Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Marcio Peter Lacan Com Marx PDF
Marcio Peter Lacan Com Marx PDF
A invenção da prática analítica abriu um novo campo que foi chamada por
Freud de “realidade psíquica”. Fato que tem uma incidência política, pois
evidencia além da realidade da que organiza nosso mundo uma outra,
particular do sujeito, que não pode ser coletivizada.
Lacan faz Marx o inventor do sintoma, o que desloca uma noção idealista de
sintoma que seria a de entendê-lo como realização de desejos como era
para Freud, e ampliá-lo, pois para Marx o sintoma é o sintoma de uma
verdade (por isso Marx é o inventor do sintoma) e para Freud o sintoma é a
verdade.
Lacan propõe uma fórmula que resume sua posição: "A mais-valia é a causa
do desejo da qual uma economia faz seu princípio”. Ou seja, o mais-gozar
foi deduzido por Lacan tanto de Freud (Lustgwinn) como de Marx, o que
permite a Lacan formular uma nova conexão entre o objeto produzido
tecnicamente e a satisfação da pulsão. Ao colocar Marx como o inventor do
sintoma, Lacan pode definir o sintoma como sendo a expressão do Real no
Simbólico, reformulando a definição de sintoma como uma comemoração de
um trauma ou como a expressão de uma realização de desejo, com sua
estrutura de metáfora.
A sexualidade e a globalização
Se não há cura do mal-estar, para que serve interpretar a cultura?
O psicanalista não pode prometer uma cura do sintoma social, nem um laço
social adequado, nem satisfação, mas apenas uma ética outra que a que
identifica o bem com o bem-estar.
Não se pode negar que existe uma demanda social, que se identifica com
uma demanda terapêutica, que é a de reduzir o sintoma. O psicanalista
trabalha para a adaptação do analisante ao mundo capitalista ou para a
verdade particular do sujeito?
A série das figuras criadas por Lacan para ilustar os efeitos da sexuação
inclui expressões como “Empuxo à mulher”, “parceiro sintoma”, “homem
sem enrolação”.
Para falar da mulher Lacan inventa ditos tais como (in Televisão): “Todas as
mulheres são loucas” ou ainda “A mulher só encontra o homem na psicose”.
Outras construções se sustentam exclusivamente na referência à literatura,
como “a mulher pobre”, referência a um romance de Leon Bloy; ou a um
texto de psicanálise, como “mascarada feminina”, artigo de Joan Riviere.
Lacan adjetiva ciúmes e masoquismo de “femininos”, inventa uma
“devastação feminina”, e define a “verdadeira mulher”, que pode ser
entendido como um elogio â castração. Existe também figuras criadas por
comentadores de Lacan, como “homem lacaniano” proposto por J. A. Miller
in “De mulheres e semblantes”.