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PROCESSO PENAL
Cleopas Isaías
Laryssa Bianca*
05.02.13
07.02.13
“Alguém tá vindo pela primeira vez?” kkk
1. FUNDAMENTOS DO PROCESSO PENAL
Quando o Aury Lopes Jr. começa a trabalhar o tópico fundamentos
ele segue uma tradição da doutrina processualista espanhola e começa
relacionando a história do surgimento da pena privativa de liberdade com o
surgimento do processo penal. E ele logo no início faz um questionamento,
“qual a relação entre surgimento da pena e o processo penal”? A colega esta
dizendo que o processo penal é o meio legítimo para aplicação da pena. Ai eu
pergunto, é um meio legítimo, é o meio legítimo ou é o único meio legítimo?
Voltaremos ao assunto. Existem exceções, mas o tema é interessante. De que
forma o Aury relaciona essas duas coisas? O que a colega falou tem sentido, é
correto, mas já é de uma perspectiva atual. E naquela época, do surgimento?
Como se dava essa relação? Devido processo legal, também tem a ver,
corretíssimo, ou seja, não tem possibilidade de aplicação da pena sem o
devido processo legal. Portanto a pena é aplicada através do processo e ai nos
voltamos ao que a outra colega disse sobre ser o meio legítimo, só que vai
além disso.
Bom, vcs estudaram Criminologia, Foucault... Sqn
Enfim, ele transita por tudo isso, sociologia, literatura, lingüística,
criminologia que na verdade não é bem criminologia, é mais uma historia das
idéias criminológicas, história da pena, da loucura. Ai ele pega um tema e
busca fazer sua arqueologia, etc.
Vcs conhecem uma obra, que é a mais famosa dele, embora não a
mais importante, chamada Vigiar e Punir (top). Nessa obra ele vai falar do
surgimento da pena, tem um capítulo que narra o suplício de Damiens (nome
do capítulo: o corpo dos condenados), onde ele põe entre aspas a narrativa de
um dos carrascos que participa do seguinte episódio... Atentem pra isso. Ele
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surge um principio que a doutrina chama e o Aury fala sobre isso, que é o
princípio da necessidade do processo penal.
E aqui começa uma primeira diferença entre o processo penal e o
processo civil. O civil não é necessário. Existem formas alternativas, fora o
processo que resolvem as questões civis. No processo penal não. O princípio,
portanto, da necessidade do processo penal, significa que o processo é o único
meio ou é o meio necessário para a aplicação de uma pena. O que este
princípio quer dizer é que não é possível a aplicação de uma pena fora do
processo. Só existe pena, se existe crime. E só existe a possibilidade da
aplicação de pena, se houver um processo penal.
Esta, porém é uma regra que até 1995 no Brasil, era absoluta,
portanto não havia nem sentido falar que era uma regra, pois só existe regra se
há uma exceção, não, naquela época era simplesmente a única forma. Só que
em 1995, o Brasil criou uma lei, a 9.099/95 que vcs já devem ter ouvido falar,
que criou os juizados especiais cíveis e criminais. Esta, traz um instituto
chamado de Transação Penal. Não interessa agora estudá-lo (será visto na
prox disciplina de processo penal), eu vou apenas mencioná-lo, pois é uma
exceção, ao que estamos vendo.
Primeiro a competência dos juizados especiais criminais é julgar o
os crimes de menor potencial ofensivo. Definidos pela lei, são todos os crimes
cuja pena máxima é menor ou inferior a um ano. Mas este conceito mudou,
com a criação dos juizados especiais é todo crime cuja pena máxima seja igual
ou inferior a dois anos, menor potencial ofensivo. Quando chega no juizado
qual o procedimento, a primeira fase é apenas o seguinte, um juiz
leigo/conciliador colocará frente a frente autor e vítima do crime, e perguntar
por ex., pra vítima quanto é que vale pra ti essa porrada que ele te deu? Falo
porrada pq lesão corporal é um crime de menor potencial ofensivo, mas
poderia ser um crime contra a honra, enfim..
Quanto é que vale o cara ter te chamado de corno, viado, filho da
puta, enfim xingou...? A vítima vai dizer, sei lá, dez mil reais, e o autor só tem
três opções, aceitar, rejeitar ou fazer contra proposta se achou o valor muito
alto. Se a vítima aceitar e entrarem em acordo, ótimo, se não, voltam a fase
inicial. Se houver acordo, será chamado de transação civil, ou composição civil
de danos. Havendo acordo, será homologado pelo juiz e extinguirá a
punibilidade (causas extintivas da punibilidade). O estado não terá mais direito
de punir o autor daquele crime. Caso o autor não aceite a composição civil,
vamos passar pra segunda fase, que é a que nos interessa. Agora será tentado
um acordo entre promotor, autor e réu.
O promotor dará duas opções, ou cumpre uma pena alternativa à
prisão (prestação de serviço a comunidade, pagamento de cesta básica,
limitação de fim de semana, limitação de freqüência em determinados locais,
etc), se vc aceitar essa pena aqui eu não te processo. Novamente o autor tem
duas opções, aceitar ou não. Se ele aceitar, ele assume que foi o autor daquele
crime, e SEM processo ele vai cumprir uma pena. Se não aceitar, ai que o
processo vai se iniciar, só então que o promotor vai denunciá-lo. Processo
mesmo só começa com a denúncia, não existe processo consensual no direito
penal. É sempre litigioso. Já no civil, sim existe de forma consensual. O que eu
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quero que vcs captem com essa história:que a transação penal, é uma
exceção ao principio da necessidade do processo. Ou seja, nos casos de
crime de menor potencial ofensivo, é possível a aplicação de pena sem
processo. (INFRAÇÃO PENAL DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO-
CONTRAVENÇÃO PENAL)
MAS CUIDADO, somente à aplicação de pena alternativa à prisão!!
Continua sendo absoluta a regra da necessidade do processo para a aplicação
de pena privativa de liberdade.
- Subtópico dentro de 1. Fundamentos:
1.1 Instrumentalidade do processo penal.
Vcs certamente já estudaram isso em TGP, instrumentalidade do
processo. A qual o autor Dinamarco tem um livro só sobre isso. Enfim, o que
significa isso? É o meio pelo qual se pode concretizar o direito material, sendo
que esta é a concepção do processo civil, mas não a única do processo penal.
Por muito tempo, predominou o entendimento, de única instrumentalidade do
processo penal, ou seja, o processo penal servia de instrumento para a
concretização do direito material, no caso do direito penal. Isso pq o direito
penal, ao contrário do direito civil não é auto executável. Vejam que todos os
dias quando vcs chegam ali na lanchonete, ou quando vão a uma boite, ou a
um bar, etc, vcs realizam contratos, compra e venda, e é um contrato perfeito.
É preciso processo para que façam uma compra? Não! Pois é auto
executável. Agora, eu pergunto: se eu estiver na delegacia onde trabalho, e
um cidadão chegar dizendo eu acabei de matar fulano de tal, ta aqui a arma do
crime, o corpo esta lá e tal, e eu estou aqui me entregando. Eu posso mandá-lo
para a penitenciária para cumprir pena? Posso falar que bom que vc fez isso,
vc é muito gente boa esta aqui sua pena, homicídio qualificado, vá lá cumprir.
Confessou.. Mas mesmo assim não posso fazer isso! Por duas razões: primeiro
pq o direito penal não é auto executável, e por não ser auto executável vem a
segunda razão, pq uma pena só pode ser aplicada através do processo –
princípio da necessidade do processo.
Por muito tempo como eu disse, predominou o entendimento dessa
única instrumentalidade do processo, porém, depois especialmente da CF/88, e
até mesmo antes na década de 80, houve um movimento de autonomia do
constitucionalismo, principalmente depois das obras do Dworkin e Alexy, houve
o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais. E nessa concepção, de
DFs com força normativa e força irradiante, os DFs passaram a lançar suas
luzes em todo e qq ramo do direito. De tal forma que já não existe mais
nenhum espaço imune às incidências ou as ressonâncias dos DFs. E em
especial o direito penal e processual penal.
Se vcs observarem, se tiverem curiosidade, acho que até já falei isso
aqui. Peguem o art. 5º da CF e passem a vista que vcs irão constatar que a
maioria dos DFs ali previstos, estão de alguma forma relacionados ao direito
penal ou ao processo penal. Liberdade, sigilo, comunicação de dados,
inviolabilidade da casa, regras sobre prisão, competência sobre tribunal do júri,
referências a crimes hediondos, tortura... etc. Isso significa que agora, à partir
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1EC45 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
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ACUSAÇÃO DEFESA
MP RÉU
Segundo essa teoria de forma recíproca, o que vcs vão ter que
fazer é entre cada sujeito duas setas, uma subindo e outra descendo. Entre
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14.02.13
# Teoria do Processo como Situação Jurídica - James Goldschmidt
James Goldschmidt era jurista e filósofo do direito, alemão mas de
origem judia, professor na época do nacional socialismo. E quando começou a
perseguição, uma das estratégias do nacional socialismo foi identificar nas
universidades os professores que tinham origem judia. E ai começou uma
perseguição de tal forma que ele foi obrigado a fugir da Alemanha, e depois de
passar por alguns países ele ficou um tempo na Espanha como professor na
Universidade de Madri, onde foi colega de dois autores- Pedro (orientador de
Aury Lopes Jr) e Calaza. Quando ele é perseguido e vai para a Espanha, onde
continua a perseguição, o que faz com que venha parar no Uruguai, onde vem
a falecer. É importante saber desta teoria, pois a forma como James viveu vai
dar os traços essenciais de sua teoria. Não esquecendo que a teoria anterior
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carga processual, gera uma penalidade processual, e a defesa não tem esse
problema.
Então o que a defesa tem é a chance de fazer aquilo que Franco
Cordeiro chama de captura psíquica do juiz. Ou seja, se ele exerce o direito do
silêncio, por exemplo, é um direito. Mas falar seria uma chance de convencer o
juiz da sua inocência. Porém ele não é obrigado a provar que é inocente, pois
esse ônus é presumido, cabendo à acusação. E a não comprovação disso, ou
a subsistência de duvida em relação a isso gera para a defesa a absolvição,
pois em virtude do principio da presunção de inocência, ou de não
culpabilidade tem-se como conseqüência o beneficio do réu em virtude da
duvida. O ônus de provar a culpa do réu é exclusiva da acusação.
Recapitulando: Ao contrario do que o Oskar Von Bülow entende, que
o processo é uma situação, é uma relação estável, segura, triangular, James
Goldschmidt entende que o que existe no processo é instabilidade,
insegurança, fluidez das situações jurídicas, algo mais ou menos como uma
sucessão parabólica, onde em algum momento uma das partes pode estar no
vértice superior e em outro no vértice inferior até chegar a sentença. Portanto,
a sucessão dessas situações processuais ao longo do tempo, a depender da
descarga desses ônus ou do aproveitamento das chances, vai se ter uma
sentença favorável ou não na defesa. Vejam que esta é uma teoria que
antecipa diversas discussões que somente no final da década de 80 é que
começam no direito e nas ciências sociais. Uma dessas discussões é a que
incorpora a incerteza para o direito, a incerteza, a fluidez.
A teoria da sociedade de risco de Bech fala da incorporação da idéia
de risco para as ciências sociais. Isso surgiu em uma questão ambiental,
especialmente após os grandes desastres ecológicos (a exemplo, de
Chernobyl), e isso foi sendo incorporado especialmente no direito ambiental. O
próprio Goldschmidt tem essa percepção a partir da idéia de guerra e traz para
o direito. Segundo o Aury, ele tem uma hipótese da qual foi influenciado pela
teoria quântica da física quântica, do chamado princípio da incerteza, que foi
desenvolvido por um alemão e introduziu esse principio na física.
Então a noção de risco e de incerteza, são duas outras categorias
importantes para a teoria da situação jurídica de Goldschmidt. Portanto, risco,
incerteza, fluidez, insegurança, chances são categorias da sua formulação
teórica. Obviamente uma teoria como essa eria grandes resistências. Naquele
momento, ainda se estava sob a forte influencia do positivismo que só vai ser
relativizado a partir da segunda guerra mundial, exatamente porque o nacional
socialismo é resultado de um positivismo exacerbado. É só a partir das
constituições pós Segunda Guerra, é que começam a ser incorporado noções
de justiça ao próprio texto constitucional. Portanto, quando foi formulando essa
teoria, ainda se estava sob uma forte influencia do positivismo. E ai a doutrina
do processo italiana, que era a mais desenvolvida nesse período, obviamente
teve resistência à formulação teórica do Goldschmidt. Por isso que os
principais autores italianos adotaram a teoria da relação jurídica, que até hoje é
a principal teoria adotada inclusive no Brasil.
O principal crítico na Itália da teoria da situação jurídica foi
Calamandrei. São três as suas principais críticas:
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3. SISTEMAS PROCESSUAIS
*Sistema Inquisitório
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*Sistema Misto
Para os autores que defendem que existe um sistema misto, ele é
caracterizado basicamente por duas características (uma do sistema
inquisitório e outra do sistema acusatório): 1- Separação das funções de acusar
e julgar (característica típica do acusatório), 2- Divisão do procedimento em 2
fases: preliminar de investigação e processamento (característica típica do
sistema inquisitório).
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19.02.13
21.02.13
era feito tinha base legal, existia um direito penal que previa algumas condutas
criminosas que hoje são absolutamente reprováveis e que inclusive na
Alemanha tem previsão de crime pra quem nega, por exemplo, o holocausto.
Isso chegou ao STF no Brasil e considerou-se liberdade de expressão a
pessoa defender ou não a existência do holocausto. Só que para que o Direito
Penal do nacional socialismo se realizasse foi necessário um processo penal
igualmente compatível com as disposições do nacional socialismo.
Resultado: levar em consideração exclusivamente esta concepção
seria um enorme risco, porque ai o processo penal poderia servir literalmente a
qualquer senhor.
Outro exemplo: a responsabilidade penal da pessoa jurídica existe
no Brasil prevista na CF. Ela ocorre contra a ordem econômica e contra o meio
ambiente. Só que desses dispositivos apenas um foi regulamentado, que foi
dos crimes ambientais. Não existe previsão em lei da responsabilidade penal
da pessoa jurídica nos casos de crimes econômicos. Tem autores que
defendem (apesar de serem poucos), que existe previsão numa lei de
responsabilidade penal da pessoa jurídica sem correspondência na
Constituição.
Ou seja, a Constituição não prevê essa possibilidade, mas a lei
ordinária prevê. Esta é a lei que fala sobre biossegurança. Enfim, certo que o
que é incontroverso no Brasil é apenas a responsabilidade penal da pessoa
jurídica nos crimes ambientais. O professor Cezar Bittencourt é completamente
contrário a responsabilidade penal da pessoa jurídica, uma vez que ele tem
uma formação clássica, anterior à própria CF e à lei 9.605. Então ele tem uma
estrutura que é compatível com o direito penal liberal. A responsabilidade penal
objetiva é uma forma de responsabilização que se liga ao direito penal
secundário.
Então, foi necessário a criação de um mecanismo no processo penal
diverso de tudo que existiu desde sempre pra punir alguns crimes, uma vez
que grandes empresas como a Petrobras poluía. E como iria se responsabilizar
segundo os axiomas de um direito penal clássico? Que depende da
individualização da conduta, da demonstração precisa da culpabilidade de cada
um.
Isso demonstra a necessidade de um processo penal se adaptar
às normas de direito material. Um dos questionamentos quando se fala
desse tema é saber pra que serve a constituição em relação ao direito penal e
ao processo penal. Qual é a relação que existe? Ela serve não só como
fundamento normativo, mas também como fundamento axiológico e até de
legitimidade do direito penal e do processo penal. Significa que essa relação
não é de identidade, pois o direito penal e o processo penal não devem
tutelar apenas o que a Constituição trata, mas não pode tutelar algo que
seja contrário a ela.
Esta é a crítica que a doutrina faz: de que esta concepção seria
perigosa e portanto poderia servir a qualquer direito penal. Então bastou que
existisse qualquer direito penal, que o processo penal estaria legitimado, pois
ele iria exatamente instrumentalizar aquele direito material.
Outra crítica: Além disso não é suficiente a existência do caso penal
pra que haja o exercício da pretensão acusatória. Não é suficiente a prática de
um fato criminoso. Ou seja, o processo não irá apenas instrumentalizar o direito
material, é necessário um elemento que é estritamente processual que são as
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26.02.13
Hoje eu pretendo concluir o último tópico daquela parte inicial / geral,
do texto do Aury. À partir da próxima aula já entramos em princípios. Em março
já teremos concluído inquérito policial que é até onde eu quero, como sempre,
cobrar na primeira prova. Já na segunda, ação penal, jurisdição e competência
e prova, são três capítulos.
#2 Elemento objetivo
Já falamos dos elementos da pretensão processual. São eles o
elemento objetivo, o subjetivo e a declaração petitória. Nós já falamos do
subjetivo, que nada mais são que as partes e o juiz, e agora o elemento
objetivo.
Nada mais é que o fato aparentemente punível. Ou seja, o chamado
caso penal, o fato típico, antijurídico, culpável e, neste caso, também punível.
Isto pq se houver alguma causa extintiva da punibilidade, não será possível o
exercício dessa pretensão processual acusatória. Discute-se na doutrina se é
necessário a abrangência de todos esses elementos ou se basta um fato
aparentemente típico. Eu concordo com a doutrina que defende ser necessário
os quatro elementos (típico, antijurídico, culpável e punível).
Com apenas uma OBS: que é em relação a iniputabilidade:
A INIputabilidade exclui a culpabilidade. Então em tese, havendo
a hipótese de iniputabilidade, essa pretensão processual acusatória não
poderia ser exercida. Porém, como existem conseqüências jurídico penais
mesmo para o iniputável (não o iniputável cronológico menor de 18 anos, pois
ai o procedimento seria outro, aqui é em relação ao iniputável psíquico: aquele
que por doença mental ou desenvolvimento mental retardado não tem
condições de compreender-se ou determinar-se com entendimento acerca do
fato criminoso), sofre conseqüência jurídica. A Medida de Segurança.
Quando é um doido/louco que comete um fato previsto como crime,
tem que internar, e essa internação é chamada medida de segurança. A
medida de segurança, é portanto, uma conseqüência jurídica aplicada ao
iniputável ou ao semi imputável. Como a semi imputabilidade NÃO exclui a
punibilidade, estou aqui me referindo apenas a iniputabilidade. E para que haja
aplicação da medida de segurança é necessário que haja um processo regular,
e que o cidadão seja considerado em tese culpado. Pq se ele não for
considerado culpado ou houver dúvidas sobre isso ele é absolvido e não se
aplica sequer a medida de segurança. Só se aplica se for considerado culpado
e for condenado pelo juiz. Esta, é chamada de Absolvição Imprópria, que na
verdade é uma condenação.
O cidadão só vai ter medida de segurança aplicável a ele se ele for
condenado, mas ai o juiz percebendo (não por uma percepção visual, mas sim
por um laudo médico) que ele é iniputável, aplica a medida de segurança. Por
esta razão é que no caso da iniputabilidade, mesmo excluindo a culpabilidade,
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evento natural/ fato social prática de um crime, seria suficiente para ela surgir,
mas não é! No Brasil, certamente o fato natural não é o suficiente pra fazer
surgir a pretensão acusatória. Até pq existe justa causa, punibilidade concreta e
outros elementos que são condições para o exercício da ação.
Portanto o que faz surgir a pretensão acusatória é o fato jurídico/
crime assim compreendido como fato jurídico punível, ou o chamado injusto
penal. Que é composto pela tipicidade, antijuridicidade, culpabilidade e
punibilidade, pelas razões que eu acabei de mencionar. Então na formulação
original do Guasp ele dizia que o elemento objetivo da pretensão acusatória era
não o fato punível, mas o fato social, o evento social previsto como crime. Em
outros termos Guasp entendia que a tipicidade era suficiente, mas eu concordo
com o posicionamento do Aury, na verdade é o fato jurídico/ ou de outro modo,
fato social já valorado pelas normas penais.
E todos esses elementos devem constar na peça inaugural da
pretensão acusatória, que é o que vamos ver agora.
#3 Declaração Petitória / Ação
Ação aqui não no sentido de direito de ação, mas no sentido de
instrumento através do qual a pretensão acusatória é materializada. Ou de
outro modo, a petição inicial que é assim chamada no processo civil. Aqui no
processo penal é chamada de denúncia (quando na ação penal pública) ou
queixa crime (ação penal privada). Ou seja, é a inicial do processo penal, a
postulação, a materialização da pretensão acusatória. É o instrumento pelo
qual a pretensão acusatória se materializa.
Essa declaração petitória contida na ação penal solicitará ao órgão
jurisdicional/ nessa declaração petitória o órgão acusacional solicitará ao órgão
de julgamento o seguinte:
- Que declare a existência do fato narrado e afirme sua tipicidade,
ilicitude e culpabilidade. Portanto num primeiro pedido na declaração petitória
será que o juiz declare que o fato existiu, que é típico, antijurídico e culpável.
- Que o juiz declare a responsabilidade do acusado pelos fatos
narrados e provados.
- Que o juiz condene o acusado pela prática dos fatos narrados e
provados, e lhe imponha a respectiva pena ou medida de segurança.
- Por fim, que determine a execução desta pena ou medida de
segurança.
Vcs devem estar lembrando que eu mencionei que desde 2008,
desde a Lei 11.7192, houve o acréscimo de uma outra pretensão, que é a
pretensão indenizatória. Eu já fiz essas considerações, era um tópico a parte
mas eu me antecipei naquele momento.. Então próximo tópico.
*Subjetiva
Nessa perspectiva o contraditório não diz respeito apenas às partes.
Por esta, o juiz passa a assumir o dever de fiscalizar e possibilitar esse
contraditório. Mesmo que contrario a vontade das partes. Isso pode ensejar
inclusive a destituição - obviamente após a comunicação pelo juiz a parte de
que a sua defesa está aquém do esperado que não esta havendo uma efetiva
defesa, pq o advogado do réu, por exemplo não está contraditando o que
deveria, ele é intimado a constituir um novo advogado e caso isso não
aconteça, é possível para que não ocorra uma nulidade posterior por carência
de defesa – que ele destitua e nomeie um advogado dativo. Então esse dever
que agora cabe ao juiz de possibilitar o efetivo contraditório é o que a doutrina
tem chamado de aspecto subjetivo da mudança de perspectiva desse
contraditório. E é subjetivo exatamente pq diz respeito a um dos sujeitos
processuais que é o juiz.
Davisson: “o MP também não fiscaliza esse devido processo legal,
não faz o que o juiz faz no aspecto subjetivo?” Poderia, mas não
necessariamente. Pelo contrario, o MP é parte, nesse aspecto ele tem um
interesse embora subjetivo, que é exatamente o de levar o réu a condenação.
Obviamente se ele não vislumbrar que o réu é inocente. Se ele (MP) vislumbrar
que ele é culpado interessa a ele levar a cabo a condenação. Mas ele poderia
alegar tranquilamente, sim. Poderia demonstrar o que é muito raro, que a
acusação se manifeste a substituição do advogado do réu, pois não está
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defendendo seu cliente o suficiente. Esse feito tem sido muito mais atribuído ao
juiz mesmo.
O autor italiano Elio Fazzalari chama este princípio do contraditório
como principio da paridade de armas. É, aliás, nesse sentido o teor do art. 261,
CPP, o seu parágrafo único. Pq isso? Essa é uma exigência que se tem
exatamente que se tem pra fiscalizar essa paridade essa igualdade de armas,
ou seja, não vai ser uma defesa qq vai ser uma defesa, como exige o próprio
dispositivo legal, que seja escrita e fundamentada. Essa é uma maneira de
fiscalizar o grau de defesa que está sendo feita pelo defensor público ou dativo.
Em que momento da percepção criminal se pode exigir o
contraditório? Francimildes: “à partir da denúncia, ou seja, durante o
processo.” Na fase preliminar não existe? Por muito tempo prevaleceu o
entendimento de que só existia o contraditório a partir da fase processual, mas
na verdade esta é apenas a regra que não tem exceção. Todos os atos
praticados na fase de processo devem ser contraditados. Porém, se havia
alguma dúvida, e tem vários autores que defendem haver, (ex. Aury), hoje não
há mais. Com a reforma que houve em 2011 das medidas cautelares, a Lei
12.403/2011, trouxe de forma expressa a possibilidade de contraditório
antecipado > CPP, 282, §3º. Este contraditório ocorre inclusive na fase
preliminar. Isso pq as medidas cautelares embora possam ser aplicadas
também na fase processual, estas são muito mais aplicadas na fase preliminar.
E mesmo quando aplicadas na fase preliminar ressalvados os casos
de urgência e necessidade, o juiz terá que intimar a “parte contrária” (que na
verdade é um equívoco do legislador, pois não se trata de parte contrária, pq
nunca vi um investigado pedir uma medida cautelar contra o promotor, então
não é a parte contrária é tão somente o investigado!), o juiz intimará o
investigado, inclusive dando cópia dos documentos para que este se manifeste.
O legislador utilizou a expressão parte contrária, e parte no processo penal é
tanto a acusação quanto o investigado (réu ), e o legislador está errado pq o
réu não vai pedir a prisão preventiva do promotor! :X isso é contraditório na
fase preliminar, não resta mais qq dúvida, portanto que este seja admitido
(contraditório antecipado = na fase preliminar).
Então a resposta é: o contraditório se inicia na fase preliminar e vai
até, a fase de execução. Pois processo de execução é processo, existe,
portanto ainda o principio do contraditório, recurso, tudo, nessa fase de
execução. Hoje, ele é portanto, total na fase de conhecimento e na fase de
execução; e na fase preliminar em algumas hipóteses (como por ex. na
decretação de medidas cautelares). A doutrina diz que, como decorrência do
contraditório, prova só podem ser consideradas tecnicamente, aquela
produzida em contraditório, aquela produzida na fase processual. Se, decorre
do princípio do contraditório a possibilidade de contraditar os fatos produzidos,
os principais fatos que devem ser contraditados são as provas. Logo, segunda
parte da doutrina só pode ser assim chamada aquela prova produzida em
contraditório. Mas CUIDADO, mesmo esta doutrina faz a ressalva daquilo que
é produzido na fase preliminar e que não pode mais ser repetido na fase de
processo. São as chamadas provas irrepetíveis. Então aquilo que foi produzido
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advogado: quando o réu for advogado. Ai será chamada auto defesa técnica,
onde ele pode simplesmente fazer sua auto defesa.
O legislador e o constituinte, porém, trazem algumas hipóteses de
atos processuais que não dependem de defesa técnica, que qq pessoa pode
fazer. Ex.: habeas corpus, e recursos incidentes da execução.
OBS.: mandando de segurança, habeas corpus e Revisão Criminal
são ações autônomas.
Lei 10.259/2001 – Juizados Especiais Federais (cíveis e criminais)
Art. 10 – este dispositivo faz referencia genérica aos juizados cíveis
e criminais na esfera federal. Este dispositivo não feriria o princípio da ampla
defesa (técnica)? Já que segundo este o representante pode ser ou não o
advogado... sim, feriria.
O STF foi chamado para se manifestar quanto a isso. E decidiu,
fazendo uma interpretação conforme a CF, que este dispositivo só pode ser
aplicado aos juizados especiais cíveis! Com relação aos juizados criminais o
representante deve ser necessariamente um advogado, pq este é irrenunciável.
Decorre ainda do princípio da defesa técnica, o direito de escolha
por parte do réu, do seu advogado. Somente no caso deste não escolher é que
o juiz (não sendo o caso de defensoria pública) vai nomear-lhe um defensor
dativo. O que não pode haver é processo sem defesa técnica.
E este é um dos grandes problemas que a OAB tem no Brasil, pq
como não existe defensor público suficiente, via de regra, são advogados
nomeados por defensor público (chamado de defensor dativo), o estado paga
uma miséria para eles e ainda demora o processo. Tem uma lista na OAB
previamente estabelecida em cada cidade, de advogados que se disponibilizam
a fazer isto, pois nem todos fazem. Então defesa no Brasil é um problema (o
que não é?). Quem acaba fazendo a defesa é o promotor e o juiz :o não a
defesa forma, mas no caso concreto, pq o advogado é um semi analfabeto, ai o
juiz que vai dizendo pra fazer isto e aquilo. E ai o promotor deixa o juiz permite
e infelizmente isto é serio.
Essa defesa técnica tem que ser plena e efetiva. Caso o juiz
constate que esta havendo uma carência dessa defesa, o juiz tomara aquelas
providencias que eu já mencionei (destituição).
STF, Súmula 523: esta é uma das demonstrações de que a defesa
tem que ser plena se for inexistente nulidade absoluta, se for insuficiente diz a
súmula que se causar prejuízo ao réu, nulidade relativa. Ocorre que a doutrina
mais autorizada, entende que em qq caso havendo carência de defesa isto já
configuraria prejuízo para o réu, portanto seria caso de nulidade absoluta.
*Auto Defesa
É aquela realizada pelo próprio réu. Ao contrario da técnica a auto
defesa é renunciável. Ou seja, ele pode ficar em silêncio. A auto defesa é
realizada no interrogatório e o cara pode ficar em silêncio, esta é chamada de
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auto defesa passiva. Para que ele exerça a auto defesa, exige o Código em
diversos dispositivos, a sua citação pessoal. O juiz é obrigado (pois é
pressuposto para a realização da auto defesa) a citar pessoalmente o réu para
que ele tome conhecimento e exerça sua auto defesa. Ela se manifesta de
diversas formas, eu disse que a principal delas é através do interrogatório,
contudo existem outras. Essa auto defesa feita através do interrogatório é
chamada pela doutrina de Direito de Audiência. Outra forma, Direito de
Presença (hoje vídeo conferência englobada aqui, ninguém questiona a
possibilidade de fazer assim, também é uma fora de presença, presença
virtual). E a última forma de manifestação é o direito de postular pessoalmente
alguns atos, como por ex. a propositura de habeas corpus como eu já
mencionei, interposição de recursos, formular pedidos referentes a incidentes
na fase de execução e propor a Revisão Criminal.
Prox aula: concluir princípios
07.03.13
Princípios (cont.)
# Princípio da Publicidade
O fundamento normativo constitucional desse princípio é o art. 93, IX, da CF.
Art. 93 – Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
§ 1º Se da publicidade da audiência, da
sessão ou do ato processual, puder resultar
escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara,
ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da
parte ou do Ministério Público, determinar que o ato
seja realizado a portas fechadas, limitando o número
de pessoas que possam estar presentes.
juiz ou o tribunal (a câmara, no caso) determine que esse ato seja praticado de
forma restrita, ou seja ,com a publicidade limitada.
Nós também temos uma previsão na Convenção Americana de
Direitos Humanos, no art. 8º, parágrafo 5º.
Artigo 8º - Garantias judiciais
479 – vejam só. Não é permitido isso mesmo que esses documentos
ou objetos demonstrem a verdade. Isso pq no fundo essa limitação desse
dispositivo se traduz como respeito ao contraditório e a ampla defesa, para não
feri-los. Portanto outros princípios do processo penal servem como limites a
busca da verdade.
92 - Não comentou.
Pra finalizar, a Lei 9.099 trouxe alguns institutos que estão fora do
processo na verdade, a transação civil, a transação penal que devem ser
colocados aqui como uma reserva da busca da verdade. Vcs sabem que nos
juizados especiais criminais, quando é praticado um crime de menor potencial
ofensivo, uma das fases a inicial, é a composição civil de danos, vítima e autor
são colocados um de frente pro outro e vão saber quanto vale aquele crime
praticado. Se o autor pagar, o juiz homologa esse acordo e o juiz extingue a
punibilidade, e não houve verdade. Se no caso não houver esta composição
civil de danos, vai pra transação penal, o promotor diz pro cidadão se vc aceitar
vc paga cesta básica ou presta serviço pra comunidade, etc e eu não te
processo, e este acordo também extinguirá a punibilidade. Diante disso a
doutrina resolveu dizer que nos juizados especiais criminais o que vige é o
Princípio da Busca da Verdade Consensual. Algo parecido com o que ocorre
no sistema anglo americano, em que as partes estão consensuando a verdade,
mesmo que seja mentira. O autor diz que não que a dor de cabeça de ser
processado, diz que não foi ele quem praticou o crime mas paga a cesta básica
para acabar logo com isso. vai ser esta a verdade consensual mesmo que isto
seja mentira. Ok
Fim deste princípio. Ufa.
Mini Curso – obrigatório pra quem é deste período. Ver data..
12.03.13
14.03.13
3http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/pacto_dir_politicos.htm
54
tentar recolher material, como camisa, etc., como, aliás, aconteceu com o caso
Nardoni. Ele não seria obrigado a entregar sua camisa, nem o carro, só se
houvesse decretação de uma busca e apreensão. Ai com o material
apreendido, ainda veremos isso em provas, vcs verão que a busca e
apreensão é um mecanismo para obter fonte de prova. Então b&a submete
carro, calça, camisa, calcinha, qq coisa que tenha material que possa identificar
o crime e ai se determina a realização de perícia. Agora ele mesmo, realmente
não é obrigado.
O que pode acontecer diante da impossibilidade de realização de
perícia (devido a recusa da vítima). A vítima não querendo ir eu chamo dois
policiais que irão servir de testemunha de que ela estava agredida, fotografo,
via de regra já tem uma testemunha que viu ou ouviu ela apanhando, chorando
etc, os policiais militares quando são acionados já contam essa versão. E tento
fechar e segurar isso pra deixar pra depois a perícia. Mas ai complica, pq será
realmente exigido um exame. Teve um caso só em que a mulher não queria ir,
e eu disse pra ela que seria obrigada, e tive que convencê-la de alguma forma
que aquilo ia continuar acontecendo. Que era crime afiançável eu teria que
arbitrar fiança e foi o que de fato fiz.
E tem gente que não vai concordar com isso quando ler o que
escrevi, mas eu acredito que nesses casos não se poderia fazer uso do
princípio do nemo tenetur, que se aplica exclusivamente a quem aquele ato
possa incriminar, que não é o caso da vítima. Pois a vitima que não quer se
submeter a um exame para não incriminar outra pessoa, poderia
tranquilamente ser obrigada, e inclusive essa conduta de não fazer poderia
configurar o crime de obstrução da justiça, pois essa conduta atrapalha a
investigação, ou ainda favorecimento pessoal. Além do que não poderíamos
deixar a cargo das vítimas, nos casos de crimes de ação penal pública. E o
Estado ao dizer que é pública incondicionada já tira qq possibilidade de
intervenção por parte da vítima na decisão.
Fran: “Mas isso não causaria um constrangimento à vítima?” Sim,
causa! Mas isso é inerente a um procedimento. Cynthia: “Não é nem o
constrangimento, mas é que às vezes a mulher continua com o agressor
próximo, continua dependendo dele muitas vezes até financeiramente.” A
intenção do STF foi justamente essa, proteger a mulher do agressor, mesmo
contra a sua vontade. Pois muitas vezes ela continua apanhando e continua
com o cara, pq depende financeiramente, pq tem filhos, já vi muito isso.
No caso da lesão corporal há uma dupla exigência, primeira
exigência, ação pública incondicionada, e segunda, a necessidade de exame
de corpo de delito que o código estabelece. Aliás é a única hipótese em que o
código estabelece, crimes que deixam vestígios. Já nos crimes sexuais, não é
ação pública incondicionada, daí não se tem essa exigência. Pelo contrário, a
regra devido ao constrangimento, é que seja ação privada ou ação pública
condicionada a representação (incondicionada se for o caso de vulnerável, qq
vulnerabilidade). Aqui SIM a vítima pode não se submeter ao exame! Já nos
caso de violência doméstica não pode se recusar. Compreenderam essa dupla
exigência?
56
Mas esse é um tema que vcs vão acompanhar por um bom tempo,
até o STF se pronunciar. Acredito que para declarar este dispositivo
inconstitucional.
Eu já disse que por ser um direito, não pode advir do seu exercício
nenhuma conseqüência prejudicial ao investigado.
*Isso, essa recusa, não pode ser valorada pelo juiz na sentença.
Pelo menos não de forma escrita, pode ser até que o juiz pense isso e leve em
consideração, mas não poderá fundamentar sua decisão dizendo que foi pq o
réu se recusou, dizendo que fez uso de seu direito. Afinal ele ta no seu direito
de recusar. Não pode ser usado nem pela acusação, nem pelo juiz na
fundamentação de sua sentença.
60
19.03.13
# Princípio da Proporcionalidade
*Pressupostos
*Requisitos
65
CPP, art. 1º
OBS.: Isso nada tem a ver com o direito material, é possível que um
crime mesmo que tenha sido praticado fora do Brasil seja processado aqui
mesmo com a lei brasileira. Agora a lei processual brasileira, só se aplica no
território nacional. Seja a lei processual brasileira prevista neste código ou nas
leis extravagante (nas ressalvas / exceções).
21.03.13
*Espaço
Reprisando
Alguns doutrinadores falam em exceção , mas talvez nós só
possamos falar verdadeiramente de exceção, em relação aos tratados
internacionais que o Brasil é signatário e que dizem respeito a jurisdição
internacional. O Brasil é signatário por ex. do TPI – Tribunal Penal
Internacional. Alem disso o CPP faz referência como exceção a aplicação do
próprio CPP, a chamada jurisdição política que são os chamados crimes de
responsabilidade e os conexos a ele, que são julgados pelo congresso
nacional, presidido pelo presidente do STF, e alem disso todas as leis especiais
que de alguma forma tenham previsão de procedimento processual.
OBS.: mesmo nos casos de leis especiais com procedimentos
processuais específicos o CPP sempre poderá ser aplicado, de forma
subsidiária.
*Tempo
CPP
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
sob a vigência da lei anterior.
68
A lei 9.099 é mais benéfica, antes dela não era permitido a transação
civil, transação penal, suspensão condicional do processo nada disso. Ai, teve
uma ADIn, e o STF fez uma interpretação conforme a CF desse dispositivo,
negando-lhe. Os dispositivos da lei 9.099 que forem mais benéficos são
aplicados imediatamente pq é uma lei mais benéfica, logo extratividade da lei
mais benéfica.
Só que isso não é o suficiente, pq não são as únicas hipóteses de
possibilidade de afetação de DF do imputado, não é só prazo ou só prisão em
liberdade. Nós temos diversos outros dispositivos que fazem referência a
algum ato processual que de algum modo afeta o DF do imputado. E ai a
discussão evoluiu pra saber o seguinte, afinal a previsão constitucional da lei
penal mais benéfica ultratividade e retroatividade, é limitada ao direito penal
material ou também se estende ao direito penal processual? A CF não faz
expressa referencia a lei processual penal, ela fala apenas que retroagirá a lei
penal mais benéfica.
Mariana: “Sim, pq pra aplicar a lei penal é preciso usar a lei
processual penal”. Sim, mas esse argumentos poderia ser refutado com o
seguinte uma coisa é a instrumentalizacao que vem pra regra da imediatidade,
outra são os institutos de direito material, como novo crime, aumento de pena,
qualificadora (enfim, coisas que prejudiquem).
Rodrigo: “sim. Por dois motivos, primeiro pq a CF fala lei penal, mas
não podemos pegar o sentido literal pq no direito penal não é possível a
analogia in malam partem, e não se pode fazer isso pra prejudicar o réu. E o
segundo é que o dispositivo da CF veio pra beneficiar o réu.” As duas acabam
sendo a mesma coisa, enfim, o objetivo é proteger. Sim, de fato essa discussão
é bastante interessante, mas teve um trabalho que definiu isso, uma obra
fundamental de um português chamado Taipa de Carvalho (só sobre sucessão
de leis penais). E a conclusão que ele chega é exatamente essa que Rodrigo
acabou de mencionar, que independente da natureza, seja ela material ou
processual, o que importa é saber a forma de afetação ao DF do cidadão.
Na verdade ele até estabelece essa distinção de norma meramente
processual e de norma processual material como ele chama. E ele as coloca
tudo no mesmo bolo. Lei penal material e lei processual material. Agora a ele
meramente processual ele tira, que é a lei meramente procedimental, ou seja,
uma lei nova que muda o procedimento de um ato processual que não vai
repercutir no DF do imputado, esta última sim aplica-se imediatamente.
70
Agora a questão é essa, quando surge uma norma como esta, que é
híbrida, como fica a prescrição? Como faz com os casos que estavam em
curso? Direito material se aplica de forma retroativa e o que for meramente
processual aplica-se imediatamente? As que são de caráter material são mais
maléficas, suspende o prazo e possibilita a decretação de prisão. Então não se
aplica. E a de caráter meramente processual, se aplica imediatamente.
OBS.: já chegamos a conclusão de que existe aplicação diversa
desses dois critérios. Se for uma norma de caráter material aplica-se de forma
extrativa, desde que seja benéfica, e não se aplica se for mais maléfica. Se for
meramente processual, aplica-se imediatamente.
Bem, houve discussão doutrinária mas o mesmo cidadão Taipa de
Carvalho já resolveu isso na ema obra . As chamadas normas híbridas (parte
material e parte meramente processual), devem predominar às de caráter
material. Logo, se for mais benéfica retroage, se não for não retroage. E por
este critério o art. 366 não se aplicaria! Só poderia ser aplicado aos fatos
criminosos praticados após a sua vigência. Mas aos fatos praticados
anteriormente, e ao processo ainda estava em curso, não seria possível aplicar
este 366 pq foi introduzido por uma lei que é mais maléfica. O que vcs tem que
saber é que não e possível separar. Se alguma parte é mais maléfica não se
aplica a lei toda! e ai se aplica a regra geral da lei material mais benéfica.
23.03.13 (Sábado)
Por isso é que nós vamos nos ater a investigação feita pela polícia.
Mas temos investigações feitas por órgãos administrativos como a receita
federal, receita estadual, controladoria, CPIs, agora o próprio MP que ta numa
briga danada com a história da PEC 37 (que não quer dar esse poder pro MP, e
eles estão contra ela, chamando-a de “PEC da impunidade”) sendo que a
competência constitucional para a investigação é da polícia e não do MP.
Então vejam, além deste órgão administrativo ter sido criado
constitucionalmente a sua função típica é prevista em lei constitucional. Por isto
é que o inquérito policial resultado da investigação policial é hoje a principal
porta de entrada do sistema penal. Se vcs observarem muito embora se fale
que o inquérito policial é dispensável e de fato o é, estatisticamente 94,7% das
denúncias feitas hoje no Brasil são propostas a partir de investigações policiais,
daí a importância desse procedimento.
De que forma a policia realiza essa sua função típica de realizar
investigações policiais, através de que instrumento? O inquérito é um deles,
mas não só, é somente o principal. Mas em verdade nós temos três grandes
procedimentos investigatórios policiais. Um deles que eu vou separar, é o
instrumento policial instaurado para apurar atos infracionais (ato tipificado como
crime praticado por adolescentes), que é um procedimento separado distinto
disposto pelo ECA, com delegacia e justiça especializadas. E esse
procedimento, a depender da prática, mediante violência ou grave ameaça,,
critério utilizado pelo ECA nós teremos duas formas de iniciar, enfim.. não é
nosso objeto
Outro procedimento, é o chamado Termo Circunstancial de
Ocorrência, que é o segundo grande procedimento investigatório feito pela
policia. O critério para se saber se é TCO, a lei 9.009 que criou os juizados
especiais cíveis e criminais, trouxe uma nova estrutura para a justiça brasileira
76
I - de ofício;
O inquérito policial como regra nos casos de ação penal pública e
incondicionada, que são a maioria, é feito de ofício (ex officio), ou seja,
independente de provocação. Obviamente nos casos de ação penal pública
condicionada a representação e ação privada, o delegado só vai poder
instaurar o inquérito se tiver provocação da vítima.
*Oficialidade:
É um procedimento oficial feito por um órgão oficial, que no caso é a
polícia.
*Inquisitoriedade:
Eu já falei pra vcs da exceção dessa característica no caso de
medidas cautelares, em que nós temos contraditório / contraditoriedade.
Contraditório prévio. E inquisitoriedade quer dizer que o inquérito é inquisitório,
81
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou
do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido
ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
IV - ouvir o ofendido;
Bem, eu queria dar uma olhada nas penas, pra que vcs verificassem
que tem vários crimes nesta lei, que a pena máxima é de 2 anos. Portanto
crimes de menor potencial ofensivo, e como tal não é feito inquérito policial,
mas sim um TCO. Portanto este prazo de 10 dias para a conclusão do inquérito
policial, hoje só serve para os crimes desta lei que não sejam de menor
potencial ofensivo! Pq se for de menor potencial ofensivo será feito um TCO e
não um inquérito policial. De todo modo este é o prazo. E mais não tem
previsão expressa de prorrogação, contudo também não proíbe, logo podemos
aplicar por analogia (já que mais benéfica) o CPP possibilitando sim a
prorrogação, se o indiciado estiver solto.
*Justiça Militar
CP
- O prazo penal acabando num dia que não seja útil, ele é
antecipado.
CPP
prorrogável quando cai num dia que não seja útil, que não tem expediente, etc.
prorrogável para o dia útil seguinte.
02.04.13
# INCOMUNICABILIDADE
CPP
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá
sempre de despacho nos autos e somente será
permitida quando o interesse da sociedade ou a
conveniência da investigação o exigir.
# SIGILO
CPP
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade.
nos autos do inquérito. O delegado pode argumentar por ex. que ainda está em
processo de degravação (^^), logo, não faz parte ainda dos autos.
Segundo problema e se o advogado quiser ter acesso a
investigações realizadas por outros órgãos como CPI, receita federal,
controladoria geral da união ou do estado, MP, bom, esta súmula não se refere
a estes autos. Pela súmula ele não poderia ter acesso a eles. Mas apesar disso
é inquestionável que o advogado pode sim ter acesso no interesse da defesa
de seu cliente aos dados constantes de outras investigações. E caso o
delegado se recuse a fornecer essas informações as medidas cabíveis são,
segundo Davisson, mandado de segurança e reclamação constitucional. Cabe
reclamação constitucional diretamente ao STF exatamente pq é um
desrespeito a uma súmula vinculante, e o fundamento é o art. 103-A da CF.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento,
na forma estabelecida em lei.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso.
Ricardo: ”Isso não se aplica às partes nem aos advogados né?” Não.
Mas tem uma exceção que é a medida cautelar cuja eficácia pressupões o
desconhecimento (interceptação telefônica por ex.). isso antes de ser
documentada, pq após a documentação segundo a súmula, as partes podem
ter acesso. Então é possível que já exista uma medida investigativa como uma
interceptação telefônica e que as partes não tenham acesso,
# CONCLUSÃO / ENCERRAMENTO
CPP
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
94
04.04.13
# ARQUIVAMENTO
*Esfera estadual
1ª instância
Parte da doutrina discute a seguinte situação. Se o promotor se
manifestar pelo arquivamento. O juiz não é obrigado a aceitar, ele pode
arquivar ou não.
CPP
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar
96