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O reviramento do sujeito e da cultura em Hélio Oiticica


Tania Rivera
Refletindo sobre o neoconcretismo e suas derivações, especialmente na obra de
Hélio Oiticica, o artigo pretende ir além do slogan “participação do espectador”
para mostrar que se trata fundamentalmente de pôr em primeiro plano o sujeito,
problematizando radicalmente sua posição, bem como a do objeto. Entre ambos
Oiticica realiza uma torção capaz de engatar uma sofisticada releitura da relação
entre indivíduo e cultura.
Neoconcretismo, participação, sujeito, objeto.

O que é preciso é que o mundo seja Guy Brett apontava como um clichê vazio,
um mundo do homem compreendendo muitas vezes frias e mecâ-
e não um mundo do mundo. nicas proposições.3 O trabalho de Hélio, as-
sim como o de Lygia, é muito mais radical
Hélio Oiticica em sua proposta do que a mera concessão
Segundo Oiticica em texto de 1966, haveria de algum papel ativo ao espectador. Nesse
no campo da produção artística “uma tal li- ponto, é muito claro o estreito diálogo em
berdade de meios, que o próprio ato de não que eles se desenvolvem: não pode mais
criar já conta como uma manifestação cria- haver de um lado criação e, de outro, fruição
dora”.1 Não criar seria, paradoxalmente, uma da obra. Não se trata de convidar o espec-
criação. Como no pensamento mudo a que tador a alguma ação diante de uma obra,
se dedica Lygia Clark em 1973, criar pode mantendo inquestionáveis seu estatuto e os
reduzir-se a pensar. E o próprio pensamen- lugares de seu criador e de seu receptor.
to, em lugar de criar conceitos ou proposi- Trata-se de pôr em primeiro plano o sujei-
ções, parece tender a reduzir-se a um sim- to: um viver que não é individual, mas seria
ples ato – agudo tanto quanto imóvel, sem o acontecimento humano por excelência,
ação: nada além de um certo posicionamento podendo se dar entre pessoas, no campo
do sujeito. Pensamento mudo era, segundo da arte como da vida. Lygia e Hélio realizam
Lygia, “o simples viver sem fazer qualquer assim uma verdadeira torção entre sujeito e
proposição, era o reaprender, ou por outro objeto, de modo a pôr em crise o objeto de
lado, havia, através das outras proposições, arte e o sujeito da arte e fazê-los transfor-
reaprendido a viver e estava me expressan- marem-se mutuamente. Na obra de Oiticica,
do através da vida!”. 2 Há aí um que privilegiaremos neste ensaio, vai de par
com essa operação, como veremos, uma
Hélio Oiticica
P30 Parangolé capa 23 posicionamento do sujeito que não é mais
“m’way ke”, 1965-1972, do que o viver – implicando, porém, um sofisticada releitura da relação entre indiví-
vestida por Luiz
certo reaprender, algum vago mas fundamen- duo e sociedade, sujeito e cultura.
tal reviramento.
Fernando Guimarães
Fotos Hélio Oiticica “Nas minhas proposições”, escrevia Hélio em
Fonte: Figueiredo, Luciano Isso deveria bastar para, a respeito do 1967, “procuro ‘abrir’ o participador para ele
neoconcretismo, irmos além do slogan de mesmo – há um processo de ‘dilatamento’
(org.). Hélio Oiticica. A Pintura
depois do Quadro. Rio de
Janeiro: Silvia Roesler, 2008
“participação do espectador” que já em 1969 interior, um mergulhar em si mesmo neces-

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sário a tal descoberta do processo criador”.4 concretismo e suas derivações. Em “Arte,
A criação é um processo bem mais amplo necessidade vital”, de 1947, Pedrosa já subli-
do que o momento do surgimento de uma nhava o impacto da descoberta do inconsci-
proposição por parte do artista. O “proces- ente sobre as preocupações estéticas que
so criador” é a própria arte, fazendo-se no fomentam a arte moderna, ao lado do reco-
participador e implicando uma espécie de nhecimento da arte dos povos ditos “primi-
recriação de si mesmo. tivos”. A “ordem poética”, na expressão do
crítico, teria podido enfim libertar-se dos
Se o artista “mergulha de maneira inesperada restos de “intelectualismo abstrato” que an-
num subjetivo renovado”, como escreve tes a guiavam numa direção prevalentemente
Oiticica no texto apresentado no seminário acadêmica, para manifestar-se numa espécie
Propostas 66,5 é, portanto, porque o “subje- de “senha emotiva” que abre as portas para
tivo” é colocado no centro de suas reflexões, a arte do século 20. A arte moderna se apo-
devendo porém ser revisto e transformado deraria então das produções humanas acu-
por uma proposta estética revolucionária. muladas no domínio da “expressão desinte-
ressada”, entre as quais se deve arrolar, ao
A reflexão tecida por Mário Pedrosa sobre
lado da arte “primitiva”, a arte naïf, das crian-
a questão da expressão, desde o final dos
ças e dos loucos.6
anos 40, fornece uma base fundamental ao
campo ampliado de discussão no qual se Tal “expressão desinteressada”, Pedrosa bus-
gesta e desenvolve a releitura carioca do ca caracterizá-la por fórmulas como a do

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psicólogo Henri Vallon: “só quando os cria- seria uma “contrapartida ao movimento ex-
dores se libertam de uma individualidade pressivo”.11 A loucura não interessa a Pedrosa
refratária a qualquer combinação nova é que como potência expressiva desenfreada e
se tornam capazes de contribuir a uma in- prova do impulso poético para além da tra-
tuição nova”.7 Há que se libertar da individu- dição, como para algumas das vanguardas do
alidade para dar origem à poesia, à arte como início do século 20. Não se trata, em sua
necessidade vital do homem. A expressão concepção, de considerar o inconsciente
deve ser “desinteressada”, no sentido de que como fonte direta da beleza convulsiva de-
ela se destaca do criador em sua individuali- fendida pelos surrealistas. Trata-se de encon-
dade, para alcançar outro estrato do huma- trar, no dia a dia com os pacientes psiquiá-
no, o de uma ordem poética universal. tricos do ateliê de Nise da Silveira, uma au-
têntica presença do sujeito indo de par com
A partir do terreno assim preparado por uma “antidestreza”, um elemento “anti-ins-
Pedrosa, o renovado “subjetivo” a que se tintivo”, um fator construtivo, poderíamos
refere Hélio Oiticica se delineia, no campo talvez dizer.
da reflexão neoconcretista na passagem para
os anos 60, em uma demarcação em rela- Rafael era capaz de traçar, em segundos,
ção ao expressionismo abstrato e ao belíssimos desenhos que teriam sido consi-
tachismo, tão em voga na época. Em crítica derados por André Breton superiores aos de
no Jornal do Brasil em 1959, Pedrosa vê no Matisse, e para Pedrosa se fariam sem “con-
tachismo a dominância do plano da “expres- trole consciente ou intelectual”. O crítico des-
são direta”, no qual “o pintor mescla suas creve, fascinado, Rafael deixando subitamen-
afeições e sentimentos pessoais, seus dese- te seus companheiros de brincadeira para
jos e faniquitos mais explícitos, ao ato de
realizar, de modo que a obra resultante é concentrar-se, em relâmpago de tem-
apenas uma projeção afetiva dele”.8 O artis- po, em si mesmo, ou sorrindo misteri-
ta se deteria aí num primeiro processo da oso e alegre, não sei para quem, num
criação, sem alcançar o estádio da “simplifi- jogo maravilhoso e autêntico, no curso
cação e cristalização da expressão”.9 Apre- do qual passava por vezes, pelas cos-
sentando o menor grau possível de “distân- tas, o lápis ou pincel de uma mão para
cia psíquica”, as obras tachistas teriam para outra, e com o mesmo movimento
Pedrosa valor de mero “documento huma- deixava o outro braço, agora armado,
no”. Não chegariam à “distância psíquica correr livremente pelo painel, conclu-
ideal” alcançada pelo abstracionismo, no qual são de um gesto que vinha de longe.
teríamos, “de um lado, o artista individual Nesse momento, sim, tudo era jogo,
em todo o livre desabrochar de sua perso- expressão, autenticidade.12
nalidade” e, de outro, “a obra falando sozi-
É justo na loucura, nessa condição extrema
nha uma linguagem própria e, sem apelo di-
do humano, mais intensamente sujeita à
reto a sentimentalidades, a prazeres e su-
despersonalização, ao desmantelamento do
gestões externas, a angústias ou neuroses
eu, que o crítico vê a possibilidade de uma
da vida privada do seu criador”.10
expressão autêntica – autêntica na medida
Já no trabalho criador de Rafael, o grande em que não confirma a “vida privada”, o eu
desenhista louco do Engenho de Dentro, do artista, mas se desinteressa dele para dar
haveria uma “força plasmadora”, como diz testemunho de uma entrega a outrem, de
Pedrosa citando os termos de Klages, que um sorriso que não se sabe para quem, da

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tomada de um gesto vindo “de longe”. Um um sujeito e um objeto”,16 Oiticica propõe
ato fundamental seria aí retomado, de modo que “a contradição sujeito-objeto assume
a negar o indivíduo como seu criador, para outra posição nas relações entre o homem
alcançar nele um outro. Esse jogo negaria o e a obra”. E prossegue:
eu, para fazer-se humano em uma condição
mais essencial do que aquela individual. Para essa relação tende a superar o diálogo
fazer-se, talvez, arte. contemplativo entre o espectador e a
obra, diálogo em que ela se constituía
Em 1959 começou a transição de Oiticica numa dualidade: o espectador buscava
do quadro para o espaço. Ele parte de uma na ‘forma ideal’, fora de si, o que lhe
depuração da cor que já implicaria uma “to- emprestasse coerência interior, pela sua
mada de consciência do espaço como ele- própria ‘idealidade’. A forma era então
mento ativo, insinuando-se, aí, o conceito de buscada e burilada numa ânsia de en-
tempo”.13 Em suas Invenções, quadrados de contrar o eterno, infinito e imóvel, no
cor única, de 30cm de lado, que aderem à mundo dos fenômenos, finito e cambi-
parede, a cor pulsaria graças a uma ante. O espectador situava-se então
estruturação vertical, de superposição. A num ponto estático de receptividade,
partir daí a cor poderá então, num formidá- para poder iniciar o estabelecimento de
vel salto, tornar-se ato: “A cor expressa aqui um diálogo (...).17
o ato único, a duração que pulsa nas extre-
midades do quadro, que por sua vez se fe- Por uma “acentuação da dualidade sujeito-
cha em si mesmo e se recusa a pertencer ao objeto”, se lograria até então uma espécie
muro ou a se transformar em relevo”. As- de resolução pela alternância entre um e
sim Hélio descobre “a técnica que se trans- outro. O que busca Oiticica é ir além de tal
forma em expressão, a integração das duas, alternância, em prol de uma verdadeira sín-
o que será importante futuramente”.14 A téc- tese dialética entre sujeito e objeto, através
nica pode ser, ela própria, expressão – ou de uma noção de forma que inclui o espec-
melhor, uma certa transformação faz, da téc- tador e, portanto, se transforma, se nos per-
nica, expressão. A cor torna-se então cor- mitirmos o trocadilho, distanciando-se de sua
po-cor, cor-ato, numa passagem que traz, concepção tradicional. Expressões como
implícita no corpo e no ato, uma convoca- “corpo-cor” surgem nesse hibridismo em que
ção do sujeito que permitirá a sua obra to- num mesmo espírito de “construção” se faz
dos os seus posteriores desenvolvimentos. uma busca técnica e expressiva, uma busca
da cor e da forma se inscrevendo no espaço
Segundo Oiticica, há um espírito de cons- e no tempo – de modo que não vem apenas
trução na arte que culmina em um conceito em um momento posterior buscar a partici-
de forma que não é mais, na arte moderna, pação do espectador, mas só se concreta
aquele ligado a uma “concepção analítica do como forma expressiva nessa participação.
espaço, do tempo e da estrutura”.15 Trata-
se então da tentativa de efetuar propostas Na forma expressiva – ou, se quisermos usar
de síntese entre estrutura, espaço e tempo, o termo muitas vezes usado por Hélio em
o que implica fundamental reexame da rela- seus escritos mais precoces, na estrutura –
ção entre sujeito e objeto. Ecoando a afir- em um jogo entre estruturas materiais, nas-
mação de Malevitch de que “toda obra de ce o sujeito. A cor nomeia isso que vai além
arte, todo quadro (...) deve ser considerado da forma e do material para tornar-se cor-
resultado da solução de um conflito entre po-cor, ou seja, uma arquitetura sutil na qual

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somos convidados a nos fazer presentes de lhe seria intrínseca, como uma leitura apres-
um modo singular, que vai além da tradicio- sada poderia levar a crer. Trata-se de colocá-
nal contemplação que nos assegurava um lo em movimento no espaço, em pulsação
“ponto estático” diante de um objeto igual- com a cor, em gestos se desenrolando tem-
mente estático. O Núcleo, estrutura de pla- poralmente. Trata-se de assumi-lo como ins-
cas de cor no espaço, nega ao espectador tável diante de um trabalho rigorosamente
uma “visão estática da obra”;18 é impossível concebido em sua instabilidade e precarie-
vê-lo de um só ponto; ele distende o espa- dade. E então convidá-lo a uma mutação
ço e o tempo obrigando-nos a girar a sua profunda. Nada mais distante desse homem
volta, a penetrar seu campo de ação. Tem- indeterminado do trabalho de Oiticica do
se então uma “visão instável” ou “cíclica”. Em que as ações de afirmação da subjetividade
alguns Núcleos, assim como em trabalhos que marcam boa parte da variada cena dos
posteriores, como os Penetráveis, o espec- happenings americanos que surgiam mais ou
tador deve movimentar e mudar a posição menos no mesmo momento.
das placas, efetivando-se como participador
da obra em uma visão que chegará a ser Em carta a Haroldo de Campos, Hélio fala
“global” ou “esférica”. Trata-se, para Hélio, de sua Rodislândia, na University of Rhode
de “movimentar virtualmente a cor”, Island, em 1971, contando que os estudan-
dinamizá-la no espaço e no tempo. O sujei- tes teriam construído nos compartimentos
to é cor, num mesmo movimento, em um formados por delicadas estruturas de telas
gesto, em um ato efêmero em que algo pode de náilon “verdadeiras moradias-lazer tem-
se dar: uma “realização existencial no mais porárias”, um deles tendo chegado a aí plan-
elevado sentido da palavra”.19 Daí toma seu tar trepadeiras. Ele prossegue:
mais profundo sentido o uso dos termos Tive o cuidado de advertir, durante uma
construtivismo e construtor: trata-se nada palestra que fiz (com slides, etc.), que
mais, nada menos do que da “construção não interessariam experiências de
do mundo do homem”.20 Da cor, da busca catarse: jogar tintas, pedras, etc., o que
da “dimensão infinita da cor” que se inter- nada tem a ver com isso (e que pare-
-relaciona com a estrutura, o espaço e o tem- cem ser a moda aqui): são super natu-
po, chegamos a movimentos da cor, “um ralistas e repetitivas no mau sentido:
subir e descer de intensidade, um vai e vem mas já plantar algo, que cresce, etc.,
de movimento”, que não interessa pelo seu refere-se a outro nível de considera-
caráter de “pulsação ótica”, mas sim como ção, qualidade, etc., assim como absor-
“realização de aspirações indeterminadas que ver o environment em forma de abri-
só aí posso exprimir”.21 go casa-casaco, como envólucro estru-
Mário Pedrosa afirmava sobre os Penetráveis tural-afetivo.23
que ali “o sujeito se fechava em cor”.22 O
Não se trata de catarse, não se trata de ex-
sujeito se abria em cor, poderíamos dizer,
pressão sem peias, mas de outra forma de
uma vez que suas aspirações se fazem apre-
convidar o sujeito a se apresentar. Rodis-
sentar pela cor, no espaço, incitando-o a
lândia é um convite a uma certa participa-
surgir efemeramente, poeticamente.
ção, a uma presença durante um certo tem-
Na participação proposta por Hélio, não se po, ou melhor: um convite a habitar um es-
trata de recolocar o homem no centro da paço e nele construir um lugar (ainda que
obra e confirmar uma expressividade que “temporário”). Essa participação tem, por-

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tanto, um rigor que Hélio diria “construtivo” cor. A cor torna-se corpo, o espaço é apelo
ou estrutural, mas que se conjuga de forma ao sujeito, bem ao gosto da fenomenologia
indissociável com o “afetivo”, como vemos de Merleau-Ponty, que tanto influenciou o
na curiosa expressão “estrutural-afetivo”. neoconcretismo. A obra seria capaz de
reacender a “experiência primeira – plena –
Não se trata de se confirmar como parte de do real”, como escreve Ferreira Gullar no
uma obra e pretender completá-la pela afir- “Manifesto Neoconcreto”, ressaltando que
mação de seu eu, mas, ao contrário, de acei- “a arte neoconcreta funda um novo ‘espaço’
tar transformar a si próprio graças a uma expressivo”.28 Mas o prosseguimento da obra
arquitetura, uma proposta. O eu se revira de Hélio força os limites da ideia merleau-
poeticamente no espaço, abrindo mão da pontiana de um despertar do sensorial para
expressão direta para tornar-se ele mesmo que se atinja o mundo pré-reflexivo no qual
forma sinuosa, forma indefinida. Forma. o sujeito se constituiria. A experiência pri-
Como já dizia Malevitch, “as sensações de meira talvez não seja plena, como acredita
sentar-se, permanecer de pé ou correr são Gullar, mas precária; o real talvez seja um
fundamentalmente plásticas”.24 tanto esfacelado. Mais do que reafirmar um
Falando sobre sua instalação Eden, realizada lugar para o corpo, a obra de Hélio agencia,
para a famosa exposição na Whitechapel principalmente, lugares que nos convocam
Gallery em 1969, Hélio afirma sua busca de a um deslocamento, a um desconhecimen-
uma “participação num sentido total, não to do campo onde estamos e à realização
apenas ‘manipulação’ que apele para os sen- de trajetórias múltiplas em um espaço
tidos em isolamento”.25 Seu “suprassensorial” labiríntico. Mais do que de um “novo espa-
implica que “o participador irá elaborar den- ço expressivo”, trata-se aí de uma pluralidade
tro de si mesmo” as sensações despertadas de espaços múltiplos, indeterminados. Que
pela obra, em uma espécie de “despertar”.26 lugar para o sujeito? Seus trabalhos “aber-
As sensações demandam elaboração, elas tos” e “cósmicos”, como os qualifica o pró-
não têm valor em si, como percepção, mas prio artista, franqueiam o campo de uma
são estopins para alguma ação do sujeito atuação imprevisível e singular por parte do
sobre ele mesmo. participador.

Lygia Clark afirmava que sua busca era a de


Tal “despertar” da arte é uma vivência do
“compor um espaço”. E que “a obra deve
sujeito no espaço: “o participante é retirado
exigir uma participação imediata do espec-
do campo habitual e deslocado para um
tador e ele, espectador, deve ser jogado
outro, desconhecido, que desperta suas re-
dentro dela”.29 Dentro dela: para aí ficar? Ou
giões sensoriais internas e dá-lhe consciên-
se movimentar, ambulante? Para se perder
cia de alguma região do seu ego, onde valo-
como em um labirinto, diria talvez Hélio.
res verdadeiros se afirmam”.27 Os ninhos,
alguns bólides e todos os penetráveis con- O espaço de Oiticica é espaço arquitetônico
formam, de fato, lugares onde devemos nos onde o corpo é convidado a entrar. Porém,
colocar, eventualmente em contato com em vez de visar a que ali o corpo se instale
materiais diversos, como areia, palha, água. placidamente, ele incita a um movimento do
Mais sutilmente, como vimos, já se tratava sujeito, em múltiplas trajetórias. Não basta a
do espaço desde a virada do final da década presença do corpo para que as “aspirações”
de 1950, na convocação do corpo pela pre- do sujeito se apresentem. Mas o sujeito do
sença da cor – a cor tornada corpo, corpo- inconsciente, como diz Jacques Lacan, “se

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engancha no corpo”.30 Uma convocação do Berenstein Jacques, é o que se encontra fre-
corpo pode portanto ser capaz, graças a uma quentemente no fundo do labirinto.33 Uma
proposição poética, de reengatar o sujeito lata d’água-espelho, talvez, na precariedade
em suas aspirações mais íntimas. Ele não se crítica tão cara a Hélio – que aparece em
deixará, porém, aprisionar em uma arquite- carta a Lygia em 1969: “agora não sinto ne-
tura fixa, mas surgirá, efêmero, entre os ele- cessidade de construir objetos mas uma lata
mentos que compõem o espaço, em per- cúbica vazia me deu vontade de colocar água
cursos múltiplos e fragmentados. nela e pronto: é para que se olhe aquela lata
com água, olhe-se como num espelho, o que
Em texto de 1961, Oiticica explicita sua con- já não é apropriação como antes mas o obje-
cepção de labirinto: to aberto essencial, que funcionará conforme
Quando realizo maquetas ou projetos o contexto e a participação de cada um.”34
de maquetas, labirintos por excelência, Se o labirinto contém um espelho, se a bus-
quero que a estrutura arquitetônica ca do espaço é busca de si mesmo,
recrie e incorpore o espaço real num desmaterializada como ato a se fazer no tem-
espaço virtual, estético, e num tempo, po, a lata d’água/espelho não reflete apenas
que é também estético. Seria a tentati- o eu, mas torna-se objeto aberto. O centro
va de dar ao espaço real um tempo, do labirinto é uma ilusão, estamos sempre
uma vivência estética, aproximando-se deambulando por suas margens. Nossa po-
assim do mágico, tal o seu caráter vital. sição é marginal, às margens de tudo como
O primeiro indício disso é o caráter de se quer Hélio em finais dos anos 60. E essa
labirinto, que tende a organificar o es- posição é uma verdadeira ética
paço de uma maneira abstrata, esface- (“MARGINetical”, como grafa Hélio35).
lando-o e dando-lhe um caráter novo,
de tensão interna.31 No limite, não há lugar possível, e o impor-
tante é deambular pelas margens, se deixar
O espaço não é a casa do corpo – talvez perder nos labirintos (sejam eles os
nem em Lygia Clark ele fosse propriamente penetráveis ou, eventualmente, a favela, o
corpo e casa, pois já se tratava aí, mais sutil- traçado urbanístico orgânico do morro da
mente, de uma nostalgia do corpo. O espa- Mangueira). Parar alguns instantes nas que-
ço é, em Oiticica, labirinto – não apenas em bradas. “Não ocupar um lugar específico, no
suas maquetas, mas já em seus ninhos e espaço ou no tempo”, como diz Hélio, “as-
penetráveis. Mesmo feito de recintos por sim como viver o prazer ou não saber a hora
vezes confortáveis, o espaço aí construído é da preguiça, é e pode ser a atividade a que
desconhecido e sem limites. Descontínuo, se entregue um ‘criador’”.36 Na preguiça, na
esfacelado, por vezes obscuro, mesmo quan- falta de atividade produtiva pode-se encon-
do espaço-cor, ele é tenso, “organificado”. trar a “verdade efetiva do homem”, como
Ele é a materialização da descoberta de dizia Malevich, capaz de liberá-lo da realida-
Merleau-Ponty de que “algo no espaço es- de física em prol da arte.37
capa a nossas tentativas de sobrevoo”. 32
Nada está fora dele, é impossível achar uma Acrescenta-se então à reflexão sobre o su-
saída, e talvez a busca seja a de seu centro, jeito, o objeto, a cor e o espaço uma preo-
sempre. Estamos sempre penetrando, mes- cupação ética levando a manifestações soci-
mo ao tentar dele escapar, talvez graças à ais. Seu sentido político é evidente, porém,
atração do espelho que, como lembra Paola pela liberdade que implicam, elas não po-

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deriam se alinhar a nenhuma ideologia, mas O parangolé é uma busca, uma “procura das
apenas, talvez, afirmar-se numa posição raízes da gênese objetiva da obra, a
anárquica. plasmação direta perceptiva da mesma”,42
nomeando portanto o ponto agudo da re-
O sujeito, em sua singularidade, é reafirma- flexão e proposta de Hélio ao longo de toda
do e buscado, mas não no âmbito do indiví- a sua obra. Ela mesma é uma palavra encon-
duo. Seu aparecimento é profundamente trada, apropriação da nomeação de um
coletivo e tem impacto social, realizando uma penetrável feito por outro e achado ao aca-
junção entre “social, psicológico e ético”.38 so, na rua. Muito mais do que nomear uma
Subversivo, ele é Crelazer: “lazer não repre- série de obras com características de capas,
sentativo, criativo” que não se deixa aprisio- tendas ou estandartes, para Hélio “parangolé
nar por valores burgueses, não se submete é a formulacão definitiva do que seja a
à mera diversão, mas busca liberar as “aspi- antiarte ambiental, justamente porque nes-
rações humanas” “da alienação de um mun- sas obras foi-me dada oportunidade, a ideia
do opressivo”.39 Ele visa à “proposição do de fundir cor, estruturas, sentido poético,
mito em nossas vidas, o cressonho consci- dança, palavra, fotografia (...)”.43 Formulação
ente de si mesmo”.40 global do poético para além do estatuto de
obra e do objeto, parangolé é um termo
Tal aparecimento do sujeito no social en- crítico por excelência: ele visa pôr em crise
contra sua maior expressão no termo a noção de arte, de obra, de sujeito e de
parangolé, sobre a origem do qual Hélio fala objeto. Ele põe em crise, inclusive, a sua pró-
em entrevista a Jorge Guinle Filho, em abril pria definição, desconfiando de formulações
de 1980, uma semana antes de sua morte. estéticas – e portanto de si mesmo: “Cha-
marei, então, parangolé, de agora em diante
Isso eu descobri na rua, essa palavra a todos os princípios definitivos formulados
mágica. Porque eu trabalhava no Mu- aqui, inclusive o da não formulação de con-
seu Nacional da Quinta, com meu pai, ceitos, que é o mais importante”.44
fazendo bibliografia. Um dia eu estava
indo de ônibus e na praça da Bandeira Apesar de seu provocativo caráter de não
havia um mendigo que fez assim uma formulação, de mero índice de experimen-
espécie de coisa mais linda do mundo: tação análogo à Merz de Schwitters, o
uma espécie de construção. No dia se- parangolé encontra uma definição, aquela de
guinte já havia desaparecido. Eram qua- “expressão idiomática, oriunda da gíria no
tro postes, estacas de madeira de uns Rio de Janeiro, que possui diferentes signifi-
2 metros de altura, que ele fez como cados: agitação súbita, animação, alegria e
se fossem vértices de retângulo no chão. situações inesperadas entre pessoas”.45 En-
Era um terreno baldio, com um matinho tre pessoas. O parangolé é, de saída e por
e tinha essa clareira que o cara estacou definição, coletivo. Porque ele ocupa um lu-
e botou as paredes feitas de fio de bar- gar entre eu e o outro, entre sujeito e obje-
bante de cima a baixo. Bem feitíssimo. to, entre sujeito e cultura. Esse lugar que é
E havia um pedaço de aniagem pregado fora de nós e no entanto se torna íntimo, ao
num desses barbantes, que dizia: “aqui nos convidar a nos retorcermos um pouco,
é...” e a única coisa que eu entendi, que a nos subvertermos como a fita de Moebius,
estava escrito era a palavra parangolé. objeto que anula a distinção entre dentro e
Aí eu disse: “É essa a palavra.41 fora, avesso e direito. Essa conhecida figura

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topológica já servira a Lygia Clark para seu volvidos surge um espaço privilegiado: “há
Caminhando (1963), e são versões dela vá- como que a ‘instituição’ e um ‘reconheci-
rias obras de Max Bill, como a Unidade mento’ de um espaço intercorporal criado
Tripartida (1948-1949) ganhadora do prê- pela obra ao ser desdobrado. A obra é feita
mio de escultura da I Bienal de São Paulo para este espaço, e nenhum sentido de to-
em 1951. A banda de Moebius reaparece talidade pode-se dela exigir (...)”.51 Efetua-se
como fita elástica unindo os pulsos de Hélio aí uma “transmutação espacial”, no desdo-
e Lygia nas conhecidas fotografias do Diálo- bramento vivencial de tal espaço
go de Mãos, de 1966, única obra realizada intercorporal. Ao vestir as capas, o corpo é
em parceria pelos dois artistas.46 convidado a se movimentar, retorcendo-se
em dança. Entre ele e aquele que vê, que
Algo acontece entre pessoas, graças a um está fora, algo acontece: há um jogo entre o
certo objeto que se propõe como olhar de quem veste e o olhar de quem as-
“transobjeto”, busca da própria “estrutura do siste, e tal jogo é capaz de estabelecer uma
objeto”47 como algo que nasce entre sujeito “participação coletiva”, nos termos de
e cultura. O objeto materializaria e atualiza- Oiticica. A fita de Moebius, que conforma
ria, portanto, um enganchamento fundamen- boa parte dos parangolés, apresenta uma
tal entre sujeito e cultura, que Freud já ca- operação no espaço capaz de anular a dis-
racterizava em 1929 como um “mal-estar”.48 tinção entre fora e dentro – não porque
Na cultura, está o sujeito – ele aí mal-está. ambos se uniram em uma conjugação sem
Reatualizando esse mal-estar, uma proposi- falhas, mas porque entre objeto e sujeito algo
ção artística poderia, então, transtornar um se passa, numa torção, desalojando-nos da
pouco, senão transformar, esse ponto agu- posição de senhores do espaço, do campo
do em que o sujeito é cultura. Ainda segun- visual e do objeto. Movimentando-os. A
do Hélio, referindo-se ao “participador” do transmutação do espaço que a topologia visa
parangolé: “Há como que uma violação do estudar corresponde, no uso da fita de
seu estar como indivíduo no mundo, dife- Moebius pelo artista, a uma proposta de
renciado e ao mesmo tempo ‘coletivo’, para trans-formação do sujeito com o outro, com
o de ‘participador’ como centro motor, nú- a cultura. Como objeto definido para ser
cleo (...). É esta a verdadeira metamorfose carregado numa certa movimentação do
que aí se verifica na inter-relação especta- corpo, o estandarte seria “por excelência um
dor/obra (ou participador/obra).”49 objeto ultraespacial”.52 O espaço é terreno
de subversão, de parangolé, radicalizando o
A participação torna-se, no parangolé, uma
pressuposto do neoconcretismo segundo o
“além-participação”, na expressão cunhada
qual, como afirmavam Ferreira Gullar, Oli-
por Hélio em entrevista a Walmir Ayala.
veira Bastos e Reynaldo Jardim já em 1957,
“Creio que já superei o ‘dar algo’ para parti-
“o mundo dos objetos, tornado significação,
cipar; estou além da ‘obra aberta’”, continua cultura, é já o sujeito”.53
ele, “prefiro o conceito de Rogério Duarte,
de probjeto, no qual o objeto não existe Essa palavra mágica, o parangolé, continua
como alvo participativo, mas o ‘processo’, a mais ou menos indefinível. Ela carrega em
‘possibilidade’ infinita no processo, a ‘propo- seus fonemas toda uma ginga, uma sonori-
sição’ individual em cada possibilidade”.50 dade que remete talvez à Africa, com um
Uma vez o objeto desmaterializado em prol certo rebuscamento irônico. Ela cairia bem
de projetos múltiplos, entre os sujeitos en- na boca de Macunaíma, talvez – pode ser

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que estivesse até em medida de substituir a 6 Pedrosa, M. Arte, necessidade vital. In Arantes, Otília (org.).
Forma e percepção estética. Textos Escolhidos 2. São
antropofagia. Ela indica que algo quase
Paulo: Edusp, 1996:44.
inominável se passa, entre as pessoas. Sim-
ples ou mirabolante, ínfimo ou extraordiná- 7 Apud Pedrosa, op. cit.: 48.
rio, algo acontece. O sujeito surge no outro, 8 Pedrosa, M. Da abstração à autoexpressão (1959). In Mun-
no objeto, na cultura, de forma imprevisível do, homem, arte em crise. São Paulo: Perspectiva,
1975:37.
e subversiva, transformadora. Algo pode se
dar então entre eu e outro, graças a esse 9 Id., ibid.: 36.
objeto que dá notícias do sujeito e o convo- 10 Id., ibid.: 40.
ca, e que nem é mais propriamente um ob- 11 Id., ibid.: 44.
jeto, mas o estopim de um ato, um acon-
12 Id., ibid. Grifo do autor.
tecimento transformador do mundo. Num
espaço imprevisto surge algo incerto, po- 13 Oiticica, H. A transição da cor do quadro para o espaço e
o sentido de construtividade (1962). In Hélio Oiticica.
rém de potência revolucionária. Sobre a Penetráveis. Rio de Janeiro: Centro Municipal de Arte
Apocalipopótese, famoso evento realizado Hélio Oiticica, 2008:8 (uma versão incompleta desse
com parangolés no Aterro do Flamengo em texto encontra-se em Oiticica, AGL, op. cit.).
1968, Oiticica conta que “as pessoas parti- 14 Id., ibid.
cipavam diretamente, obliquamente, sei lá
15 Id., ibid.:16.
mais como – mas o importante é o sei lá
mais como (...).”54 16 Malevich, K. Introducción a la Teoria del Elemento Adici-
onal en la Pintura. In El Mundo no Objetivo. Sevilha:
Doble J, 2007:31. Tradução nossa.
Tania Rivera é psicanalista, professora da Universidade
de Brasília e pesquisadora bolsista do CNPq; doutora 17 Oiticica, A transição da cor..., op. cit.:16.
em Psicologia pela Université Catholique de Louvain, Bél-
18 Id., ibid.:8.
gica, com pós-doutorado na Escola de Belas-Artes da
UFRJ. Autora de Cinema, imagem e psicanálise (2008), 19 Id., ibid.:10.
Guimarães Rosa e a psicanálise. Ensaios entre imagem e
20 Id., ibid.:11.
escrita (2005) e Arte e psicanálise (2002), todos por
Jorge Zahar Editor. Co-organizadora de Sobre arte e 21 Id., ibid.:10.
psicanálise (Escuta, 2006).
22 Pedrosa, M. Arte ambiental, arte pós-moderna, Hélio
Oiticica. In Dos murais de Portinari aos espaços de
Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981:207.
Este texto é produto de um projeto de investigação contem-
plada pela Fundação Nacional de Artes – Funarte no Progra- 23 Carta inédita de 19.12.71.
ma de Bolsas de Estímulo à Criação Artística.
24 Malevitch, K. Suprematismo. In El Mundo no Objetivo.
Sevilha: Doble J, 2007:106.
Notas 25 Oiticica, H. Éden. In Catálogo da Exposição Hélio Oiticica.
Rio de Janeiro, 1996:12-13.
1 Oiticica, H. Aspiro ao grande labirinto (daqui em diante
indicado como AGL), Rio de Janeiro: Rocco, 1986:78. 26 Id., ibid.:12.
Grifos nossos. 27 Id., ibid.
2 Lygia Clark. Barcelona/Rio de Janeiro: Fundació Tapies/ 28 “Catálogo da 1 Exposição Neoconcreta” (fac-símile in
a

Paço Imperial, 1999:270. Gullar, Ferreira. Experiência Neoconcreta. São Paulo:


3 Texto reproduzido em Oiticica, op.cit.:s./p. Cosac Naify, 2007).

4 Aparecimento do Suprassensorial na Arte Brasileira. In 29 Apud Pedrosa, M. Significação de Lígia Clark. In Dos mu-
Oiticica, op. cit.:104. rais de Portinari aos espaços de Brasília, op. cit.:197.
30 Lacan, J. Télévision. In Autres Écrits, Paris: Seuil, 2001:537.
5 In Oiticica, op. cit.:111.
Tradução nossa.

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31 Oiticica, H. AGL, op. cit.: 29. Grifos nossos. 45 Oiticica, Bases fundamentais para uma definição do
Parangolé, op. cit.:88.
32 Merleau-Ponty, M. L’Oeil et l’Esprit. Paris: Gallimard,
1964:50. 46 Cf. a respeito da fita de Moebius em Lygia Clark e na
psicanálise Rivera, T. Ensaio sobre o espaço e o sujeito.
33 Cf. Jacques, P. B. Estética da ginga, Rio de Janeiro: Casa da Lygia Clark e a psicanálise. In Ágora. Estudos em Teoria
Palavra, 2003:73. Psicanalítica, v.XI, n.2. Rio de Janeiro, 2008:219-233.
34 Clark, L.; Oiticica, H. Cartas 1964-1974. Org. Luciano 47 Oiticica, Bases fundamentais para uma definição do
Figueiredo. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998:52. Parangolé, op. cit.:86.
35 Em texto para a revista O Cruzeiro, que acabara de ser 48 Freud, S. O Mal-Estar na Civilização. In Edição Standard
censurado e é anexado a essa carta. Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
36 Oiticica, H. Crelazer. In AGL, op. cit.:113. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v.XXI:81-171.

37 Cf. Malevich, K. La Paresse comme Vérité Effective de 49 Oiticica, H. Anotações sobre o Parangolé”. In Catálogo da
l’Homme. Paris: Allia, 2007. Exposição Hélio Oiticica. op. cit.:93.

38 Oiticica, H. Eden. In Catálogo da Exposição Hélio Oiticica. 50 Ayala, W. A Criação Plástica em Questão. Petrópolis: Vo-
Rio de Janeiro, 1996:12. zes, 1970:163. Nesse trecho, em evidente equívoco de
edição, o termo “probjeto” aparece grafado como “pro-
39 Id., ibid.:13. jeto”.
40 Id., ibid. 51 Oiticica, Anotações sobre o Parangolé, op. cit.:93.
41 Hélio Oiticica. A pintura depois do quadro. Org. Luciano 52 Oiticica, Bases fundamentais para uma definição do
Figueiredo. Rio de Janeiro: Silvia Roesler, 2008:264-265. Parangolé, op. cit.:87.
42 Oiticica, H. Bases Fundamentais para uma definição do 53 “Poesia Concreta: Experiência Intuitiva”. In Gullar, Ferreira.
Parangolé. In Catálogo da Exposição Hélio Oiticica. Rio Experiência Neoconcreta. São Paulo: Cosacnaify,
de Janeiro:1996:86. 2007:71.
43 Oiticica, AGL, op. cit.:79. 54 Oiticica, AGL, op. cit.:129.
44 Id., ibid.

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