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COLETIVO MUNDO ÁCRATA


Carta de segunda-feira, 11 de abril de 2011 Arquivo do
Princípios blog
Quem somos O caçador do tesouro perdido da tradição revolucionária: Rudolf Rocker, os Fevereiro (1)
conselhos operários e a Revolução Russa*
Dezembro (1)

Projetos Agosto (4)


Julho (2)
Grupo de Estudos do
Caminho Marcial Junho (2)
Chinês
Maio (1)
Distribuidora
Março (3)
Boletim
Fevereiro (1)
Acervo
Outubro (1)
Agosto (5)
Contato Julho (2)

coletivomundoacrata@g Junho (1)


mail.com Maio (1)
Abril (3)

Cursos Fevereiro (3)


Janeiro (1)
Curso Livre de
Anarquismo ( Rocker) Novembro (6)
Curso Livre de Rocker, Rudolf. Os sovietes traídos pelos bolcheviques. São Paulo: Hedra, 2007
Outubro (3)
Anarquismo ( Kropotkin)
Setembro (3)
Curso Livre de Os conselhos são órgãos revolucionários que surgem espontaneamente entre as
Anarquismo ( Bakunin) classes trabalhadoras em períodos onde a ruptura com a sociedade capitalista e Agosto (3)

Curso Livre de a construção da sociedade socialista se apresentam como possibilidade real Julho (2)
Anarquismo ( para os proletários e camponeses presentes em tais momentos de convulsão
Junho (1)
Proudhon) social. Os conselhos tem por objetivo superar a estrutura econômica e política da
Maio (5)
sociedade burguesa, que se baseia na propriedade privada e na democracia
parlamentar. Abril (2)
Palestras Os conselhos visam, desse modo, erigir um tipo de administração onde, uma vez Março (3)
A Comuna de Paris socializados os meios de produção, os trabalhadores se organizam de baixo Fevereiro (1)
para cima a partir de pequenas unidades, tais como as fábricas, escolas,
Janeiro (2)
comunidades etc.. para gerir diretamente os assuntos concernentes a sua
Seminários existência coletiva. Depois de interligadas, tais unidades substituem o Estado Dezembro (4)
liberal de direito na tarefa de articular as diferentes partes que compõem a Novembro (2)
Noitadas Anarquistas
totalidade do corpus social. Outubro (1)
Assim sendo, podemos perceber que os conselhos operários podem assumir
Entrevistas conteúdos distintos, que são, por sua vez, dependentes do contexto histórico em
que estes emergem e se consolidam. Foi desse modo que procedeu com a Campanhas
Dicionário Histórico-
Biográfico do(s)
Comuna de Paris em 1871, os sovietes na Revolução Russa em 1905 e após, que apoiamos
Anarquismo(s) no Brasil em 1917, os rattes na Revolução Alemã em 1919, as coletividades na Guerra
Civil Espanhola em 1936, os caracoles zapatistas no México em 1993 e, mais Existe política além do
“O niilismo social: voto
anarquistas e terroristas
recentemente, as asambleas na Argentina em 2001.
Usualmente, o conselhismo é tomado como uma expressão filosófica típica do A Outra Campanha
no século XIX"
marxismo, mais especificamente do marxismo heterodoxo. Isso fica bastante
evidente quando nos deparamos com o trabalho de autores do quilate de Rosa
Relatos de Luxemburg, Anton Panekoek, Paul Mattik, Hermam Gorter entre outros. Não
Coletivos,
experiências obstante, a reivindicação dessa herança não é feita apenas pelos marxistas. Bibliotecas,
em pedagogia Como iremos ver mais adiante, outras correntes do pensamento socialista Editoras,
libertária também exigem o seu lugar junto aos demais executantes testamentários do Grupos e
legado deixado por aquilo que seria, segundo a feliz expressão de Hannah Rádios
Experiência com leitura Arendt, o “tesouro perdido da tradição revolucionária”.
e produção de texto
Anarquistas
Dentre essas outras correntes do pensamento socialista estão, naturalmente, os
reflexivo
anarquistas, cujas reflexões acerca dos conselhos são anteriores e, em certos Plebeu-Gabinete de
Relato de Experiências Leitura
aspectos, mais profundas do aquelas realizadas pelos seguidores de Marx.
em Pesquisas e
Nesse sentido, não foi por acaso que o anarquista alemão Rudolf Rocker se COMPA
produções de vídeos
sobre Danças e Artes esforçou, a maneira de um caçador, para descobrir e decifrar a obscura, porém Rádio Cordel Libertário

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Marciais Editora Achiamé


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Social SP
GUERRA CIVIL E
Federação Anarquista
AUTOGESTÃO: a
do Rio de Janeiro
revolução espanhola
Biblioteca Terra Livre
Teatro operário em São
Paulo (1902-1930):
Cultura e Sociedade em
Cenas Anarquistas.( Revistas,
elementos teóricos para
uma discussão Jornais, Blogs e
conceitual) Sites
Construção de Anarquistas
conhecimento é quebrar
os limites da cela de Comunidade dos
aula pensadores livres
Deus e o Estado Tempos Safados
O caçador do tesouro Boletim do Centro de
perdido da tradição Cultura Social SP
revolucionária: Rudolf
Rocker, os conselhos Libera
operários e a Revolução O Homem Revoltado
Russa
Comuna de Patos
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Somente em algumas décadas posteriores, com o surgimento do sindicalismo


revolucionário francês, que, aliás, estava profundamente impregnado pelo
anarquismo, que tal situação haveria de se alterar. Como indica Rocker, a
atividade dos anarquistas Fernand Pelloutier, Emile Pouget e George Yvetot
junto ao movimento operário no período de 1900 a 1907 assumiu uma
importância fulcral para a retomada e reatualização da teoria e prática
conselhista.
Resguardadas as devidas diferenças históricas, o nosso autor aduz que foi essa
mesma idéia que serviu de inspiração para os operários e camponeses russos
nos primórdios da Revolução de 1917, até que ela fosse totalmente subordinada
e substituída pela ditadura do proletariado.
Refletindo sobre as causas que levaram a experiência socialista na Rússia ao
seu malogro, Rocker sustenta que para além do pouco desenvolvimento
industrial, isolamento frente às outras nações capitalistas e, somando-se a isso,
avanço da reação burguesa, existe um outro fator que, a despeito da sua
profunda importância, fora mencionado apenas superficialmente nas análises até
então promovidas: a união entre os conselhos e a ditadura.
De acordo com o anarquista, esse casamento, já destinado ao divórcio, não
podia “engendrar outra coisa senão a desesperadora monstruosidade que é a
comissariocracia bolchevique”. Para Rocker não podia ser de outro modo, pois o
sistema dos conselhos não suporta qualquer ditadura. “Nele se encarnam a
vontade da base, a energia criadora dum povo, enquanto na ditadura reinam a
coação de cima e a cega submissão aos esquemas de espírito de um diktat”
(p.77).
Consistente com o que havia colocado Kropotkin em sua “Carta aos
Trabalhadores do Ocidente”, Rocker acredita que na Rússia os socialistas
estavam “aprendendo como não se deve implantar o comunismo”. Assim como o
mestre, o pupilo inferia que a teoria de Lênin a respeito da necessidade de um
regime ditatorial no período de transição até o desaparecimento da sociedade de
classes lhe parecia assaz falsa. Pois, embora a ditadura pudesse destruir uma
sociedade , jamais poderia ser útil para criar uma, algo que só os conselhos,
com seu aspecto construtivo, poderiam fazer.
E antevendo as críticas que poderia receber, Rocker afirma que a hipótese
segundo a qual a ditadura do proletariado constitui um caso a parte, por se tratar
da ditadura de uma classe, não merece nem sequer refutação, pois não passa
de um sofisma para enganar tolos. “É inconcebível”, afirmava ele, “falar em
ditadura de uma classe, visto que se trata sempre, no final das contas, de um
certo partido, que se pretende falar em nome da classe”(p.90).
Para além da substituição dos conselhos livres por órgãos estatais, a ditadura
bolchevique deu início a uma processo de perseguição a todos os
revolucionários não comunistas, que ironicamente eram, em sua quase
totalidade, defensores do sistema de conselhos. Se antes, estes eram a glória da
revolução, agora não passavam de traidores a serviço do capitalismo
internacional.
“Dessa suficiência autoritária de um pequeno grupo que busca encobrir sua sede
de poder” (p.46) resultou a destruição da comuna autogestionária de Makhno na
Ucrânia em 1918; a repressão aos marinheiros de Kronsdat em 1921 e o
encarceramento e assassínio dos anarquistas, sindicalistas, socialistas
revolucionários ou de qualquer outra corrente da esquerda que ousasse
reivindicar o fim da comissariocracia do partido e uma maior atuação dos
conselhos na construção do socialismo.
Após o findar do período do “Comunismo de Guerra”, os conselhos já se
encontravam totalmente destituídos da sua autonomia e completamente privados
dos seus autênticos defensores. Segundo Rocker, esse foi o primeiro passo para
que a guinada da política de Lênin rumo a direita se realizasse por inteiro. “Pois,
com a implementação da Nova Economia Política surgiu à crença de que seria
preciso “fazer com que o capitalismo fosse dirigido nas águas do capitalismo de
Estado”, já que “o socialismo só poderia se desenvolver a partir deste” (p.454).
Comparando a Revolução Francesa com a Revolução Russa, Rocker lembra
com propriedade que a política de Robespierre conduziu a França a ditadura
militar de Luis Napoleão Bonaparte. “Mas” questiona Rocker “ a que abismo a
política de Lênin e seus camaradas conduzirá a Rússia?” (p.39).
Embora o nosso autor não pudesse ainda responder essa pergunta, haja vista
que o seu livro havia sido escrito no calor no dos acontecimentos, ele pressentia
com uma intuição quase certeira que esse abismo não poderia ser outro senão o
totalitarismo estalinista.
Para concluir essa resenha gostaria de me ater a dois aspectos do livro de
Rocker: o historiográfico e o político.
O primeiro está relacionado ao fato que graças a livros como o de Rocker, a
historiografia pôde ir alé m da interpretação dada pelos partidos políticos que se

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pretendiam os donos da verdade científica e, com isso, mostrar o outro lado da


Revolução Russa: a atuação dos conselhos operários. O segundo se vincula a
constação de que assim como aconteceu na Revolução Russa, hoje em dia a
esperança de mudar o mundo não pode vir de cima, por meio do Estado, até
mesmo por que esse se mostra incapaz de fazê-lo. Essa esperança deve vir de
baixo, através das próprias organizações que os movimentos sociais
contemporâneos têm demonstrado a capacidade de criar.
Sob este duplo aspecto, o livro “Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques”
permanece ainda extremamente atual.

Notas
*Resenha originalmente publicada em Eidos info-zine, Patos de Minas, nº22,
Jan, 2010. Disponível em:http://wwweidosinfozine.blogspot.com/2010/01/eidos-
info-zine-22_25.html

Thiago Lemos Silva é mestrando em História pela UFU ( Universidade Federal


de Uberlândia); membro do Coletivo Mundo Ácrata e co-editor da revista de
cultura política libertária Eidos info-zine.

Postado por COLETIVO MUNDO ÁCRATA às 08:21

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