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ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO

PROFESSOR: LEANDRO CADENAS


Olá pessoal!
Me chamo Leandro Cadenas Prado, sou Auditor-Fiscal da Receita Federal,
por enquanto!! É que acabo de ser aprovado para o concurso da
magistratura federal, aguardando a posse.... Além disso, sou Instrutor da
Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda (ESAF/MF) e
professor de Direito Constitucional, Administrativo e Penal, e ministro aulas
em cursos preparatórios para concursos públicos em diversos estados do
país, como SP, RJ, PR, MS, PE, RS, CE, RN, PI, AM e PA.
Sou autor, entre outros, dos seguintes livros: Servidores Públicos Federais -
Lei n° 8.112/90, 9a edição, Licitações e Contratos - Lei n° 8.666/93, 3a
edição, Resumo de Direito Penal - Parte Geral, 4a edição, Provas Ilícitas, 2a
edição, todos pela Editora Impetus. Também co-autor dos livros Ética na
Administração Pública, 4a edição, pela Editora Campus/Impetus, e 1001
Questões Comentadas de Direito Administrativo do CESPE, 2a edição, pela
Editora Método. Tenho também diversos livros da Série de Bolso da Editora
Método, da qual sou idealizador e coordenador. Dessa série, cito os
Resumos de Direito Constitucional, 10a edição, Direito Administrativo, 7a
edição, Direito Penal, 3a edição, Direito Tributário, 3a edição, e STF para
Concursos, 5a edição.
Mas vamos à aula!
Esta é parte da primeira aula semanal do nosso curso regular de Ética
voltado para o concurso de auditor-fiscal do trabalho, baseado no último
edital.
Como o conteúdo é extenso e de forma a otimizar o estudo, vamos
abordar os assuntos mais importantes, buscando a máxima
eficiência na preparação.
Vamos também reproduzir o texto legal com destaques do que nos parece
mais importante para a prova.
Ao final da aula faremos incluir alguns exercícios cobrados anteriormente.
Ressaltamos que são poucas as questões da ESAF cobrando estes itens
finais do edital. Assim, optamos por acrescentar exercícios de outras
bancas, de forma a aumentar suas possibilidades de treino. Com
isso, conseguimos juntar mais de 140 questões de concursos. Se
você julgar melhor limitar-se às questões da ESAF, basta ignorar as
demais.
Procuraremos também incluir, além dos exercícios, a já conhecida seção
"PARA GUARDAR", onde são feitas breves considerações sobre a matéria
tratada, com vistas a facilitar uma futura revisão do conteúdo.
O curso está atualizado, incluindo recentes manifestações jurisprudenciais
dos nossos tribunais superiores, sempre presentes em questões de
concursos.
As aulas conterão a explanação da matéria, mais ou menos da mesma
forma que fazemos em sala de aula, para que o aluno se sinta como se
estivesse ouvindo o professor falar.
Durante a semana, estará disponível um fórum onde serão respondidas as
perguntas relativas à última aula.

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Matricule-se e participe. Faça sua parte. Estude a matéria dada e rumo ao
sucesso!!
Na aula demonstrativa que disponibilizamos aqui vamos tratar de conceitos
básicos de direito penal. Repito, essa é apenas parte da nossa primeira
aula... aguardem!
Críticas e sugestões são sempre bem vindas.
Leandro@pontodosconcursos.com.br

ÍNDICE

Aula 1
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. PECULATO (art. 312)
2. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES (art.
313-A)
3. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE
INFORMAÇÕES (art. 313-B)
4. CONCUSSÃO (art. 316)
5. EXCESSO DE EXAÇÃO (art. 316, §§ 1° e 2°)
6. CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317)
7. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (art. 318)
8. PREVARICAÇÃO (art. 319)
9. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321)
10. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (art. 325)
11. CÓDIGO PENAL - arts. 312 a 337-D.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS


PÚBLICOS - LEI N° 8.137/1990
1. INTRODUÇÃO
2. DA RESPONSABILIDADE PENAL
3. DO CRIME DE EXTRAVIO DE DOCUMENTO
4. DO CRIME DE EXIGIR VANTAGEM
5. DO CRIME DE PATROCINAR INTERESSE PRIVADO
6. DA FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA
7. DA AÇÃO PENAL

Aula 2
REGIME DISCIPLINAR - LEI N° 8112/90
1 DEVERES
2 PROIBIÇÕES
3 ACUMULAÇÃO
3.1 SERVIDORES ATIVOS
3.2 SERVIDORES INATIVOS
3.3 CARGO EM COMISSÃO
4 RESPONSABILIDADES
5 PENALIDADES
5.1 ADVERTÊNCIA
5.2 SUSPENSÃO E MULTA
5.3 DEMISSÃO

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5.4 OUTRAS PENALIDADES
6 PRESCRIÇÃO

7 OUTROS EFEITOS DAS PENAS

Aula 3
PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - LEI N° 8.429/92
1 INTRODUÇÃO
2 ABRANGÊNCIA DA LEI
3 DEFINIÇÃO LEGAL DE AGENTE PÚBLICO
4 OBSERVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
5 RESSARCIMENTO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO
6 PERDIMENTO DOS BENS
7 INDISPONIBILIDADE DOS BENS
8 ALCANCE AOS SUCESSORES
9 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
9.1 DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPORTAM
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
9.2 DOS ATOS DE IMPROBIDADE QUE CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO
9.3 DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATENTAM CONTRA
OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
10 SANÇÕES DECORRENTES DA IMPROBIDADE
11 APLICABILIDADE DAS SANÇÕES
12 PRESCRIÇÃO DAS SANÇÕES

13 PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E PROCESSO JUDICIAL

Aula 4
PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL - LEI N° 9.784/99
1 INTRODUÇÃO
2 ABRANGÊNCIA
3 DEFINIÇÕES
4 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
5 CRITÉRIOS OBSERVADOS EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
6 DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
7 REQUERIMENTO
8 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
9 DIREITO DE TER VISTA DOS AUTOS
10 PRAZO PARA DECISÃO
11 OBSERVAÇÕES FINAIS
Aula 5
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO
PODER EXECUTIVO FEDERAL - DECRETO N° 1.171
1. DECRETO N° 1.171, DE 22/06/1994
1.1. INTRODUÇÃO
1.2. REGRAS DEONTOLÓGICAS
1.3. PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
1.4. VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
1.5. COMISSÕES DE ÉTICA
1.6. COMPOSIÇÃO DAS COMISSÕES DE ÉTICA
1.7. INCUMBÊNCIA DAS COMISSÕES DE ÉTICA
1.8. RITO DOS PROCEDIMENTOS DA COMISSÃO DE ÉTICA
1.9. COMISSÃO PERMANENTE DE PROCESSO DISCIPLINAR

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1.10. DECISÕES DA COMISSÃO DE ÉTICA
1.11. PENALIDADE APLICÁVEL PELA COMISSÃO DE ÉTICA
1.12. OBRIGAÇÃO DE FUNDAMENTAR O JULGAMENTO
1.13. DEFINIÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO
2. SISTEMA DE GESTÃO DA ÉTICA DO PODER EXECUTIVO FEDERAL
(Decreto n° 6.029/2007).
3. CONFLITO DE INTERESSES NO SERVIÇO PÚBLICO (Resolução n°
08/2003, da Comissão de Ética Pública da Presidência da República).

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


A parte especial do Código Penal, que contém os crimes em espécie, dedica
um título inteiro aos crimes contra a Administração Pública (Título XI). O
objeto do nosso edital engloba os Capítulos I, II e II-A. Ressalte-se que, por
questões práticas e visando aumentar a eficiência do nosso estudo, como já
foi dito, veremos detalhadamente aqueles que mais são cobrados em
concursos, apenas destacando os pontos principais no texto legal dos
demais. Essa técnica também será utilizada na aula relativa ao Código de
Ética e itens seguintes do edital.
Aqui, assim como na parte relativa à Ética, percebemos que as questões de
provas costumam focar sua atenção no texto legal, sem muitas incursões
por discussões doutrinárias, o que, em certo aspecto, facilita nosso estudo.
Mas isso é ruim pra aquele aluno preparado, pois acaba nivelando por
baixo. Assim, leia com bastante atenção os artigos cobrados, pois são
questões que não podem ser perdidas!
Antes, porém, alguns breves conceitos, importantes para se entender esta
parte da matéria.
Tipicidade é a perfeita correlação entre o fato concreto e a norma
penal abstrata. Há tipicidade quando o agente realiza todos os
componentes do tipo penal, descritos na norma. Compara-se o fato real
(pessoa assassinada) com a previsão legal (matar alguém).
A existência do tipo legal garante o indivíduo contra a arbitrariedade
estatal, que somente poderá punir de acordo com aquilo previamente
inserto na norma como crime, dentro de todas as características
esmiuçadas pela lei.
Tipo é a descrição de condutas humanas, em abstrato, tidas por
criminosas. Nessa descrição, estarão os elementos para bem delinear tal
conduta.
Se o fato observado na vida real se amoldar perfeitamente à roupagem
dada pelo tipo, há a tipicidade.
Os crimes previstos neste Título são chamados de crimes próprios, ou
seja, são os praticados só por certas pessoas, pois exigem uma qualificação
ou condição especial. Tal condição pode ser natural (homem, gestante), de
parentesco (pai, filho), jurídica (funcionário público, acionista), profissional
(médico, advogado).
Assim, o crime de peculato (art.312) só pode ser cometido por funcionário
público; o crime de patrocínio infiel (art. 355), só pelo advogado; o de

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infanticídio (art. 123), só pela mãe gestante; o de estupro, na redação
antiga, só pelo homem (art. 2131).
Especificamente os crimes praticados por funcionário público são chamados
de funcionais, subdividindo-se em próprios e impróprios.
São funcionais próprios aqueles que somente podem ser praticados por
servidores, como a prevaricação e a advocacia administrativa. A mesma
conduta praticada por um particular é atípica.
Por sua vez, são funcionais impróprios os que podem ser praticados por
qualquer pessoa, contudo, se o sujeito ativo é um funcionário público,
haverá uma especializante. Nesse sentido, por exemplo, apropriar-se de
bem móvel tanto pode configurar o delito de apropriação indébita (art. 168)
quanto peculato (art. 312). O que vai diferenciar um do outro é o sujeito
ativo.
Em resumo, será funcional próprio quando apenas servidores puderem
praticar o tipo penal. Se o agente é um particular, a conduta será atípica.
Será funcional impróprio quando qualquer pessoa puder praticar a
conduta descrita no tipo, classificando-se como crime comum ou funcional,
a depender de quem agiu.
Sujeito ativo: é aquele que pratica a conduta prevista na lei como tal, ou
seja, o que age de acordo com o tipo penal ou que colabora para tal,
chamado partícipe.
No nosso caso específico, então, fica claro que só podem ser praticados por
funcionário público. Porém, em certas situações o particular também pode
ser condenado por algum desses crimes, quando, por exemplo, atua como
co-autor com um funcionário público, sabendo dessa condição de seu
comparsa. Diz-se, então, que ser "funcionário" é elementar do tipo, e que
tal se comunica ao particular, em caso de concurso, nos termos do art. 302
do Código Penal - CP.
Elementar é a parcela essencial que caracteriza o tipo penal, sem a qual
ele não existe ou se transforma noutro tipo. As elementares do homicídio
são "matar" e "alguém". Por exemplo, se não tiver a elementar "alguém",
ou seja, atirar num animal, não se configura o homicídio. De furto, são
elementares "subtrair", "para si ou para outrem", "coisa alheia" e "móvel".
Se faltar a elementar "coisa alheia", ou qualquer outra, não existe furto.
PROCESSO PENAL. PENAL. PECULATO. ART. 312 CP C/C ART. 29 E
71 DO CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE E AUTORIA
DEMONSTRADAS. JUSTIÇA FEDERAL. COMPETÊNCIA.
CIRCUNSTÂNICAS ELEMENTARES COMUNICAM. ART. 30 CÓDIGO
PENAL. 1. O empregado da Empresa Brasileira de Correios e

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Com a nova redação do art. 213, dada pela Lei n° 12.015, de 07/08/2009, o legislador
passou a incluir, no art. 213, tanto o estupro na forma antes conhecida, quanto o atentado
violento ao pudor, tendo sido revogado o art. 214. O texto atual é o seguinte: Estupro. Art.
213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis)
a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima
é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12
(doze) anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)
anos.
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Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

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Telégrafos, carteiro, que, nessa qualidade, pratica crime contra o
patrimônio de usuários da empresa, causa prejuízo não só à
imagem da empresa prestadora de serviço público, como ao seu
patrimônio, em face de indenização a que está obrigado a pagar.
2. A qualidade de funcionário público é elementar do tipo do art.
312 do Código Penal e comunica-se ao particular, conhecedor
dessa condição pessoal, partícipe, pois, do peculato, nos termos
do art. 30 do Código Penal.3
O fato de ser funcionário público, como se viu, é elementar dos tipos penais
aqui estudados. Nesse sentido, para que nasça o crime funcional,
necessário que haja a presença de um funcionário público, nessa condição.
O fato de ser agente público não pode, ao mesmo tempo, fixar o tipo penal
e agravar a pena, por implicar em dupla punição pelo menos fato ("ne bis in
idem"). Noutras palavras, não poderia, por um só fato (ser funcionário
público) tipificar a conduta como crime funcional e, ao mesmo tempo,
agravar a pena, se houver tal previsão legal.
Exemplifique-se com o aborto provocado por terceiro (CP, art. 126). Para
haver tal crime, necessária a existência de uma mulher grávida, elementar
do crime. Se a condição de grávida já foi necessária para a adequada
tipificação, não poderá incidir a agravante prevista no art. 61, II, h, do CP,
que prevê pena maior para aquele que pratica crime contra mulher grávida.
Por outro lado, se a condição de servidor não for elementar do crime, e
houver previsão legal, pode haver agravamento na pena, como no caso dos
crimes do Código de Defesa do Consumidor, cujo art. 76 assim dispõe:

Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados


neste código:...

IV - quando cometidos:...

a) por servidor público...

Em resumo, ser funcionário público é essencial para a caracterização dos


crimes funcionais. No entanto, essa condição pessoal do agente pode gerar
outras conseqüências, a depender do caso concreto e de previsão legal, em
crimes que não sejam funcionais.
Circunstância é a parte acessória, que não tem presença obrigatória para
configurar o tipo, mas altera de alguma forma a sanção penal. Com a
presença de uma circunstância, a pena aumenta ou reduz; na sua falta, o
crime continua existindo, mas sem esse acessório. Podem ser objetivas
(de caráter material) como tempo, modo, lugar, meio de execução; são
relativas ao fato. Como exemplo pode-se citar a circunstância temporal do
crime de furto praticado durante o repouso noturno, o que faz com que a
pena aumente de um terço (art. 155, § 1°). Se praticado durante o dia,
continua sendo furto. Também podem ser subjetivas (de caráter pessoal),
como parentesco com a vítima, reincidência, ação sob violenta emoção etc;
são relativas ao autor.

3
TRF1, ACR 2002.34.00.011891-8/DF, relator Desembargador Federal Tourinho Neto,
publicação DJ 05/05/2006.

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Circunstância elementar: não são essenciais para a existência do crime,
mas alteram os limites da pena, cominando novos valores mínimos e
máximos. São ditas também qualificadoras. Exemplifica-se com o furto
qualificado (art. 155, § 4°), com nova previsão de penas (reclusão, de dois
a oito anos, e multa). Assim, a circunstância elementar do art. 155, § 4°, I,
é furto "com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa".
Sem ela, é furto simples, com outros limites de penas (reclusão, de um a
quatro anos, e multa).
Portanto, as circunstâncias pessoais se comunicam ao co-autor ou partícipe
somente quando elementares do crime.
Então, as elementares sempre se comunicam ao co-autor, é dizer, ambos
responderão por elas, desde que sejam conhecidas.
No caso do crime tipificado no art. 312, peculato, visto a seguir, estará
configurado quando praticado por funcionário público. Se dois agentes, em
concurso, apropriam-se de um bem público e um deles é funcionário
público, ambos responderão por peculato, ainda que o outro não seja, pois
essa elementar se comunica ao outro. Porém, se este não sabia da condição
de funcionário público do comparsa, responderá por furto ou apropriação
indébita.
Complementando, sujeito passivo é o titular do bem jurídico que é
protegido pela norma penal, e aqui será sempre o Estado. Eventualmente
poderá ser o particular, quando este for o proprietário ou possuidor do bem
lesado, ou quando sofrer qualquer prejuízo indevido.
Veremos também que alguns dos tipos específicos deste Título se
assemelham muito com outros crimes comuns, mas aqui terão penas
maiores. Isso se justifica em face do fato de o criminoso ser um agente que
conta com a confiança da Administração Pública, e a viola.
Assim, para exemplificar, veremos que o peculato é muito semelhante com
a apropriação indébita. Então o primeiro é uma espécie de "apropriação
indébita", cometido pelo servidor. Como se aproveita de sua condição de
funcionário, tendo acesso à repartição, chaves da sala, conhecimento do
local etc, o legislador concluiu que sua conduta é mais reprovável que a
subtração do mesmo bem por um particular que nada tenha com a
repartição.
Outra regra do Código Penal relativa aos crimes contra a administração
pública refere-se à progressão de regime.
Progressão de regime é a passagem de um regime para outro menos
rigoroso, progressivamente, ou seja, se inicia no fechado, deve passar para
o semi-aberto e, só após essa fase, passar para o aberto, segundo o mérito
do condenado, observados os critérios legais, e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso.
Se a condenação foi por crime contra a administração pública, terá a
progressão de regime condicionada à reparação do dano que causou ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (CP, art.
33, § 4°)4.

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Redação dada pela Lei no 10.763/2003.

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Vistas essas considerações iniciais, a seguir estudaremos um dos tipos
penais, qual seja, a advocacia administrativa.

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321)

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado


perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
funcionário:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.
Como sabemos, as condutas dos servidores públicos deve ser pautada no
princípio da impessoalidade, entre outros, visando atingir sempre o
interesse público.
Quando esse agente atua buscando interesse privado, seja ele legítimo ou
não, age com irregularidade perante a Administração.
Assim, foi tipificada a conduta de patrocinar interesse privado perante o
Poder Público, valendo-se da qualidade de funcionário público.
Patrocinar é advogar, facilitar, pedir. É a conduta do servidor que promove
a defesa de particular perante a Administração, acompanha um processo
administrativo, conversa com outro servidor que decidirá processo de seu
interesse etc, tudo com a intenção de defender causa privada.
É dito direto quando pessoalmente age em favor de interesse particular, e
indireto quando lança mão de terceira pessoa, escondendo o verdadeiro
agente.
A legislação esparsa também trata do tema em situações peculiares, como
nos casos de crime contra a ordem tributária (também objeto do edital para
AFT), licitações ou servidores públicos (idem para AFT). Veja a seguir
algumas dessas diversas leis:
Lei n° 8.137/90, art. 3°, III: Art. 3° Constitui crime funcional
contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n°
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI,
Capítulo I): (...) III - patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se
da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a
4 (quatro) anos, e multa.
Lei n° 8.666/93, art. 91: Patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a Administração, dando causa à
instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja
invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena -
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Lei n° 8.112/90, art. 117, XI: Ao servidor é proibido: (...) XI -
atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou

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companheiro. Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes
casos: (...) XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Note que, no caso dos servidores federais, há uma exceção. Diz o estatuto
que, como regra, ao servidor é proibido atuar, como procurador ou
intermediário, junto a repartições públicas. Faz uma ressalva quando se
tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro. A penalidade administrativa
prevista para o caso é de demissão.
O interesse defendido tanto pode ser, como já dito, lícito ou não. No
entanto, se o interesse é ilegítimo, tem-se a forma qualificada, agravando-
se a pena abstrata para detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da
multa (art. 321, parágrafo único, CP).
Para que se consuma o crime basta o primeiro ato de patrocínio, ainda que
não alcance o resultado esperado, cuja realização configura exaurimento do
crime. Admite-se a tentativa.
CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, PRATICADO POR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO. ARTIGO 321 DO CÓDIGO PENAL.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA. ELEMENTO MATERIAL DO TIPO.
PATROCÍNIO DE INTERESSE PRIVADO PERANTE A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
INDAGAÇÃO. CONFIGURAÇÃO DO TIPO PENAL. HIERARQUIA.
AUSÊNCIA. PERCEPÇÃO DE VANTAGEM. (...) Incorre no crime de
advocacia administrativa o funcionário público que age perante a
repartição pública, mediante comportamento impróprio, não
condizente com o dever de imparcialidade e moralidade imposto
ao servidor. O elemento material do tipo consiste em patrocinar,
que significa advogar, facilitar, proteger, favorecer interesses de
terceiros, e no qual enquadra-se também o verbo indagar.
Transgredida a administração pública em seus aspectos material e
moral, o réu pratica o crime de advocacia administrativa,
consistindo a indagação, verdadeiramente, em advogar, pedir, em
favor de interesse privado alheio. Inteligência do artigo 321 do
Código Penal. Ausência de conduta delitiva que somente se
reconhece quando o réu é detentor de poder hierárquico sobre o
outro funcionário. Inexigência para o cometimento do crime da
prática do ato dentro da esfera de competência do funcionário
público. Desnecessidade de percepção de vantagem por parte de
terceiros, uma vez que a lei não reclama esse intuito.5
CRIME PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO. CRIME DE
CORRUPÇÃO PASSIVA. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS
COMPROVADAS. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA: ATO
DE OFÍCIO NÃO COMPREENDIDO ENTRE AS ATRIBUIÇÕES DO
FUNCIONÁRIO: IRRELEVÂNCIA NA CARACTERIZAÇÃO DA
CORRUPÇÃO IMPRÓPRIA: DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA O
DE ADVOCACIA ADMINISTRATIVA: IMPOSSIBILIDADE. OBTENÇÃO
DE VANTAGEM INDEVIDA EM RAZÃO DA FUNÇÃO. CONDENAÇÃO
MANTIDA. APELO IMPROVIDO. (...) V - Comprovadas nos autos a

5
TRF3, ACR 2000.71.03.000567-3/SP, relatora Juíza Therezinha Cazerta, publicação DJ
02/07/2003.

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materialidade e autoria do crime de corrupção passiva, pelo qual o
apelante foi condenado. Negativa de autoria isolada, em confronto
com prova testemunhal da acusação. VI - O crime de corrupção
passiva caracteriza-se como a utilização de cargo público a fim de
obter vantagem indevida, bastando que esta obtenção seja
possível ao funcionário em troca de uma conduta que esteja
incluída nos poderes que seu cargo lhe confere. VII - Inviável a
desclassificação do crime de corrupção passiva para o de
advocacia administrativa. A distinção entre ambos está na
utilização do cargo para obtenção da vantagem, e não na prática
ou não de atos de ofício.6
ART. 321, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP. ADVOCACIA
ADMINISTRATIVA. CRIME FORMAL. DOLO GENÉRICO. O delito
capitulado no art. 321 do CP é formal e consuma-se com o
simples ato de interferir em favor de particular, não se exige que
o agente obtenha qualquer tipo de vantagem, porquanto o que a
norma visa resguardar é o bom funcionamento, a transparência, a
moralidade da administração pública. - O dolo, no delito em
questão, é genérico, bastando a vontade de praticar a conduta
descrita no caput.7

PARA GUARDAR

• ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
• Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
• Se o interesse é ilegítimo, a pena em abstrato é maior.
• Patrocinar é advogar, facilitar, pedir.
• O interesse defendido tanto pode ser lícito ou não. No entanto, se o
interesse é ilegítimo, tem-se a forma qualificada, agravando-se a pena
abstrata.
• Para que se consuma o crime basta o primeiro ato de patrocínio,
ainda que não alcance o resultado esperado. Admite-se a tentativa.

A seguir, um exemplo de exercício cobrado em concurso recente. Saliento


uma vez mais que são poucas as questões da ESAF cobrando estes
itens finais do edital. Assim, optamos por acrescentar exercícios de
outras bancas, de forma a aumentar suas possibilidades de treino.
Veja:

1 - (ESAF/ANA/2009) Um servidor público foi procurado por um cidadão que


pretendia viabilizar um direito legítimo perante a repartição pública na

6
TRF3, ACR 1999.03.99.015539-5/SP, relator Juiz Souza Ribeiro, publicação DJ 22/07/2002.
7
TRF4, ACR 1999.61.02.015038-3/SP, relator Desembargador Federal Otávio Roberto
Pamplona, publicação DJ 18/02/2004.

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ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
qual ele (servidor) trabalhava. O assunto não se inseria na sua esfera de
atribuições mas, mesmo assim, ele se prontificou a ajudar o cidadão,
mediante uma remuneração pelo trabalho extra que faria. Feito o acordo
entre os dois, o servidor redigiu um requerimento, nos devidos termos, o
qual foi assinado e protocolizado pelo interessado. Valendo-se do
conhecimento que tinha entre seus colegas de trabalho, o servidor
cuidou para que o direito postulado fosse reconhecido e deferido o mais
breve possível. Neste caso, esse servidor:

a) cometeu o crime de corrupção passiva.


b) cometeu o crime de prevaricação.
c) cometeu o crime de advocacia administrativa.
d) cometeu o crime de concussão.
e) não cometeu crime algum.

2 - (ESAF/PMRJ/Fiscal/2010) Um cidadão solicitou a um servidor público


que redigisse um requerimento em seu nome (nome do cidadão) postulando
certo benefício que ele (cidadão) entendia ter direito. Prometeu-lhe pagar
certa quantia em dinheiro caso a postulação fosse atendida. O assunto não
se inseria na esfera de atribuições do servidor, mas, mesmo assim, ele se
prontificou a atender à solicitação. Feito o acordo entre os dois, o servidor
redigiu um requerimento, nos devidos termos, o qual foi assinado e
protocolizado pelo interessado. Valendo-se do conhecimento que tinha com
o responsável por decidir o requerimento, o servidor cuidou para que o
direito postulado fosse reconhecido e deferido o mais breve possível. Neste
caso, esse servidor:
a) cometeu o crime de corrupção passiva.
b) cometeu o crime de advocacia administrativa.
c) cometeu o crime de prevaricação.
d) cometeu o crime de corrupção ativa.
e) não cometeu crime algum.

Gabarito

1 - C - CP, art. 321.


2 - B - Na situação posta, o servidor cometeu o crime de advocacia
administrativa, pois patrocinou interesse privado perante a administração
pública (cuidou para que o direito postulado fosse reconhecido e deferido o
mais breve possível), valendo-se da qualidade de funcionário, já que se
aproveitou do conhecimento que tinha com o responsável por decidir o
requerimento (CP, art. 321).

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