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Momento de Inércia

A primeira lei de Newton estabelece que se a força resultante sobre um corpo é


nula, os únicos estados de movimento possíveis para o corpo, num referencial inercial,
são estados de velocidade constante (inclusive nula). A mudança de um estado a
outro, com velocidade diferente, só é possível se o corpo fica sob a ação de uma força
resultante não nula.

A segunda lei de Newton estabelece que a velocidade do corpo varia tanto


mais rapidamente por efeito de uma força resultante não nula quanto menor for a sua
massa. É nesse sentido que dizemos que a massa é a medida da inércia do corpo.
Mas, quando consideramos os movimentos de rotação, a medida mais apropriada da
inércia de um corpo é o seu momento de inércia.

Vamos considerar que m1, m2, ... mk, ... mN são as massas das N partículas que
compõem um corpo extenso e que r1, r2, ... rk, ... rN são as respectivas distâncias a um
eixo qualquer (Fig.22, onde mostramos apenas a k-ésima partícula). Definimos o
momento de inércia ℑ desse corpo, em relação ao eixo considerado, pela expressão:

N
ℑ= ∑m
k =1
2
k rk

Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria


Exemplo 1

Podemos mostrar a importância do momento de inércia no movimento de


rotação de um dado corpo, num referencial fixo no solo, com a montagem da Fig.23.
Em uma das extremidades de um eixo horizontal, fixamos uma polia A e, na outra
extremidade, fixamos uma haste H. Nesta haste, colocamos dois corpos, C1 e C2, um
de cada lado, de modo que suas posições podem ser mudadas. Na polia, enrolamos
um fio, de cuja extremidade pende o corpo M. Este corpo, ao descer, faz girar o
sistema constituído pelo eixo, pela polia e pela haste com os corpos C1 e C2. Quanto
mais longe do eixo colocamos esses corpos, maior é o momento de inércia do sistema
girante, menor é o módulo da sua aceleração angular e, portanto, menor é o módulo
da aceleração linear do corpo M, no seu movimento de descida.

Exemplo 2

Consideremos um aro fino, homogêneo, de raio R e massa M, para o qual


queremos determinar o momento de inércia em relação a um eixo perpendicular ao
plano que o contém e que passa pelo seu centro de massa (Fig.24).

Dividindo o aro em N partes iguais, cada uma com massa m = M / N, temos:

N N N
M M M
ℑCM = ∑m
k =1
2
k rk = ∑  N  R
k =1
2
=   R2 ∑
 N  k =1
1 =   R 2 N = MR 2
N

Na tabela abaixo, apresentamos alguns momentos de inércia. Devemos


observar que existe um padrão nas expressões matemáticas dos momentos de
inércia: uma constante numérica multiplica a massa que multiplica o quadrado de um
comprimento característico do corpo (na direção perpendicular ao eixo).

Teorema dos Eixos Paralelos

Para calcular o momento de inércia de um corpo em relação a um eixo


qualquer, é útil o teorema de Steiner, também chamado de teorema dos eixos
paralelos:

O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo qualquer (ℑ) é igual


ao momento de inércia em relação ao eixo paralelo, que passa pelo centro de massa
(ℑCM), somado ao produto da massa do corpo (M) pela distância entre os eixos (h) ao
quadrado.

Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria


Matematicamente:

ℑ = ℑCM + Mh 2

Exemplo

Consideremos o cálculo do momento de inércia de uma esfera de massa M e


raio R em relação a um eixo tangente a sua superfície (Fig.25).

Como, nesse caso, h = R e ℑCM = 2MR2/5, temos:

2 7
ℑ= MR 2 + MR 2 = MR 2
5 5

Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria

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