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Conteudo Extenso Minieolica PDF
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Índice
Objetivos do Módulo .............................................................................................................................. 1
1. Tecnologia de aerogeradores de pequena potência .......................................................................... 2
Introdução .......................................................................................................................................... 2
Definição de gamas ............................................................................................................................ 3
Conceitos básicos de aerodinâmica ................................................................................................... 3
Curva caraterística: a curva de potência ............................................................................................ 4
Critérios de classificação dos aerogeradores ..................................................................................... 5
1. Aerogeradores de eixo horizontal ............................................................................................................. 5
2. Aerogeradores de eixo vertical ................................................................................................................. 6
Componentes do aerogerador de pequena potência ........................................................................ 6
Rotor ............................................................................................................................................................. 7
Sistema de regulação de potência e da velocidade de rotação .................................................................... 7
Sistema de Frenagem .................................................................................................................................... 8
Sistema de Orientação .................................................................................................................................. 8
Gerador elétrico ............................................................................................................................................ 9
Controle eletrônico ....................................................................................................................................... 9
Torre suporte .............................................................................................................................................. 10
Normativa de mini-eólica ................................................................................................................. 10
Introdução ................................................................................................................................................... 10
Normativa internacional (CEI) ..................................................................................................................... 11
Trabalho da Agência Internacional da Energia (AIE) ................................................................................... 12
Experiências de fabricação na ALC ................................................................................................... 12
Resumo do capítulo 1 ....................................................................................................................... 13
2. Caraterização e avaliação do recurso eólico ..................................................................................... 14
O vento ............................................................................................................................................. 14
Fases para a caraterização ................................................................................................................ 15
Exploração ................................................................................................................................................... 15
Campanha de medidas ................................................................................................................................ 16
Parâmetros básicos ..................................................................................................................................... 17
Análise estatística inicial de dados .............................................................................................................. 17
Produção energética teórica ....................................................................................................................... 19
Outros ......................................................................................................................................................... 21
Caraterização do recurso eólico em ALC .......................................................................................... 22
Energia Mini-eólica ii
Resumo do capítulo 2 ....................................................................................................................... 23
3. Sistemas com mini-eólica.................................................................................................................. 24
Introdução ........................................................................................................................................ 24
Sistemas isolados <> sistemas conectados à rede ...................................................................................... 24
O acoplamento em potência como origem das configurações básicas ...................................................... 25
Possíveis componentes nos sistemas com mini-eólica .................................................................... 26
Outras formas de geração renovável: fotovoltaica e mini-hidráulica ......................................................... 26
Controle do sistema ou controle supervisor ............................................................................................... 27
Sistema de armazenamento de energia ..................................................................................................... 27
Grupo eletrógeno ........................................................................................................................................ 28
Os consumos ............................................................................................................................................... 29
Configurações básicas de sistemas com mini-eólica ........................................................................ 30
Sistemas conectados à rede ........................................................................................................................ 30
Sistemas isolados: sistemas com acumulação de energia elétrica; caminho em contínua ........................ 31
Sistemas isolados: sistemas eólico-diesel; caminho em alternada ............................................................. 32
Sistemas isolados: sistemas sem acumulação de energia elétrica ou grupo eletrógeno ........................... 34
Resumo do capítulo 3 ....................................................................................................................... 36
4. Aplicações de mini-eólica .................................................................................................................. 37
Sistemas conectados à rede ............................................................................................................. 37
Acumulação: depende do quadro normativo ............................................................................................. 37
Controle: do aerogerador ........................................................................................................................... 38
Consumos: depende da gestão e do quadro de remuneração ................................................................... 38
Integração de mini-eólica em meio urbano: níveis de integração .............................................................. 38
Experiências em aplicações de mini-eólica conectada à rede na América Latina e no Caribe ................... 39
Sistemas isolados com acumulação em baterias ............................................................................. 39
Outras formas de geração renovável: fotovoltaica, muito frequente; hidráulica, menos .......................... 40
Acumulação: baterias .................................................................................................................................. 40
Controle: distintas possibilidades ............................................................................................................... 40
Grupo auxiliar: de apoio .............................................................................................................................. 41
Desenho de sistemas isolados híbridos ...................................................................................................... 41
Normativa para sistemas isolados híbridos ................................................................................................ 42
Experiências de eletrificação rural com sistemas com baterias e com pequena eólica na América Latina e
no Caribe ..................................................................................................................................................... 43
Sistemas coletivos (mini-redes) com diesel. Sistemas eólico-diesel ................................................ 48
Outras formas de geração renovável: admite, mas não são frequentes .................................................... 48
Acumulação: curto prazo ............................................................................................................................ 48
Controle: supervisor .................................................................................................................................... 49
Energia Mini-eólica ii
Grupo eletrógeno: imprescindível .............................................................................................................. 50
Consumos: convém incluir cargas reguláveis .............................................................................................. 50
Experiências de eletrificação rural com sistemas eólico-diesel na América Latina e no Caribe ................. 50
Sistemas eólico-água ........................................................................................................................ 53
Acumulação: armazena-se um produto da geração elétrica. ..................................................................... 53
Controle: imprescindível, mas simples........................................................................................................ 53
Grupo eletrógeno: pode existir ................................................................................................................... 53
Consumos: cargas reguláveis, não dedicadas ............................................................................................. 53
Experiências em aplicações de pequena eólica com água na América Latina e no Caribe ......................... 53
Resumo do capítulo 4 ....................................................................................................................... 54
Glossário ............................................................................................................................................... 55
Bibliografia e referências recomendadas ............................................................................................. 57
Páginas da Internet ............................................................................................................................... 58
Índice de tabelas ................................................................................................................................... 59
Índice de ilustrações ............................................................................................................................. 59
Energia Mini-eólica ii
Mini-eólica
Aerogeradores de pequena potência
Objetivos do Módulo
A tecnologia de geração eólica está baseada no aproveitamento da energia cinética do vento. Este
aproveitamento foi realizado durante séculos na forma de energia mecânica em aplicações como
barcos à vela, moinhos de vento, etc., mas foi durante o último século principalmente quando
começou a ser utilizado também para produzir eletricidade. Nas últimas décadas presenciamos um
desenvolvimento vertiginoso de grandes instalações eólicas conectadas à rede elétrica convencional,
denominadas normalmente parques eólicos, e atualmente dedica-se muito esforço na implantação de
instalações semelhantes no mar (eólica offshore).
Para tanto, basicamente é necessário conhecer três áreas de conhecimento: a tecnologia eólica e,
mais concretamente, as particularidades da gama de pequena potência; a caraterização do recurso
eólico, fonte da qual procede a energia eólica; e, por último, os possíveis usos, os distintos sistemas a
que se conecta um pequeno aerogerador.
Para a primeira área de conhecimento, serão revisados de forma simplificada os princípios essenciais
necessários para compreender como funciona a tecnologia eólica, para passar às particularidades da
tecnologia eólica de pequena potência. Apesar de que tanto a tecnologia eólica de pequena potência,
quanto a de grande potência aproveitam o vento para produzir eletricidade, existem importantes
diferenças entre ambas aplicações relativas tanto à eficiência, quanto à viabilidade econômica e à
caraterização do recurso.
Dentro da segunda área de conhecimento, o vento, o recurso eólico, será apresentado como
conseguir informação sobre o recurso eólico, seja através de campanhas de medida de vento, ou
através de o uso de mapas eólicos, e como esta informação deve ser tratada. Esta revisão incluirá as
ferramentas necessárias para calcular a energia gerada por um pequeno aerogerador.
Todos estes temas estarão enfocados na ALC. Inclui-se no curso uma atualização sobre a atividade
da mini-eólica na região no que se refere à fabricação, caraterização do recurso eólico e instalação.
Energia mini-eólica 1
1. Tecnologia de aerogeradores de pequena
potência
Neste capítulo apresenta-se uma breve revisão dos conceitos fundamentais para entender o
funcionamento de um aerogerador, bem como as noções básicas para compreender as diferenças
entre os distintos tipos de aerogeradores existentes. Considerando que este curso trata de sistemas
com energia eólica, o aerogerador será um componente sempre presente em nossas configurações.
Isto não significa que será sempre assim em um caso real. Em um caso real, seria necessário
escolher a melhor solução de abastecimento elétrico, e esta pode incluir um aerogerador ou não. Mas
aqui somente serão estudadas, dentre todas as possíveis soluções, aquelas que incluem um
aerogerador.
Introdução
Além do grande interesse despertado pelos grandes parques eólicos no gama dos multi-megawatt, os
mercados para sistemas eólicos de pequena potência (tanto isolados, quanto conectados à rede)
podem resultar atrativos se os preços da eletricidade e dos combustíveis fósseis aumentarem ou,
como ocorre em muitos países em vias de desenvolvimento, quando a distancia da rede elétrica mais
próxima é muito grande.
A mini-eólica tem um grande potencial, mas ainda existem desafios a superar. Existem normas
específicas para a mini-eólica (como o padrão CEI 61400-2 para o desenho de aerogeradores de
pequena potência), e são também aplicados alguns padrões da eólica em geral, como o de medida da
curva de potência ou o de medida de emissões sonoras; contudo, resta ainda trabalho pela frente no
campo normativo para conseguir incrementar a qualidade na fabricação destes equipamentos.
Energia mini-eólica 2
Definição de gamas
Área
Potência Nominal (kW) varredura de Subcategoria
rotor (m2)
Os valores que definem as gamas e nesta categorização foram escolhidos a partir das normas
relacionadas com a mini-eólica. O valor de 40 m2 foi o limite estabelecido na primeira edição do
padrão CEI-61400-2, e é a gama prevista atualmente para integração no meio urbano; o limite de
200 m2 foi o estabelecido na segunda edição do mencionado padrão em 2006, e inclui a maior parte
de aplicações de mini-eólica. Finalmente, o limite de 100 kW é definido em alguns países como a
máxima potência que se pode conectar à rede elétrica de baixa tensão. A gama da pico-eólica se é
normalmente aceita para aerogeradores de menos de 1 kW.
A energia que pode ser extraída do vento é a energia cinética contida na corrente de ar. Quando o
vento passa através de um aerogerador, sofre uma diminuição de sua velocidade, pelo fato de perder
energia cinética, que é transformada em energia mecânica no eixo do aerogerador. Para obter toda
a energia cinética, o vento deveria parar completamente atrás do rotor, deixando de passar através
do mesmo.
Do total da potência contida no vento, o máximo que pode ser aproveitado é um valor próximo a 60
%, limite conhecido como "limite de Betz", como homenagem ao pesquisador alemão A. Betz, que
em 1927 estudou o comportamento de uma corrente de ar em um aerogerador. A fim de caracterizar
a eficiência aerodinâmica das aeroturbinas, define-se o “Coeficiente de Potência” como a relação
entre a potência fornecida pela aeroturbina no eixo de giro, com relação à potência contida no vento
incidente no rotor da mesma. O coeficiente de potência é uma medida do rendimento da máquina e,
como mencionado anteriormente, o valor máximo deste coeficiente de potência não pode superar o
limite de Betz.
Energia mini-eólica 3
A utilização de secções das pás com forma de perfil de asa demonstrou proporcionar elevados
coeficientes de potência. Os perfis usados seguem a tecnologia aeronáutica de perfis de asas e de
rotores de baixa velocidade, ainda que recentemente tenham sido desenvolvidos perfis específicos
para geração eólica.
Na figura se representa uma curva de potência caraterística em que é possível distinguir os seguintes
valores:
Velocidade de conexão ou de arranque. Valor da velocidade média do vento para que o
aerogerador comece a gerar energia elétrica.
Velocidade nominal. Velocidade média do vento a qual uma turbina eólica rende sua
potência nominal. Ainda que tradicionalmente não exista um valor de velocidade do vento
aceito de forma universal como velocidade nominal, a tendência é usar o valor de 11m/s.
Não obstante, convém prestar atenção a este parâmetro nas folhas técnicas do aerogerador,
quando se comparam aerogeradores distintos. A partir de esta velocidade de vento os
sistemas de controle do aerogerador tratarão de manter a potência de saída de forma
regulada.
Velocidade de corte ou de desconexão. Valor da velocidade do vento em que o sistema de
controle de uma turbina eólica realiza sua desconexão. A partir desta velocidade do vento o
Energia mini-eólica 4
aerogerador permanece parado e em posição de proteção contra ventos fortes. Esta
caraterística, típica em aerogeradores de grande tamanho, não é tão frequente na mini-
eólica.
A curva de potência será utilizada para o cálculo da energia produzida por um aerogerador em um
local, da forma que será descrita mais adiante no capítulo de avaliação do recurso eólico.
Existem distintos modos de classificar os aerogeradores atendendo a caraterísticas como eixo de giro,
velocidade de rotação, tamanho, aplicação, etc. Uma primeira classificação das turbinas eólicas pode
ser realizada atendendo à disposição do eixo de giro do rotor eólico. Podemos classificar as
aeroturbinas em dois tipos, segundo este critério:
Os rotores de eixo horizontal se caracterizam por fazer girar sus pás em um plano perpendicular à
direção do vento incidente. A velocidade de giro das turbinas de eixo horizontal segue uma relação
inversa ao número de suas pás. Assim, as turbinas de eixo horizontal se classificam em turbinas com
rotor multi-pá ou aeroturbinas lentas, e com rotor tipo hélice ou aeroturbinas rápidas.
Os rotores multi-pá se caracterizam por ter um número de pás que pode variar de 6 a 24 e, portanto,
uma solidez elevada. Apresentam grandes pares de arranque e uma baixa velocidade de giro. A
velocidade linear na ponta da pá destas máquinas, em condições de projeto, é da mesma ordem da
velocidade do vento. Estas caraterísticas fazem com que a aplicação fundamental destas turbinas
tenha sido tradicionalmente o bombeamento de água. Não são utilizadas em aplicações de geração
de energia elétrica devido a seu baixo regime de giro.
Os rotores tipo hélice giram a uma velocidade maior do que os rotores multi-pá. A velocidade linear
na ponta da pá destas máquinas varia em uma margem de 6 a 10 vezes a velocidade do vento. Esta
propriedade faz com que as aeroturbinas rápidas sejam muito apropriadas para a geração de energia
elétrica. Os rotores tipo hélice apresentam um par de arranque reduzido que, na maioria das
aplicações, é suficiente para fazer girar o rotor durante o processo de conexão.
Energia mini-eólica 5
www.bornay.com
Dentre as aeroturbinas de eixo vertical, pode-se encontrar três tipos de tecnologias: Savonius,
Darrieus e Giromill.
As turbinas com rotores de eixo vertical têm a vantagem fundamental de não precisar de nenhum
sistema de orientação ativo para captar a energia do vento. Apresentam a vantagem adicional, com
relação às turbinas de eixo horizontal, de dispor do trem de potência e do sistema de geração elétrica
a nível do solo, o que facilita muito o trabalho de manutenção. Como principais inconveniente estão a
dificuldade de realizar a regulação de potência ante ventos altos neste tipo de turbinas, a flutuação
do par motor no giro da aeroturbina, bem como o menor rendimento do sistema de captação com
relação às aeroturbinas de eixo horizontal. Estes inconvenientes quase levaram à extinção dos
modelos de eixo vertical. Mas nos últimos anos esta família de aerogeradores experimentou uma
ressurreição devido a sua possível utilização urbana, por suas teóricas melhores prestações para ser
integrada em edifícios: produz menor nível sonoro, menor impacto visual, melhor comportamento
ante fluxo turbulento. São vários os fabricantes que, diante das boas perspectivas neste campo,
aventuraram-se no projeto e fabricação de novos modelos, alguns deles já disponíveis
comercialmente.
A seguir se apresenta um análise das soluções tecnológicas adotadas no desenho dos aerogeradores
de pequena potência para cada um dos subsistemas do mesmo, analisando-se as opções mais
frequentemente utilizadas nos modelos existentes no mercado atual, e comparando-as com as
soluções (quase sempre diferentes) utilizadas em grandes aerogeradores.
Energia mini-eólica 6
www.solener.com
Rotor
Se descreve nesta seção o rotor de aerogeradores de eixo horizontal. As turbinas podem ser
projetadas para funcionar na configuração de barlavento (quando o rotor se encontra diante da torre)
ou sota-vento (quando o rotor se encontra atrás da torre).
A maior parte dos aerogeradores do mercado são aerogeradores de eixo horizontal a barlavento (o
vento chega pela frente); nisto coincidem com os grandes aerogeradores, que são todos a
barlavento. A tecnologia utilizada varia de rotores de duas pás, a rotores de 6 pás, cobrindo todas as
soluções intermediárias: 3, 4, 5 e 6 pás. Os mais utilizados são os de três pás (esta é a opção
escolhida também para os grandes aerogeradores), devido principalmente a seu melhor
comportamento dinâmico (são mais simples de equilibrar) e a um maior rendimento . Sem embargo,
foram experimentadas configurações de aerogeradores de uma só pá (mono-pás) e aerogeradores de
duas pás, utilizando-se um maior número de pás nos aerogeradores de potência nominal inferior a
250W. O material das pás é quase sempre fibra de vidro/poliéster e, em alguns casos, madeira.
Existem além aerogeradores a sota-vento, cujo número está crescendo nos novos desenhos
orientados à integração em zonas urbanas.
Existe uma grande variedade de soluções utilizadas para regular a potência e a velocidade de giro
nos pequenos aerogeradores. Dentre elas se incluem:
“Sem regulação”, na qual o aerogerador é projetado para poder suportar as cargas
produzidas em todas as condições de operação, incluídas as velocidades de giro que possam
ser apresentadas no funcionamento a vácuo.
“Regulação por desorientação” na qual o eixo do rotor se desalinha no plano horizontal com
relação à direção do vento incidente. Existem distintas soluções para que se produza esta
Energia mini-eólica 7
desorientação do rotor, a mais utilizada é através de um desenho em que o centro de
impulso do rotor não está alinhado com o centro do rolamento de orientação.
“Regulação por lançamento”, semelhante ao anterior, mas no qual o desalinhamento
ocorre no plano vertical.
“Regulação por mudança de passo”. A mudança de passo ativa é a solução utilizada nos
aerogeradores maiores, mas raramente é usada na mini-eólica, porque na maior parte dos
casos se utilizam sistemas de mudança de passo passivos, nos quais a variação do ângulo de
ataque das pás se produz através de sistemas centrífugos passivos.
“Regulação por perda aerodinâmica”, semelhante à utilizada em grandes aerogeradores,
consiste em uma redução do coeficiente de potência a partir de certa velocidade de vento,
que ocorre pelo comportamento das pás, sem necessidade de atuação externa.
O ponto fundamental na regulação da potência utilizada em pequenos aerogeradores foi
tradicionalmente conseguir uma regulação adequada através de sistemas passivos, mecânicos, já
que as soluções com mecanismos ativos, elétrico-eletrônicos, semelhantes aos utilizados nos
aerogeradores de maior tamanho, ensejam desenhos mais complexos e, consequentemente, mais
caros e com maior trabalho de manutenção. Por isso esta solução não se costuma usar em mini-
eólica.
Sistema de Frenagem
Existe uma certa indefinição, pois na documentação técnica descritiva dos aerogeradores os
fabricantes geralmente indicam o sistema de controle de voltas como sistema de frenagem o que, de
acordo com a definição da norma, seria correto, mas insuficiente para deter o aerogerador em todas
as condições de funcionamento.
Sistema de Orientação
Energia mini-eólica 8
Gerador elétrico
A maioria dos desenhos de pequena potência usam conexão direta entre o rotor do aerogerador e o
gerador elétrico, sem existência de caixa de multiplicação, ainda que tenham sido localizados alguns
desenhos com uma multiplicadora de duas etapas.
Nos aerogeradores de micropotência (< 3kW) o tipo de gerador utilizado praticamente em todos os
desenhos é um alternador de ímãs permanentes (PMG, sigla em inglês) de 4, 6, 8 ou 10 pares de
polos. No caso de aerogeradores na gama dos 3-30 kW, ainda que exista uma tendência generalizada
ao uso de PMG, também se utiliza a opção de geradores de indução.
Controle eletrônico
Até agora foram comentados sistemas de regulação mecânicos e/ou passivos. Mas também são
utilizados sistemas de regulação eletrônicos, ativos, que atuam sobre a geração elétrica na saída do
gerador. Por um lado, deve-se considerar que os geradores elétricos utilizados hoje em dia são
trifásicos, de tensão e frequência variáveis, enquanto os sistemas aos que serão conectado
normalmente demandam abastecimento em alternada (monofásico ou trifásico), sob tensão e
frequência estáveis. Os elementos normalmente utilizados para conseguir esta adaptação podem
incluir:
Regulador ou controlador de carga. A fim de conectar esta saída elétrica aos sistemas em
que serão instalados, costuma-se converter esta saída trifásica em corrente contínua, uma
conversão realizada através de um conversor eletrônico chamado retificador. A opção mais
utilizada é a de retificador não-controlado através de uma ponte de diodos. Normalmente
localizado no mesmo quadro do retificador, o regulador de tensão possui a seguinte função:
Desconexão por voltagem alta do caminho em contínua. A Desconexão por voltagem baixa
do caminho em contínua a realiza o inversor na maioria dos casos. Possuindo a saída em
contínua, encontram-se disponíveis no mercado principalmente dois modos de regulação
eletrônica:
o Regulação série: com capacidade para controlar a potência gerada pelo
aerogerador, de forma que trabalhe no ponto de máxima potência, ou regulando a
geração se o sistema assim requer (como, por exemplo, em um sistema com bateria
em que esta se encontre plenamente carregada), ou quando se ha alcançou e
superou a velocidade nominal do aerogerador.
o Regulação paralelo: esta regulação limita a tensão em contínua a um valor
estabelecido, derivando em uma resistência de dissipação toda a potência
excedente. Utiliza-se principalmente para que o aerogerador não fique funcionando
no vácuo, quando o sistema não demanda energia. O propósito da resistência de
dissipação é eliminar o excesso de energia, convertendo-a em calor. As resistências
de dissipação podem ser utilizadas tanto para aquecer água quanto ar, e isto é
especialmente recomendável no caso de aerogeradores de mais de 5 kW, em que a
quantidade de energia a dissipar pode ser importante.
Inversor. Os inversores convertem a energia CC em AC. Este dispositivo é necessário devido
a que os módulos, baterias e a geração da maioria dos pequenos aerogeradores se
transforma em energia CC, enquanto que a maioria das aplicações e dispositivos correntes
requerem energia AC. Os inversores geralmente são dimensionados de acordo com sua
Energia mini-eólica 9
produção de energia contínua máxima. A maioria dos inversores, porém, são capazes de
manejar energia adicional ao seu tamanho, mas apenas por curtos períodos de tempo. Esta
capacidade de pico é útil para satisfazer as ocasionais subidas de carga, como quando um
motor arranca. O inversor é o encarregado de produzir o fornecimento em alternada com a
tensão e a frequência requeridas pela aplicação e, portanto, são diferentes para um sistema
isolado em comparação com um sistema conectado à rede.
Torre suporte
Com relação ao tipo de torre encontramos uma ampla dispersão, usando-se torres estaiadas e
autossustentável, tubulares e de treliça. É prática habitual que o fabricante ofereça diferentes tipos
de torres, de acordo com as caraterísticas do local. O mesmo ocorre com relação à altura da torre.
Assim, encontramos casos em os que o mesmo modelo é oferecido com torres de 6 a 40 metros.
Normativa de mini-eólica
Introdução
Energia mini-eólica 10
Ainda que certamente sejam muito poucas as normas existentes referentes especificamente à mini-
eólica, são muitas as normas que direta ou indiretamente afetam esta forma de geração elétrica. A
seguir serão revisadas as que se consideram de maior importância, começando pelo bloco de normas
relacionadas com a geração eólica e seguindo com aquelas normas particulares da aplicação (sistema
isolado ou sistema conectado à rede).
A seguir revisa-se a família de padrões 61400 da CEI relativos a aerogeradores de pequena potência.
Todos eles afetam a tecnologia mini-eólica porque é “eólica”, mas aqui se analisa o grau em que
contemplam as particularidades da mini-eólica nos principais padrões:
61400-1: 2005. “Requisitos de desenho”; orientada a grandes aerogeradores conectados à
rede; as peculiaridades com relação a requisitos de desenho para pequenos aerogeradores
estão reunidas na norma CEI 61400-2, ainda que esta norma se refira aos aerogeradores de
mais de 200 m2 de área varrida de rotor, dentro da gama da mini-eólica.
61400-2: 2a Ed: 2006, “Requisitos de desenho para pequenos aerogeradores”, é a única
norma que foi especificamente elaborada para a tecnologia mini-eólica (de área varrida de
rotor menor que 200 m2). Trabalha-se na elaboração da terceira edição; nela se estuda a
possibilidade de incorporar os padrões nacionais desenvolvidos nos EUA e no Reino Unido
dentro da norma CEI. O padrão norte americano surgiu como um processo de certificação
mais simples, mais barato e menos restritivo do que a norma CEI. No Reino Unido se adotou
o padrão americano quando ainda estava em processo de revisão, introduzindo apenas
mudanças menores (no teste acústico e na necessidade de que o processo de medida fosse
verificado por um centro credenciado, o que não figurava no padrão norte americano).
Também no Canadá este padrão está sendo adotado.
61400-11: 2004. “Técnicas de medida de ruído acústico”. Com um anexo dedicado a
pequenos aerogeradores.
61400-12-1: 2005 “Medida da curva de potência de aerogeradores produtores de
eletricidade”. Conta com um Anexo H dedicado à medida da curva de potência em pequenos
aerogeradores, mas comparte todo o procedimento de equipamentos e medida com o dos
grandes aerogeradores.
61400-22 Certificação de aerogeradores. Define os requerimentos para a certificação do
aerogerador completo, fazendo referência a boa parte dos outros padrões definidos para os
diferentes componentes. Substitui a norma WT01. De momento não contempla o caso de
mini-eólica, ainda que se conceba incluir um anexo no futuro (somente em inglês).
Pode observar-se que praticamente toda a normativa existente foi elaborada para a conexão à rede
convencional de grandes aerogeradores, o que resulta lógico quando se analisa o descomunal
desenvolvimento que esta tecnologia experimentou nos últimos anos. Ocorre que a tecnologia mini-
eólica, e somente por ser “eólica”, foi incluída nestas normativas que, claramente, não correspondem
a ela na maior parte dos aspectos (escala, investimento, rentabilidade, funcionamento,
caraterização,…).
Energia mini-eólica 11
Trabalho da Agência Internacional da Energia (AIE)
Dentro do Acordo de Energia Eólica da Agência Internacional da Energia (AIE), foi aprovada a Tarefa
27, denominada “Desenvolvimento e utilização de uma etiqueta de qualidade para
Pequenos Aerogeradores”. O principal objetivo desta Tarefa é incentivar o sector industrial a
melhorar a fiabilidade dos pequenos aerogeradores e, portanto, também seu comportamento.
O trabalho nesta tarefa foi iniciado em 2009 e, de forma totalmente inovadora, realizou-se junto com
o trabalho do equipamento de manutenção (MT2) da terceira edição da norma CEI 61400-2, sobre
requerimentos de desenho de pequenos aerogeradores.
Como consequência do trabalho realizado nesta tarefa, além da proposta de etiqueta internacional
para pequenos aerogeradores, surgiu a Associação de Testadores de Aerogeradores de Pequena
Potência (SWAT, siglas em inglês), com alguns centros da ALC interessados em participar.
Como conclusão desta seção tecnológica, apresentam-se a seguir algumas experiências existentes na
ALC no que se refere a fabricação de aerogeradores de pequena potência. Destaca-se que, além da
distribuição dos modelos de pequenos aerogeradores mais conhecidos a nível internacional, esta
região possui uma série de fabricantes locais. A seguir se apresenta uma amostra de fabricantes da
região que, sem pretender ser completa, considera-se representativa da atividade existente:
Energia mini-eólica 12
Resumo
Neste primeiro capítulo foram apresentados brevemente conceitos para compreender e utilizar a
tecnologia de geração eólica, tais como a potência cinética incluída no vento, ou o coeficiente de
potência, que nos aportam uma estimação de como atua o captador eólico no momento de aproveitar
esta potência. Apresentou-se igualmente a curva caraterística principal de qualquer turbina eólica: a
curva de potência, autêntica identificação do equipamento quando se trata de realizar uma
caraterização energética, e que será utilizada para o cálculo da produção energética em um local
determinado.
A partir destas noções básicas da tecnologia eólica em geral, passa-se a enfocar a tecnologia aplicada
na mini-eólica, os aerogeradores de pequena potência. Para tanto, revisam-se as soluções técnicas
normalmente utilizadas em pequenos aerogeradores e, mais concretamente, em seus componentes
principais: o rotor, o sistema de regulação de potência e da velocidade de rotação, o sistema de
frenagem, o sistema de orientação, o gerador elétrico, o controle eletrônico e a torre.
Inclui-se uma seção sobre a normativa existente aplicável à tecnologia de geração eólica de pequena
potência, um aspecto muito importante para garantir o correto funcionamento e uma qualidade
apropriada. Revisa-se tanto a normativa de aplicação da Comissão Eletrotécnica Internacional, quanto
as recomendações elaboradas pela Agência Internacional da Energia.
Por último, conclui-se este capítulo dedicado à tecnologia mini-eólica com um repasso das
experiências de fabricação deste tipo de tecnologia na América Latina e no Caribe. Diferentemente de
outras tecnologias renováveis, a geração mini-eólica pode ser fabricada em países em
desenvolvimento, e são numerosas as experiências existentes na região de estudo: nesta seção são
mostradas algumas das mais representativas.
Energia mini-eólica 13
2. Caraterização e avaliação do recurso
eólico
Nesta seção se descreve a forma com a qual normalmente se caracteriza o recurso eólico em um
local do ponto de vista matemático. A partir desta caraterização, mostra-se também o procedimento
típico de avaliação, bem como o método mais utilizado para avaliar a energia produzida por um
aerogerador em um local determinado, a partir da caraterização do recurso realizada.
O vento
O vento, considerado como um recurso energético, é uma fonte com grandes variações temporais,
tanto em pequena quanto em grande escala de tempo, bem como espaciais, tanto em superfície
quanto em altura. Isso quer dizer que podemos encontrar grandes variações de um dia para o outro
e, ao mesmo tempo, de um local para outro que não esteja muito distante.
Parte do total da energia contida no vento é captada pelas turbinas eólicas e transformada em
energia mecânica no eixo. A potência mecânica (P, expressa em watts) que chega ao aerogerador
depende dos seguintes fatores:
Do tamanho do aerogerador (A, área de captação em m2). A potência disponível é
diretamente proporcional à área de captação.
Da densidade do ar (ρ, em kg/m3): razão pela qual quanto mais elevado seja o local, a
potência disponível é menor, para uma velocidade de vento determinada.
Da velocidade do vento elevada ao cubo (v, em m/s). Esta relação cúbica faz com que a
dependência deste parâmetro seja muito marcada.
Importante
Energia mini-eólica 14
Fases para a caraterização
As fases que podem surgir em uma caraterização e avaliação completa do recurso eólico em um
local são as seguintes:
3. Campanha de medidas: o que medir, por quanto tempo, com que equipamentos, etc.
4. Controle de qualidade dos dados medidos, com objeto de detectar os erros e corrigi-los.
8. Outros.
A seguir serão brevemente descritas algumas destas fases (as ressaltadas), considerando de antemão
que a caraterização do recurso eólico é bem diferente em sistemas com aerogeradores de
potência muito pequena (geralmente de menos de 10 kW), do que a realizada para os
aerogeradores maiores, dentro da gama da geração mini-eólica. Enquanto para os aerogeradores
maiores o procedimento seguido é semelhante ao que se usa para parques eólicos, incluindo a maior
parte das etapas descritas a seguir, no caso dos aerogeradores menores a caraterização se foca
exclusivamente na etapa de Exploração, omitindo-se o resto de etapas até o cálculo da Produção
energética teórica de um aerogerador no local.
Exploração
Energia mini-eólica 15
Campanha de medidas
A informação obtida na etapa de Exploração não deixa de ser uma primeira aproximação à
caraterização do recurso eólico, considerando que o recurso eólico pode experimentar importantes
variações em distancias próximas. Esta aproximação é considerada suficientemente apropriada no
caso dos aerogeradores de menor potência (omitindo as etapas posteriores), enquanto para os
aerogeradores maiores é frequente usar uma campanha de medidas. A razão para esta diferenciação
é o custo de fazer campanhas de medida de vento, tanto em dinheiro (o custo não varia muito
em função do tamanho da geração em valor absoluto, de modo que para os aerogeradores menores
representa um grande esforço com relação ao custo do sistema), quanto em tempo (1 ano).
Energia mini-eólica 16
Em aplicações convencionais da energia eólica (não para meios urbanos), as torres de medida se
situarão em lugares bem expostos a todas as direções e distantes de obstáculos (árvores, casas,
etc.), para evitar a perturbação dos mesmos na medida do vento; em aplicações em meio urbano não
está definido um procedimento de medida, devido a sua complexidade, de modo que continua sendo
um campo de pesquisa.
Para poder ter uma referência da densidade do ar no local se recomenda realizar medidas de pressão
atmosférica e temperatura, para o que são utilizados barômetros e termômetros, respectivamente.
Para estes valores é suficiente a coleta de medidas horárias.
Parâmetros básicos
Quando para um local determinado pretende-se avaliar a possibilidade de utilização da energia eólica,
a primeira ação requerida é quantificar o potencial do vento no mesmo. Normalmente utilizam-se
valores estatísticos considerados em pelo menos um ano, para considerar as variações ao longo de
todas as estações. Os valores utilizados são:
Valor médio da velocidade do vento: O primeiro valor que dará informação sobre o recurso
eólico é a velocidade média anual do vento. Devido à dependência da potência com o cubo
da velocidade, o valor médio do vento aporta uma primeira informação muito importante
para considerar um local eólico. Do mesmo modo, em sistemas isolados da rede elétrica
convencional, será de muita utilidade conhecer tanto os valores médios mensais, que nos
darão informação sobre as variações sazonais da velocidade no local, quanto as variações de
vento ao longo do dia (dia tipo), o que permitirá conhecer a complementariedade da energia
eólica com outras fontes energéticas, como a energia solar, e sua relação com os consumos.
Valores médios de temperatura e pressão ambiente. Variam muito mais lentamente do que
a média de vento.
Variação da velocidade do vento com a altura (perfil vertical). Devido principalmente ao
atrito da corrente de ar com a superfície terrestre, há também uma variação da velocidade
do vento com a altura sobre o solo, que geralmente é crescente. Assim, a utilização de
torres altas é vantajosa, pois permite aproveitar os ventos das camadas mais altas. Contudo,
isto nem sempre é possível nas aplicações com pequenos aerogeradores. Esta variação
costuma ser representada através de uma função potencial ou através de uma função
logarítmica.
Turbulência. Pequenas variações do vento sobre o valor médio. Em ambientes urbanos é
possível que as variações são importantes.
Além dos valores médios, as representações estatísticas mais utilizadas para a caracterização do
vento são a distribuição por orientação das direções e a distribuição por frequências das
Energia mini-eólica 17
velocidades. A informação das direções predominantes de onde vem o vento será fundamental para
escolher a localização dos aerogeradores. A representação mais utilizada da distribuição direcional
dos ventos é a chamada “rosa dos ventos” do local, na que se representa a porcentagem de tempo
em que o vento provém de uma determinada direção (a direção do vento se refere sempre ao lugar
de onde procede a corrente de ar, vista do ponto de referencia). Às vezes se reflete na rosa dos
ventos a distribuição de velocidades médias do vento para cada setor direcional.
Importante
Onde:
• v: é a velocidade do vento para a que se quer calcular a probabilidade de ocorrência
• k: parâmetro de forma da distribuição de Weibull
• c: parâmetro de escala da distribuição de Weibull
• P(v) representa a probabilidade de que ocorra uma velocidade de vento, v
Energia mini-eólica 18
realidade conhecer o parâmetro k e a velocidade média é suficiente, pois o parâmetro c pode ser
calculado a partir deles) para poder calcular a probabilidade de que ocorra uma determinada
velocidade de vento neste local. Esta informação será utilizada posteriormente no cálculo da
Produção energética de um aerogerador.
Energia mini-eólica 19
probabilidade (Weibull) de k =2 e c = 5.61 m/s, que estaria representada pelas
probabilidades apresentadas na terceira coluna, calculadas através da Equação
2.
Bin Velocidade do vento (m/s) Potência (W) Possibilidade de vento (f) Net W @ V
1 0 12.53% 0.00
2 2 20.50% 0.36
3 19 21.99% 4.25
4 53 18.35% 9.66
5 110 12.55% 13.77
6 202 7.21% 14.56
7 329 3.52% 11.59
8 465 1.47% 6.86
9 614 0.53% 3.26
10 772 0.17% 1.28
11 939 0.04% 0.42
12 1,053 0.01% 0.11
13 1,080 0.00% 0.02
14 1,053 0.00% 0.00
15 1,009 0.00% 0.00
16 961 0.00% 0.00
17 913 0.00% 0.00
18 869 0.00% 0.00
19 825 0.00% 0.00
20 781 0.00% 0.00
Total: 98.88% 66.14
Destaca-se que esta etapa é comum em qualquer tipo de aerogerador, independentemente de como
se realizou a caraterização do recurso eólico. Isso quer dizer que tanto quando se trata de um
aerogerador pequeno, nos quais apenas se realizou a etapa de Exploração, como quando se trata de
um aerogerador maior e foram realizadas todas as etapas, a etapa do cálculo da Produção energética
teórica é realizada da mesma forma. A diferença será que, no primeiro caso, trabalha-se com uma
função de distribuição de probabilidade de velocidades de vento (Weibull) estimada a partir de, por
exemplo, um atlas eólico da região, enquanto no segundo caso a função de distribuição de
probabilidade utilizada terá sido calculada a partir dos dados medidos in situ. Porém, o procedimento
de cálculo é o mesmo com relação ao cálculo da produção energética.
Energia mini-eólica 20
Resumo Que informação é necessária para o cálculo da
produção de um aerogerador em um local?
Onde
V1: velocidade do vento à altura h1
V2: velocidade do vento à altura h2
: expoente de corte (costuma tomar valores entre 0.14 e 0.20)
Outros
Para o nível de familiarização perseguido neste curso, considera-se que o que foi apresentado até
agora é suficiente. No entanto, e a título de cultura eólica, agrega-se, para concluir, a seção de
caraterização do recurso eólico, considerando que existem mais tarefas relacionadas, como seria a de
selecionar o local ideal para o aerogerador, dentro da região de estudo. Para tanto, é necessário uma
extrapolação espacial do recurso eólico a partir da digitalização da topografia do terreno. Existem
ferramentas comerciais disponíveis para esta finalidade.
Energia mini-eólica 21
Caraterização do recurso eólico em ALC
Comentou-se nesta seção que o recurso o eólico para mini-eólica normalmente se caracteriza, em
primeira instancia, através da elaboração de mapas ou atlas eólicos da região. Felizmente, durante os
últimos anos cada vez há mais as regiões e países com mapas deste tipo. Assim, por exemplo, a
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, México, Peru ou Uruguai dispõem de mapas eólicos nacionais
ou regionais. Os mapas realizados são distintos entre si, tanto pela forma em que foram realizados,
quanto pela informação que proporcionam, mas desde logo representam um avanço diante da
inexistência de informação sobre o recurso eólico no local que desejamos analisar. Na seguinte
ilustração apresentam-se alguns destes mapas, a modo de exemplo.
(Fonte: http://dger.minem.gob.pe/atlaseolico/PeruViento.html;
http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/index.php?task=livro&cid=1)
Estes mapas eólicos contrapõem a limitação que representa o uso da tecnologia mini-eólica em
programas de eletrificação a grande escala, pois a caraterização do recurso eólico apresenta uma
dificuldade sensivelmente maior do que a do recurso solar neste tipo de aplicações.
Neste sentido, sempre é possível partir da informação existente na base de dados gratuita da NASA
(http://eosweb.larc.nasa.gov/sse/), que nos proporciona dados de partida para qualquer local. A
partir desta informação genérica, quanto mais especifica e próxima seja a informação que
consigamos, melhor será a caraterização do recurso eólico do nosso local.
Energia mini-eólica 22
Resumo
Neste capítulo aborda-se a caraterização do recurso eólico, tema fundamental para entender a
geração a partir da energia eólica. Após uma primeira e breve introdução ao conhecimento do vento
e dos principais parâmetros envolvidos no cálculo da potência cinética (área de captação, densidade
do ar e, principalmente, velocidade do vento, pois a relação com esta é cúbica), apresentam-se as
etapas que podem ser incluídas em uma caraterização completa do recurso eólico em um local.
Outras etapas importantes na caraterização do recurso eólicos são: a Campanha de medidas, com a
escolha das variáveis a medir, os equipamentos a utilizar e os locais em que é mais conveniente a
medida; a seleção dos Parâmetros Básicos e da Análise estatística da informação, que nos conduzem
à elaboração da Rosa dos ventos e da função de distribuição de probabilidade de velocidades de
vento (a de Weibull principalmente), como representações estatísticas mais comuns do recurso eólico
em um local; para finalmente concluir com o objetivo principal deste capítulo e um dos pontos
importantes do curso: o cálculo da Produção energética de um aerogerador em um local. Logo,
descreve-se o processo, incluindo um exemplo de aplicação e concluindo com um resumo com a
informação essencial necessária para a execução deste cálculo.
Por último, apresenta-se um breve resumo da atividade de caraterização do recurso eólico na região
ALC através de mapas e atlas eólicos, oferecendo a disponibilidade deles em boa parte dos países
implicados.
Energia mini-eólica 23
3. Sistemas com mini-eólica
Introdução
A rede elétrica representa, do ponto de vista elétrico, uma série de vantagens de funcionamento para
os sistemas de geração elétrica com energias renováveis de modo geral, especialmente os eólico, que
se conectam a ela: em primeiro lugar, a estabilidade elétrica (entendida como a manutenção da
frequência e da tensão do sistema dentro de umas gamas definidas) é controlada pelo operador da
rede, alheio ao desenho do sistema que se conecta à rede, evitando assim a necessidade de que seja
o próprio sistema o encarregado de manter ambos parâmetros (facilitando, definitivamente, o
controle); por outra parte, as necessidades de armazenamento são mínimas, o que permite prescindir
de um dos elementos mais complicados do sistema de geração elétrica: a acumulação. Estas
vantagens facilitaram o grande desenvolvimento das máquinas conectadas à rede.
Hoje em dia, as formas de proporcionar eletricidade a uma aplicação que não disponha de
rede elétrica convencional são três:
Energia mini-eólica 24
A extensão da rede até nossa aplicação: em função da distancia da rede mais próxima, a
orografia, a potência elétrica,..., seria calculado o custo desta opção.
A instalação de um grupo eletrógeno: permite a geração isolada com uma tecnologia
conhecida e testada, mas com inconvenientes de manutenção, fornecimento de combustível
e ruído, principalmente.
Há poucos anos, estas eram as únicas soluções disponíveis. Agora existe uma terceira, que
consiste na inclusão de energias renováveis. Esta solução pode ser independente
(somente renovável) ou complementar a do grupo eletrógeno.
Para concluir esta breve análise comparativa entre sistemas isolados e sistemas conectados à rede,
convém destacar que a tendência esperada das redes elétricas convencionais, a geração distribuída,
assemelha-se cada vez mais ao comportamento dos sistemas isolados. Ainda que possa parecer uma
incongruência, pois são sistemas que dispõem de rede elétrica convencional, o certo é que na medida
em que aumenta a potência distribuída frente à potência centralizada, a rede tende a comportar-se
cada vez mais como um grande sistema isolado.
Não ocorre o mesmo ao desenhar uma planta isolada com energia renovável, em que o principio do
acoplamento em potência é básico para conseguir manter a estabilidade elétrica. Na ausência de
qualquer tipo de armazenamento, a potência fornecida pelo sistema de geração renovável deve
igualar-se à consumida pelas cargas. Entretanto, não existe essa coincidência de maneira natural, já
que as renováveis, como o vento, tendem a produzir um fornecimento com um marcado carácter
intermitente, enquanto os consumos requerem perfis mais estáveis, ainda que também com
variações que dependem das aplicações. O desafio básico é, portanto, criar alguma arquitetura e
estratégia de controle para o sistema que permita alcançar o equilíbrio de potência. Há três maneiras
de conseguir este acoplamento:
Cada uma destas três estratégias de gestão enseja um tipo de solução, definindo assim os três tipos
básicos de sistemas isolados que foram introduzidos anteriormente e que serão utilizados tanto neste
capítulo, quanto no seguinte:
Energia mini-eólica 25
1. Sistemas com baterias, híbridos: corresponde-se com a gestão da geração, são
sistemas de pequena potência (<50kW), e solucionam as necessidades de eletrificação rural
de pequena potência e as necessidades de aplicações isoladas.
2. Sistemas sem acumulação elétrica: neles se aplica a gestão do consumo.
Solucionam a necessidade de acesso à água através de sistemas de bombeamento e/ou
dessalinização, e também em aplicações de geração de hidrogênio ou geração combinada
eólico-hidráulica.
3. Sistemas eólico-diesel: aplicam uma gestão integrada. Esta solução costuma ser
adoptada em sistemas de maior potência, nos quais uma gestão energética apropriada é
muito recomendável. Solucionam as necessidades de núcleos de população de certo tamanho
e são aplicados aos problemas propostos pela geração distribuída.
Nas seções anteriores descreveu-se tanto a tecnologia de geração eólica de pequena potência,
quanto o recurso eólico a partir do qual funciona. O conhecimento necessário para familiarizar-se
com a tecnologia de geração eólica de pequena potência se completa com a aplicação, a
configuração em que será incluída esta geração eólica. Nesta seção descrevem-se os outros
componentes que podem fazer parte da configuração a que se une a geração mini-eólica, enquanto
na próxima seção serão descritos com mais detalhe as aplicações típicas em que se utiliza esta forma
de geração.
Em sistemas com mini-eólica conectados à rede, com frequência não existe outro componente além
do aerogerador, das proteções e dos contadores. Em sistemas com mini-eólica isolados da rede a
situação é diferente, contando com os seguintes componentes:
1. O aerogerador
3. Controle do sistema
5. Grupo eletrógeno
6. Consumos
Neste módulo enfoca-se a geração mini-eólica, mas se tivéssemos que estudar os sistemas isolados
com renovável, geralmente deveríamos incluir outras formas de geração, dentre as que sobressai a
geração fotovoltaica. Até hoje a tecnologia renovável mais utilizada em sistemas isolados foi a
fotovoltaica e tudo leva a crer que esta tendência se manterá e inclusive aumentará no futuro. De
Energia mini-eólica 26
fato, quando se propõe incluir geração eólica de pequena potência em um sistema isolado,
normalmente é como apoio à geração fotovoltaica, e não como um substituto.
Além da geração fotovoltaica é destacável outra forma de geração muito atrativa em sistemas de
geração isolada: a geração mini-hidráulica. Quando o recurso hidráulico está disponível, é muito
provável que a solução ideal inclua a geração hidráulica (sozinha ou com outras fontes de geração).
Ocorre que o recurso hidráulico não está tão estendido como o eólico, e muito menos como o solar.
Nesta seção não estas duas tecnologias de geração não serão descritas, porque considera-se que
existem outros cursos dedicados a elas de fácil acesso (dentro deste mesmo curso existem módulos
dedicados a estas tecnologias). Para o desenhador de sistemas isolados com renováveis, é muito
recomendável dispor do conhecimento destas tecnologias para poder inclui-las na análise de um
possível sistema híbrido, sabendo-se quais devem ser incluídas e de que forma em cada caso.
O principal problema para o controle de sistemas de geração elétrica isolados com renováveis é que
sejam capazes de assegurar o fornecimento elétrico apesar de as grandes variações na potência
gerada, causadas pela natureza intermitente das fontes renováveis, mantendo ao mesmo tempo
voltagem e a frequência dentro de limites aceitáveis. Ademais, a otimização da operação representa a
escolha da melhor combinação de componentes para conseguir um balanço no fluxo de energia,
cumprindo metas previamente estabelecidas e respeitando os limites e as restrições que a operação
do sistema impõe.
O controle engloba por sua vez dois âmbitos: hardware e software. O hardware se caracteriza pelo
tipo de computador e sus caraterísticas. A interface com a planta a controlar (interface de processo)
e com os operadores (interface homem-máquina) são partes importantes do hardware e afetam os
programas de aplicação (software) relacionados com as operações de Entrada/Saída de cada
interface. O software se divide em Sistema Operativo (SO) - para cada ordenador há vários SO
disponíveis no mercado - e programas de aplicação, que são algoritmos do sistema de controle.
Normalmente os algoritmos de controle se desenvolvem off-line, utilizando programas de
desenvolvimento.
Energia mini-eólica 27
100% da demanda de energia independentemente do recurso instantâneo obrigava a dispor de um
sistema de armazenamento.
Se fizermos uma simples classificação dos distintos sistemas de armazenamento existentes de acordo
com a tecnologia, teremos:
Sistemas eletroquímicos: nesta tecnologia inclui-se todos os tipos de baterias
convencionais (chumbo-ácido) e avançadas desenhadas para melhorar a densidade da
potência e energia.
Sistemas eletromecânicos: armazenadores cinéticos baseados nos volantes de inércia
convencionais fabricados em aço, ou nos avançados fabricados com materiais compostos. No
caso de volantes de aço de baixa rotação (de 3.000 a 5.000 rpm), este tipo de sistemas
normalmente se acopla diretamente ao eixo que une o motor diesel e o gerador síncrono, ou
através de uma transmissão mecânica que permite variar sua velocidade em uma margem
estreita. No caso de volantes de velocidade variável e normalmente maior, estes estão
acoplados eletricamente através de um conversor eletrônico bidirecional que permite variar a
velocidade de rotação do volante em uma margem de largura (de 30.000 a 50.000 rpm),
podendo dispor de mais energia útil. A autonomia normal de operação pode alcançar alguns
minutos dependendo da potência requerida.
Sistemas de armazenamento de energia através da água: a água é bombeada a certa
altura para logo ser turbinada quando se requeira a energia.
Resumo
Como conclusões com relação ao armazenamento, destacam-se:
O armazenamento de energia costuma ser o fator fundamental ao
implementar sistemas de alimentação isolados com energias renováveis.
Antes de escolher o tipo e o tamanho do sistema de armazenamento, deve-se
considerar o objetivo.
Na maior parte de os casos, as baterias são ainda a tecnologia mais
competitiva.
Grupo eletrógeno
O grupo eletrógeno é a forma clássica de obter energia elétrica em uma aplicação isolada da rede
elétrica. Portanto, trata-se de sistemas que, com uma manutenção e uso adequados, são muito
fiáveis. Apesar de suas vantagens, apresenta um inconveniente básico em aplicações isoladas, que é
a necessidade de deslocamento para reposição de combustível e manutenção preventiva. Isto faz
com que em situações determinadas deixem de ser competitivos com relação a outras soluções, além
das questões ambientais de contaminação atmosférica e ruído.
Energia mini-eólica 28
Tradicionalmente o grupo eletrógeno foi visto como a “concorrência” das energias renováveis, porque
costuma ser a opção com a qual se compara no estudo econômico. Mas outro enfoque pode ser
aplicado, aquele que vê ao grupo eletrógeno como um mercado para as energias renováveis, em que
os potenciais clientes já estão identificados, bem como seus consumos (evitando um trabalho que
nem sempre resulta fácil).
Hoje em dia existe um grau de eletrificação a escala mundial de grande importância tanto com
relação ao número de unidades, quanto ao número de personas eletrificadas desta forma, que
consiste no fornecimento elétrico com um grupo eletrógeno. O grupo pode funcionar
permanentemente ou por um número limitado de horas por dia.
Os grupos eletrógenos estão formados por um motor de combustão interna que move um gerador
elétrico. Possuem também um sistema de refrigeração, depósito de combustível, bateria de arranque
e painel de controle. Existem diferentes tipos de grupos, segundo o combustível com o que
funcionam: diesel, gasolina, propano e biocombustível. Os grupos eletrógenos apresentam a
vantagem de fornecer energia sobre a demanda sem necessidade de baterias. Comparados com os
aerogeradores e os módulos fotovoltaicos, os grupos que funcionam com combustíveis fósseis têm
baixos custos de capital inicial, mas altos custos de operação e manutenção.
Os consumos
É fundamental ter os consumos do modo mais definida possível, para que o desenho se adeque ao
posterior uso. Não obstante, nem sempre é fácil dispor de todos os dados necessários, de modo que
existe uma tendência a tentar aglomerar todos possíveis casos em poucos casos, que constituem os
consumos tipo.
O primeiro ponto que deve ser destacado com relação aos consumos de um sistema isolado é a
eficiência energética. Se em aplicações conectadas à rede é importante, no caso de sistemas com
energias renováveis é crucial, tanto que o investimento que representa utilizar dispositivos mais
eficientes compensa rapidamente o aumento do investimento que seria necessário na geração
Energia mini-eólica 29
renovável se fossem utilizados equipamentos convencionais normalmente utilizados no setor
residencial, ou seja, não eficientes.
Nas seções anteriores identificou-se as seguintes configurações de sistemas com mini-eólica, que
serão objeto de estudo nesta seção:
Energia mini-eólica 30
Sistemas isolados: sistemas com acumulação de energia elétrica; caminho em contínua
Não é simples definir o que é o “caminho de potência em contínua” (bus DC, em inglês) ou, de
forma mais precisa, não é simples definir qual sistema possui caminho em contínua e qual não. O
caminho em contínua costuma ser típico de sistemas de pequena potência (geralmente sistemas de
potência menor do que 10 kW). Estes sistemas costumam utilizar baterias como sistema de
armazenamento. Assim, os sistemas com caminho em contínua geralmente estão associados com
aqueles que incorporam baterias. Contudo, não é imprescindível a presença de baterias para que um
sistema incorpore o caminho em contínua.
Uma vantagem importante do caminho em contínua é que pode ser utilizado como coletor de
distintas tecnologias (fotovoltaica, vários aerogeradores, ou inclusive outras como pilhas de
combustível,…) de forma simples, já que utilizar uma frequência nula (corrente contínua) representa
a imposição de um único parâmetro: a tensão de trabalho.
Importante
Nestes sistemas a bateria desenvolve um papel fundamental: além do evidente papel que
desempenha como sistema de acumulação de energia, atua também como sistema de regulação de
tensão. Na ilustração 9 observar uma das configurações utilizadas em sistemas com acumulação de
energia elétrica.
A bateria é uma fonte de tensão estável, que mantém a tensão contínua dentro de uma gama
relativamente pequena (tensão nominal ± 20 %). Os demais os componentes, aerogerador e/ou
gerador fotovoltaico, se amoldam à tensão imposta pelo balanço energético em bornes da bateria.
Não é necessário um controle externo para que se produza o balanço de potência, porque as leis de
Energia mini-eólica 31
balanço elétrico, junto com a variação da impedância da bateria, governam o balanço energético o
tempo todo.
Contudo, o funcionamento descrito pode ser denominado funcionamento normal, isso é, quando a
bateria não está nem muito carregada, nem muito descarregada. O funcionamento nestes dois
estados de carga da bateria, que poderíamos denominar funcionamentos especiais, é diferente. Os
fabricantes de baterias aconselham que seja evitado, na medida de o possível, que a bateria continue
sendo carregada quando já está carregada e que a continue sendo descarregada quando está
descarregada. Isto porque se reduz a vida da bateria.
Isto explica a presença dos reguladores eólicos e fotovoltaicos. Sua missão é proteger a bateria
diante da situação de sobrecarga. Neste caso, detectado normalmente pela consecução de uma
elevada tensão da bateria, os reguladores devem impedir o carregamento ilimitado da bateria. Para
tanto, podem impedir a passagem de potência à bateria, ou limitar a passagem de potência à bateria,
permitindo somente a passagem da potência necessária para manter o balanço energético e a bateria
em estado de carga completa (assim fazem os reguladores mais finos).
Outra opção, ou outro tipo de caminho, é o caminho em alternada; nestes casos, é possível a
passagem por contínua da geração ao consumo, inclusive é possível a presença de baterias, mas o
acoplamento das distintas tecnologias é feito em alternada, não em contínua, e o armazenamento
tem um curto prazo. O caso típico de sistemas com caminho em alternada é o dos sistemas eólico-
diesel.
Nestes sistemas a conexão do aerogerador costuma ser diretamente em alternada, e o grupo diesel
desempenha um papel essencial no funcionamento do mesmo (diferentemente dos sistemas de
pequena potência, que são um elemento de apoio).
Na seguinte figura é possível ver um esquema de um sistema eólico-diesel padrão, que será utilizado
para explicar o funcionamento deste tipo de sistemas:
Energia mini-eólica 32
.
Ilustração 10. Esquema de funcionamento básico de sistema isolado eólico-diesel. (Fonte: CIEMAT)
Como já foi repetido, um objetivo primordial em sistemas isolados é manter a estabilidade elétrica.
Vejamos como se consegue: neste tipo de sistemas a rede é inicialmente estabelecida ao arrancar o
grupo diesel. Nesse momento, uma vez arrancado, a rede já está estabelecida, e os consumos podem
ser conectados. Teríamos uma rede alimentada com um grupo diesel (MODO SOMENTE DIESEL),
como muitas das existentes em todo o mundo. A tensão e a frequência da rede elétrica são mantidas
pelos controles do grupo diesel.
Um dos requisitos do grupo diesel é que não deve funcionar abaixo de um determinado nível de
carga. Doravante assumiu-se que o nível mínimo é zero, mas, se houver um nível mínimo maior o
raciocínio utilizado seria similar.
Uma vez que o grupo diesel tem gerado uma rede estável, o controle geral do sistema pode dar
permissão ao controle do aerogerador para que se conecte à rede, quando ele estime oportuno
(normalmente, quando há suficiente vento durante um determinado tempo). Estaríamos agora diante
do MODO EÓLICO-DIESEL. A potência gerada a partir do vento é consumida pelas cargas, sempre
e quando a potência de consumo seja maior do que a potência eólica. Esta seria a configuração
correspondente ao sistema eólico-diesel de baixa penetração eólica, e é a única configuração de
sistema eólico-diesel em que não é imprescindível um controle supervisor, pois a estabilidade elétrica
(tensão e frequência estáveis) da rede elétrica continua sendo mantida pelos controles do grupo
diesel.
Mas, o que ocorre quando a potência eólica é maior do que a consumida?. Considerando que,
normalmente, o grupo não será capaz de consumir potência, esse excesso de potência deve ser ou
consumido por algum outro componente ou reduzida, regulando a energia eólica. A primeira opção
leva à necessidade das cargas de dissipação. Estas cargas podem ser inúteis (cargas resistivas) ou
Energia mini-eólica 33
úteis como sistemas de bombeamento ou dessalinização de água, geralmente. A regulação do diesel
continua sendo responsável por manter a estabilidade elétrica, mas deve existir um controle do
sistema que se encarregue de derivar às cargas de dissipação e/ou cargas controladas o excesso de
energia. Está claro que a energia gerada pelo aerogerador será traduzida em um economia do
combustível consumido pelo grupo diesel. A filosofia de funcionamento descrita até aqui é a utilizada
pelos sistemas eólico-diesel de penetração eólica média. Neles, o estudo económico de viabilidade do
sistema é determinado a partir da economia de combustível derivado da energia eólica fornecida.
Contudo, o grupo diesel possui um consumo de combustível mínimo significativo, inclusive sem gerar
eletricidade (ocioso), em torno de 30% do consumo de combustível da potência nominal. Portanto,
seria interessante desconectar o motor do grupo diesel para que a economia de combustível seja
ainda maior. Neste caso, se durante um determinado tempo a potência eólica supera a potência
consumida, o motor seria detido. Isto pode ser conseguido de duas maneiras: desconectando o grupo
diesel completamente, caso em que a regulação de tensão e frequência do próprio grupo não seriam
mais disponíveis; ou por separação mecânica (através de uma embreagem) do gerador síncrono,
fornecendo assim poder ao motor (com o que seria perdida a regulação de freqüência do grupo)
mantendo ao mesmo tempo o gerador ligado, de modo que a regulação de tensão ainda estaria
disponível. Surge a necessidade de incorporar um sistema de armazenamento de energia para dispor
de uma garantia de fornecimento para o tempo transcorrido do momento em que a potência
consumida torna-se maior do que a potência eólica, até que o motor comece a funcionar e se una
novamente ao gerador síncrono. Este intervalo de tempo dura geralmente alguns segundos, de modo
que é necessário um armazenamento de curto prazo (volante de inercia ou baterias, normalmente).
Esta outra filosofia de funcionamento é a que se conhece como sistemas eólico-diesel de alta
penetração eólica.
Uma desvantagem de usar o vento como fonte de energia é a considerável variação de sua
velocidade. Em muitos casos o armazenamento de energia para resolver esta desvantagem é muito
caro. Quando o produto de um processo acionado por energia elétrica pode ser facilmente
armazenado, consegue-se um armazenamento mais barato.
O fato do recurso eólico não dispor de acumulação de energia elétrica e possuir uma alta
variabilidade significa que os sistemas que analisamos neste ponto não podem alimentar cargas
críticas, ou seja, cargas que poderiam ser alimentadas a qualquer momento do dia, qualquer dia do
ano, salvo quando há sistemas de apoio (grupo eletrógeno) que, em principio, consideraremos que
não existe.
Energia mini-eólica 34
Trata-se, portanto, de sistemas cujo resultado mais valioso não costuma ser a eletricidade em si, mas
algum outro produto que possa ser armazenado de maneira fácil e econômica; geralmente frio/calor
ou água (gelo, água dessalada ou depurada, água em um depósito) são os produtos armazenados.
O fato de não ser a eletricidade gerada o produto principal representa que são normalmente sistemas
de frequência e tensão variáveis, o que permite que o sistema seja menos sofisticado do que os que
requerem tensão e frequência fixas.
As aplicações que serão apresentadas na próxima seção, correspondentes a esta configuração, são
típicas de sistemas isolados com energia eólica sem baterias; não obstante, poderiam funcionar como
sistemas com baterias (com tensão e frequência constante, de qualidade mais elevada), e não seria
mais necessário representar os consumos como cargas no tratamento do sistema.
Energia mini-eólica 35
Resumo
Começa-se com uma introdução sobre alguns dos aspectos principais dos sistemas isolados e dos
sistemas conectados à rede com renováveis, de modo geral. Repassam-se as formas existentes para
eletrificar atualmente uma instalação isolada: extensão da rede convencional, grupo eletrógeno e a
inclusão de energias renováveis.
Energia mini-eólica 36
4. Aplicações de mini-eólica
Na seção anterior “3. Sistemas com mini-eólica”, realizou-se uma apresentação dos sistemas que
incluem aerogeradores de pequena potência, descrevendo os principais tipos e os componentes que,
geralmente, aparecem em cada um.
Antes de começar, convém esclarecer que em principio qualquer aplicação requerida por um sistema
de alimentação isolado pode ser atendida por algum sistema de energias renováveis: determinar a
solução ideal dependerá do estudo de viabilidade econômica e técnica. Isso quer dizer que a
apresentação de aplicações realizada neste capítulo de nenhuma forma pretende ser completa, mas
somente orientativa. Apresentam-se somente algumas aplicações típicas, com alguma peculiaridade
que torna especialmente atrativa a incorporação de energia eólica no sistema, mas que de nenhum
modo pretende vincular o catálogo de possíveis aplicações dos sistemas eólicos isolados aos que aqui
se descrevem.
Energia mini-eólica 37
Controle: do aerogerador
Salvo quando a legislação do lugar em que se conecta impõe alguma restrição que obrigue a inclusão
de controles especiais, tal como que toda a energia gerada deva ser consumida em uma aplicação
associada, impossibilitando sua injeção na rede, o normal é que o controle do próprio aerogerador
(retificador + regulador + inversor) seja suficiente para o correto funcionamento do sistema, não
requerendo um controle supervisor.
Tecnicamente, a conexão à rede funciona independentemente dos consumos associados. Ocorre que
normalmente os quadros de remunerações e normativos tentam fazer com que a energia gerada seja
consumida de forma local. O consumo devera ser considerado em função dos quadros: quando se
trata de um balanço neto anual, será interessante estimar o consumo anual para que a geração se
aproxime a ele; quando se trata de um balanço neto instantâneo, o estudo de os consumos deverá
ser muito mais detalhado, para que em cada momento a geração se aproxime ao valor do consumo.
Neste tipo de instalação, o aerogerador é instalado sobre o solo, geralmente em uma parcela em que
exista outro edifício. Este edifício pode ser tanto residencial quanto industrial (polígono industrial),
agrícola (granja) ou do sector de serviços (grandes armazéns, postos de gasolina,...), sendo estas
suas aplicações típicas. Dentre todos os casos de aerogeradores em meio urbano, este é o que mais
se parece ao convencional e, portanto, neste a influencia do edifício é menor e o recurso eólico pode
ser mais elevado. Assim, é também a opção proposta com maior frequência como forma de conexão
à rede de pequena geração eólica. Os tamanhos de geração podem chegar a até 100 kW.
Esta opção está aberta também aos locais em que, por motivos ambientais e/ou normativos, não está
permitida a instalação de um parque eólico, mas somente uma instalação de menor potência.
Neste caso o aerogerador está fisicamente unido à estrutura do edifício. Desta forma o edifício é
utilizado como torre para o aerogerador, conferindo altura, o que representa uma importante redução
do custo total. O edifício deve ser capaz de suportar o aerogerador, tanto em termos de cargas
transmitidas quanto de vibrações produzidas. Neste caso, o edifício influi de forma notável no recurso
eólico pois, além de ser utilizado como torre, é também um obstáculo importante e próximo, de modo
que produz uma alteração do fluxo, diminuindo sua capacidade energética e aumentando sua
turbulência.
Energia mini-eólica 38
Esta opção é proposta como forma de produzir energia no local em que será consumida,
normalmente de maneira conjunta a outras formas de geração distribuída (fotovoltaica,
principalmente). Assim, as possibilidades seriam grandes em cidades de países desenvolvidos.
Contudo, ainda precisa ser comprovado se o edifício reduz o potencial eólico ou torne o fluxo tão
turbulento que os aerogeradores não resistam às condições de trabalho impostas. De fato, são varias
as vozes de especialistas do setor da pequena geração eólica que opinam que a integração em
edifícios não é uma aplicação apropriada para a geração eólica.
Os aerogeradores propostos para esta aplicação são de pequeno tamanho, geralmente com menos
de 5 kW. O ruído e as vibrações são especialmente importantes. Assim, ressurgiu nos últimos anos a
proposta de aerogeradores de eixo vertical.
Neste caso, o edifício é projetado desde o começo para albergar a geração eólica, de modo que pode
ter a forma necessária para não somente não diminuir o potencial eólico, mas inclusive aumenta-lo.
Pretende-se fazer com que a forma favoreça a captação eólica. Ainda que não seja uma ideia nova,
pois os antigos moinhos já tentavam aproveitar em seu desenho o recurso eólico, são muito poucas
as experiências existentes no mundo de edifícios modernos deste tipo, mas cada vez há mais
arquitetos interessados. A geração eólica pode chegar a ser de centenas de quilowatts, como o World
Trade Center, no Bahrein.
De todas as configurações analisadas, esta é a mais inovadora e ainda não existe uma utilização
significativa na região ALC, apenas algum projeto de demonstração.
Energia mini-eólica 39
Outras formas de geração renovável: fotovoltaica, muito frequente; hidráulica, menos
Normalmente, as energias envolvidas em um sistema híbrido são a fotovoltaica e a eólica, por serem
as de uso mais universal e amplo, mas ainda assim existem experiências de eletrificação de sistemas
isolados com energia mini-hidráulica (seja sozinha, ou combinada com uma ou as outras duas
opções). Estas são soluções mais dependentes do local concreto, mas não devem ser esquecidas
quando a viabilidade o permite. Este seção se focará exclusivamente nas soluções com eólica e/ou
fotovoltaica.
Atualmente o tipo de energia renovável que possui um maior nível de desenvolvimento com relação à
alimentação de sistemas isolados de pequena potência é, sem duvida, a energia solar fotovoltaica. A
solução fotovoltaica conseguiu transmitir a imagem de fiabilidade e qualidade da instalação e, assim,
foi aceita em todos os níveis (profissional, usuário, decisão) como uma solução válida. Porém, as
limitações da fotovoltaica em quanto ao fornecimento de quantidades importantes de energia sem
aumentar muito o custo do sistema, podem ser paliadas em grande medida com a participação da
energia eólica. Ademais, com a inclusão da energia eólica aumenta-se a fiabilidade do fornecimento.
Portanto, ao analisar os sistemas isolados que incluem energia eólica, e considerando que uma parte
muito importante do sistema é comum a todos os sistemas isolados com energias renováveis, é
conveniente aproveitar o desenvolvimento já alcançado em sistemas com energia fotovoltaica.
Acumulação: baterias
A maior parte dos sistemas eólicos isolados utilizam baterias de Chumbo-ácido como sistema de
armazenamento para nivelar a dissociação entre a disponibilidade do vento e os requerimentos de
consumo. Continuam sendo utilizados em sistemas com pouca potência isolados da rede. Comparado
com qualquer outro elemento do sistema eólico isolado, as baterias são caras, de curta duração (a
vida é medida em ciclos, e depende da utilização que é feita da mesma, valores entre 5 e 10 anos
são típicos), e não muito eficientes (75%), além de não ser capaz de utilizar a plena capacidade
nominal (Os fabricantes recomendam não usar mais de um porcentagem dessa capacidade, chamado
Profundidade de descarga, com os valores típicos entre 70 e 80%); porém, são a solução mais
utilizada com relação a sistema de acumulação para instalações de pequena potência.
Uma bateria é um dispositivo eletroquímico que armazena energia elétrica em forma de ligações
químicas. O bloco construtivo básico de uma bateria é a célula eletroquímica. As células operam a um
potencial nominal de poucos watts (a maioria) e, dentro de limites práticos, sua capacidade em
amperes-hora e em amperes é proporcional a sua dimensão física. As células estão conectadas em
configurações série/paralelo apropriadas para proporcionar os níveis de voltagem, intensidade e
capacidade de bateria desejados.
O tipo mais comum é a bateria fixa de chumbo-ácido. Um segundo tipo menos utilizado é o tipo
níquel-cadmio, ainda que em determinados casos em o custo não é um problema, mas sim a
dificuldade de manutenção, este seja utilizado. Ocasionalmente se utilizam pilhas de combustível
como sistema de armazenamento nesta configuração, quase sempre associadas a alguma limitação
particular ao uso das baterias eletroquímicas.
Energia mini-eólica 40
Sistemas sem controle supervisor: a configuração utilizada para explicar o
funcionamento na seção “Sistemas isolados: sistemas com acumulação de energia
elétrica; caminho em contínua” não incluía qualquer controle supervisor, pois os
trabalhos do controle supervisor são realizados pela bateria de forma passiva através das
reações químicas que nela ocorrem. Esta opção é muito simples, mas as possibilidades
de controle são limitadas.
Controle integrado de sistemas híbridos: A tendência com relação ao controle de
sistemas híbridos com baterias, é um sistema de gestão global, com capacidade de
gestão da bateria (lado CC), com capacidade também de gestão energética (lado AC),
com otimização da gestão e dos consumos. Pretende-se conseguir um sistema de
geração de altas prestações, geralmente transportável em um recipiente, com uma alta
porcentagem de geração renovável, mas com grupo eletrógeno de apoio. Uma das
chaves desta concepção é o conversor eletrônico bidirecional, que permite a
passagem de contínua a alternada e vice-versa, e é capaz de manter a estabilidade
elétrica e a qualidade da energia. Esta configuração facilita a conexão dos componentes
tanto no lado da contínua, quanto no lado da alternada, indistintamente, de modo que
com frequência é denominada configuração com acoplo em alternada.
No caso de sistemas de pequena potência, sistemas com acumulação de energia elétrica, em lugares
onde não existe fornecimento de eletricidade, no momento de desenhar e avaliar economicamente o
sistema híbrido ideal, o grupo eletrógeno costuma ser considerado como possível grupo auxiliar de
apoio, isso é, para proporcionar a energia que o sistema de geração renovável (e com a acumulação
das baterias) não é capaz de fornecer quando seja necessário.
Quase sempre um sistema híbrido eólico-fotovoltaico não é mais do que um sistema isolado
fotovoltaico ao que foi agregada a geração eólica, de modo que o desenho é, em muitos aspectos,
semelhante. Mas a presença da geração eólica aporta algumas diferenças que devem ser
consideradas. A seguir se apresenta uma proposta simplificada de desenho de sistemas isolados
híbridos, dividido nas seguintes etapas:
- Desenho preliminar, baseado no uso de expressões simples para obter uma estimação
inicial dos tamanhos ideais da geração eólica e/ou fotovoltaica, do tamanho da bateria, bem como da
possível inclusão de um grupo eletrógeno de apoio. Estes métodos são muito utilizados em sistemas
somente fotovoltaicos, mas nem tanto em sistemas híbridos. Em sistemas híbridos é mais frequente o
uso de folhas de cálculo com as que se calcula a produção energética esperada do aerogerador no
local, tal e como descreveu-se na seção “
Energia mini-eólica 41
Produção energética teórica” do capítulo 2, e a partir delas se calcula a melhor combinação
de geração através de um procedimento interativo, seja manual ou automático. Para a realização
desta fase, podem ser utilizadas tanto folhas de cálculo disponíveis (como a HYCAD, apresentada por
Bergey), quanto de desenho próprio.
A aplicação da geração mini-eólica isolada é a principal dentro da pequena geração eólica. Ainda que
a normativa dos sistemas isolados que incluem eólica seja complexa devido aos numerosos aspectos
e tecnologias implicados, estão sendo realizados distintos esforços para abordá-la, descritos nesta
seção.
Trabalha-se no Grupo TC82 do CEI, em que se debatem as normas correspondentes a “Energia Solar
Fotovoltaica” em recomendações: a série 62257, “Recomendações para sistemas de pequena
potência e híbridos com energias renováveis em aplicações de eletrificação rural”. Nelas se
abordam diferentes aspectos técnicos relacionados com a eletrificação rural e, dentre outras
tecnologias, inclui-se a geração eólica isolada de pequena potência. Estas recomendações são muito
úteis para sistemas eólicos isolados, no que se refere a os outros componentes do sistema (baterias,
grupo eletrógeno, etc.).
Nota-se que não se trata de padrões internacionais, mas de especificações técnicas, consistentes em
um grupo de documentos que abordam todos os aspectos implicados, da identificação das
necessidades de consumo, até as especificações dos equipamentos. Este trabalho parte de normas
elaboradas inicialmente por Electricité de France, que foram adoptadas posteriormente pela CEI como
Especificações de Disposição Pública (as PAS 62111), e agora estão se convertendo em
especificações técnicas da CEI.
A série 62257 de documentos da CEI está composta por 31 especificações técnicas, estruturadas em
três partes: uma primeira introdução da eletrificação rural, uma segunda de gestão de projetos e
guias de implementação, e uma terceira que inclui as especificações técnicas para os componentes e
sistemas.
Energia mini-eólica 42
Experiências de eletrificação rural com sistemas com baterias e com pequena eólica na
América Latina e no Caribe
Como já foi indicado, a tecnologia renovável mais utilizada em programas de eletrificação rural no
mundo, em geral, e na ALC, em particular, é a fotovoltaica. Não obstante, existem algumas
experiências de programas e projetos em que se incluiu a tecnologia mini-eólica nesta região ALC,
alguns dos quais serão revisados a seguir. De novo deve-se que indicar que a amostra apresentada é
considerada representativa das experiências d a região, mas não pretende ser completa. A
apresentação será feita por países:
Argentina1: com certeza o país mais ativo nesta tecnologia na região. Depois de programas
como o Programa de eletrificação em aldeias escolares rurais (durante as décadas de 80 e
90) ou o Programa de eletrificação rural (na década de 90), dentro do PERMER, o Plano de
Eletrificação Rural Através de Energias Renováveis, realizou-se o maior programa de
eletrificação rural usando mini-eólica de toda a região ALC. O programa foi iniciado em 2003
com uma fase piloto com 115 moinhos (Aerowind), consistindo o programa principal na
instalação de 1500 Sistemas Eólicos Residenciais; este programa principal foi licitado em
2008 na província de Chubut com o apoio financeiro do Banco Mundial, saindo ganhadora a
união de empresas Incro S.A. (engenharia)-Giacobone (fabricante). A instalação tipo, com
fornecimento em contínua a 12 Vcc, consta de:
o Aerogerador de 500 W
o Quadro e regulador de voltagem
o Bateria 200 Ah
o Luminárias de 18 e 36 W de baixo consumo e 25 W incandescente
o Tomadas de corrente
Brasil2: dentro do programa Luz para Todos (iniciado em 2003) foram definidos os chamados
projetos especiais, “Projetos de eletrificação rural para o atendimento de comunidades isoladas,
por meio da geração de energia elétrica descentralizada, de forma sustentável, priorizando a
utilização de fontes renováveis de energia e mitigando o impacto ambiental”, dentre cujas
opções tecnológicas se encontram os sistemas híbridos. Esta concebido para comunidades
isoladas, preferivelmente na Amazônia. Como exemplo são apresentados a seguir os dados
técnicos e o diagrama de blocos do sistema de geração do Projeto da Ilha dos Lençóis, no
município de Cururupu, Estado do Maranhão:
o Geração Solar: 162 Módulos Fotovoltaicos de 130 Wp - Potência Total: 21,06 kW
o Geração Eólica: 3 Turbinas Eólicas de 7,5 kW - Potência Total: 22,5 kW
o Geração Diesel: 1 Motor-gerador diesel de 42,4 kW (back-up)
1
“Potencial Eólico Argentino. Electrificación rural en la Provincia de Chubut”. Héctor Mattio. 1er Seminario
Internacional de Energía Eólica. Lima, julio del 2008
2
“Programa Luz para Todos - Projetos Especiais. Atendimento de comunidades isoladas”. Paulo Gonçalves
Cerqueira. ELECSOLRURAL - Seminário Minirredes e sistemas híbridos com energias renováveis na eletrificação
rural. San Pablo, Brasil, Mayo 2011.
Energia mini-eólica 43
o Distribuição: Rede de distribuição trifásica a tensão de 380/220 Vca, 60 Hz.
o Iluminação Pública: 4 circuitos com lâmpadas fluorescentes compactas de 20 W
o Uso Produtivo de Energia: Instalação de uma fábrica de flocos de gelo para atender as
necessidades dos pescadores.
3
Ilustração 11. Diagrama de blocos do sistema de geração do Projeto da Ilha dos Lençóis, no Brasil
3
“Projeto Sistema Híbrido de Geraçao sustentável para a Ilha de Lençóis, Município de Cururupu– MA”.
Technical Report. Outubro de 2008.
4
“Electrificación de las Islas de Chiloé mediante energías renovables”.
(http://www.chiloeweb.com/chwb/suplementos/revista/articulos/wireless_tac_1.html
Energia mini-eólica 44
Projeta-se que o sistema requererá somente 5000 litros de combustível por ano, reduzindo o
consumo em 85% com relação a qualquer outro sistema alternativo à solução atual, segundo
a empresa desenhadora e instaladora.
México5: país pioneiro na região na implantação de sistemas híbridos e sua análise, instalou
na década de 90 alguns dos sistemas mais emblemáticos desta tecnologia a nível mundial,
alguns deles amplamente documentados, com a participação na avaliação de pessoas do
Departamento de Energia (DOE) dos EUA. Na seguinte tabela são apresentados os projetos
realizados, com suas principais caraterísticas:
5
Tabela 2. Principais projetos de sistemas híbridos realizados México, nos 90
Potência
Localização do Ano de Potência Gerador População
Fotovoltaica
Projeto Instalação Eólica (kW) Diesel (kW) servida
(kW)
Ma. Magdalena 1991 4.3 5 18 168
Nva. Victoria 1991 8.6 - 28 355
Oyamello 1991 0.76 5 4 -
X-Calak 1992 11.2 60 125 232
El Junco 1992 1.6 10 - 250
La Gruñidora 1992 1.2 10 - 230
I. Allende 1992 0.8 10 - 140
Calabazal 1992 0.8 10 - 130
Agua Bendita 1993 12.4 20 48 250
Villas Carrousel 1995 0.15 0.5 - -
Isla Margarita 1997 2.25 15 60 200
San Juanico 1999 17 70 85 400
Peru6: outra experiência muito interessante de eletrificação rural com mini-eólica, fabricada
localmente, é a desenvolvida dentro do PNER (Plano Nacional de Eletrificação Rural). Com
20 sistemas híbridos (100W eólico, 50 W FV) já implementados no anterior Plano de
Eletrificação Rural, calcula-se que existem 3500 moradias potencialmente atendíveis com
sistemas que incluam mini-eólica. Dentro da atividade já realizada, é destacável o Projeto El
Alumbre (2007), cujo objetivo foi dotar de eletricidade a 33 famílias rurais, um posto médico
e uma escola da comunidade de El Alumbre, bem como testar o funcionamento da
tecnologia e implementar um modelo de gestão.
5
“Plataforma Experimental para el Desarrollo de Sistemas Híbridos Solar- Eólico para Aplicaciones
Productivas”. Jorge M Huacuz. Taller Internacional sobre Electrificación Rural con Energías Renovables. Cusco,
Perú, Noviembre 2, 2010
Energia mini-eólica 45
A configuração (e os custos) do sistema típico se incluem na seguinte tabela:
6
Tabela 3. Configuração e custos de instalação típica em El Alumbre, Peru
O sistema híbrido está baseado nos equipamentos Sunny Island fabricados por SMA, alimentados por
um banco de baterias de 48 Vcc, do qual os equipamentos, em um ponto centralizado, criam uma
micro-rede de CA. Partindo desta micro-rede, a geração tanto eólica quanto fotovoltaica é conectada
na parte de CA em paralelo com os consumos através de um inversor de conexão à rede, de modo
que a energia é consumida diretamente pelos diferentes consumos e o excedente passa a carregar o
banco de baterias, diminuindo deste modo as perdas por queda de tensão e máxima geração, já que
os equipamentos trabalham nos pontos de máxima eficiência o tempo todo.
6
“Resultados Microaerogeneradores para electrificación rural: Caso de El Alumbre, Campo Alegre, Alto Perú
Cajamarca” Jose Chiroque. Simposio internacional de energía eólica de pequeña escala, Lima, diciembre 2011
7
“Proyecto de electrificación rural para comunidades aisladas en Venezuela”. www.bornay.com
Energia mini-eólica 46
As caraterísticas principais dos sistemas são:
7
Tabela 4. Principais caraterísticas dos sistemas híbridos instalados na Venezuela
10 3 3 800 10 10
20 5.4 6 2x800 10 15
O projeto EUROSOLAR8
Por último, apresenta-se o projeto EUROSOLAR, um projeto cujo objetivo era atender os serviços
básicos comunitários, como escolas, postos de saúde e locais comunitários em 600 comunidades em
El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Honduras, Peru, Paraguai, Bolívia e Equador, com um orçamento
total de mais de 36 milhões de dólares, dos quais a Comissão Europeia aportou mais de 8 milhões de
dólares.
Os sistemas propostos são sistemas isolados alimentados com energias renováveis, a maior parte dos
quais utilizam somente geração fotovoltaica, mas existem 177 instalações atendidas com sistemas
híbridos eólico-fotovoltaicos (as 55 instalações implementadas na Bolívia e 122 instaladas no Peru).
Nestes casos, os kits híbridos eólico-fotovoltaicos de 1,4 kW cada kit, contém: 1 aerogerador, 6
painéis solares, 1 antena de satélite, 5 computadores laptop, 1 purificador de água, 1 refrigerador
para vacinas, carregador de baterias, 1 equipamento multi-função (impressora e scanner), 1 projetor
e serviço de conexão à internet.
8
Ilustração 12. Kit híbrido eólico-fotovoltaico usado no projeto EUROSOLAR
8
www.programaeuro-solar.eu/
Energia mini-eólica 47
Sistemas coletivos (mini-redes) com diesel. Sistemas eólico-diesel
Na medida em que o tamanho do sistema de eletrificação isolado com renováveis aumenta, existem
determinados aspectos que tradicionalmente dificultaram a extrapolação da configuração com
armazenamento energético em baterias, dentre os que se destaca a inviabilidade técnica e econômica
que representa um sistema de armazenamento de energia semelhante de grande tamanho. Outro
aspecto que influenciou a mudança de configuração foi o alto custo que a tecnologia fotovoltaica
conferia ao sistema no caso de grandes gerações. Ainda que estes fatores tenham sido superados
atualmente (principalmente a inviabilidade técnica de grandes baterias e o alto custo da geração
fotovoltaica), o que está possibilitando instalações comerciais com a mesma configuração de grande
tamanho (centos de kWs), apresenta-se nesta seção uma configuração para sistema isolado de
grande tamanho e não baseado em baterias como elemento de estabilização elétrica. No seu lugar, o
elemento base para a estabilização elétrica será o grupo eletrógeno diesel.
Esta configuração baseada em uma rede alimentada por um grupo (ou central) diesel incorporou
tradicionalmente a geração eólica para constituir a configuração denominada sistemas eólico-diesel,
que será analisada a seguir em termos de componentes mais comuns.
A configuração típica inclui geração eólica, além do grupo diesel; mas também admite outras formas
de geração como a fotovoltaica (cada vez mais utilizada em razão da diminuição de custos
experimentada nas instalações de grande escala) e a hidráulica (pouco frequente, ainda que
emblemática no projeto da Isla del Hierro).
Existem sistemas eólico-diesel que utilizam baterias como sistema de acumulação de curto prazo,
mas resulta mais interessante analisar agora a utilização do volante de inércia como acumulação a
curto prazo em sistemas eólico-diesel de alta penetração eólica. Na seção "Sistemas Eólicos Isolados"
mencionou-se a existência das duas filosofias de utilização de volantes de inércia:
Volantes muito pesados, metálicos, girando a relativamente (de 3.000 a 5.000 rpm)
baixas rotações (não é raro que girem solidários com o motor diesel). Não necessitam
qualquer controle porque o balanço de potência é mecânico, em função das voltas, mas por
Energia mini-eólica 48
outro lado a gama de velocidades permitidas é pequena, pois a frequência elétrica da rede
depende diretamente da velocidade de giro, e a frequência tem um gama admissível limitada.
Volantes leves, incluem materiais compostos, girando a altas rotações (de 30.000 a 50.000
rpm), e precisam de um conversor eletrônico para conectar-se à rede elétrica do sistema
eólico-diesel, e de um controle que lhes diga a cada momento a potência que o volante deve
fornecer ou tomar do sistema. A gama de velocidades de giro permitida é muito maior (o
conversor eletrônico dissocia a velocidade de giro da frequência elétrica da rede), de modo
que as possibilidades de utilização da energia acumulada são maiores. Por outro lado, o
controle é mais sofisticado.
Controle: supervisor
- Em sistemas de penetração eólica média, o grupo diesel está sempre funcionando, como
nos sistemas de baixa penetração eólica, mas agora a geração eólica pode superar o
consumo demandado, de modo que, nesses momentos, o controle do grupo diesel não é
capaz de manter a estabilidade elétrica pois é incapaz de consumir potência. Neste caso, é
imprescindível um controle supervisor que mantenha a estabilidade elétrica no sistema nos
momentos em que a geração eólica supere a demanda. São várias as formas de fazê-lo:
regulando a geração eólica, conectando cargas reguláveis (bombeamento, dessalinização,…)
ou conectando cargas resistências.
Energia mini-eólica 49
Grupo eletrógeno: imprescindível
Precisamente, este papel tão importante do grupo diesel torna muito interessante a incorporação de
energia eólica às redes diesel já existentes, que são muitas em todo o mundo, já que uma parte
considerável do sistema (Planta diesel, linhas de energia, distribuição,...) já se encontra instalada, e
somente é preciso desenhar a melhor opção da componente eólica.
São pequenas redes de distribuição, de modo que os consumos são os típicos deste tipo de redes.
Contudo, é muito recomendável que os consumos que possam ser controlados pelo controle
supervisor (cargas reguláveis), possam ser administrados por este para uma otimização da gestão
energética do sistema. Dentre estes consumos se encontram: bombeamento de água, plantas
dessalinizadoras, plantas de fabricação de gelo, sistemas de pré-aquecimento, etc.
• A geração energética é realizada a partir de uma planta diesel, cujos 3 grupos principais são de 650
kW (812 kVA) e, instalados em 1992, são integrados à operação do conjunto.
• De acordo com as previsões de crescimento da demanda energética na ilha de San Cristóbal,
decide-se pela instalação de 3 aerogeradores do modelo AE59 de MADE (agora integrado em
GAMESA), passagem e velocidade variável, cuja potência nominal unitária é de 800 kW.
Energia mini-eólica 50
• O controle dos parâmetros fundamentais da rede, tensão e frequência é realizado pelos grupos
diesel, de modo que é necessário a todo tempo ter pelo menos um diesel arrancado. De acordo com
o exposto anteriormente, isto significa que se trata de um sistema com baixa penetração eólica.
• O funcionamento de contínuo de um grupo diesel não deve estar abaixo de 25% de sua potência
nominal (dado aportado pelo fabricante).
• A carga da ilha segue a curva de demanda de uma carga residencial.
Neste caso o tamanho da geração eólica está fora da gama da mini-eólica, mas se apresenta como
exemplo de aplicação desta configuração. No seguinte diagrama de linha se mostra a configuração
deste sistema eólico-diesel de baixa penetração eólica, com as caraterísticas principais dos
componentes que formam o sistema.
9
Ilustração 13. Esquema linear sistema eólico-diesel em Galápagos, Equador
9
“SISTEMA EÓLICO/DIESEL - Proyecto San Cristóbal (Islas Galápagos)”. Alberto Alonso. Noviembre 2010
Energia mini-eólica 51
O projeto Nazareth, na Colômbia 10
Até 2011, os vilarejos de Nazareth e Puerto Estrella na região de La Guajira (Colômbia), com uma
população superior a 2000 habitantes, não desfrutavam da prestação do serviço de energia elétrica,
apesar de contar com grupos eletrógenos. O Instituto de Planificação e Promoção de Soluções
Energéticas para zonas não interconectadas (IPSE), entidade dependente do Governo colombiano,
propôs-se a melhorar a qualidade de vida dos habitantes destas localidade. Em razão de que o local é
uma região com muito vento abundante irradiação solar, ADES propôs ao IPSE (proprietário da
instalação) uma solução consistente em minimizar o funcionamento do grupo eletrógeno através da
incorporação de distintas fontes energéticas renováveis (eólica e solar) no sistema existente.
10
Ilustração 14. Esquema linear do projeto Nazareth, na Colômbia
Energia mini-eólica 52
Sistemas eólico-água
Já foi comentado que manter a estabilidade elétrica é uma das caraterísticas que mais influem no
desenho dos sistemas isolados. Assim, nesta seção se incluem os sistemas cuja estabilidade elétrica
pode ser mais flexível, abrindo a porta para sistemas de tensão e frequência variáveis, o que pode
permitir uma maior simplicidade na solução com relação aos componentes que surgem.
Esta configuração pode funcionar com baterias, mas uma das possibilidades desta solução é a
eliminação do sistema de armazenamento de energia elétrico a longo prazo (bateria). Neste tipo de
sistemas o armazenamento é realizado no produto final (água, gelo, calor,...), e não no produto
intermediário (eletricidade). Para que esta configuração seja viável, o produto final deve poder ser
armazenado de uma forma simples a baixo custo.
Desde logo, esta configuração é especialmente apropriada para cargas reguláveis, aquelas que
podem atuar de forma independente do consumo do produto final. Não são apropriados, portanto,
em aplicações de cargas principais, em que o consumo elétrico se produz quando o usuário o deseje.
Nesta seção não serão indicados projetos concretos, mas será comentada a experiência existente na
região principalmente com os sistemas de bombeamento eólicos baseados em moinhos multi-pá
mecânicos, uma solução muito utilizada na América em geral e, dentro da região ALC, em países
como Argentina ou Colômbia, este último em que se trabalhou não apenas na instalação, mas na
fabricação de moinhos deste tipo.
Energia mini-eólica 53
Resumo
Assim, a configuração de sistema conectado à rede é a mais simples de todas, pela vantagem que
representa dispor de uma rede elétrica estável. Costumam incorporar somente o aerogerador, pois a
presença da acumulação, controle supervisor e a implicação dependem do quadro normativo e de
remuneração, não sendo, portanto, uma imposição técnica para que o sistema funcione
corretamente.
Com relação aos sistemas isolados eólico-diesel, foram reveladas peculiaridades como a possível
(ainda que pouco frequente até a data) presença de outras fontes de geração renováveis além da
eólica, a presença quase obrigatória de algum sistema de armazenamento de curto prazo
(principalmente nos sistemas de alta penetração eólica), a necessidade de um controle supervisor,
tanto mais complexo quanto maior seja o nível de penetração eólica, a presença obrigatória de um
grupo ou uma central diesel que, neste caso, é um elemento essencial para o correto funcionamento
do sistema e, por último, a conveniência de cargas reguláveis, além das cargas dedicadas que devem
ser alimentadas.
Energia mini-eólica 54
Glossário
Ângulo de passagem ou de ataque: ângulo que determina a relação entre a posição da pá e o
plano de rotação das pás.
Área de rotor: área varrida pelo rotor, que se calcula a partir do raio R: A = π R2.
Barlavento: sistemas de captação em que o vento entra de frente, isso é, passa primeiro pelo rotor
e depois pela torre.
Bucha: elemento da máquina em que o eixo do rotor se apoia e gira. É frequente descrever a altura
do aerogerador como “a altura da bucha”.
Coeficiente de potência relação entre a potência mecânica captada pelo rotor e a potência cinética
transportada pelo vento, tudo para a superfície do rotor.
Curva de potência gráfico que mostra a relação entre a potência elétrica na saída do aerogerador e
a velocidade do vento incidente, para a gama de velocidades de vento de uso.
Gôndola corpo de aerogeradores de eixo horizontal, que se encontra sobre a torre e tem capacidade
de girar orientando-se com a direção do vento.
Inversor: dispositivo eletrônico usado para realizar uma conversão na forma de energia elétrica, de
corrente contínua a corrente alternada.
Perfil : forma da pá em uma seção transversal, utilizada em sistemas de captação eólica para
melhorar a eficiência de captação.
Potência nominal saída de potência média do aerogerador quando opera a uma velocidade média
nominal. Ele é geralmente usado para definir o tamanho de uma turbina eólica.
Retificador dispositivo eletrônico usado para realizar uma conversão na forma de energia elétrica,
de corrente alternada à corrente contínua.
Rotor: parte rotatória do aerogerador que inclui as pás e o eixo sobre o que se acoplam.
Energia mini-eólica 55
Sota-vento: sistemas de captação em que o vento entra por trás, isso é, passa primeiro pela torre e
depois pelo rotor.
Velocidade nominal: menor velocidade média do vento em que o aerogerador produz a potência
nominal.
Energia mini-eólica 56
Bibliografia e referências recomendadas
[1] Cádiz Deleito J.C. “Historia de las Máquinas Eólicas”. Endesa. Madrid 1992.
[2] Varios Autores, 2010. “Principios de Conversión de la Energía Eólica”. Serie Ponencias.
Editorial CIEMAT Madrid
[3] Varios Autores, 2002. “Desarrollo Tecnológico de Sistemas Aislados con Energía
Eólica”. Serie Ponencias. Editorial CIEMAT Madrid
[4] Varios autores, 2000. “Fundamentos, Dimensionado y Aplicaciones de la Energía Solar
Fotovoltaica”. Serie Ponencias. Editorial CIEMAT. Madrid
[5] Rodríguez J.L., Burgos J.C., Arnalte S., 2003 “Sistemas Eólicos de Producción de
Energía Eléctrica”. Editorial Rueda S.L Madrid
[6] I. Cruz, L. Arribas “Wind Energy THE FACTS”. Ed. 2009. Capítulo 6 de Tecnología:
“Small Wind Turbines”. ISBN: 978184407710
[7] “AWEA, 2002. ROADMAP. A 20-year industry plan for small wind turbine technology”.
[8] Varios autores, 2008. Ponencias de la “II Jornadas sobre generación minieólica y
aplicaciones”, organizadas por el CIEMAT el 2 de diciembre de 2008.
[9] Avia F., Cruz I. (1998) Estado del arte de la tecnología de pequeños aerogeneradores
Documento Técnico CIEMAT. Ref. 875
[10] Johnson G.L. (1985). Wind Energy Systems. Prentice Hall. Englewood.
[11] EC (1998). Desalination guide using renewable energies. European Communities
[12] Carlin P.W., Laxson A.S., Muljadi E.B. (2001) The History and State of the Art
Technology of Variable-Speed Wind Turbine. NREL/TP-500-28607
[13] Cruz I., Arribas L., et al, (1996), “Hybrid Wind Diesel System for a Village in the
Canary Islands: Operation Results and Conclusions”, European Wind Energy
Conference, Goteborg, Sweden
[14] Fiffe R. P., Arribas L.M., Cruz I., Avia F. (2001), “A Review Of Wind Electric Pumping
Systems (WEPS): CIEMAT’s Activities”, European Wind Energy Conference,
Copenhagen, Denmark
[15] Alliance for Rural Electrification (2012), “The potential of small and medium wind
energy in developing countries. A guide for energy sector decision makers”. Position
paper: ARE ha lanzado recientemente la Campaña de Mini-eólica, que intenta eliminar
los mitos erróneos y los cuellos de botella que han impedido a los encargados de
tomar las decisiones el incluir esta tecnología como opción para la electrificación rural.
[16] L. Arribas et al (2011), “World-wide overview about design and simulation tools for
hybrid PV systems“. IEA PVPS Task 11, Report IEA-PVPS T11-01:2011
[17] M. Bergey, “Hycad Spreedsheet”, Village Power 2000 Conference Tutorial on Small
Wind Systems.
[18] L. Arribas, I. Cruz (2010). “A revisited approach for the design of PV-Wind Hybrid
Systems”, European Conference on PV Hybrids and Mini-Grids, Tarragona, Spain
[19] Varios autores (2012), “Guía sobre Tecnología Mini-eólica”, Comunidad de Madrid
[20] WWEA (2013), “Small Wind World Report Update”
Energia mini-eólica 57
Páginas da Internet
[1] http://www.small-wind.org/, plataforma dedicada à mini-eólica, dentro do portal da
Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA).
[2] http://www.awea.org/smallwind web dedicado à geração eólica distribuída, dentro do portal
de a Associação Americana de Energia Eólica (AWEA).
[3] http://www.renewáveluk.com/em/renewável-energy/wind-energy/small-and-medium-scale-
wind/index.cfm, web dentro do portal RenewableUK dedicada aos aerogeradores de pequena
e média potência no Reino Unido.
[4] http://www.ieawind.org/task_27_home_page.html, web da Tarefa 27 da Agência
Internacional da Energia (IEA), lançada para promover o uso de uma etiqueta orientada ao
consumidor para mini-eólica.
[5] http://www.soluçõespraticas.org.pe/detalle_evento.php?id=80: palestras do “Simpósio
internacional de energia eólica de pequena escala”, celebrado em Lima nos dias 5 e 6 de
dezembro de 2012.
[6] http://www.allsmallwindturbines.com web com informação de grande quantidade de
fabricantes de aerogeradores de pequena potência
[7] http://www.ruralelec.org/, web da Aliança para a Eletrificação Rural (ARE), em que se
encontram, dentre outras cosas, relatórios relacionados com a eletrificação rural através de
sistemas isolados híbridos em que se inclui mini-eólica.
[8] http://www.iea-pvps-task11.org/, web da Tarefa 11 da Agência Internacional da Energia
(IEA), com informação sobre “Sistemas Híbridos com FV e Mini-redes”
[9] www.windpoweringamerica.gov/wind_diesel.asp apresentações de conferências de 2002 a
2009 sobre sistemas Eólico-Diesel. Em inglês.
[10] www.homepower.com revista eletrônica muito interessante dedicada a todos os aspectos
energéticos para uma casa, desde veículos elétricos ao fornecimento com renováveis de todo
tipo, incluída a eólica. Em inglês
[11] www.urbanwind.net web do Projeto WINEUR, com abundante informação sobre integração
da energia eólica em meios urbanos. Em inglês.
[12] www.homerenergy.org web da empresa que administra a ferramenta de otimização de
sistemas híbridos HOMER, uma referência a nível internacional. Inclui, além do software
gratuito, exemplos de aplicação e ajuda de manejo. Em inglês.
INFORMAÇÃO GERAL
http://www.windpowerwiki.dk/ Página dedicada ao ensino da energia eólica aberta a todos
os níveis. Inclui algumas ferramentas que permitem realizar certos cálculos. Em inglês.
http://www.wind-energy-the-fats.org/ O objetivo do projeto WIND ENERGY: THE FATS é
responder às preguntas e aos desafios que aparecem junto com a energia eólica através desta
publicação completa que é periodicamente atualizada. Em inglês.
ALGUNS FABRICANTES DE PEQUENOS AEROGERADORES
www.bergey.com, fabricante norte americano de longa tradição
www.bornay.com, fabricante espanhol de longa tradição
www.windspot.es , fabricante espanhol mais recente, com um modelo certificado de 3.8kW
www.windenergy.com, a web de Southwest Windpower, o principal fabricante ocidental de
mini-eólica
www.kingspanwind.com, antiga Proven, fabricante britânico de longa tradição
www.zephyreco.co.jp/em , fabricante japonês com um modelo certificado de 1kW
www.marlec.co.uk , fabricante britânico de aerogeradores de muito pequena potência
www.fortiswindenergy.com , fabricante holandês de longa tradição
NOTA: os endereços referidos nesta página foram acessados em julho de 2013
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Índice de tabelas
Tabela 1. Classificação de aerogeradores de pequena potência (Fonte: CIEMAT) ................................ 3
Tabela 2. Principais projetos de sistemas híbridos realizados no México, nos 905. ............................. 45
Tabela 3. Configuração e custos de instalação típica em El Alumbre, Peru6 ........................................ 45
Tabela 4. Principais caraterísticas dos sistemas híbridos instalados na Venezuela7 ............................ 47
Índice de ilustrações
Ilustração 1. Curva de potência (Fonte: CIEMAT) ................................................................................... 4
Ilustração 2. Aerogerador de eixo horizontal, bi-pá a barlavento .......................................................... 6
Ilustração 3. Componentes de um aerogerador de pequena potência .................................................. 7
Ilustração 4. Anemômetro de copos e cata-vento (Fonte: CIEMAT) .................................................... 16
Ilustração 5. Distribuição de direções. Rosa dos ventos (Fonte: CIEMAT) ........................................... 18
Ilustração 6. Distribuções de Weibull, Rayleigh e histograma de velocidades (Fonte: CIEMAT) ......... 19
Ilustração 7. Exemplos de mapas eólicos na ALC.................................................................................. 22
Ilustração 8. Configuração típica para mini-eólica conectada à rede (Fonte: CIEMAT) ....................... 30
Ilustração 9. Esquema de funcionamento básico de sistema isolado com armazenamento de energia
elétrica (Fonte: CIEMAT) ....................................................................................................................... 31
Ilustração 10. Esquema de funcionamento básico de sistema isolado eólico-diesel ........................... 33
Ilustração 11. Diagrama de blocos do sistema de geração do Projeto da Ilha dos Lençóis, no Brasil.. 44
Ilustração 12. Kit híbrido eólico-fotovoltaico usado no projeto EUROSOLAR8 ..................................... 47
Ilustração 13. Esquema linear sistema eólico-diesel em Galápagos, Equador9.................................... 51
Ilustração 14. Esquema linear do projeto Nazareth, na Colômbia10 .................................................... 52
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