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A AULA

Manoel Fernandes de Sousa Neto


Professor Doutor da Universidade Federal do Ceará

Poderia dizer que este texto foi elaborado Dança como David diante da Arca da Aliança;
para os alunos da Prática de Ensino II em Geo- Mesmo que temas imensamente a morte
grafia, da Universidade Federal do Ceará, no Dança diante de tua cova.
segundo semestre de 1999, mas isso não diria Tece coroas de rimas...
nada. Este texto é para Wellington e James, Enquanto o poema não termina.
Thales e Neto, Eliane e Paulo, Pitombeira e A rima é como uma esperança
Fábio, Hernesto e Décio e, ainda, para Alexan- Que eternamente se renova.
dra e Elieser, companheiros de trabalho.1 A canção, a simples canção, é uma luz dentro da noite.
(Sabem todas as almas perdidas...)
AULA INAUGURAL O solene canto é um archote nas trevas.
de Mário Quintana (Sabem todas as almas perdidas...)
Dança, encantado dominador de monstros,
É verdade que na Ilíada não havia tantos heróis como Tirano das esfinges,
na guerra do Paraguai ... Dança, Poeta,
Mas eram bem falantes E sob o aéreo, o implacável, o irresistível ritmo dos teus
E todos os seus gestos eram ritmados como num balé pés,
Pela cadência dos metros homéricos. Deixa rugir o Caos atônito...
Fora do ritmo, só há danação.
Fora da poesia não há salvação. A atividade da aula realiza o professor; é
A poesia é dança e dança é alegria. como se, ao mesmo tempo em que faz a aula,
Dança, pois, teu desespero, dança. também fosse feito por ela. Pensada nesse sen- 1. Gostaria de registrar a
leitura crítica e a
Tua miséria, teus arrebatamentos, tido, a aula é processo e não produto; não é ati- inestimável contribuição à
versão final deste trabalho
Teus júbilos vidade com finalidade plenamente determina- da amiga Marta Leuda,
E, da, ainda que tenha um objetivo; não é algo su- professora, assim como
eu, apaixonada pelo
Mesmo que temas imensamente a Deus, jeito a troca, como uma mercadoria. que faz.

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Desse modo, a ultrapassagem de uma pers- também criador de um novo texto, às vezes não
pectiva tradicional no âmbito da educação exi- escrito, que ocorre no interior mesmo da sala
ge que os professores não vejam mais os alu- de aula. O professor deve ser menos um mero
nos como se esses fossem objetos sobre os quais repassador daquilo que se instituiu como ver-
se deposita conhecimento; bem mais que isso dade e mais o sujeito capaz de relativizar as
eles são sujeitos do processo no qual se dá a verdades a partir do saber social contido na re-
realização processual do próprio professor. alização do seu próprio fazer histórico.
Cai assim, por terra, aquela antiga idéia de E qual o lugar social em que o professor se
que apenas o professor detém o saber e de que realiza como ser? Dentro da sala de aula, na
aos outros cabe apenas receber esse saber sem aula. Por isso a aula é antes de mais nada so-
questionamentos, como se os estudantes fos- nho e trabalho, imaginação criativa e dança,
sem folhas em branco, recipientes vazios que poesia e luta, como na Ilíada de Homero.
devem ser preenchidos de conteúdos, meros ob- A imagem, entretanto, que muitos têm da
jetos destituídos de vontade.2 aula é a imagem da morte. Aquele lugar fúne-
De acordo com essa antiga concepção, du- bre onde toda a vida deixou de existir, onde
rante muito tempo os professores foram consi- foram paralisados os movimentos em torno dos
derados os “donos da verdade”, os “guardiões objetos imobilizados pela desesperança, onde
da verdade”, os “legisladores da verdade”. Esse o professor foi completamente esvaziado de
2. “Na concepção bancária
da educação, o encastelamento provocou aquilo que chamamos sua auto-estima e se agarra ao livro por detrás
conhecimento é um dom de tradição seletiva, ou seja, a repetição, du- de sua mesa infestada de cupins, como o náu-
concedido por aqueles que
se consideram como seus rante décadas, séculos, de um conhecimento frago que jamais se salvará do afogamento e
possuidores àqueles que
eles consideram que nada que não era saber. espera conformado a visita de Hades – o deus
sabem. Projetar uma
ignorância absoluta sobre
Quando digo conhecimento em vez de sa- da morte.5
os outros é característica ber, apóio-me em Marilena Chauí, que diz ser E por pensar diferente é que as aulas são para
de uma ideologia de
opressão. É uma negação o conhecimento algo socialmente instituído, mim aquele momento e lugar em que devemos
da educação e do
conhecimento como tido como verdade irrefutável e, por isso mes- dar o melhor de nós e despertar o que há de me-
processo de procura. O mo, impeditivo para a realização de quaisquer lhor nos outros; entender a aula como celebra-
professor apresenta-se a
seus alunos como seu transformações. Já o saber é trabalho instituinte, ção da vida e não da morte, como diálogo criati-
‘contrário’ necessário:
considerando que a que nada aceita como sendo verdade acabada vo, como vir-a-ser e não como tendo sido sem-
ignorância deles é
absoluta, justifica sua
e, por isso mesmo, está voltado para compre- pre, como luta contra tudo aquilo que nos opri-
própria existência” (Freire, ender o que o conhecimento instituído tenta me, e não como entrega ao que nos oprime.
1980, p. 79).
3. Chauí (1981, p. 5). encobrir.3 Assim, à moda da antiga ágora, a aula é o
4. “Em resumo, o professor O professor, pensado nessa perspectiva, é lugar onde se realiza uma permanente luta po-
é um tradutor das fontes de
conhecimento para seus menos aquele que professa um conhecimento lítica e ideológica. Abrir mão desse lugar im-
alunos” (Curi, 1995,
p. 149).
instituído e mais aquele que produz um saber plica aceitar a realidade que ora nos submete a
5. “Quando os três filhos de instituinte. Por isso é impossível, ou quase, uma péssima formação, a baixos salários, a
Crono partilharam a
herança paterna, o mar aceitar que exista aquele professor que não condições aviltantes de trabalho, à privatiza-
escumante, diz Homero, queira, antes de mais nada, vir a saber, o que ção do ensino, à repetição extenuada dos mes-
coube a Posídon, o Céu
imenso, com todas as exige dele uma atividade permanente de inves- mos mecanismos de dominação.
nuvens, foi o apanágio de
Zeus, e Hades ou Plutão tigação. É preciso lutar contra uma idéia que se tem
obteve, como domínio
próprio, o mundo
Desse modo o professor não é portador ape- tornado lugar comum: a de que só aqueles que
subterrâneo. Vivendo nas de um conhecimento que se reproduz des- nada sabem fazer vão para a sala de aula, tor-
constantemente no seio da
noite espessa e profunda, de o primeiro poema homérico, mas portador nam-se professores. Essa questão é ideológica,
confinado para sempre
num império de insondável também de um saber que ainda não é, que re- porque os professores só podem realizar-se ple-
tristeza, Hades, coberto por
um elmo que o tornava
clama existência criadora, isto é, exige ser; não namente quando têm garantidas as mais ele-
invisível, era o sombrio rei é apenas aquele que traduz os textos para os mentares condições de existência, sem as quais
do reino dos mortos”
(Meunier, 1994, p. 91). alunos, como propõe Samir Meserani Curi4 ; é há, desde o princípio, o que poderíamos cha-
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mar de um fracasso dos professores, que pas- sil; sejam aquelas do Kama Sutra, para a ini-
sam a considerar a si mesmos como incapazes gualável arte do amor.
de realizar aquilo que os faz ser. Por isso, a luta E, repetindo um velho ditado popular, se
por uma valorização dos profissionais em edu- lhes for dado o peixe, como aprenderão a pes-
cação. car? E ainda que se lhes desse a vara para pes-
Não há fórmula pronta para a sala de aula e car, o que ocorreria se os peixes descobrissem
para a atividade professoral. Dizer como dar que por trás das iscas se escondem anzóis? As
uma aula ou como devem ser as aulas é como técnicas se tornam obsoletas às vezes, às vezes
negar tudo aquilo em que efetivamente acredi- são obsoletizadas. Por isso não há técnica que
to. E poderia até perguntar se devemos ofere- não seja, também, opção política.
cer às pessoas apenas aquilo que elas esperam Vejam o caso da produção agrícola. O que
de nós, ou se devemos surpreendê-las perma- hoje mais nos mata é aquilo que nos alimenta.
nentemente. E surpreender trazendo à tona Nunca como dantes pudemos produzir tantos
aquilo que se encontra submerso em nosso mais alimentos, entretanto, nunca houve tanta fome
profundo inconsciente. no mundo como hoje; há o veneno contido nos
Ao invés de tratar os professores como in- grãos, mutação genética dos transgênicos e des-
capazes e fornecer-lhes instrumentos aos quais truição das condições ambientais mínimas para
eles devem adaptar-se, imagino que é preciso a sobrevivência. Entretanto, para além de tudo
tratá-los como capazes de se instrumentalizar que foi produzido pela biotecnologia no
para a vida, como criadores acima de tudo, diapasão capitalista, não se puderam ainda su-
como criadores críticos de tudo aquilo que se perar certas culturas milenares dos aborígenes
apresente como verdade inconteste. da América do Sul, seja quanto à conservação
Trocando em miúdos, hoje, muitas são as da biodiversidade, seja quanto à estabilidade
técnicas que fazem os professores, mas poucos do biossistema.
são os professores que lutam contra a ditadura As técnicas para a sala de aula são, assim,
da técnica. A técnica é importante, mas que téc- tudo isto: técnicas. Como planejar uma aula?
nica? Como executar uma aula? Como avaliar os re-
Uma técnica, qualquer uma, não pode dei- sultados que uma aula produziu? As técnicas
xar de ser considerada como um artefato histó- devem responder a esses problemas, mas eles
rico, cultural e social. Histórico, porque a his- não existem, a priori, fora da sala de aula, da
tória da humanidade é, de certo modo, como já luta político-ideológica, da experiência, da his-
disse Jacques Ellul, uma história das técnicas tória.
– apontar o lápis com uma gilete ou matar mi- Desse modo o professor, antes de estar dis-
lhões com uma bomba atômica são técnicas que posto a dar respostas, deve fazer a si mesmo
devem ser historicamente situadas, datadas e uma série de perguntas: A quem ensinar? O que
tidas com finalidades contextuais dadas. É cul- ensinar? Quando ensinar? Como ensinar?
tural, porque está baseado nos cultos e ritos que A quem ensinar? A resposta a esta pergun-
reproduzem, cotidiana e historicamente, a ex- ta reafirma quase tudo o que já disse, a sua com-
periência que dá identidade diferenciada aos plexidade é cultural, etária, social, política.
mais distintos povos dos mais variados lugares Ensinar em uma escola com maioria judia não
do mundo. É social, porque é produzido e acei- é o mesmo que ensinar em uma outra de maio-
to, ou imposto, pela ou para a sociedade como ria palestina; além disso é preciso respeitar as
um todo e porque não há técnica que não seja minorias e respeitá-las não apenas por ser mi-
relacional, pois é por meio de uma infinidade noria, mas porque elas são a expressão de op-
de técnicas que nos relacionamos com os ou- ções que precisam ser respeitadas. Ensinar para
tros – sejam elas de tortura, como as utilizadas crianças não é o mesmo que ensinar para ado-
durante os anos de chumbo da ditadura no Bra- lescentes, como não é o mesmo que ensinar para
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adultos. Ensinar na periferia para jovens traba- importância que é de vida ou de morte. Ou
lhadores que só freqüentam a escola à noite não vocês esqueceram que os geógrafos franceses
é o mesmo que ensinar para jovens que cons- acusaram os professores de Geografia da
truíram suas relações sociais mais profundas Prússia de terem sido os responsáveis pela vi-
fazendo compras nos shopping centers. Ensi- tória prussiana na guerra contra a França? Ou
nar a trabalhadores rurais é uma opção política que Lacoste nos ensinou que a guerra do Vietnã
diferente de ensinar aos filhos dos empresári- foi cirurgicamente criminosa?
os da soja, o que implica dizer que o professor E quando ensinar? Esta é uma pergunta que
faz uma opção política no momento mesmo em nos obriga a pensar o tempo contínua e descon-
que se compromete a ensinar algo a alguém. tinuamente. Continuamente porque há uma se-
O que ensinar? Esta é uma pergunta cuja qüência cumulativa no processo de aprendiza-
resposta exige sólida formação profissional, gem: aprende-se isso e depois aquilo, a pedra e
porque sua natureza é eminentemente episte- depois a roda, a roda e depois as asas, as asas e
mológica. Por exemplo, o que ensinar em Geo- depois os túneis do tempo. Entretanto, há tam-
grafia? Se a formação profissional for desqua- bém um tempo descontínuo que se impõe vez
lificada, os professores tenderão a ver nos li- ou outra, no sentido de que há coisas, processos
vros e nos currículos prescritos a sua tábua de que se dão por saltos, como na mítica história
salvação e reproduzirão exatamente aquilo que de Newton, em que a maçã se transformou em
está colado às páginas. Por isso, a primeira coisa símbolo da lei da gravidade. Assim é preciso que
a pensar é exatamente sobre aquelas coisas to- haja tempo para a sensibilidade das maçãs, para
das que ficaram de fora, que não se propôs for- ensinar coisas que permitam saltos, bem como
malmente que fossem ensinadas. Porque, se nós para respeitar seqüências cumulativas, sem ja-
não tomamos consciência do que estamos en- mais considerá-las como restritivas, rígidas e
sinando, não somos nós que ensinamos, mas o intransponíveis. As seqüências existem também
livro e o currículo manifesto6 , que nos tomam para ser quebradas, refeitas, reformuladas e, por
como se fôssemos corpos vazios dos quais se que não?, invertidas, rearranjadas.
apodera um espírito estranho. Além disso, quando ensinar implica pen-
O que ensinar, portanto, exige um duro tra- sar que aquilo que será dito pelo professor será
balho de pesquisa, baseado em uma crítica minimamente entendido pelos estudantes, se-
imanente e contínua, que não aceita nenhum não o diálogo não se realizará. Por exemplo,
conhecimento a priori e por isso mesmo quer imagine um professor querer ensinar a crian-
saber sempre a origem do discurso e suas mais ças de quatro anos projeções azimutais ou o
variadas finalidades. Caso não façamos essa conceito marxista de modo de produção.
opção, poderemos estar incorrendo no equívo- O quando ensinar, além da distribuição con-
co de, muitas vezes, reproduzirmos boa parte tínua e descontínua, social e etária, leva em con-
das visões estereotipadas de mundo, ainda que ta a psíquica e a ética. Por exemplo, quando
não tenhamos consciência disso. Assim, a op- tratar do uso de preservativos como regra bási-
ção por tornar-se consciente daquilo que se ca para uma vida sexual tranqüila e saudável?
ensina é uma opção política. Há quinze anos, nem se discutia sexualidade
E por que uma opção política? Porque aqui- em sala de aula, mas, hoje, não tratar desse as-
6. O currículo manifesto é o
lo que estamos a ensinar pode desencadear o sunto pode significar estar condenando milhões
mesmo que currículo preconceito racial, a intolerância para com cer- de adolescentes à morte. Logo, quando ensi-
formal. Sobre o assunto
seria interessante recorrer tas opções sexuais, a justificativa dos sistemas nar implica fazer opções culturais, éticas, po-
à discussão sobre Teoria
do Currículo, realizada por de poder instituído, ou desvelar as máscaras so- líticas, ideológicas e econômicas.
estudiosos como Tomaz
Tadeu da Silva, Antonio
ciais que estão postas atrás do discurso dos que E como ensinar? Eis a pergunta cuja res-
Flavio Moreira, Henri teimam em não aparecer. posta muitas vezes se reduz a sugestões de uso
Giroux, Paul Maclaren,
entre outros. O que ensinar constitui-se, assim, de uma de procedimentos técnicos. Ensinar através de
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transparências, mapas, poesias, material A aula, toda ela, todas elas, deve ser um ato
reciclado, textos etc. Não é essa, entretanto, a de amor, uma dança, um orgasmo múltiplo, um
resposta que devemos ser levados a dar. A ques- gozo ensurdecedor, uma festa, um ato político,
tão é outra, é de prática social. Podemos, com a uma manifestação de indignação contra as in-
nossa prática, contribuir para formar de modo justiças. Aqueles que não vêem isso em uma
autoritário pessoas submissas, destituídas de aula, aqueles que jamais se arrepiaram com a
capacidade crítica, disciplinadas para os siste- descoberta de um dos seus alunos, aqueles que
mas sociais instituídos. jamais souberam o que é velar à noite as pala-
Caso tratemos os estudantes como ignoran- vras do dia seguinte, jamais saberão, jamais
tes, pessoas que nada sabem, meros receptácu- sentirão o prazer que a profissão de professor
los do conhecimento, então muitos deles vão pode proporcionar.
aprender a ser ignorantes, a agir como ignoran- Porque é preciso dizer, às vezes ironicamen-
tes e a viver alienadamente. O como ensinar te, como o fez Mário Quintana, que só houve
implica estabelecermos que atitudes gostaría- assassinos e nenhum herói na Guerra do
mos de vê-los tomando diante da vida, por meio Paraguai, que foi destroçado pelo imperialis-
de nossas atitudes dentro e fora da sala de aula, mo britânico com as mãos de argentinos, uru-
das posturas políticas e éticas por nós assumi- guaios e brasileiros.
das, no dia-a-dia e historicamente. A luta para ser professor é homérica, como
O uso desse ou daquele procedimento em na Ilíada. Às vezes uma luta com palavras,
sala de aula implica compartilhar com os ou- como na Ilíada. Mas, como na poesia Aula Inau-
tros o que nós somos. Estamos ali inteiramen- gural, de Quintana, penso que aula é poesia:
te, com nossa história de vida, nossas angústi-
as, nossas opções sexuais e religiosas. E, se nos “ [...]
dermos conta disso, poderemos ver os estudan- A [aula] é dança e dança é alegria.
tes como parte da nossa vida, companheiros de Dança, pois, teu desespero, dança.
trabalho, pessoas com as quais compartilhamos Tua miséria, teus arrebatamentos,
sentimentos, ou vê-los como objetos que ma- Teus júbilos
nipulamos, que controlamos e que se deixam E,
controlar, porque o compromisso de alguns Mesmo que temas imensamente a Deus,
muitas vezes não vai além da manutenção pre- Dança como David diante da Arca da Aliança;
cária e aviltante de uma vida que se deu por Mesmo que temas imensamente a morte
vencida. Dança diante da tua cova.
Por todos esses motivos, dar aulas não é para Tece coroas de [palavras]
descomprometidos, nem para qualquer um. Ser Enquanto a [aula] não termina
professor exige muito mais e não apenas aqui- A [palavra] é como uma esperança
lo que se tornou idéia comum entre nós – a idéia Que eternamente se renova.
de que qualquer um pode tornar-se professor. [...]”

REFERÊNCIAS

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