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DICA TÉCNICA 59






Bandas e Fanfarras:



Análise técnica dos problemas constantes




Maestro Beto Barros*




H
ello everybody! Esta matéria técnica aborda os proble- Tem existido alguma confusão entre os maestros com

mas costumeiros que tenho observado no acompanha relação ao tamanho e interpretação das anotações de acen-

mento do Campeonato de Bandas e Fanfarras da Secre- to. O acento longo, que recebe o valor integral da nota,

>
taria da Juventude do Estado de São Paulo, no qual venho deve ser marcado como [ ], e o pequeno e pesado acento

^

atuando como jurado há algum tempo. Os assuntos que deve ser anotado como [ ]. O acento marcato [^] deve indi-

devo abordar nesta e edição é Fraseado e Articulações, car: mais pesado e mais longo do que uma colcheia, ou do

mas outros tópicos serão publicados nos próximos meses. que uma semínima staccato.

O fraseado deve possuir precisão rítmica, definição Apenas recentemente os arranjadores começaram a

exata das articulações, silabação adequada (pronún- aceitar esta notação como padrão, e por esta razão as

cia) e definição do estilo, imprescindíveis quando exe- grades (os scores) devem ser estudadas com atenção e

cutadas em naipe. mudadas quando necessárias. Veja o próximo exemplo,


Nosso sistema ocidental de notação rítmica não é ade- ele é considerado correto em ambas as maneiras.

quadamente equipado para tratar com a complexidade de Exemplo 2 Exemplo 3



ritmos de jazz derivados da África e ainda das influências


latinas da música popular de várias etnias, que agora se


fundem e desembocam em um formidável caldeirão multi- No estilo “swing” (popular não clássico), todo final

cultural do século XXI. Por exemplo, as colcheias com swing, de frase normalmente deve ser cortado, a não ser que

freqüentemente escritas como colcheias regulares exista outra indicação.


. Alguns escritores preferem indicar da se-


Exemplo 5

guinte maneira . Ambas as notações são


inadequadas. A colcheia swingada, quando propriamente



executada, representa , enfatizando pul- As colcheias mais altas no pentagrama devem ser nor-

sação ternária. Portanto, no estilo clássico, a colcheia deve malmente acentuadas como no exemplo acima. Os acen-

mesmo ser regular , no entanto, no jazz e em tos não devem ser exagerados. Um acento com pressão da

outros ritmos latinos, a colcheia regular deve coluna de ar é mais efetivo do que um acento pesado de

ser executada . golpe de língua. Os músicos freqüentemente reforçam o


Aconselho maestros e chefes de naipe a anotarem todas acento da pressão da coluna de ar com um suave ataque

as articulações necessárias e apropriadas nas partituras, para de língua. Esta abordagem funciona melhor na interpre-

a perfeita definição do estilo a ser executado. tação do Exemplo 6


O problema básico nas bandas e fanfarras é o método



de ataque, ou seja, a precisão de tocar staccato e a habili-


dade de executar um belo legato; tocar as notas suavemen- As semínimas com grande exposição no tempo fraco

te sustentadas, conectadas e com a pronúncia apropriada. geram sincopas e devem ser acentuadas como no

Vamos agora dar uma olhada em vários exemplos de Exemplo 7


articulações que também estão disponibilizados em áudio,



formato MP3 no meu site na web.www.betobarros.hpg.com.br


Exemplo 1

Colcheias com ligadura sobre a barra de compasso e



ligadas às notas com valor maior do que colcheia, são


normalmente tocadas com acentos longos.


Exemplo 8

As marcações em legato (exemplo1) freqüente-


mente não são usadas no senso tradicional, mas para


Notas ligadas dentro do compasso, ou sobre a barra


definir o comprimento da frase. Este tipo de frase no esti-


lo swing deverá ser atacado (língua) levemente, e ainda do compasso são acentuadas e tocadas com valor inte-

com uma silabação macia, (soft) como “DU”. Os acentos gral, a não ser que outra indicação exista.

serão melhores realizados mais com a pressão da coluna Exemplo 9


de ar do que com ataque pesado da língua, e ainda por


ser uma frase de caráter ascendente, deverá ter um na-



tural e suave crescendo.








revista 15



Colcheias ligadas sobre a barra de compasso a outra Exemplo 15
colcheia poderão ser articuladas de duas maneiras, depen-
dendo do estilo e das frases precedentes e subseqüentes.
Exemplo 10
ou Para se ter certeza de um limpo e preciso ataque no
tempo fraco, com valor de colcheia, precedida por uma
Uma figura rítmica muito comum que aparece sempre longa nota ligada, proceda do seguinte modo: interrom-
no tempo primeiro ou terceiro é no estilo de swing. Ela de- pa a nota na última ligadura do tempo forte. A porção
verá ser articulada dos seguintes modos. final da nota ligada deverá ser considerada como pausa.
Exemplo 11 Veja o exemplo a seguir:
Exemplo 16

Uma articulação apropriada para a segunda colcheia


é dependente do que virá após esta mesma figura. No
estilo rock é normalmente articulado do seguinte modo.
Exemplo 12 Shakes são freqüentemente seguidos por uma colcheia
no tempo fraco. O ataque da colcheia pode ser mais preci-
so se parar o Shake no tempo forte ao invés do tempo
Uma série de semínimas que aparecem consecutivamen- fraco. Esta técnica é similar àquela descrita no exemplo
te no tempo fraco são freqüentemente tocadas curtas (exem- acima, e não deverá ser sempre desejada, mas ela é, to-
plo 12a), todavia, elas podem também ser interpretadas com davia, um meio de sucesso para limpar o problema em
acentos longos e “quedas curtas” (short falls), (veja tabela uma banda com pouca experiência.
geral de articulação no final dessa matéria) criando peque- Exemplo 17
nos intervalos entre cada semínima (ex. 12b). Veja o áudio
em mp3 no site na web.
Exemplo 13 Crescendo e decrescendo, quando são indicados, de-
vem ser adicionados e seguir contorno natural das linhas
Escrito melódicas. Se a linha sobe na tessitura, então um suave
crescendo será benéfico e vice-versa. Estas nuances não
Tocado
devem ser muito evidenciadas e devem parecer naturais.
Os crescendos geram uma pequena tensão e os decres-
cendos geram, ao contrário, um relaxamento da frase.
Escrito
Exemplo 18
Tocado

A seguinte figura poderá ser corretamente articulada


em várias maneiras diferentes; a escolha apropriada irá
depender do estilo.
Exemplo 14 No sentido de gerar interesse e movimento em notas
longas, que normalmente possuem um caráter estacioná-
rio, é aconselhável adicionar um suave crescendo.
Exemplo 19

Semínimas no estilo swing são freqüentemente toca- Exemplo 20


das curtas com o acento marcato. Regentes, atenção aos
músicos com pouca experiência, pois eles tenderão a apres-
sar os tempos fortes, particularmente nos andamentos len-
tos e moderados. Os alunos deverão ser instruídos para
esperar por cada tempo. É uma grande idéia instruir o es-
tudante a tocar com caráter “para trás” (lay back), mas
com o cuidado de não atrasar ou arrastar o andamento: é
muito importante manter o tempo. Aguarde o complemento desta matéria na próxima edição
* Maestro Beto Barros dirige sua própria empresa de produções
artísticas e culturais. Contatos para cursos e workshops:
(11) 3257-7385 e 3151-4047 ou betobarros@ieg.com.br
D I C A T É C N I C A 60
Bandas e Fanfarras:
Análise técnica dos problemas constantes II
Nesta edição, vamos finalizar o tema iniciado na Revista Weril 141: Fraseado
e Articulações, com dicas particularmente indicadas para os mestres de banda. Maestro Beto Barros*

A
s bandas logo se tornam familiares com as figuras rít- No caso do fall off, os músicos não devem se perder
micas sincopadas (figuras que aparecem no tempo fra- no compasso. Eles precisam continuar contando cuidado-
co). Por esta razão, poderá ser um aspecto dificultante samente através de seu comprimento inteiro. O fall deve
para alunos com pouca experiência em seguir o tempo ser curto se existe uma entrada imediatamente após, as-
forte do compasso. Portanto pede-se ao regente uma ins- sim como no exemplo 26. Existem outros termos para fall
trução especial neste sentido, particularmente se existir off, como por exemplo, spill ou gliss, ou ainda drop, todas
uma síncopa com nota longa, esta deve ser acentuada. com o mesmo significado, que seria “cair fora da nota”.
Exemplo 22 Veja exemplo 26. No caso deste exemplo, não existe muita
diferença se o fall off não for executado, já que ele está
muito perto do compasso seguinte. Em outros casos ele
funciona com muita propriedade.
Exemplo 26
Estudantes jovens podem ter a tendência em entrar
atrasado nas mínimas. Veja o exemplo 22a. A pausa de
semínima no tempo forte é passada antes que eles se Quando for realizar um gliss, glissando entre duas no-
dêem conta. Ensine-os a não se perderem. A pausa de tas como no exemplo 27. A nota que aparece no final do
semínima, particularmente em andamentos rápidos, é difí- glissando deverá ser ligeiramente acentuada, já que ela é
cil de contar. Os alunos devem aprender a “ler na frente”. a culminação do glissando. A escolha da escala para o
Ritmos tais como os do exemplo 23 podem apresentar glissando é livre, em alguns casos, é governada pela dis-
problemas similares devido à alternância entre tocar no tância entre as notas das pontas do glissando.
tempo forte e fora de tempo. Os alunos devem ser ins- Exemplo 27
truídos a marcar as notas tocadas no tempo. Use escala cromática para
gliss curtos
Exemplo 23

Use escala cromática ou


diatônica para gliss longos

Os alunos devem ser informados da importância de


um bom ataque antes de se preocupar com os gliss ou
falls. Jovens músicos são freqüentemente culpados de co-
Em vez de explicar uma síncopa de colcheia como meçarem um gliss ou fall off antes que tenham executa-
sendo a segunda metade de um tempo cheio, tente ex- do um bom ataque na nota precedente. O arranque para
plicá-la como sendo uma antecipação do próximo tempo. o ataque do glissando ascendente é similar para o gliss
Exemplo 24 descendente (fall off). Diferente do glissando descenden-
te, o ascendente normalmente incorpora um crescendo.
Os saxes poderão iniciar o gliss ascendente pianissimo, ou
Falls off (queda) podem apresentar muitos problemas, o possivelmente em sub tone (sub tone é um efeito muito
maestro deve instruir os alunos acerca do tamanho do fall. usado e bastante bonito. É utilizado basicamente em dois
Alguns arranjadores são bastante específicos e indicam se contextos: o backing, “cama” para um solo de metal ou
o fall é short (curto) ou long (longo) - veja a tabela sobre soli, ou para um solo de saxs. Consiste em um som macio
articulações no final desta matéria. Confusões poderão ser com um pouco de ar presente, produzido por um leve
evitadas, aconselhando os alunos a terminarem o fall num relaxamento, soltura da embocadura e com a colocação
determinado tempo. O fall não deve ser abrupto, mas de ar nas bochechas e nas cavidades da boca). Os trom-
desaparecer gradualmente, seguido de um diminuendo ao bones têm uma vantagem óbvia em executá-los. Os trom-
longo do fall. Os alunos não precisam se preocupar com petes poderão usar a técnica de ½ válvula. Uma localiza-
uma escala particular, pois o fall é meramente um efeito. ção determinada da nota da culminância do glissando é
Exemplo 25 muito importante e realmente muito difícil para jovens
músicos com pouca experiência.
Exemplo 28 Exemplo 30

Notas fantasmas (ghost notes) são aquelas dedilha-


Aguarde os próximos tópicos que serão abordados
das, mas que não soam realmente com a mesma força,
em edições futuras. Esta matéria é complicada e difícil,
peso e ataque, ou importância de uma nota regular. O
tanto para os alunos com pouca experiência, quanto para
exemplo 29 mostra o uso das notas fantasmas.
os instrutores. No entanto, a chave para o sucesso com a
Exemplo 29
banda ou fanfarra é muito trabalho, ensaio e experi-
mentação, por isso, o instrutor/maestro poderá mudar
ou acrescentar marcações de articulações no seu reper-
É responsabilidade do líder, primeiro sax alto, decidir onde
tório, adaptando-as para o seu grupo. O importante é ter
as notas fantasmas são apropriadas. Mesmo que não sejam
uma direção da articulação que será usada para todos.
indicadas, elas são muito usadas em andamentos rápidos e
Uma banda afinada e com fraseado e articulações bem
complexos. Normalmente em colcheias e semicolcheias,
resolvidos, já está um passo à frente.
para facilitar um fraseado suave e equilibrado. O exemplo
30 ilustra a notação apropriada para trompetes e trombo- * Maestro Beto Barros dirige sua própria empresa de produções
nes nas notas abertas e fechadas. Com surdina plunger artísticas e culturais. Contatos para cursos e workshops:
mute, o sinal (+) indica fechado e o sinal (0) indica aberto. (11) 3257-7385 e 3151-4047 ou betobarros@ieg.com.br

Tabela de Padronização das Articulações

Heavy Accent / Acento Pesado Wah / Aberto


Mantenha o valor total da nota Nota cheia, não abafada. Surdina aberta
Heavy Accent / Acento Pesado Short Gliss Up / Gliss Asc. Curto
Mantenha menos do que o valor total Deslize para a nota ascendentemente; nenhuma
nota individual é escutada
Heavy Accent / Acento Pesado Long Gliss Up / Gliss Asc. Longo
Mais curto possível Mais longo do que o de cima
Staccato / Destacado Short Gliss Down / Gliss Desc. Curto
Curto, não pesado O contrário do short gliss up
Legato Tongue / Ligado de Língua Long Gliss Down / Gliss Desc. Longo
Mantenha o valor total da nota O contrário do long gliss up
The Shake / Parecido com Trinado Short Lift / Elevação Curta
Variação da nota para cima Entre na nota via escala cromática
ou diatônica começando +/- terça abaixo
Lip Trill / Trinado de Lábio Long Lift / Elevação Longa
Parecido com o shake, porém mais lento e Como o exemplo acima, porém com a entrada
com controle labial mais longa
Wide Lip Trill / Trinado de Lábio Short Spill / Queda Curta
Como lip trill porém com intervalo mais longo Queda rápida diatônica ou cromática; o
contrário do short lift
The Flip / Impulso Repentino Long Spill / Queda Longa
Toque a nota, suba para o agudo e Como o exemplo acima, porém com a queda
desça com um glissando mais longa
The Smear / Deslizar The Plop / Esquema
Deslizar para a nota indicada Rápido deslizamento descendente antes de
soar a nota
The Doit / Brincar Indefinite Sound / Nota Fantasma
Toque a nota e faça um glissando ascendente Nota indefinida ou nota engolida
Du / Fechado
Falso ou abafado, surdina fechada



DICA TÉCNICA 66







Bandas e Fanfarras



Agógica, Dinâmica e Expressividade




Maestro Beto Barros*




A
sejada pelo compositor, mas com a chegada do movimen-

gógica, termo introduzido por H. Reiman no seu


Musicalische Dinamik und Agogik para descrever os to romântico, muitas palavras foram substituídas para a

desvios e alterações do tempo os quais são necessários língua mãe do compositor; no entanto o repertório clássi-

para conferir sutileza e um maior interesse na frase musi- co, exibe costumeiramente os termos em italiano e é con-

cal; o termo é de origem greco-latina (segundo a enciclo- siderado que os mesmos sejam bem versados nos seus

pédia Collins) e é usado para ressaltar todas as sutilezas significados e comumente usados com as abreviações e

da performance, criando agentes de vitalização através sinais, indispensável para uma adequada performance.

do uso inteligente do rubato, precipitações, ralentamento, Gostaria ainda de aconselhar que neste campo fos-

interrupções, etc. sem aprendidos todos os termos em italiano, alemão, in-



Inúmeros são os termos e expressões usados na músi- glês e francês, principalmente para os diretores e regen-

ca para caracterizar, definir, alterar, modificar ocasional- tes de orquestras, bandas e fanfarras.

mente ou definitivamente os andamentos pré-estabeleci- Os termos relacionados com a velocidade dos anda-

dos. Vamos então achar o significado dos termos italianos mentos foram divididos em duas classes, ou seja, aque-

em uso mais comum com explicações de suas respectivas las que denotam somente a velocidade do andamento

abreviações. A língua italiana foi quase que exclusiva- como classe 1 e aqueles que denotam a maneira ou o

mente usada como a linguagem para expressar as indica- caráter no qual o andamento deverá ser tocado como

ções necessárias, assim como a maneira da execução de- classe 2.





Classe 1 Resumo dos três tipos básicos de guido por um igualmente repentino piano

(a) Adagio – bem devagar (existe muitas andamentos Piano subito (p súbito) – um repentino

piano, seguindo uma passagem forte


divergências de opinião de qual seria o (a) Andamentos lentos


tempo mais devagar possível de adágio, (b) Andamentos moderados Piano (p) – fraca intensidade, suave,

Grave ou Largo, provavelmente na maio- (c) Andamentos rápidos brando


ria dos casos este tempo situa-se entre o Pianissimo (pp) – bastante suave

As indicações de sinais de expressão refe- Piano possibile (ppp) – o mais brando e


primeiro e o segundo nome) rem-se normalmente ao tipo de termos


(a) Lento – devagar suave possível


que servem para reafirmar e melhorar,

(b) Moderato – em tempo moderado Mezzo piano (mp) – meio piano


construir os andamentos, como tam- Crescendo (cresc., <) – aumenta a inten-


(c) Presto – rápido ou muito rápido bém os vários níveis de volume e, sem sidade do som

(c) Prestíssimo – o mais rápido possível os quais a interpretação perde um pouco


Decrescendo (decresc., >) – decrescendo


Classe 2

do seu caráter, ou o que nós chama- a intensidade do som


(c) Allegro – vivamente (ainda que prefe- mos de alma.


Diminuedo (dim.) apagando-se,
}

rivelmente rápido) A seguinte tabela nos mostra uma rela-


Morendo (mor.) perdendo-se,


ção dos termos em italiano com as suas

(c) Alegretto – um pouco menos vivamen- Smorzando (smorz.) morrendo


te (rápido) do que o allegro costumeiras abreviações e significados.


Accelerando (accel.) – para acelerar gra-


(b) Andante – preferivelmente devagar, o Forte (f )– intensidade forte, vigoroso

dualmente o andamento
andante sugere um tipo de movimento,

Fortissimo (ff) – vigorosissimo, grande


Stringendo (string.) apressando o tem-
}

um tanto quanto quieto e tranqüilo intensidade, muito forte


Affrettando (affrett.) po repentinamente

(b) Andantino – um pouco menos deva- Forte possibile (fff) – o mais forte possível

gar do que o andante Poco forte (poco f) – preferivelmente um Ritenuto (rit.)

}

Ritardando (ritard.) para reprimir, retar-


(c) Animato – animadamente (ainda que pouco menos do que forte


Rallentando (rall.) dar gradualmente o

preferivelmente rápido) Mezzo forte (mf) – meio forte


Ritenente (riten.) andamento

(a) Grave – lento, de uma maneira gran- Sforzando (sf) –


} esforçando,

de, solene e austera Sforzato (sfz, fz, > ^) acentuado


Rubato – literalmente “roubado”, anda-


(a ) Maestoso – um tempo lento e de ca- Tenuto (ten.) – sustentado (o valor intei- mento não vigoroso, flexível, maleável

ráter majestoso, suntuoso, grandioso, ro da nota) A tempo – retornar ao tempo original a


importante Rinforzando (rinf., rfz ) – reforçando, re- partir da indicação


(c) Vivace – muito vivamente, dedidida-


ferindo-se normalmente a frases peque- Tempo primo (Tempo I mo) – retornar ao


mente rápido nas, que devem ser tocadas um pouco tempo do princípio

mais forte Ad. Lib. (ad. lib.) – Ad libitum (lat.) e a piace-


Forte piano (fp) – um forte repentino, se- re indicam que se deve executar à vontade








revista 15



e em liberdade o trecho em referência E or ed – e Risoluto – resolutamente
Al – indica onde se deve ir Energice – energicamente Scherzando – brincando, com humor
Alla - no estilo de: E poi – e então Secco – seco, curto
Alla breve – o andamento deverá ser exe- Espressivo – com expressividade Segue – segue-se
cutado o dobro mais rápido do que o Fermata – sinal colocado sobre a nota ou Semplice – simples
indicado pausa para sustentá-la até o corte do re- Sempre – sempre, continuadamente
A Capella, Alla Capella – música vocal sem gente Senza – sem
acompanhamento Feroce – com ferocidade Serioso – com seriedade
Allargando – alargando Flebile – lamentosamente, tristemente, Simile – de uma maneira igual
Al segno – para o sinal melancolicamente Slentando – com afrouxamento, folga
Amoroso – amorosamente Furioso, furore – com fúria, impetuosa- Soave – suavemente
A piacere – para ser tocado ao prazer do mente Solo – solo, para ser tocado por uma pes-
executante Giocoso – brincalhão, alegremente soa somente
Appassionata – executando com paixão, Glissando – deslizar de uma nota para Sostenuto – sustentado: se usado no sen-
ardentemente e inflamadamente outra (veja matéria sobre articulações na tido de andamento no início do movimen-
Arco – com arco Revista Weril 141 e 142) to, ele implica num tempo lento, devagar.
Arioso – no estilo vocal gracioso Grandioso – com grandeza, com digni- Em outro sentido seria referente a um fra-
Arpeggio – tocar as notas do acorde não dade seado cantado, sustentado e sem pressa.
simultaneamente, mas numa sucessão Grazioso – graciosamente Sotto voce – de uma maneira contida,
horizontal Impetuoso – com impetuosidade moderada
Attaca – escrito normalmente entre movi- Incalzando – pressionando Stacato – curto, destacado, o oposto do
mentos e indica que não deve haver pausa Intimo – intimamente, emocionadamente legato (veja matéria sobre articulações na
Basso – baixo Lamentoso – lamentosamente Revista Weril 141 e 142)
Brillante – com brilhantismo Largamente – alargadamente Strepitoso – barulhento, turbulento, tem-
Brioso – com vigor Larghetto – um pouco menos do que o pestuoso
Calando – decrescendo gradualmente largo Stretto – fechado, estreito (parte da fuga)
com o tempo e o volume. O oposto a Legatto – ligado Stringere – apertando, acrescentando ten-
alargando Leggieramente, leggiere – com leveza são e usualmente acelerando o tempo
Cantabile, cautando – no estilo cantado L’istesso – o mesmo Subito – imediatamente
Coda – parte conclusiva de um movimen- L’istesso tempo – o mesmo tempo ainda Tacet – indica que uma determinada par-
to, indica também um certo ponto para que a unidade de compasso possa ser te é silente, pausa
onde se deve ir mudada Tanto – tanto, muito
Col or colla, Colla parte – com a, tocar Lunga pausa – pausa longa Tema – o tema ou o assunto, a melodia
junto com determinada parte (colar) Lusingando – cuidadosamente Teneramente – com ternura (ternamente)
Colla voce – seguindo a parte da voz, si- Ma – mas Tenuto – manter o valor total
milar a colla parte Maggiore – maior Tosto – rápido
Commode – facilmente, comodamente, Mano destra – mão direita Tranquillo – tranqüilamente
sem pressa Mano sinistra – mão esquerda Troppo – muito, bastante
Con – com Marcato – marcado com ênfase e precisão Tutti – todos, o contrário de Solo
Con amore – amorosamente Martellato – martelado Veloce – rapidamente
Con anima – com alma Mesto – pensativamente, de uma manei- Vivo – com vivacidade
Con dolore – dolorosamente, com pesar ra triste Volta – tempo
Con expressione – com expressividade Mezza voce – com força contida, restrita
Con energia – com energia Mezze – mais, metade
Alguns termos usados para acelerar, mo-
Con fuoco – com fuogo Non – não
dificar ou intensificar os andamentos:
Con grazia – graciosamente Non legatto – não ligado, não conectado
Con gusto – com gosto Non tanto – não tanto Assai – bastante (ex.: allegro assai – bem
Con maesta – majestosamente Parlante – de uma maneira como se esti- vivamente)
Con moto – com movimento, rapidamen- vesse falando Molto – muito (ex.: allegro molto – muito
te, prontamente Pastorale – no estilo pastoral vivamente)
Con passione – apaixonadamente Pesante – pesadamente Meno – menos (ex.: meno mosso – me-
Con sordini (sord.) – com surdina Piacevole – agradavelmente, convincen- nos movimento)
Con spirito – espirituosamente temente, com paixão Piu – mais (ex.: piu mosso – mais movi-
Con tenerezza – com ternura Piangevole – lamentosamente, melanco- mentado)
Da capo (D.C.) – repetindo do começo licamente Un poco – pouco (ex.: un poco ritenuto) –
Dar segno (D.S.) – repetindo a partir do sinal Poco a poco – pouco a pouco um pouco mais devagar)
Dolce – docemente Poi – então Quasi – quase (ex.: andante quase alle-
Dolcissimo – o mais docemente possível Pomposo – pomposidade greto – um pouco mais que andante)
Dolente, Doloroso – doloroso, penoso, Precipitoso – precipitadamente Non troppo – não tanto (ex.: adágio ma
angustiante Repetizione – repetição non troppo – não tão lento)

* Maestro Beto Barros dirige sua empresa de produções artísticas e culturais.


Contatos para cursos e workshops: (11) 3257 –7385 e 3151-4047 ou betobarros@ieg.com.br

10 04/2002



DICA TÉCNICA 69







Bandas e fanfarras



responsabilidades, deveres e atitudes do regente





Maestro Beto Barros




E
sta matéria, em virtude da grande quantidade de de- mantendo também o entusiasmo do grupo, caminhando

talhes envolvidos na produção de um único som, ne- assim para a finalização do ensaio de uma maneira positi-

cessitaria de um livro para uma pormenorizada descri- va e musical, fazendo com que os músicos deixem o en-

ção dos assuntos; considere, então, uma composição saio em clima de confiança, prazer e contentamento.

musical inteira, e ainda de caráter orquestral! Vamos, Mantenha o bom humor durante todo o ensaio, mas com

portanto, tentar resumir ao máximo, adotando uma abor- firmeza! Não permita que vire bagunça, gerando descon-

dagem dos aspectos básicos principais e do desenvolvi- centração (uma piadinha ou outra é bem vinda, porém

mento das habilidades específicas concernentes aos mú- sem perder o foco).

.

sicos e aos regentes. 5 Use um quadro negro ou algum outro método para

Assim que a música estiver selecionada, (adequada dispor os títulos das peças a serem ensaiadas e para adici-

para o seu grupo) o regente deverá se ater a duas atitu- onar explicações técnicas e explanações das dificuldades.

des básicas: (1) preparação da grade (score) e das partes Lembre-se: um maestro que trabalha com grupo de jo-

individuais (2) ensaio e performance. vens deve ser ao mesmo tempo educador e professor. O

. ideal é ter pelo menos um dos ensaios da semana acopla-


1 Preparação do score e das partes individuais do a um curso musical, fazendo com que os aspectos que

O regente deverá primeiro anotar as características não estão indo muito bem nos ensaios, possam ser abor-

principais da composição, tais como, forma, andamento, dados com mais calma e trabalhado com técnicas especí-

tonalidades, agógica, estilo, elementos de expressivida- ficas, para a real compreensão dos problemas.

des, dinâmica, coda, contraponto, backgrouds, riffs, so- .


6 Se os músicos atrasarem-se para o ensaio, não espere.

los, soli, pontos de dificuldades específicos, etc, para de- Comece no horário, trabalhe com os que estiverem no

pois definir uma concepção ideal adequada às capacida- local. Exija pontualidade e termine o ensaio no horário.

.

des dos seus músicos, (fazer algumas adaptações, se for 7 Se possível, grave cada ensaio, os estudos dos tapes

o caso) e montar um planejamento geral para realizar gravados serão muito úteis no futuro, pois permitem aos

esta concepção nos ensaios. músicos escutarem o que foi tocado para que possam se

. conscientizar dos seus próprios erros e procurar corrigir no


2 Ensaio e performance próximo ensaio.


.
8 A partir de um certo momento, comece a levar os

Na hora de dar vida à composição, o regente deve ater-


se aos problemas de afinação, sonoridade, timbragem ensaios para a performance final. Não interrompa mui-

(blend), fraseado e articulações, estilo, agógica, precisão tas vezes, toque D.C. ao final e analise os pontos que

rítmica, dinâmica, equilíbrio, estética, etc, e, por fim, ca- devem ser melhorados. Anote estas pautas e faça ensai-

minhar para conseguir a concepção imaginada usando o os de naipes.


.

seguinte método: tocar, escutar, comparar, diagnosticar, 9 Permita um intervalo de 10 ou 15 minutos em ensaios

prescrever medidas corretivas e iniciar novamente a cor- de duas horas ou mais. 5 minutos de intervalo num ensaio

rente de escutar, comparar, diagnosticar e prescrever, apri- de 1 hora e meia será adequado. Em ensaio de 40 a 75

morando cada vez mais até chegar ao resultado desejado. minutos, um pequeno intervalo entre cada peça é normal.
.

10 Planeje conseguir muitos avanços nos ensaios, traba-


Dicas e Técnicas de Ensaio lhe duro para isto, mas esteja preparado, porque o grupo

.

1 Mantenha todas as cadeiras, praticáveis e outros equi- normalmente consegue menos do que o desejado. Saiba

pamentos nos lugares antes de iniciar o ensaio. tirar o máximo proveito dos ensaios, mostre aos músicos

.

2 Planeje para que, se possível, nenhum assunto que que a questão da perfeição será conseguida com a coo-

não seja referente aos aspectos musicais sejam aborda- peração de todos e que cada músico deve ser um parcei-

dos. Durante o ensaio, o ideal é usar cada minuto para ro do maestro no sentido de conseguir os objetivos. Mes-

tratar de assuntos musicais. mo quando as coisas não vão bem, procure terminar o
.

3 Sempre que possível, adiante as partes individuais antes ensaio pontualmente e em alto astral.

do ensaio. Mesmo que os músicos não tenham muito tem- .


11 Quando fizer a leitura de uma nova peça musical, o

po para prática individual, isto será muito benéfico. ideal é que as partes individuais já tenham sido entregues
.

4 No planejamento da seqüência das peças a serem en- aos músicos com certa antecedência. Caso não tenha sido

saiadas, considere a possibilidade de variações, respeitan- possível, inicie a leitura a primeira vista, guiando os músi-

do a resistência dos músicos (especialmente os metais), cos a darem uma olhada geral na partitura, ressaltando











as tonalidades, mudanças de tempo, notando os temas blemas, ou seja, além dos aspectos técnicos, também os
A-B-C-D etc. coda, D.C, locais de dificuldades instrumen- psicológicos, pessoais e outros, portanto, saiba que é
tais, uníssonos, soli, solo, etc. Faça em seguida uma leitu- mesmo muito difícil fazer uma banda jovem tocar com
ra D.C. ao fim, antes de começar a trabalhar os detalhes. maturidade técnica e artística. Como já disse, o maestro
.
12 Batalhe para que cada músico aceite e pense em deve ser um educador e ensiná-los como fazer.
termos de conjunto. Estar atento, escutar a si mesmo e .
23 Durante os ensaios gerais, evite trabalhar muito so-
aos outros; conhecer bem o seu papel dentro da compo- mente com um naipe, enquanto os outros ficam inativos.
sição a ser tocada; evitar o ego! Este é contraproducente, .
24 No instante que você sentir que os músicos não estão
faz com que o músico fique insensível, toque alto demais respondendo à sua regência como deveriam, tome ações
e desafinado, só escutando a si mesmo e promovendo corretivas. Não ensaie somente para a próxima perfor-
inveja, ciúmes, racismo, rivalidade, etc. mance, mantenha uma filosofia cultural com o grupo.
.
13 Encoraje os músicos a memorizarem as peças o máxi- Reúna-os para fazer audições de grandes bandas e or-
mo possível durante os ensaios, mesmo que elas estejam questras, estabelecendo um padrão de qualidade artísti-
na estante durante a performance. Lembre-se também que ca. Ouça a Sinfônica de Nova York, Brahms, Strawinsky,
é na hora da performance que todo o trabalho irá transpa- Ravel, Debussy, Shoemberg, Count Basie, muito jazz, etc,
recer, portanto, mantenha os músicos relaxados, mas foca- etc etc. Faça comentários, colha opiniões entre os inte-
dos na atuação; ou seja, sem tensão, mas concentrados. grantes, analise, promova o desejo da excelência em
.
14 Quando tiver que designar um novo começo após uma música sempre que possível.
parada, dê uma posição precisa do ponto a ser iniciado, tal .
25 No último ensaio que precede a performance é sem-
como “quatro compassos após A”, começando no terceiro pre aconselhável encerrar com o arranjo que estiver mais
tempo, ou “dois compassos antes do B”, ou ainda, “nove bem preparado e soando melhor. Toque D.C. ao fim! Isto irá
compassos antes de C” etc, e assim por diante. gerar um clima de confiança entre os integrantes, este mes-
.
15 Após uma interrupção, por exemplo, uma explicação mo arranjo deverá começar a apresentação. Lembre-se de
técnica, vá direto ao ponto de forma precisa e concisa. Muita que começar bem é sempre um bom começo.
conversa por parte do regente é um dos mais freqüentes .
26 A sua psicologia com relação aos integrantes da ban-
impedimentos de se chegar ao bom resultado musical. da é, às vezes, mais importante do que as suas habilida-
.
16 Cuidado com o hábito de cantarolar junto com os des e competência musical. Trabalhar com banda de es-
instrumentos. Isto poderá impedir que você escute a exe- tudantes exige do regente a habilidade de ser ao mesmo
cução adequadamente. tempo professor e educador. Portanto: (a) Cuidado com o
.
17 Sempre que possível, chame a atenção dos músicos tom de voz nas críticas. Seja firme, mas com brandura,
sobre os aspectos de conteúdo espiritual das composi- carinho e bom humor.
ções, assim como forma, gênero, estilo, etc, porém sem (b) críticas de caráter mais pesado a um elemento individual
ser prolixo demais. O tempo dos ensaios é sempre escas- não deve ser feito na presença da corporação, procure resol-
so e deve ser bem aproveitado. O ideal é desenvolver um ver os problemas em particular.
curso com o grupo, em que estas questões poderão ser (c) a realização dos aspectos musicais exige uma disciplina
abordadas num dia diferente dos dias de ensaio. comportamental. Não deixe que todo mundo fale ao mes-
.
18 Encoraje os músicos a serem mais ousados do que mo tempo. É muito comum após o ensaio de uma passa-
temerosos em sua performance. Eles não devem ficar pre- gem difícil, que o maestro queira comentar uma série de
ocupados em cometer erros. Uma abordagem muito cau- correções, mas a tendência da banda é tentar tocar nova-
telosa fará com que eles progridam menos do que se er- mente os trechos da passagem que eles não conseguiram
rassem estrondosamente. tocar, gerando assim uma balbúrdia sonora, muita confusão
.
19 Fique atento quando os sinais de cansaço e aborrecimen- e uma enorme perda de tempo. Não permita isto! Crie o
to começarem a aparecer. Esteja preparado para alterar os hábito de quando um integrante quiser falar, que levante a
planos do ensaio quando isto acontecer. mão e aguarde o critério do maestro para ser atendido.
.
20 Insista sempre em obter um som afinado, bonito e (d) Procure criar um clima de cooperatividade entre os inte-
com postura. Lembre-se: em uma banda desafinada, nada grantes da banda. Seja sempre amigo de todos, dê o bom
vai bem! exemplo de conduta, reforce toda boa ação e execução
.
21 Não ensaie uma passagem várias vezes, quando o musical de todos os integrantes da corporação. Isto vale ouro!
objetivo da atenção é um compasso ou dois dentro da (e) Para finalizar, use sempre palavras de encorajamento.
passagem. Às vezes, é preferível adiar o problema para Termine o ensaio em alto astral, se possível tenha à mão uma
ser resolvido com calma, nos ensaios específicos de nai- lista de atitudes e providências a serem desenvolvidas no
pes. Eleja chefes de naipes para fazê-lo, num horário fora próximo ensaio, bem como repertório e trechos de dificul-
do ensaio normal. dades que serão abordados. Isto faz com que os integrantes
.
22 Principalmente quando trabalhar com bandas muito cheguem preparados para enfocar os assuntos em pauta.
jovens (infantis e juvenis), fique bem atento com o moral
dos integrantes. Não imprima uma quantidade de críticas Maestro Beto Barros dirige sua empresa de produções
que eles não poderão suportar. Lembre-se, por serem ain- artísticas e culturais. Contatos para cursos e workshops: (11)
da muito jovens, eles têm realmente vários tipos de pro- 3257-7385 e 3151-4047 ou betobarros@ieg.com.br

10 04/2002
DICA TÉCNICA 73

Bandas e Fanfarras
A Performance Maestro Beto Barros

F
inalmente chegou o grande dia. É hora da perfor- a resistência da embocadura deve ser guardada para a
mance. Hora de mostrar tudo que foi feito nos en- performance. Não permita que o músico fique tocando
saios. Ou seja, é o momento que você gostaria que passagens no registro agudo e utilizando dinâmica (ff),
tudo corresse da melhor forma possível, e que se é preferível fazer notas longas em (mf). Se o primeiro
gundo a Lei de Murphy tudo tenderá a dar errado. trompete tiver que passar algum trecho, é melhor que
É quando centenas de detalhes irão aparecer e muitos seja numa oitava abaixo.
problemas novos ocorrerão: um dos garotos perde o bo- 7) Não selecione músicas que estejam além da capaci-
cal, o outro acaba de entortar a vara do trombone, o dade do seu grupo, às vezes observamos uma banda se
tubista tropeçou na escada, além de todo nervosismo matando para tocar determinado arranjo, e nada vai bem!
que é próprio da apresentação. Então, vamos observar É preferível tocar um arranjo mais simples, afinado, com
algumas dicas para minimizar os problemas e realizar uma bela sonoridade e com musicalidade. Lembre-se,
uma boa performance. arte e beleza são melhores do que malabarismos.
1) Esteja bem ciente do tempo de cada composição e 8) Quando tiver que fazer uma apresentação mais longa
tenha a montagem do equipamento bem planejada, para com banda de estudantes, é necessário avaliar muito
evitar fazer uma ótima performance e depois perder bem a resistência do seu grupo, dimensionando a quan-
pontos porque estourou o tempo de apresentação. tidade de músicas a serem tocadas. Evite que os músi-
2) Começar bem é muito importante em qualquer situa- cos fiquem sem “gás” no meio da performance. É pre-
ção, planeje começar com a composição que estiver ferível que o público anseie por mais um número, do
melhor ensaiada e que não tenha muitas dificuldades que não ver a hora de terminar para ir embora.
técnicas, atitude que reforçará a confiança dos músicos, 9) Muitas bandas, no intuito de voltar vitoriosa do cam-
sobrepujando o sentimento de nervosismo e fazendo com peonato, gastam o ano inteiro ensaiando somente as
que as músicas subseqüentes, sejam bem executadas. duas músicas que serão apresentadas. Portanto, é feito
3) Lembre-se, com uma banda desafinada, nada vai um trabalho enorme para conseguir a perfeição e, no
bem, portanto, a afinação deverá ser um processo con- entanto o que acontece é exatamente o contrário, qual-
tínuo dos ensaios à performance. Faça um aquecimento quer banda, independente da idade e do nível, ficará
e uma afinação prévia, e depois confira novamente a logo entediada repetindo a mesma coisa, e o que é mais
afinação antes da execução, tendo em conta a tempe- grave, deixará de trabalhar as questões básicas musi-
ratura e a acústica do local. Não hesite em checar a cais, tais como leitura à primeira vista, técnicas de afi-
afinação no meio das peças e, se necessário, faça uma nação, fraseado com as apropriadas articulações, a tim-
nova correção, porém, de uma maneira elegante! bragem dos naipes, sonoridade, dinâmica e o mais im-
4) Na apresentação, mesmo que o dia apresente-se ma- portante, a musicalidade! Portanto, a banda entra na
ravilhoso, esteja preparado para uma repentina venta- avenida no propósito de arrebentar e, o que acontece é
nia: tenha sempre à mão um punhado de prendedores uma performance anti-musical, tocando tudo forte (bom-
de roupas para fixar as partituras; lembre-se de dar tem- bástica) sem articulações e desafinada.
po aos músicos para recolocar os prendedores entre uma 10) Quanto mais apresentações a banda fizer, mais
música e outra. relaxada e tranqüila ela ficará em relação às naturais
5) Mosquitos! Tocar ao ar livre e nas cidades do interior pressões da performance, por esta razão, é aconse-
é repentinamente estar nas garras dos terríveis e infer- lhável programar duas ou três apresentações antes da
nais mosquitos, portanto, tenha sempre à mão vários competição.
frascos de repelente, ou serão eles os astros do evento! 11) Importante: ganhar ou perder faz parte do jogo, não
6) Muito cuidado se for ensaiar no dia da apresentação, se envolva negativamente na competição, lembre-se que
principalmente com a resistência do pessoal dos metais: o sentimento do regente é facilmente transmitido aos
elementos do grupo. Mantenha sempre uma atitude de 16) A etiqueta da performance é muito importante, evite
dignidade e respeito para com todos, ganhar é sempre qualquer tipo de distúrbio durante a apresentação, como
muito bom, no entanto, saber perder já é meio caminho derrubar a estante, deixar cair a surdina ou derrubar as
andado para ganhar na próxima. Se isto acontecer reúna baquetas, isto tudo desviará a atenção do público e tira a
os componentes da banda, faça uma preleção ressaltando elegância da performance. Outra coisa que deve ser evita-
os aspectos positivos da competição e volte para sua cida- da é conversas durante a execução das peças. Espera-se
de com a cabeça erguida, pronto para ensaiar novamen- que teoricamente tudo tenha sido resolvido nos ensaios,
te. Faça seus pupilos se sentirem vitoriosos e loucos de portanto, que durante a performance, cada um tenha a
vontade de continuar fazendo música e arte. Afinal, isto é sua parte e é hora de tocar e não de conversar.
o mais importante! 17) Bill Evans disse várias vezes que a música deve enri-
12) Na performance, o ideal é ter o arranjo de cor, porém quecer a alma, ela deve ensinar espiritualmente, fazendo
se não for possível procure ter a grade na estante mais ou com que a pessoa descubra uma porção de si mesmo,
menos decorada e usada como guia. Anote com canetas algo que seja universal e que isto possa ser colocado à
coloridas as partes básicas do arranjo, como barra dupla, serviço da comunicação e do crescimento das outras pes-
sessões A e B, coda, ritornelos, etc. Numere os compassos soas. A mágica disso é que a arte pode comunicar-se com
das referidas sessões, isto o libertará para exercer uma as pessoas mesmo que elas não se dêem conta disso. En-
comunicação com os integrantes da banda durante a per- riquecimento, esta é a função da música!
formance. É preferível ter o score na cabeça, do que a 18) Eu digo que a nobre arte da música é uma das maiores
cabeça no score! fontes de educação do mundo, e o estudo dos seus mais
13) Planejamento: planeje, faça listas, cheque tudo para altos departamentos como composição, harmonia, orques-
que nada saia errado. Eleja alguns membros da corpora- tração e contraponto, desenvolve a mente tanto quanto o
ção para realizar e fiscalizar o trabalho, os famosos “roa- estudo de matemática e línguas. Ela nos ensina muitas
dies”. Confira todo o equipamento necessário: água, sur- virtudes, tais como: amor, benignidade, longanimidade,
dinas, pastas, estantes, cases, roupas, etc, etc, etc. Man- perseverança, paciência, diligência, prontidão, civilidade
tenha um estado de espírito atento e elevado. Saiba que o e muitas outras. Vamos lembrar algumas citações para ali-
dia da apresentação sempre tem muitas dificuldades e sur- mentar e edificar o nosso espírito. A música é disciplina,
presas. Saia na chuva para se molhar, você é o chefe! ordem e boas maneiras, ela faz as pessoas tornarem-se
Portanto assuma o controle de tudo com firmeza, mas sem gentis, morais, razoáveis. A música não é somente para
stress. Procure ficar o mais musical possível! dar prazer aos nossos ouvidos, ela é um dos mais podero-
14) Grave sempre as apresentações, se possível tenha um sos meios de abrir os nossos corações e movimentar nos-
pequeno, porém razoável equipamento para gravação, por sas afeições, portanto, a música tem grandeza, ela é edi-
exemplo, uma mesinha de oito canais com microfones omi- ficante, inteligente, tem proporções matemáticas, é arqui-
direcionais espalhados estrategicamente pela banda e um tetura, filosofia, é elegante, tem milhares de cores, é sole-
gravador de rolo ou M. D., isto possibilitará fazer cópias ne, divina, religiosa, linda, e é fonte de deleite para toda
cassete para o grupo e seus familiares, propiciando assim humanidade, é poesia, é abstrata, sagrada, espontânea,
um constante aprimoramento dos aspectos musicais, ge- inspiradora, ufa!
rando também entusiasmo e orgulho por parte dos paren- 19) Lembre-se: Você que trabalha com orquestra de jo-
tes dos integrantes, assim como o prefeito, amigos e ou- vens estudantes, deve ser, além de regente, um educador,
tros simpatizantes da banda. portanto não esqueça de sua própria formação. Estude com
15) Dinâmica geral: esteja preparado para mudar a inten- professores particulares, faça cursos, leia muito. Hoje em
sidade da banda dependendo da acústica do local da apre- dia nós precisamos de uma atualização constante e, lem-
sentação. Por exemplo, em uma rua pequena, com o pa- brando mais uma vez, é realmente muito difícil fazer uma
lanque dos jurados encostados na banda, a dinâmica de- banda de estudantes jovens e com pouca experiência to-
verá ser mais baixa, principalmente nos (fff). Já em uma car com maturidade e musicalidade.
praça enorme, cheia de árvores e ainda ventando, a dinâ- São necessários muito trabalho, paciência e dedicação.
mica deverá ser mais forte, e num ginásio de esportes com 20) Avante e Boa Sorte!
uma enorme reverberação, o grau da dinâmica deverá ser Maestro Beto Barros dirige sua empresa de produções artísticas e
revisto. Portanto, procure sempre sentir a acústica do local culturais. Contatos para cursos e workshops: (11) 3257-7385 e 3151-
e fazer as devidas adaptações. 4047 ou betobarros@ieg.com.br

10 04/2002

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