porque você pega um
livro para ler (...) Exemplo, quando eles colocavam filmes literários, ali a gente
captava mais rápido a mensagem e o contexto do filme, do que você ler um livro.
Por exemplo, o Cortiço, que é um livro imenso, e ai você tem que ler ele todinho.
Não ... passou o filme pronto, ele captou o layout. E que a pessoa até compreende
melhor vendo as imagens.
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Com relação aos filmes trabalhados no projeto e a sua contribuição para a formação
social das alunas entrevistadas, elas afirmaram que:
“Ah! Contribuiu no ponto que no contexto do filme, a gente poderia abordar nas
redações que os professores solicitavam ou até mesmo nas redações de vestibular e
concursos, que a gente viesse a fazer.”
“Sim. Logo após, analisávamos os problemas encontrados em cada filme,
comparávamos com a situação que vivemos, investigando e discutindo meios para
solucioná-los. Isso foi essencial.”
Apreciar filmes propicia ao espectador elementos de reflexão perante o processo de
cognição, possibilitando estabelecer relações com a realidade de cada sujeito e as suas
intencionalidades. Revelando, desse modo, as possibilidades educomunicativas, ou seja, os
diálogos existentes entre a educação e a comunicação que envolvem a linguagem
cinematográfica. Duarte (2002, p. 89) ao fazer referência ao gostar de um filme, afirma que:
(...) gostar significa saber apreciar os filmes no contexto em que eles foram
produzidos. Significa dispor de instrumentos para avaliar, criticar e identificar
aquilo que pode ser tomado como elemento de reflexão sobre o cinema, sobre a
própria vida e a sociedade em que se vive. Para isso, é preciso ter acesso a
diferentes tipos de filmes, de diferentes cinematografias, em um ambiente em que
essa prática seja compartilhada e valorizada.
5. Considerações finais
Esta pesquisa traz o desenvolvimento do projeto Cine Modelo: Cinema para ler e
reler o mundo, realizado no Colégio Modelo Luis Eduardo Magalhães – CMLEM -, através
do texto que o define e dos depoimentos de alguns de seus participantes. Em linhas gerais o
projeto buscou propiciar à comunidade escolar novas formas de significação para formação
cultural e educacional. Ao utilizar como ferramenta a linguagem fílmica, que além de
auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, visou despertar o interesse dos alunos pela
arte cinematográfica. Adotou como processo metodológico a exibição mensal de filmes,
articulando a projeção, promovendo debates a partir do cinema e suas múltiplas
possibilidades educativas, entre convidados palestrantes, alunos e professores da
instituição.
Desenvolver propostas pedagógicas de trabalho envolvendo a linguagem filmica
requer algumas condições, no que diz respeito aos equipamentos e estrutura física para
projeção das obras cinematográficas, o que implica em um custo relativamente considerável
para implantação de um ambiente favorável para exibição. Porém, a falta de espaço para
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desenvolver atividades deste tipo não é o caso do CMLEM, enquanto o é para a maior parte
das escolas de Juazeiro.
A falta de reconhecimento e envolvimento de alguns professores com a proposta de
trabalho interdisciplinar, interromperam o processo dinâmico e dialógico do projeto Cine
Modelo sendo estas as razões que provocaram a sua suspensão.
Como nós educadores do século XXI, poderemos desenvolver atividades
envolvendo os recursos digitais e audiovisuais que vêm transformando a educação?
Devemos superar a falta de preparo para lidar com a linguagem audiovisual,
buscando uma qualificação para operar as novas mídias tecnológicas, partido de um sentido
mais amplo que vise o entendimento das transformações tecnológicas e o crescente papel
dos meios de comunicação.
Esta qualificação requerida nessa nova era de ensino, que é chamada de “geração
digital”, visa propiciar aos educadores novas possibilidades de domínio tecnológico e
conhecimento da relação existente entre a cultura escolar, as linguagens audiovisuais e a
tecnologia digital.
Este trabalho traz uma articulação pretendida entre a tecnologia digital e cultura
existente na escola, propiciar um contato dos alunos com produtos da cultura
cinematográfica, midiatizada pelas novas tecnologias, cada vez mais presentes na sociedade
contemporânea, permitindo acesso a um número crescente de pessoas.
Contudo desenvolver esta pesquisa, suscitou um verdadeiro interesse em mergulhar
profundamente no conhecimento sobre a complexidade da linguagem filmica, visando
futuramente pesquisar alternativas de trabalho articuladas às práticas didáticas e
pedagógicas orientadas para os diálogos com a nova era educomunicativa. Espera-se assim
uma formação do educador que desenvolva nele uma capacidade crítica e habilidades para
trabalhar com as demandas colocadas pela sociedade em construção.
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6. Referências Bibliográficas:
FRESQUET, Adriana. Cinema para ler e reler o mundo, Artigo publicado pela Revista
Pátio Ano IX - Nº 33 - Ler e Reler o Mundo - Fevereiro à Abril de 2005 - FÓRUM DE
ARTES.
MONTEIRO, Marialva. PGM 4 – Cinema na Escola: a vocação educativa dos filmes. Disponível
em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/dce/dcetxt5.htm Acessado em: 04/05/2008.