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Documento de sessão
7.9.2010 B7-0493/2010 }
B7-0500/2010 }
B7-0503/2010 }
B7-0504/2010 } RC1/rev.1
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO
COMUM
nos termos do n.º 4 do artigo 110.º do Regimento
RC\830091PT.doc PE446.576v01-00}
PE446.583v01-00}
PE446.586v01-00}
PE446.587v01-00} RC1
PT Unida na diversidade PT
Resolução do Parlamento Europeu sobre a situação dos ciganos e a livre circulação na
União Europeia
O Parlamento Europeu,
– Tendo em conta a Carta dos Direitos Fundamentais da UE, nomeadamente os seus artigos
1.°, 8.°, 20.°, 21.°, 19.°, 24.°, 25.°; 35.° e 45.°,
– Tendo em conta os artigos 2.º e 3.º do Tratado da União Europeia, os quais estabelecem os
direitos e princípios fundamentais em que assenta a União Europeia, incluindo os princípios
da não discriminação e da livre circulação,
– Tendo em conta os artigos 8.º, 9.º, 10.º, 16.º, 18.º, 19.º, 20.º, 21.º, 151.º, 153 e 157.º do
Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia,
– Tendo em conta as suas resoluções de 28 de Abril de 2005 sobre a situação dos romanichéis
na União Europeia1, de 1 de Junho de 2006 sobre a situação das mulheres romanichéis na
União Europeia2, de 15 de Novembro de 2007 sobre a aplicação da Directiva 2004/38/CE
relativa ao direito de livre circulação e residência dos cidadãos da União e dos membros das
suas famílias no território dos EstadosMembros3, de 31 de Janeiro de 2008 sobre uma
estratégia europeia para os Rom4, de 10 de Julho de 2008 sobre o recenseamento dos Rom
com base na origem étnica em Itália5, de 11 de Março de 2009 sobre a situação social dos
Rom e a melhoria do respectivo acesso ao mercado de trabalho na União Europeia6, e de 25
de Março de 2010 sobre a Segunda Cimeira Europeia sobre os Roma7,
1
JO C 45 E de 23.2.2006, p. 129.
2
JO C 298 E de 08.12.06, p. 283.
3
Textos aprovados, P6_TA(2007)0534.
4
Textos aprovados, P6_TA(2008)0035.
5
Textos aprovados, P6_TA(2008)0361.
6
Textos aprovados, P6_TA(2009)0117.
7
Textos aprovados, P7_TA-PROV(2010)0085.
8
JO L 180 de 19.7.2000, p. 22.
9
JO L 303 de 02.12.00, p. 16.
10
JO L 328 de 06.12.08, p. 55.
11
JO L 158 de 30.04.04, p. 77.
12
JO L 281 de 23.11.95, p. 31.
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PT
Estados-Membros da UE em 2009, publicados pela Agência dos Direitos Fundamentais1, e os
relatórios do Comissário para os Direitos do Homem do Conselho da Europa, Thomas
Hammarberg,
– Tendo em conta as conclusões da Primeira Cimeira sobre os Povos Ciganos, que se realizou
em Bruxelas, em 16 de Setembro de 2008, e da Segunda Cimeira Europeia sobre os Povos
Ciganos, que se realizou em Córdova, em 8 de Abril de 2010,
– Tendo em conta o próximo relatório da sua Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e
dos Assuntos Internos sobre a estratégia da UE a favor da inclusão dos ciganos, previsto para
o final de 2010,
– Tendo em conta os Dez Princípios Básicos Comuns sobre a inclusão dos Ciganos,
A. Considerando que a União Europeia se alicerça nos princípios consagrados na Carta dos
Direitos Fundamentais da UE e nos Tratados da UE, que incluem os princípios da não
discriminação, os direitos específicos intrínsecos à cidadania da União Europeia e o direito à
protecção dos dados pessoais,
B. Considerando que estes princípios são aplicados pelas directivas supracitadas 2000/43/CE,
2000/78/CE, 2004/38/CE e 1995/46/CE,
PT
alargamentos de 2004 e 2007, beneficiando do direito que assiste aos cidadãos comunitários
e suas famílias de circular livremente e residir no território dos Estados-Membros,
H. Considerando que esta conduta tem sido acompanhada pela estigmatização dos ciganos e por
uma hostilidade geral aos ciganos no discurso político,
I. Considerando que o tribunal administrativo de Lille confirmou uma anterior decisão judicial
de 27 de Agosto de 2010, anulando as ordem de expulsão de sete ciganos, alegando, para o
efeito, que as autoridades não tinham provado que os mesmos representavam uma "ameaça à
ordem pública",
K. Considerando que a UE dispõe de uma série de instrumentos que podem ser utilizados para
combater a exclusão dos ciganos, como a nova oportunidade oferecida no âmbito dos Fundos
Estruturais de destinar até 2% da dotação total do Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional (FEDER) a despesas de alojamento a favor das comunidades marginalizadas, o que
se concretizará no decurso de 2010, ou as possibilidades existentes no âmbito do Fundo
Social Europeu,
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PT
tal como definida pelos Tratados e implementada pela Directiva 38/2004, que todos os
Estados-Membros devem aplicar e respeitar;
3. Manifesta a sua viva apreensão face às medidas tomadas pelas autoridades francesas e pelas
autoridades de outros Estados-Membros que visam os ciganos e os viajantes e prevêem a sua
expulsão; exorta essas autoridades a suspenderem imediatamente todas as expulsões de
ciganos, e solicita simultaneamente à Comissão, ao Conselho e aos Estados-Membros que
intervenham no mesmo sentido;
4. Sublinha que as expulsões colectivas são proibidas pela Carta dos Direitos Fundamentais e
pela Convenção Europeia para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades
Fundamentais e que estas medidas são contrárias aos Tratados e à legislação da UE, uma vez
que representam uma discriminação com base na origem racial ou étnica, e violam a
Directiva 2004/38/CE relativa à livre circulação dos cidadãos e das suas famílias na UE;
6. Relembra, neste contexto, que a Directiva 2004/38/CE prevê as restrições à livre circulação e
a expulsão de cidadãos da UE apenas como excepções e impõe limites específicos e
inequívocos a essas medidas; em particular, as decisões de expulsão devem ser ponderadas e
tomadas caso a caso, tendo em consideração as circunstâncias pessoais, aplicando garantias
processuais e garantindo o direito à impugnação (artigos 28.º, 30.º e 31.º);
7. Salienta que, nos termos da Directiva 2004/38/CE, a falta de recursos económicos não pode
em caso algum justificar a expulsão automática de cidadãos da UE (considerando 16, artigo
14.º) e que as restrições à livre circulação e residência por razões de ordem pública, de
segurança pública ou de saúde pública devem basear-se exclusivamente no comportamento
da pessoa em questão e não em motivos gerais de prevenção, nem de origem étnica ou
nacional;
8. Sublinha, além disso, que a recolha das impressões digitais dos ciganos expulsos é ilegal e
contrária à Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (artigos 21.º, n.ºs 1 e 2), aos
Tratados e à legislação da UE, nomeadamente às Directivas 2004/38/CE e 2000/43/CE, e
representa uma discriminação com base na origem étnica ou nacional;
10. Lamenta profundamente a reacção tardia e limitada da Comissão, enquanto guardiã dos
Tratados, à necessidade de verificar a coerência das acções dos Estados-Membros com o
PT
direito primário da UE e a legislação comunitária, em particular as directivas supracitadas
relativas à não discriminação, à livre circulação e ao direito à protecção dos dados pessoais;
reitera as suas preocupações no que diz respeito às implicações da actual repartição de
responsabilidades entre os membros da Comissão em matéria de políticas relativas aos
ciganos e apela a uma coordenação horizontal robusta para garantir respostas atempadas e
eficazes no futuro;
12. Expressa a sua profunda preocupação pelo facto de, não obstante a urgência do assunto, a
Comissão ainda não ter reagido aos seus pedidos de Janeiro de 2008 e de Março de 2010 no
sentido da elaboração de uma estratégia europeia para os ciganos, em cooperação com os
Estados-Membros; insta novamente a Comissão a elaborar uma estratégia europeia global
para a inclusão dos ciganos;
• integração das questões relacionadas com os ciganos nas políticas europeias e nacionais
no domínio dos direitos fundamentais e protecção contra o racismo, a pobreza e a exclusão
social,
• melhoria da concepção do roteiro para uma plataforma integrada sobre a inclusão dos
ciganos e prioridade aos objectivos e resultados fundamentais;
PT
para que os Estados-Membros possam recorrer activamente a esta oportunidade;
16. Expressa a sua preocupação face ao repatriamento forçado dos ciganos para países dos
Balcãs Ocidentais onde se podem ver confrontados com problemas de falta de alojamento e
discriminação; insta a Comissão, o Conselho e os Estados-Membros a velarem pelo respeito
dos direitos fundamentais dos ciganos, nomeadamente através da disponibilização de
assistência e acompanhamento adequados;
17. Solicita ao Conselho que adopte uma posição comum sobre as políticas de financiamento a
título dos Fundos Estruturais e dos Fundos de Pré-Adesão que reflicta o compromisso
político europeu de promover a inclusão dos ciganos e que vele por que os Princípios Básicos
Comuns para a Inclusão dos Ciganos sejam tidos em conta aquando de qualquer revisão dos
programas operacionais pertinentes, tendo igualmente em vista o próximo período de
programação; insta a Comissão a examinar e a avaliar os efeitos sociais, até à data obtidos,
dos investimentos realizados no quadro dos Fundos de Pré-Adesão e dos Fundos Estruturais
em prol de grupos vulneráveis, a extrair daí as devidas ilações e a elaborar novas estratégias e
regulamentação neste domínio, caso tal seja considerado necessário;
18. Solicita que seja mobilizado um financiamento adequado por parte da UE e dos Estados-
Membros para projectos de integração de ciganos, que a distribuição destes fundos aos
Estados-Membros, a utilização dos fundos e a correcta execução dos projectos sejam
supervisionadas e que a eficácia dos projectos seja avaliada, e exorta a Comissão e o
Conselho a elaborarem um relatório sobre esta questão acompanhado de propostas
apropriadas;
20. Encarrega a sua comissão competente de, após consulta da Agência dos Direitos
Fundamentais, que deverá elaborar um relatório, das ONG e organismos que operam no
domínio dos direitos humanos e das questões dos ciganos, acompanhar a questão e redigir
um relatório sobre a situação dos ciganos na Europa, com base em resoluções e relatórios
anteriores do Parlamento; considera que deverá ser criado a nível da UE, em conjunto com o
Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais, um mecanismo de avaliação pelos pares
com vista a controlar e assegurar o cumprimento por parte dos Estados-Membros;
22. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão, aos
governos e parlamentos dos EstadosMembros e dos países candidatos, à Autoridade Europeia
para a protecção de dados, ao Conselho da Europa e à OCDE.
PT