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enuncia um princípio básico da sua acção - «que se erga um dedo sem que
outros se ergão com elle». No que diz respeito à passagem do polegar B1
fornece algumas instruções, enquanto CL é completamente omisso
quanto a esta matéria. A preocupação essencial deve ser a obtenção de
uma igualdade e fluência tais nesta manobra que a tornem imperceptível.
Qyalquer interrupção deve ser cuidadosamente evitada. Bomtempo utiliza
ainda a imagem de uma abóbada formada pelos restantes dedos sob a qual
passa o polegar. Esta descrição de uma passagem do polegar, sem grande
intervenção do braço ou mão e privilegiando a fluência, corresponde a
uma visão generalizada em finais do século XVIII, início do XIX.
A parte prática não é original na íntegra, ao contrário do que afirma
Vieira: «a parte pratica, porém, é original...» (VIEIRA 1900: I, 123). Um
pequeno número de exercícios e as escalas não são de facto novos. Mas
são-no as «Seis Liçoens Progressivas», os «Trinta Prelúdios em Todos os
Tons» e os «Dôze Estudos» que compõem o restante da obra. Os
exercícios, que inauguram o segmento prático, em CL preenchiam apenas
duas páginas. Em B1 perfazem já uma parte mais expressiva da obra
abordando mais extensivamente vários aspectos da técnica pianística:
notas dobradas, acordes, arpejos, trilos, etc. Antes de cada série de
exercícios, agrupados segundo o aspecto técnico que tratam, há pequenas
introduções que contêm mais indicações teóricas sobre a técnica, a juntar
ao já referido. B1, apesar de ter seguido a posição de Clementi referente à
execução dos trilos ao copiar a parte teórica, revela uma prática diferente
nas dedilhações dos exercícios e dos estudos. Aqui, ao contrário de CL,
nos pares de dedos dos trilos, a ordem da numeração é sempre do dedo
inferior para o superior, não deixando dúvidas quanto a um começo na
nota inferior. A prática parece aqui avançar antes de ser consagrada por
uma formulação teórica. Os prelúdios são uma espécie de demonstração
da arte da improvisação em várias tonalidades e as lições constituem uma
introdução ao contraponto. Esta linha didáctica liga-se ainda às obras
destinadas ao cravo que ainda é referido, inclusive no título «Methodo de
Tocar Cravo, ou Piano Forte» (presente apenas no interior da obra). CL
também continha Preludias e Lecciones, sendo estas últimas o
correspondente aos estudos de B1. O estilo dos estudos é muito similar ao
de Clementi ou Cramer, como notou Vieira (VIEIRA 1900: I, 123). Neles
se adivinha o tipo de pianismo virtuoso que Bomtempo representava,
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mesmo título, quase no final de H (ver Apêndice 2). Mais uma vez
Bomtempo não copia fielmente Hummel, mas é óbvio que utiliza as suas
ideias embora de forma dissimulada e até confusa, em sensivelmente
metade do texto. A coincidência com H é reforçada pela completa
novidade deste capítulo em relação a B1 e CL. Não julgamos que a
segunda parte do texto provenha de H.
B2 não acrescenta muito ao «Modo de pôr as Mãos no Teclado» de
B1, que se ocupa da teoria da técnica pianística. Contudo, também aqui
há sinais de evolução, nas referências ao movimento dos braços (en-
riquecida mais adiante junto aos exercícios intitulados «Notas que se dão
de Salto») e na observação, deveras interessante, de que «H e preciso haver
todo o cuidado no modo de ferir as teclas; para que senão perceba o tacto,
o que destruiria o bom effeito do som». Bomtempo mostra aqui
preocupações próprias de uma técnica mais sofisticada. Em B2 surge,
além disso, um reflexo de um fundamento da dedilhação moderna que
vinha sendo gradualmente adoptado - a utilização do polegar como pivot
para as deslocações da mão no teclado. Bomtempo, em B2, considera-o
mesmo o dedo mais importante «que serve de apoio para o movimento
dos outros», exactamente como Hummel.
Logo a abrir a parte prática de B2 temos três capítulos aparentemente
novos. A ilustração da extensão de um piano de seis oitavas não é mais do
que um aproveitamento dos dois exemplos que no capítulo 17 de B1 mos-
travam os géneros diatónico, cromático e inarmónico da escala. O tipo de
exercício para o reconhecimento das notas e sua localização no teclado,
que compõe o capítulo seguinte, existia, mais reduzido, em CL mas tinha
sido deixado de parte em B1. Os exercícios preparatórios constituem um
desenvolvimento sobre o primeiro dos exercícios da página 14 de B1. No
entanto aproximam-se bastante (a começar pelo novo título) do primeiro
dos «Exercices Préparatoires» de H (pág. 6). O mesmo exercício é agora
apresentado em todas as tonalidades e com uma aceleração progressiva da
semínima até à semicolcheia. Por baixo do título, algumas frases sobre a
dedilhação mostram que Bomtempo já não adopta, como fizera no
método anterior (seguindo CL), o sistema de dedilhação inglês da época,
em que o polegar é identificado com uma cruz e os restantes dedos
numerados de um a quatro. O «Exercício para preparar o trinado» e uma
colecção de exercícios na extensão de quinta, sexta, sétima e oitava,
também ausentes em B1levam-nos às «12 Liçoens». Há aqui alguns
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1 «Prefacio» p. 3
2 «Elementos de Musica» p. 4
2.1 «Capitulo 1°: Definiçoens» p. 4
2.2 «Capitulo 2°: Da Pauta ou das Linhas e Espaços» p. 4
2.3 «Capitulo 3°: Dos Signos» p. 5
2.4 «Capitulo 4°: Das Claves e suas formas» p. 5
2.5 «Capitulo 5°: Das Figuras de Musica e suas Pausas» p. 7
2.6 «Capitulo 6°: Do Compasso e dos Tempos» p. 8
2.7 «Capitulo 7°: Das Figuras Alteradas» p. 12
2.8 «Capitulo 8°: Dos Intervallos» p. 13
2.9 «Capitulo 9°: Dos Accidentes ou Signais que alterão os Signos» p. 15
2.10 «Capitulo 10°: De varios Signaes que se usão na musica» p. 19
2.11 «Capitulo 11°: Explicação dos Termos adaptados na musica
relativamente aos Andamentos e ao caracter e força na execução»
p. 20 (incompleto)
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Apêndice 2: Semelhanças entre a segunda versão dos «Elementos de Musica e Methodo de Tocar Piano Forte»
de Bomtempo e o método de piano de Hummel (edição francesa).
B2 H
Premiere Partie
Capitulo 11° (pág. 20-22)
CHAPITRE III
ARTICLE 5 (pág. 62)
Explicação dos termos adoptados na musica relativamente Des mots qui ont rapport au mouvement,
aos Andamentos, e ao caracter e força na execução (... ) au caractere et a la force du jeu
Qyadro dos differentes Andamentos. Mots qui indiquent le degré de vitesse du mouvement
Largo, Adagio, Grave, Larghetto, Lento, e Sostenutto. Grave pesant, grave, sévere
A estes se lhe ajuntão algumas vezes os Termos assaz tres
seguintes: Largo assai, Adagio ma non tropo, (que quer Largo large, mesuré
dizer mais ou menos demorado.)
La;gb,ttal
assaz tres
Lento sostenuto soutenu trainant, paresseux
Andante, que quer dizer movimento ordinario, a este non troppo pas trop
se lhe ajuntão algumas vezes os Termos seguintes,
Maestoso, Non tropo, Affectuoso, Grazioso, Con affictuoso affecnteux, touchant
moto; (que quer dizer, com majestade, não Andante marchant
demasiado, cheio de sentimento, com graça e com grazwso graCieux
viveza.) Movimentos menos que Allegro. Andantino,
Pastorale, e Allegretto. pastora/e pastoral
Allegro, os Termos seguintes se lhe ajuntão Allegretto un peu gai, léger, agréable
algumas vezes ao precedente, para modificar ou
alargar a sua significação; como por exemplo: maestoso majestueux
Allegro Maestoso, que quer dizer, (com moderato modéré
majestade,) Moderato, (com moderação,) giusto juste, proportionné
Affegro gai, éveillé
Giusto, (com exactidão,) Non tropo, (não un poco unpeu
demasiado,) Comodo, (com descanço,) Con non troppo pas trop
Moto, (com viveza.) Con brio ou Brillante, comodo commode
(com animação) Con fuoco, (com ardor)
Vivace, (com vivacidade) Agitato, (com Allegro gai, éveillé
agitação) Furioso, (com furia) Assai, (muito
veloz) Vivace, (ainda muito mais veloz) Presto e con moto avec plus de mouvement
Prestíssimo; estes dous ultimos designão o con brio {ou brillante) avec vivacité
movimento mais accelerados de todos. con spirito {ou spiritoso) avec esprit
confuoco avec feu
Allegro vzvace gai, éveillé mais vi f
agitato agité
furioso furiemc
molto beaucoup
assaz tres
Vivacissimo tres-vif
Presto encore plus vif
Prestissimo le plus vif possible
Termos que se refem ao movimento no Mots qui se rapportent au mouvement dans le courant du morceau (pág. 63)
decurso das Peças de Musica
a piacere à volonté sans observer le mouvement,
A piacere, (à vontade do que executa) meno en s'abandonnant à son
sentiment, ou à sa fantaisie.
vivo, (menos accélerado) accelerando,
meno vzvo moins vif
stringindo, (apertando) piu mosso, (mais
accelerando en pressant
apertado) piu vivo, (mais accelerado) piu
~ en serrant le
stretto, (ainda mais) piu presto, (mais veloz) stringendo ces expressions indiquent que
1° Tempo, l'istesso movimento, (o mesmo mouvement le mouvement doit être pris
tempo) doppio, (duplo) piit mossa avec plus de mou.t tout à coup ou sucessivement
piit vivo plus vif plus ou moins vite.
sempre toujours
piit stretto plus serré
piit presto plus vite
1. 0 tempo 1. er mouvement se trouve, quand le
mouvement a été changé dans
le courant du morceau et que
le 1. er doit être repris. <....;
o
::0.•
o
doppio ou mouvement ~ se trouve également dans M
UJ
l'istesso double ou même le courant du morceau et ......,
movimento mouvement avertit que, malgré que le
""'2S
>-l
premier signe, qui indique le o
(f]
mouvement, soit doublé il ::0.
z
reste cependant le même, >-l
o
mesure par mesure.
Qyelques mots de diverses significations (pág. 64-65)
(os termos em negrito provêm Coda queue signifie une phrase finale qu' on ajoute
praticamente todos de Bl) encore à la fin d'un morceau; cela se
rencontre rarement, excepté dans la
musique de danse.
Sempre toujours s'ajoute souvent à d'autres mots, comme:
sempre poupp
f ou f.{
legato
staccato
cresc.
decresc. &,_a
Cantabile, (cantavel) Patetico, mesto, lugubre triste, lugubre anos o d'une maniere chantante
(triste) con dolore, (com patetico pathétique amabile aimable
sentimento) mesto, lugubre, con dolore avec douleur con tenerezza avec tendresse
(melancolico) Languido, con languido languissant innocente innocent, sans prétention
anima, (com alma) Espressivo, con anzma avec âme congrazta avec grâce
Dolce, ou com dolcezza, (com cantabile chantant leggiero léger
doçura) Scherzo, ou Scherzando espressivo, ou leggierissimo tres-léger
avec eJ-.'Pression
[... cando?] Stretto, con espressione scherzando en badinant
dolce ou doux, agréable risoluto résolu, avec énergie
con dolcezza avec douceur
Mots qui se rapportent a la force du jeu (pág. 64)
ff (fortíssimo) tres-fort
!
et ceux-ci n'exigent pas seulement de
rallentando en rallentissant diminuer de force, mais aussi de
rallentir peu-à-peu le mouvement.
morendo en mourant
(pág. 65)
Todos estes differentes Termos, são os Au reste, quelque soit la précaution que les auteurs prennent pour indiquer par
que usão geralmente os Compositores; des mots le mouvement et le caractere d'un morceau, rarement leurs intentions
para indicarem os movimentos, e sont remplies parfaitement, cela dépend trop de l'invidualité de l'exécutant et de
caracteres das Peças de musica que elles sa maniere de sentir, d'apres laquelle illui devient quelquefois difficile de deviner
compoem; que raras vezes são dans le caractere d'un morceau son véritable mouvement.
executadas segundo as suas intençoens.
B2 H
Estes ornamentos são indispensaveis na musica; porque Les ornemens, appoggiatures, petites notes, agrémens
servem para dar espreção à Melodia, e particularmente para & a, sont indispensables dans la musique, pour la connexion
o brilhantismo da Execução. Os Ornamentos se dividem em plus intime des sons, la liaison de la mélodie, l'expression et
duas Classes: os da 1a são indicado'; por signaes, e os da 2da la beauté de l'éxécution; (... )
por notas. Je divise les ornements en deux classes: ceux qu'on
indique par des signes, et ceux qu'on écrit plus
convenablement en notes.
§. 1.
Tem-se adoptado hoje escrever as Pojaduras como as figuras Les Appoggiatures s' écrivent assez souvent aujourd'hui
ordinarias; com tudo ha muitos casos aonde se escrevem en notes ordinaires, conformément à la division de la
com as Pequenas Notas. mesure; il y a cependant des cas ou on les indique encore par
de petites notes.
§. 2.
A Pojadura deve ser considerada como huma suspenção ou Elles peuvent être considérées comme une suspension ou
huma demora da nota principal, à qual ella tira huma parte un retard de leur note principale, à laquelle elles enlevent une
do seu valor. Dividem-se as Pojaduras em curtas, e longas, partie de sa valeur. On les divise en Appoggiatures longues et
courtes.
§. 3.
a mais extença toma ametade do valor da grande figura, L'Appoggiature longue, ou accentuée, prend la moitié de la
quando esta se divide em duas partes; e seria bom algumas grande note quand celle-ci se divise en deux parties; il est
vezes de lhe ajuntar no fim do seu valor, as pequenas notas. clone bon de déterminer cette valeur par la petite note même;
comme:
(Exemplo musical)
Em quanto ao sustenido #, ~ e ~ se empregão da mesma Les Appoggiatures se conforment aux accidens du morceau,
maneira como se fossem figuras ordinarias. et les #, ~ ou 9 accidentels se marquent comme devant les
autres notes.
§. 4.
Qyando as Pojaduras se empregão a diante das figuras com Devant les notes pointées, qui se divisent en trois parties,
pontos, que estas se possão dividir em tres partes, a Pojadura l'appoggiature en prend deux, c'est-à-dire la valeur de la
toma duas partes, quero dizer o valor da figura, e a esta só lhe note, ne laissant à celle-ci que la valeur du point.
fica o valor do ponto.
§. 7. (pág. 412)
Duas ou mais pequenas notas depois de huma figura grande, Deux ou plusieurs petites notes apres une grande,
se executão como a concluzão do trinado, e se ligão s'exécutent à-peu-prês comme la terminaison d'un trille. On
ordinariamente à figura principal, para indicar que o seu valor les lie à leur note principale pour indiquer que leur valeur
deve ser empregado antes da figura e não depois. doit être prise sur elle et non pas sur la note suivante.
§. 8. (pág. 413)
As Pojaduras dobradas, e outros Ornatos que os La double appoggiature, le coulé et d' autres agrémens que
compositores empregão segundo o seu gosto, pertencem às les compositeurs employent à leur gré, appartiennent à la
notas aonde estes as empregão, e não percisão de explicação note devant laquelle ils se trouvent; ils n'ont besoin d'aucune
porque a sua notação indica o modo como devem ser autre explication, puisque leur notation ne laisse point de
executadas. doute sur la maniere de les exécuter.
ARTICLE2
Do Trinado (pág. 27) Du trille (pág. 402)
§. 6. (pág. 404)
O Trinado h e h uma ligeira e repetida passagem do som de Chaque véritable trille doit recevoir une terminaison, lors
hum signo par outro immediato acima. O seu caracter são as même qu'elle n' est pas écrite; et si la courte durée de la note,
duas letras tr. ou huma pequena cruz sobre a figura, em cujo ou la note suivante ne permet pas de la faire, ce n' est plus
signo se hade fazer o trinado. t- Tambem se marca algumas alors un trille, mais simplement une note trillée, qui ne doit
vezes com este signal. ""Cada Trinado deve acabar com huma pas être indiquée par ce signe tr, (voyez l'article suivant.)
concluzão, ainda que esta não esteja escripta; porque a não '-;
~·
o
~
o
Proveniência dos exemplos musicais do Capítulo XIII «Dos Ornamentos da Musica em geral» de B2
B2 H Bl
«Pequenas Notas» (pág. 26) §. 7. «Deux ou plusieurs petites <<Algumas vezes as figuras pequenas ... »
notes ... >> (pág. 4t2) (ta linha) (pág. 9)
B2 H
ARTICLE 1
Da Execução em geral (pág. 28) De 1'exécution en général
§. 1.
A Execução distingue-se de duas differentes maneiras; On distingue, et avec raison, 1'exécution correcte de la bel/e
Correcta e de Gosto. A Execução correcta he relativamente à exécution; celle-ci se nomme aussi expression; mais je crois que
graça e à expreção com que se deve executar huma peça de cela manque d'exactitude.
mUSlCa. L'éxecution correcte est relative au mécanisme du jeu, à
tout ce qui tient à la notation.
La bel/e exécution est relative à la rondeur, à la grâce, au
gôut, qui consistent à exécuter chaque morceau et chaque
phrase avec précision, principalement dans les agrémens;
enfin à tout ce qui n'est susceptible que d'une indication
vague.
A expressão he filha do sentimento da pessoa que executa; e L' expression est relative au sentiment, à la faculté de saisir
não pode ser notada senão por alguns termos gerais, que não ce que le compositeur a senti lui-même, de l'exprimer dans le
tem nada de pozetivo, e que não podem ser uteis se não às jeu, et de le faire passer dans l'âme des auditeurs. Ceci ne
pessoas, que são doptadas de hum verdadeiro sentimento peut être ni noté, ni indiqué; c'est tout-au plus si l'on peut en
musico. donner une idée par quelques termes généraux qui n'ont rien
de positif, et qui d'ailleurs, ne sont utiles qu'à ceux qui ont en
eux le vrai sentiment de la musique.
§. 2.
Em quanto ao gosto e à graça que fazem parte da boa Qyant au gôut, à la grâce qui font partie de la bel/e
execução, o melhor estudo que se deve fazer, he de examinar exécution, on peut les cultiver par l'audition fréquente des
as composiçoens dos grandes Mestres, grands maí:tres, et surtout des meilleurs chanteurs.
§. 2.
estudando em primeiro lugar o verdadeiro caracter que On étudiera clone bien le caractere du morceau, sans quoi
convem a cada peça de musica; para lhe poder dar o estilo l'on n'éveillerait jamais dans l'âme de l'auditeur le même
que lhe compete segundo o sentimento do Compositor. sentiment que le compositeur a cherché à exprimer. On
observera toujours avec attention si ce qu' on exécute est un
Allegro ou un Adagio, car chacun de ces deux genres a un
style particulier; ce qui est beau dans l'un, nuit dans l'autre.
§. 3.
Todos os movimentos accelerados exigem o serem tocados L'Allegro exige de 1'éclat, de 1'énergie, de 1'assurance dans
com muita energia, e brilhantismo. l'exécution et une vitesse perlée dans les doigts.
§. 4.
Os movimentos vagarosos particularmente os Adagios, L'Adagio demande de l'expression, du chant, de la
exigem huma grande expreção e sentimento; a sua execução sensibilité et du calme; son exécution est en quelque sorte en
he oposta ao Allegro; por que os sons devem ser detidos, opposition avec celle de l'Allegro: car les sons doivent être
ligados e com muita expreção. tenus, plus liés, et rendus chantans par un toucher pa1ticulier.
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Fontes Primárias
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Bibliografia selectiva
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